quarta-feira, 26 de junho de 2013

Mudar de Freguesia

Um panfleto da CML veio parar à caixa do correio. 
Informa (muito mal, diga-se de passagem) a mudança que se avizinha com a Reforma Administrativa da Cidade.

LISBOA, até agora composta por 53 freguesias, vai ficar reduzida a 24. Diz o panfleto que (como por magia) essa mudança vai permitir fazer mais com muito menos dinheiro (nem Houdini!). Parte das responsabilidades anteriormente exclusivas da CML vão passar para as Juntas de Freguesia (O que não me parece favorável ao cidadão, pois o vínculo governamental dilui-se e as responsabilidades que as freguesias já comportavam não eram cumpridas. Mas agora que tudo vai mudar para MELHOR e com MENOS se vai fazer MUITO MAIS, vou chateá-los até mais não para ter uma freguesia LIMPA de sujidade, espaços verdes realmente VERDES e não de palha seca e vou EXIGIR que venham já restaurar os passeios e infraestruturas de lazer que a QUEDA DE ÁRVORES no temporal do INÍCIO do ano danificou e que AINDA aguardam reparação. Aliás, não fossem os populares a se servirem da MADEIRA das árvores caídas, estas ainda cá estariam). 
Umas freguesias vão fundir-se com outras (o cuidado em mencionar que NENHUMA vai ser aglomerada/absorvida para que não se firam as susceptibilidades é óbvio) e ao mesmo tempo, NOVAS serão criadas. Uma delas - a que me faz mais espécie, é a denominada freguesia do Oriente (Parque das Nações).

A Zona do "Parque das Nações" - pelo menos a zona que se presta a maior movimento e aparentemente comércio, insere-se maioritariamente na freguesia "anteriormente" conhecida por Santa Maria dos Olivais. Nesta re-estruturação, a Santa "vai à viola" e a freguesia será apenas conhecida por OLIVAIS. Mas a questão é que essa parte reestruturada dos "Olivais" deixará de o ser, assim como Marvila e Loures - presumo eu, terão a sua zona de "parque das nações" expropriada para dar azo a esta nova freguesia do Oriente, fecundada pela Expo 98. 

Quando escutei falar na criação da freguesia do Parque das Nações - Oriente, reclamada pelos habitantes locais, pensei: "mas isso não são os ricos a reclamar um espaço que os diferencie dos restantes?"

E passo a explicar. Olivais é uma freguesia conhecida por sua constituição única de misturar todos os estratos sociais. Foi coisa de Salazar - sempre ouvi dizer. Ele é que mandou construir bairros sociais para albergar a população menos favorecida, mesmo ao lado dos mais abastecidos doutores. Se ia funcionar ou não foi motivo para debate social, mesmo após o fim do regime. Lembro vagamente de debater nas aulas este tema e esta medida de salazar, em criar bairros mistos. Será isto melhor para ou sociedade ou deve-se ser "separatista", e colocar os mais ricos de um lado, a classe média do outro e os pobres em "bairros sociais"?


Devo já dizer que Salazar tinha razão. Pronto, já disse. 
Pelo menos neste aspecto concluí que o SEPARATISMO é NOCIVO para a sociedade. Causa estigmas, mitos, cria identidades diferenciadas e conflitos. Tanto o rico como o pobre poderem dizer que pertencem ao mesmo bairro é algo uniformizador. Que eu saiba, os novos bairros de Santa Maria dos Olivais não viraram bairros problemáticos com gangs, apesar da "misturada" de estratos sociais iniciada na década de 60. 


Agora vou dar "um pulo" comparativo até a novela "Avenida Brasil", cuja acção decorre na cidade do Rio de Janeiro. O FAVELADO rio, com o pior dos crimes e a maior riqueza, lado a lado, mas claramente distintos e separados. Na novela existe distintamente uma divisão social e de estatus entre a ZONA SUL e o bairro popular do "Divino", na zona Norte. Até uma ponte é mencionada como a estrutura física que delimita essa divisória espacial entre a zona "pobre" e a zona "rica". A forma como a vida, as pessoas e as suas formas de agir são retratadas explicam bem que existem diferenças radicais entre os lugares - como se fossem dois planetas diferentes, dois países até. 

