Vocês não sabem como sou fisicamente.
Hoje vi duas mulheres na rua mulheres que, à partida, não repararia nelas. Porque não sou de reparar. Até que olhei para as suas pernas. Depois para os braços. E de volta para as pernas. Nomeadamente para as coxas de uma. Procurava saber onde estavam.
Não me ocorreu tirar uma fotografia mas, agora que estou a escrever sobre isto, gostava que pudessem ter uma ideia do que falo.
Nem uma nem outra podiam ser muito saudáveis. Andavam, fumavam, falavam e mechiam-se normalmente e sem aparente dificuldade, mas sobre a pele, só tinham o esqueleto. Pouco mais. As pernas de ambas? Dois paus rectos. As coxas? Inexistintes.
Adoro usar calções mas é uma peça de indumentária que abandonei lá pelos 16 anos.
Porque não gosto de me ver com eles e não mais me sinto confortável. Tenho a memória de gostar e a sensação. Mas não é um sentimento que regresse caso cometa a "extravagância" de colocar uns.
Uma destas mulheres usava calções curtos. Segui as suas pernas de baixo até cima, até ao ponto onde os olhos podem olhar, à procura daquele instante em que se nota a perna a alargar até que se chega àquela curvatura que vai levar à coxa. Mas nada vi. Era tudo uma linha recta.
Eram pernas direitas como paus.
A primeira mulher, juro, que era tão larga de perna como eu sou no braço. No braço mesmo, não no antebraço. Julgo que o tenho ainda mais espesso que as pernas daquela rapariga que vi na paragem.
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Pernas iguais às que vi!
Dois paus rectos, sem curvas, sem nada. |
Tudo isto para dizer que, de certa maneira, sempre nos queixamos de algo.
Eu tenho "demasiada" carne e estou ciente disso. Tem instantes em que gostaria, pelo menos por um bom tempo, sentir-me diferente, estar diferente.
Mas não assim como vi. Pele e osso.
Não é nada saudável e cada quilo a mais que o meu corpo carrega, cada grama de gordura, acolhia-a com gosto. Já na renascença associava-se "gordura a formosura" porque só os miseráveis, pobres, raquíticos e doentes eram esqueletos vivos.
Foi impactante observar que ainda é verdade.
Desejo que aquelas pessoas tenham saúde.
Entre gordos ou magros, a saúde é o bem mais precioso que se pode possuir.
Portuguesinha