segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Mataram o terrorista - viva a polícia britânica!



Escutei na rádio a notícia do «terrorista» que fez uma maldade em Londres. E a polícia matou-o. 
A parte da intervenção policial foi mencionada em demasia e como que em tom de "urra!", "somos tão bons!".



De que vale um terrorista morto? Ou ter pessoas por ele magoadas?

Não é melhor viver num país onde ainda se tenta CAPTURAR um criminoso?
Sinal que se vive num país que RESPEITA O DIREITO À VIDA acima de tudo? E que sabe que é importante compreender as motivações do maior dos lunáticos, para se instruir e saber lidar com outros que possam surgir?


Que valentia tem a força policial? Muitos contra um, armado com uma faca e eles todos munidos de armas de fogo e outras tais? Fica feio, mesmo sendo um «terrorista» e a polícia, o mau e o bom, o "índio" e os "cowboys". Também foi um - sem arma de fogo- contra dezenas armados.

Não me parece que seja motivo para celebrar a  policia.


Primeiro, ela não conseguiu PREVENIR o ataque. Seria de louvar se o tivesse feito. Para as pessoas atacadas, diferença nenhuma fez a intervenção policial. Se o tipo tinha acabado de sair da prisão, o importante seria descobrir o que o levou para lá em primeiro lugar. E aí avaliar o comportamento da justiça. Se ele era considerado "terrorista" ou "extremamente perigoso" - não devia andar livre por aí, sem apertada vigilância. Se calhar a polícia não tem o currículo limpo nesta história. 


E se ele não era terrorista de todo? Se isso é apenas um cómodo rótulo que a poder inglês convenientemente coloca nos seus "ups! Levou com uma bala e jaz morto no chão... épá, não podem nos criticar por isso. Vamos dizer que além de perigoso, o atacante era terrorista. Ninguém se importa que se matem terroristas.".


Depois as notícias aqui são muito vagas, não são aprofundadas. Falta uma certa LIBERDADE DE IMPRENSA que é deveras preocupante. Não se sabem detalhes do atacante. Nacionalidade, por exemplo, é das coisas mais eliminadas das notícias para não ferir "susceptibilidades". E eu pergunto: o que é que isso tem a ver com o direito à informação e o que é que isso produz na LIBERDADE DE IMPRENSA???

Sabem a resposta? Nada destas condicionantes trás algo de BOM para a sociedade que se quer livre e informada. Em muitos aspectos, como por exemplo, nesta necessidade de se vangloriarem por matarem a sangue frio um "terrorista", achando que estiveram "bem", os recados e bilhetinhos por toda a parte a "lembrar" a pessoa comum que se levantar a voz ou mostrar-se descontente com algo é considerado um criminoso, pode ser chamada a polícia para o levar preso e pode ser multado por desacato e ofensa a terceiros - tudo isto que aqui é mostrado como «se nada fosse» são sinais de uma sociedade que está mais próxima do extremismo do que com o outro lado. 

Ainda não li nada sobre a notícia. Vou fazê-lo agora.
O relato que fiz é com base na notícia passada numa rádio. Ainda não pesquisei nada noutras fontes. É o que vou fazer agora. Estou cheia de curiosidade para saber como a imprensa britânica informa o público. Quero ver se alguma não esconde informação, como nacionalidade, idade, quanto tempo vivia no UK se não for natural, etc, etc. Todos os detalhes que eles nunca mencionam para não "ferir susceptibilidades" mas que apenas resultam em uma má imprensa.

Sinceramente, o bajular à acção policial, que matou um homem e nada fez para evitar que este que era criminoso não chegasse a cumprir os seus objectivos, silenciando-o para sempre de seguida... epá, não me caiu bem. Pronto.