Salazar ao fazer crescer os Olivais, não quis isso. E fez ele muito bem. Por lá acho que não vincaria a ideia de que um lugar é para rico, outro para os pobres. Tudo acabou relativamente misturado. Classe média, remediada, rica, tudo. E os problemas que muitos temiam que viesse disso? - Balelas. 


Posso estar equivocada mas é sabido que, pelo menos na zona dos Olivais que agora será conhecida como Oriente, o preço de uma propriedade é caríssima. Devido à proximidade ao rio e às infraestruturas de transportes, como a rede de comboio, metro, autocarros... E quem aí mora fez pressão para virar freguesia própria. Porque, disseram os habitantes, têm problemas próprios a resolver e também diversas dificuldades por a faixa da expo 98 se inserir em três freguesias das actuais mas quase extintas 53: Olivais, Loures e Marvila. Sendo no entanto, a zona dos Olivais aquela que até ao momento engloba o "grosso" do comércio e dos transportes - por aí se localizar um centro comercial, uma gare de transportes ferroviários, terrestres e também uma marina, etc. A freguesia dos Olivais e de Loures vão perder assim o contacto com o RIO (uma grande perda), que as caracterizou durante muitos anos e fez parte da infância de tantos, além de que os Olivarenses perdem a sua zona mais recente, mais moderna e desenvolvida. Sobrará a parte envelhecida. 


Olivais deixa ser freguesia que se estende até ao rio

Sou defensora que o separatismo é nocivo para a sociedade. E concluí isso porque graças a Salazar pudemos observar na prática os efeitos do "misticismo" social. Ninguém morreu, ninguém perdeu um braço, nenhum bairro ficou "perigoso" de ser frequentado após 50 e tantos anos desde que se iniciou a inclusão de pessoas de uma classe social mais baixa junto a outra mais instruída e privilegiada. Agora se formos a olhar para outras zonas da cidade cuja separação por classes sociais ficou muito mais vincada, verifica-se realmente que se criaram "guetos" em muitas delas, zonas propícias a gerar e criar os seus próprios problemas sociais. Ninguém "gosta" de ter uma "família problemática" como vizinho, mas acho essa pouca sorte é como tudo: tanto dá em pobre como em menos pobre. Por isso acho que deviam "gramar" sim, pessoas de estratos sociais diferentes na vizinhança. Isto de prédios atrás de prédios serem habitados por advogados, economistas e demais pessoas cujo denominador comum é apenas a carteira mais recheada que os restantes NÃO É positivo para a sociedade. Cria fossos sociais e prejudica até os próprios que têm a sorte de poder usufruir de uma vida com melhores condições e oportunidades. Afasta-os dessa realidade, para começar. Torna-os um tanto "pedantes" - é sempre um risco, podendo-se achar que são "melhores" apenas pelo factor "dinheiro" lhes encher a carteira. Volto à "Avenida Brasil" para que se aprenda numa realidade distante mas clara que isso gere um tipo de pessoa que se exclui da demais sociedade por ter  dinheiro. Quem vive na "zona sul em apartamento com vista para o mar", não gosta de se cruzar com qualquer um no elevador. Faz questão que quem não é morador use o elevador de serviço. Se for preciso, manda instalar um particular só para não se cruzar com mais ninguém. E basicamente, brincando, se fala a verdade. É mesmo isso que acontece quando em sociedade em vez de tentarmos viver cada vez mais em proximidade, nos queremos diferenciar dos restantes tendo como denominador comum o poder económico.

Claro está, nem tudo é igual mas o denominador comum, no geral, é o que descrevi. Existe sempre a mente mais "iluminada", o indivíduo com poder económico que nem por isso deixa de estar próximo do seu semelhante e não faz distinções nem arrebita o nariz conforme lhe aparece à frente pessoas com mais ou menos cifrões na carteira. Mas não é CRIANDO zonas SEPARATISTAS que este tipo de indivíduo vai poder sobreviver. Ao contrário. Ele vai virar quase espécie em extinção. Que bom que era, nos bairros da "misturada", quando o "povão" ia para a rua jogar à bola. Não importava se o pai tinha dinheiro ou não. No "bairro", todos eram iguais. Isto tanto acontece no referido bairro, como em qualquer outro em qualquer parte do país, de outros países. Em vilas piscatórias, em qualquer cidade que se desenvolva, cresça e absorva novos inquilinos. É assim que devia ser. Sempre. 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Comprei uma peruca


Comprei uma peruca. Nenhuma razão em particular, apenas ia comprar um artigo na loja online, vi-a por 2€, tinha bons feedbacks, uma alusão ao "dia da mãe" e para arredondar a despesa comprei-a. Não esperava nada especial de uma compra barata de uma peruca de fios de cabelo artificiais. Mas ao receber verifiquei que os elogios pareciam justos. A cor é boa, o toque também e então decidi experimentar só para ver como ficava. Atei o cabelo num grande pompom debaixo da nuca e enfiei a cabeleira postiça. Achei que os caracóis eram bem reais - desalinhados e desarrumados como os meus costumam estar. Tive mais dificuldades em arranjar o cabelo junto aos olhos, de "franja" até quase ao queixo. E pensei para comigo: devo ser a única pessoa no mundo que compra uma peruca igualzinha ao cabelo que tem!


Tirei a peruca e devolvi-a à embalagem. Deixei os meus cabelos cairem para a posição natural deles. O entusiasmo foi pouco ou nenhum. Afinal, não existiu nenhuma mudança de visual por aí além. Por um lado fiquei contente: existem perucas por aí a imitar o meu cabelo! Então nem tudo está perdido...


PS: quando era jovem tinha vontade de mudar de cabelo não só na forma e cor, como no comprimento com uma frequência constante. Lamentava que a sociedade não visse com bons olhos o uso de perucas meramente decorativas, tal como aceita um acessório da toilette. Por minha vontade tinha usado muuuuitas! Mas jamais o fiz ou sequer existiam como produto de acesso fácil. 

sábado, 22 de junho de 2013

O estigma da virgindade


Acho que os sentimentos deviam se valorizar mais que um acto. Fazer amor não é ter sexo. 
A virgindade pode já ter ido pela janela antes mesmo da "primeira vez" acontecer. Não entendo e acho que nunca entendi o conceito de virgindade. E porquê este pressiona tanto os jovens de hoje a se verem "livres" dele e no passado isso ser tão recriminado. Alguém para debater isto? 





sexta-feira, 21 de junho de 2013

A adolescência (e arredores) espelhada no Youtube



 Na altura em que fui uma adolescente tinha muitas ideias na cabeça. Muita vontade de as concretizar também. Faltava-me, como julgo ser normal, "saber para onde me virar" para seguir esses caminhos que sentia precisar traçar. Um adolescente recorre aos adultos que o cercam. Mas se as respostas destes forem "não sei, não me chateies" ou "nem pensar, pára de ser estúpida", algumas coisas que podiam ser vividas logo na adolescência e servir de experiência para a entrada na idade adulta ficam por acontecer. É a pior coisa, julgo eu, que um educador pode fazer a uma criança: limitar a sua liberdade e necessidade de expressão.

Bom, isso agora quanto a mim pouco importa, serve apenas como introdução para o tema que vim apresentar. No youtube encontrei, por acaso, algumas vezes, vídeos realizados por adolescentes, pré-adolescentes ou semi-alguma-coisa da adolescência. Espreitei por curiosidade, com um nadica de nada de sensação de voyurerista por decerto não ser o público alvo. Mas a verdade é que muitos desses canais são divertidos. Imagino aqueles que estão na mesma idade do visado a divertirem-se com as cenas, a querer fazer algo parecido. O youtube, o vídeo em si, é uma forma de expressão muito apelativa. Era o que me apelava aos sentidos quando era criança: queria filmar. Histórias e o quotidiano do que me cercava. Mas na minha adolescência não existia câmaras de vídeo domésticas. E se não existia isso, então é que nem pensar em criar "cenas" para postar no youtube, pois também não existia internet... Nem computadores, muito menos portáteis, ou ipads ou mesmo telemóveis e quando apareceram, não vinham equipados com câmaras de fotografia, muito menos de vídeo. Portanto, a vontade podia estar lá - e estava. Mas os meios não. Por essa razão fico contente que a geração de hoje tenha acesso a tudo isto para se expressar. E gosto de ver que o fazem. Fazem bem, dominando a tecnologia e algumas técnicas mais avançadas. Têm assunto para falar - do aparentemente disparatado ao mais sério, tudo conta. Uma geração pós-gato fedorento, que se faz sentir na linguagem e estilo que adoptam. Acima de tudo, imaginação, criatividade e coragem para fazer o que lhes apetece, com responsabilidade, decerto... :)

Aqui fica uma ou outra cena/canal que calhei encontrar. Os temas assim como as idades variam entre parvoices típicas (e por isso mesmo engraçadas) a compras online e relações amorosas, mas são todos peças de um puzzle que é a vida que, segundos alguns, tem nestas idades a sua melhor fase. 