Sejam felizes e tenham cuidado.
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Actualização:
Já fui ler mais fontes. O que acho? Foi um puto de 20 anos, pouco inteligente, sentindo-a acoado por estar a ser vigiado pela polícia. Acho até que foi a polícia que o levou a agir assim. Mas isso é a minha opinião pessoal, após ler os detalhes na BBC.
Meu Deus, como eu adoro a BBC como fonte informativa! Cada vez que procuro algo, surpreendo-me como fazem bem o que têm de fazer. Acho até que se superam a si mesmos. Sempre com várias perspectivas,  várias abordagens, muitas fontes contactadas, boa informação. BRAVO!

O título preferido pertence ao jornal Daily Inter Lake- que diz simplesmente "Homem transportando bomba falsa, apunhala dois em Londres e é morto a tiro". Objectivo, direto, verdadeiro e sem "juízos de valor". Não era um "terrorista". Era um homem. E assim deve de ser. O que ele fez (armou-se em justiceiro de fantasia, nota-se bem que era influenciável e pouco inteligente. Puto: 20 anos apenas e cérebro fácil fácil de manipular) e o que lhe aconteceu. Sem juízos de valor. Fica ao encargo do leitor "ingerir" os dados e reflectir no significado.

O "The Telegraph" "salta" para a conclusão e coloca-a no título. Uma opção arriscada, mas inteligente, feita às 7 da manhã, quando tudo ainda estava a tentar entender o sucedido. Ele não explica o que se passou. Refere-se ao ataque e diz que este revela que punições mais severas são necessárias. Radical. Tomou uma posição e decidiu fazer a abordagem não tanto pelo lado factual, mas pela lição que se deve tirar destes ataques (o anterior foi semelhante, aconteceu em Novembro , as pessoas esfaqueadas foram MORTAS, e deu-se bem no centro, perto da movimentada London Bridge).

Eu não defendo terroristas. Nem criminosos. Defendo uma sociedade que preza a vida, que protege os seus cidadãos de elementos identificados como perigosos e uma sociedade de liberdade de imprensa. Eu mesma passei por uma situação na movimentada Oxford Street que me deixou com a pulga atrás da orelha. Um indivíduo encapuçado, sem qualquer necessidade, espetou-me algo no braço. E continuou a caminhar como se nada fosse, desaparecendo na multidão, entrando no metro. Sei que pode ser assim, fortuito. Consigo imaginar-me no lugar daquelas pessoas. Até mesmo no lugar das outras que faleceram em Novembro. London Bridge é um dos lugares onde mais acabo por ficar.

Na altura do meu "ataque" só me senti bem se partilhasse o sucedido com a polícia. Lá encontrei uns e expliquei-lhes o que acabou de acontecer. Disseram-me que "não podiam fazer nada" e que "é bom ter cuidado ao andar em lugares cheios de pessoas". Sou Lisboeta, sei disso muito bem. Quando perguntei sobre imagens de CCTV, disseram-me que não havia nenhuma câmara nas ruas. (A mais movimentada de Londres!!!). Só há a CCTV das próprias lojas. Incrível! Os Turistas estão por conta própria e nem o imaginam.

A presença de CCTV é DISSUADORA de bandidagem e crime. Mas não é eficaz se for inexistente. O criminoso sabe disso e sente-se livre para praticar o que lhe apetecer. É mau para o povinho de bem, que acha que essa tal de CCTV não está só nas lojas, mas também nas ruas. Já perceberam que a CCTV só está instalada em estabelecimentos públicos, como forma de violar a privacidade do cidadão? Se ao menos tivéssemos de levar com essa invasão por também estarmos protegidos... Mas o que a CCTV faz é proteger bens. Propriedade. Principalmente privada. Uma peça de roupa numa loja, uma peça de joalharia noutra... bens. Valores. Dinheiro. Não pessoas. Não quando se fala de circular na Oxford Street nem na outra que a cruza.

Eu queria que o corpo policial ficasse alerta para a eventualidade de existir um indivíduo ou mais que um a praticar violência com agulhas ou seringas. Que fizessem uma vigilância apertada. Só por isso contei o que aconteceu. Senti que era um dever, para bem de todos.

"Tenha um bom dia e tome cuidado".

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