PS: Passado tantos anos continuo a achar os meninos, a pesar de tudo, mais interessantes que as meninas. Ao menos falam de tudo um pouco ehehe. Meninas falam hoooooras de  maquilhagem, vestidos, malas, etc.   ;)




Primeiro dia de VERÃO

O google informa: hoje é o primeiro dia de verão!!
E ilustra magnificamente esse momento. 


O que estão a achar deste PRIMEIRO DIA DE VERÃO?


Aqui na alface o vento 
abana as copas das árvores 
até mais não.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

O facebook dos adolescentes


Sinto que fico verdadeiramente conectada às cabeças de um pré-adolescente quando percebo a forma como se expressam no mural do facebook. Ao ler os comentários, ao perceber a forma como reagem às publicações, pela quantidade incessante de fotografias que colocam de si mesmos, pelos interesses que revelam em bandas de música, em roupas, em ídolos, na forma de se expressarem entrei si e às coisas e o que esperam que seja o comportamento de cada um deles perante uma publicação.

Nesse sentido acho que o facebook está a ser desprestigiado. Ele presta um benefício aos adultos como nenhuma outra ferramenta consegue, numa fase em que entender os pré-adolescentes pode ser difícil para alguns adultos mais "desmemoriados" da sua própria existência nessa idade. Não adianta vir debater se a aplicação devia ou não ser acedida por pessoas de tão jovem idade. Não adianta porque tal facto é inevitável. O facebook assim como outras aplicações e tecnologias impuseram novos hábitos em toda a sociedade. Não se pode esperar que uma criança fique atrás dos mesmos. É assim mesmo que se convencionou, é uma alteração nos hábitos da sociedade que se generalizou e por isso é até um tanto "patético" achar que os adolescentes, tão sempre na vanguarda da tecnologia como estão, alguma vez poderiam ficar de lado.

A verdade é que cabe ao adulto saber orientar o adolescente perante esta nova forma de interagir. O que até pode ser muito positivo, conforme já expliquei, porque permite ao adulto ter uma "janela aberta" para a cabeça e alma de seu filho, de uma forma que não sendo invasiva também não precisa de ser forçada.

Não se deve impedir uma criança de evoluir no sentido em que a vida evolui, pelo que não vejo na proibição do uso qualquer sentido. Todos temos de nos adaptar às mudanças sociais sem travar o desenvolvimento das crianças, pelo que mais importante do que uma criança ter conta de facebook é perceber que é uma realidade inevitável e que vem acrescida de cuidados e concelhos educativos diferentes. E estes fazem falta. Não só para o universo do facebook mas para a vida em si, pois esta também já se deixou dominar em vários níveis pela tecnologia. Ao alertar uma criança para os riscos do uso de uma tecnologia «segura/insegura» como o facebook, estamos também a incutir nela uma semente de atenção que lhe vai durar, se possível, a vida toda. Uma criança que não esteja em contacto com esta realidade fica excluída das coisas como elas são. E poderá ficar vulnerável aos perigos que ela acarreta, quando com ela começar a se expor, por não estar familiarizada com o relacionamento inter-pessoal entre pessoas por este meio.

Creio que é um grave erro menosprezar a capacidade cognitiva de uma criança - deixando por lhe explicar a razão das decisões tomadas e das preocupações. A criança é mais inteligente que qualquer adulto. Só não está munida do conhecimento de experiência de vida e de algumas consequências de gestos que possam parecer inocentes. Mas inteligência e capacidade para absorver conhecimento é coisa na qual qualquer criança supera um adulto até com uma perna nas costas. Portanto, valorize-se isso, dando a elas todo o conhecimento não-literário que possam necessitar para se adaptarem melhor ao mundo.


E como ia relatar, observar o mural facebookiano de um pré-adolescente é um aprendizado. Acho que a primeira coisa que notei e que me fez impressão é a forma como se manifestam diante da publicação de (mais) uma fotografia. O utilizador coloca uma fotografia nova da sua pessoa e logo de seguida "chovem" comentários de colegas e amigos. E estes lêm mais ou menos assim: "super gata!" Lindaaa!" - seguidos de símbolos ou abreviações que servem somente para reforçar e dar mais ênfase ao elogio. Nunca vi nada que não fosse esta "rasgação de seda", por assim dizer, o que me leva a deduzir que é da praxe elogiar sempre a fotografia de alguém com estes adjectivos.

Outra coisa que observo é a expressão "Dedicas?" - muito utilizada entre eles. Significa que quando uma pessoa coloca uma imagem sua no facebook, depreende-se uma certa "exigência", uma "regra de etiqueta" que diz, entre pré-adolescentes, que o certo é dedicar a foto a alguém. Não é de bom tom embora não seja ofensa, colocar uma foto por colocar. E sem uma descrição também não é muito bem aceite. Os pré-adolescentes gostam de saber que as coisas lhe são dirigidas. Em resposta aos comentários, o autor costuma dizer "obg, obrigadaaaa", numa modéstia recatada que faz lembrar uma donzela do século XIX quando lhe elogiam a beleza.

O mundo gira muito, mas por mais que mude, algumas coisas nunca mudam na essência. Sofrem alterações expressivas, mas está tudo lá: a recatada modéstia ao receber um elogio, a vontade de receber elogios, as primeiras preocupações "românticas" e de amizade, as mãos dadas e os primeiros beijos com o primeiro namorado, os gostos musicais, os estilos de vida admirados nos ídolos, o que acham bonito em roupas, em estilo, o papel da escola e os stresses dos testes, os concertos a que se quer ir, os bilhetes que se querem comprar, as marcas de roupa e vestuário mais apreciadas, as modas que uns seguem, as férias como lhes correram e tudo com fotografias! :)

O facebook de um pré-adolescente reflecte bem aquilo que são e a fase que atravessam. É bom aproveitar, porque acredito que ao chegarem à adolescência já serão mais restritos, saberão controlar e vão querer realmente controlar quem vê o quê e não serão, suponho eu, tão puros nas suas manifestações e opiniões quanto na pré-adolescência. Acompanhar o crescimento do indivíduo pré-adolescente pode não ser possível pessoalmente, mas através pelo facebook fica-se com uma boa ideia, quem sabe, até mais ampla. Porque, como diz a expressão, vê-se melhor uma árvore e toda a sua beleza quando à distância. Muito perto só faz perceber as saliências do tronco...















domingo, 9 de junho de 2013

Brincadeira de... crianças?

Quando era criança aprendi algumas coisas de artes manuais (e não só) na escola. Coisas que agora não me parece que sejam tão aplicadas para educar a destreza das crianças. E lamento bastante isso. O curioso é saber que uma criança supervisionada por um adulto podia fazer tudo: usar ferramentas de corte, de soldar, de serrar, etc. Mas depois ao crescer dizem-lhe: "Cuidado! Tu não sabes mexer nisso!"



Heis uma pequena lista de coisas que me lembro de fazer na escola, tudo antes de chegar aos 12 anos de idade:

1) Cinzeiros em Barro
2) Picotar um desenho furando os seus contornos no papel com um pico sobre uma almofada de esponja (isto na escola primária eheh!)
Eu usava um furador, que tinha um espigão longo e uma pega de madeira larga.
Esta criança está a usar um pequeno pionés (que facilmente seria capaz de engolir).
Será o mais adequado??

3) Fazer uma folha de papel a partir da massa aguada de restos de papel de jornal
4) Fazer crescer uma planta de um feijão mergulhado em algodão embevecido em água e mantido na humidade e escuridão do WC


5) Fazer perfume com pétalas de rosa
6) Plantar uma árvore no dia da árvore (gostava de poder fazer isto todos os anos)

7) Criar sólidos em várias formas geométricas perfeitas feitas com cartolina (eu fiz um automóvel com retrovisor, matrícula, volante, pneus, tudo )
8) Fazer um livro desde as páginas, passando pela costura das mesmas, à encadernação, com pedaços de cartão cortados e lombada com protecção.
A ilustração não é a mais fidedigna mas foi o que encontrei na net.
Ao menos tem-se a percepção da costura.

9) Fazer caixas para arrumação em vários formatos seguindo um esquema e usando cartolina
10) Fazer uma almofada em "tela" bordando os padrões previamente desenhados
Esta é em crochet, não é a mesma coisa mas é bonita :)

11) Fazer um quadro com lã e tafetá
12) Montar um candeeiro desde a tomada à lâmpada aprendendo o circuito eléctrico na disciplina de electrotecnia (que amei!)
13) Andar a serrar e a limar metal em forma de objectos para fazer uma escultura que tinha de ser soldada ou recortada à chama quente com um maçarico. (na disciplina de mecanotecnia)


Ah! E não lembro de alguma vez sequer ter cortado o dedo por usar ferramentas de corte... só com folha de papel isso me aconteceu :) Talvez também o tenha espetado algumas vezes na agulha de coser, ehehe, mas foi só. Acredito que as crianças hoje continuam a ter estímulos semelhantes, mas não sei até que ponto a variedade é a mesma. Normalmente pedem-lhes para recortar e colar... E os leitores? Lembram-se de algum trabalho manual que tenham adquirido na criancice durante a escolarização? 


É PENA estas práticas não permanecerem tão vivas na nossa aprendizagem enquanto adultos. Mas tenho a certeza que foram benéficas e que, em muitos sentidos, vieram a enriquecer a formação e desenvolvimento. Foi bom assimilar um conhecimento vasto e adquirir pela prática a percepção do que estas coisas significam. 

sexta-feira, 7 de junho de 2013

CTT em GREVE conta a PRIVATIZAÇÃO

A revista VISÃO desta semana trás na página 19 uma notícia com o título:



"Dilma (presidente do Brasil) em Portugal... com a TAP na bagagem.... e os CTT na agenda"


Os CTT começaram uma greve hoje, à meia-noite, com duração de 24h.
Quanto a mim estou do LADO dos grevistas. NÃO QUERO OS CTT privatizados. 


Façam as petições que quiserem, eu vou e assino!
Peçam para comparecer e compareço!
Não QUERO ver a instituição que é os CTT, que tem muita qualidade, ir parar a mãos de privados.

Quem SOFRE é o PAÍS e o POVO.
Deixaremos de ter correspondência a ser enviada de forma segura e confidencial.
Perderemos uma empresa que dá lucro aos cofres do Estado com os seus impostos.

No BRASIL nunca conheceram um serviço postal que funcionasse de forma a honrar o sigilo e o princípio da entrega da correspondência. Lá viola-se as leis fundamentais do direito à privacidade, roubam envios, fazem desvios, deixam de entregar correspondência. Acreditem, portugal é um EXEMPLO a ser seguido. 

A privatização faz parte do plano exigido pela TROIKA para este ano fiscal.
Vamos lutar contra esta injustiça e má decisão desta troika, que pelos vistos, não sabe o que é bom para um país!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Educação livre e educação disciplinada

Tenho uma menina na família que está a ser educada com alguma disciplina pelos pais. Ela é uma menina expansiva, que fala muito e articuladamente, sabichona, viva, interessada e vibrante. Mas à medida que cresce está a mudar. Vê-se menos desse brilho e fica mais recatada. Assim que ela escuta o seu nome a ser chamado pelos pais sai disparada a correr e não perde tempo a lhes aparecer à frente. É muito obediente, a pesar de ter fama de ser "terrível". Uma reputação injusta, a meu ver. 

Tudo o que os pais lhe dizem para fazer, ela faz prontamente. E qualquer adulto em geral recebe essa mesma atitude. Para minha surpresa vejo que obedece prontamente aos pais quando lhe dizem para desligar o computador para ir estudar, ou quando lhe dizem que tem de acabar de brincar para ir estudar, ou mesmo quando lhe ligam a dizer que tem de se ir embora de onde está a conviver e a brincadeira vai terminar. Por vezes ela tenta dialogar com os pais, perguntando-lhes se não pode ficar mais um bocado, mas se escuta um não, acata-o sem insistir. Só que tudo isto ela aprendeu da maneira "dura". Ou seja, através de disciplina, de muita contrariedade, de castigos e privações. Sinto que a sua educação não está a receber o equilíbrio ideal entre o afecto/carinho e a disciplina/aprendizagem. 

Sei que não é fácil educar crianças, sei que os pais querem o melhor para os filhos, mas também sei que isso nem sempre se consegue. Os pais também falham. E perceber isso não é vergonha alguma. Vergonha é perceber e nada fazer para o mudar, mantendo o comodismo de comportamentos que se provam nocivos.

Não sei se é realmente o caso desta criança, mas identifico nela todos os comportamentos que me indicam a presença de educação rígida construída em cima de sentimentos magoados que eu também recebi. Uma educação que castra muito e libera pouco, ou quase nada. Tal como ela, também eu fui uma criança vibrante. Ao ponto de durante os anos que se seguiram até a adolescência, ainda viver aos olhos dos outros como se fosse a "tal" criança esperta e sagaz que todos pareciam recordar. Falavam comigo durante longos tempos a contar-me as peripécias e a forma como eu percebia as coisas. Estes adultos que me reencontravam vibravam, iluminavam-se e eu acho que esperavam encontrar uma versão crescida da criança que fui e ficavam ali a sondar, a ver se eu "lhes aparecia" tal como me recordavam. Costumava deixá-los falar, escutar, dizer que não me lembrava de nada porque a maioria das vezes era verdade e pronto. Eles lá iam, talvez algo tristes e desconfiados por aquela criança" não se encontrar mais no corpo da quase adulta. Não me sentia muito confortável por tantos me recordarem com tanto entusiasmo, saudosismo e rasgados elogios, revelando tanto gosto e alegria ao me reencontrarem. Porque me faziam lembrar o que podia ser mas não era. Faziam-me lembrar o "eu" que reprimi e me foi «apagado» à força mas que um dia esperava poder reencontrar antes que "morresse" de vez.  Lembro-me de uma ocasião em que uma senhora muito entusiasta ficou a me relatar pela porta as memórias que tinha de mim e eu a pensar: "Essa não sou mais eu". 

Está certo que nós mudamos. Não creio que mudemos na essência, mas sofremos alterações sim. Está previsto que o ser humano mude à medida que aprende a crescer e a conhecer o mundo. Nem todas as mudanças têm origem na disciplina muito ou pouco rigorosa, o factor biológico também entra na equação. Mas quando a disciplina é castradora, existem pequenos sinais como este da obediencia imediata e pronta que esta criança revela. Ela tem uma atitude de obediencia que mais depressa relacionariamos com a de uma serviçal com receio de uma reprimenda dos amos.  E como já referi, creio que aprendeu a reagir assim às custas de muito grito, algumas pancadas no traseiro e muita imposição. 

Também já vi o pai a brincar entusiasticamente com as crianças dos outros, a menina a meter-se no meio para entrar na brincadeira e a levar uma reprimenda. Acho que o pai não entendeu que a magoou e a fez sentir preterida, posta de parte, uma vez que enquanto brincava com a outra, ordenou que a sua filha ficasse quieta, dizendo-lhe que não devia atrapalhar. A criança deve ter-se perguntado desta vez e se calhar noutras também, porquê isso, porquê o pai é tão brincalhão com as outras crianças e menos com ela. Acredito que os sentimentos começam a ficar magoados e vejo que ela fica de "cara fechada" sem querer explicar o que tem quando algo a magoa. E reconheço isso, já passei pelo mesmo. Outras vezes detecto que umas lágrimas lhe caem pelo rosto e quando vou perguntar o que se passa, porquê ficou triste, responde apenas que "não é nada"  (Ah! É tão parecida comigo!!!).

Pelo que hoje estava aqui a relembrar como a vi recentemente a ter estas atitudes de menina bem comportada e obediente e a pensar se não as assimilou através de um excesso de disciplina rígida e uma certa carência de momentos de maior afecto. Porque existe outra criança na família que recebe uma educação oposta. E é fácil entender as diferenças quando existem exemplos distintos. Creio que a personalidade da primeira possa ficar algo "danificada" por receber esta educação mais castradora e que a outra acabe por florescer mais, visto que não sendo uma criança tão expansiva nem tão comunicadora e articulada, foi educada com disciplina mas acima de tudo liberdade. Principalmente para tomar algumas decisões sozinha e assumir a responsabilidade do estudo. Foi exposta a todo o tipo de coisa- não existiram temas "tabus" a serem discutidos na presença da criança nem foi de todo poupada aos desentendimentos dos pais à sua frente (outra coisa com a qual me identifico). Ela pode ver televisão enquanto toma a refeição e escutar todas as más notícias dos telejornais. A outra não tem TV acesa enquanto come, não podia ver filmes com cenas de adultos nem escutar as más notícias dos jornais. Creio que ambas as formas de educar são aceitáveis e acho que encontraria um meio-termo entre estas duas, pois nem uma nem outra estão desprovidas de falhas algo claras. Mas ainda assim concluo que a presença de LIBERDADE é ESSÊNCIAL para o desenvolvimento do ser humano. Agora, o que distingue essa liberdade da «liberdade» que faz as crianças crescerem sem noção de responsabilidades ou limites, acho que é a presença de interesse paterno, transmissão de valores e afecto. Só sei uma coisa: não é fácil, mas também não precisa de ser complicado.

Sinto carência e indícios de problemas de auto-estima naquela menina. Quando tiver com ela vou dar-lhe todo o meu tempo e do meu jeito descontraído, vou puxar o diálogo para ver o que pensa das coisas, como se sente, o que quer e com o quê sonha. Quero perceber se vai se expressar livremente ou manter algum vestígio da apreendida recatez. Proibir as crianças de falar não lhes apaga os pensamentos. Só magoa.  

Como chegou até o Facebook?

Fui apresentada ao facebook pelo jogo farmville. E fui introduzida ao farmville por intermédio de uma pessoa que foi de férias e precisou que alguém lhe tomasse conta da "quinta". E assim foi o meu começo a lidar com aquela aplicação que só de vista não achava mesmo piada alguma! O jogo ia colocando desafios e o facto de perceber que fazendo as coisas de uma certa forma resultaria em melhores resultados e ter de explicar esses objectivos à pessoa que estava tão preocupada com as suas plantações virtuais e outras coisas tais, descobri um estimulo e fiquei "viciada".

Talvez por isso o facebook continua a ser uma aplicação que uso em "segundo plano". Não é de todo um recurso ao qual recorra para fazer auto-propaganda, como vejo tantas pessoas fazerem. Na aplicação colocam frases inspiradoras quase sempre com um propósito oculto, vão contando detalhes da vida que de outra forma não o fariam, afagam o ego e a vaidade "pescando" comentários e gostos através das fotografias que publicam e vão promovendo o seu negócio ou a elas mesmas. O facebook é uma espécie de portal de MARKETING. A pessoa pode promover-se, ou à empresa, ou a um serviço e ainda encontra publicidade a muitas outras pessoas/serviços que fazem o mesmo. Os passatempos deixaram de ser tão publicitados nos meios da imprensa escrita, para transitarem para o meio virtual do facebook. O meio permite chegar a muitas pessoas, por menores custos logísticos.

A vantagem que encontro no Facebook é tão somente a de permitir o contacto com pessoas de outros países, com diferentes formas de viver social e culturalmente. É verdade que também acarreta perigos, mas esses não são diferentes dos mesmos perigos a que qualquer pessoa está exposta no seu dia-a-dia lidando com as pessoas cara a cara. Nunca se sabe bem que género de indivíduo está do outro lado do monitor mas o mesmo muitas vezes acontece também nas nossas relações presenciais.

Mas o facebook não é já assim tão jovem e outras aplicações inteligentes surgem aos poucos no mercado, conquistando cada vez mais um público sempre receptivo. A moda actual é o uso do instagram, assim como pelo meio surgiu o Twitter e o Tumblr. A criançada de hoje anda quase toda com um Tabblet debaixo do braço e quem é que não tem telemóvel com câmara de fotografia e vídeo incorporado?

São as mudanças proporcionadas pela tecnologia actualmente, assim como no passado esta também desempenhou um papel activo e presente no quotidiano das pessoas. A passagem do tempo acompanha-se melhor quando se analisa as mudanças trazidas pela evolução tecnológica.