domingo, 24 de dezembro de 2023

Tantos posts por fazer! E o Natal aqui

 Nao podem imaginar que, diariamente, surgem-me tópicos que quero abordar aqui. As semanas passam e acabo por nao o fazer. Nunca é oportuno ligar-me ao blogger para escrever e assim bons conteúdos do meu quotidiano e pensamentos se esvanecem no esquecimento.

Mas esquecidos não estão vocês, que de vez em quando aparecem e comentam. São muito apreciados pois sem vocês, não teria feedback sobre nada do que escrevo. 

A vocês todos votos de:

1) Muita boa saúde

2) Muita tranquilidade e plenitude

3) Mais dinheirinho no bolso para poder gozar melhor o bom da vida

Quer bebam um bom vinho ou um bom sumo nesta quadra de natal, que sejam felizes, seja de que maneira for.

E aqui no aeroporto de Londres, de onde me encontro a fazer este post, partilho com vocês que decidi ir passar o natal a casa. Trabalhei todas as semanas a fazer turnos de 12 a 13h para poder me sentir mais à vontade para fazer despesas extras.

Não estava para ir. Trabalhei até hoje de manhã porque seis meses antes desta data a passagem de ida já estavam acima de 100 libras. Por ser bem acima do usual, que rondava as 40, recusei-me ponderar colaborar com essa "extorção".

Mas depois vi que no Natal que vem será ainda mais difícil e percebi que era agora ou..

 Nunca se sabe. 

Outro fator que pesou foi o me imaginar em casa, sozinha mas não realmente. Fechada no quarto, sem cozinhar, sem me sentir livre e à vontade. Soube que havia tomado a decisão certa quando entrei no WC no dia em que a empregada de limpeza a limpou e vi isto:

(Desculpem, transferi a foto para o computador. Por isso coloquei outra temporariamente. Bem adequada, um colega no trabalho que se vestiu a rigor e esteve o tempo todo a trabalhar vestido de pai natal ahahah! Ou melhor: Ho, ho,ho!)


Senti uma enorme saudade de viver num ambiente limpo, organizado. Senti saudade de ver uma sanita normal, abrir a porta do frigorífico e nao sentir maus odores nem ver sujidade. Senti falta de... casa.

Tomei a decisao certa. Vai ser uma surpresa! Espero não os assustar demasiado. Ninguém suspeita 😁🤭

Boas festas a todos.

Sejam felizes.

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

550: O número da discórdia

 
Sinto-me incomodada. 

Em Setembro do ano passado, subiram-nos a renda pelos quartos. Bastante, no meu caso. Foi uma subida de 125 libras. Mas em Janeiro, voltaram a subir. Ao todo, pago 200 libras a mais do que pagava antes. 

Está certo que a renda que pagava - 300 libras, referia-se a uma altura em que a Pandemia afugentou as pessoas quase todas e era difícil para os senhorios arrendar as casas. Muitos tiveram de descer os preços para não perder os inquilinos. Acabei por, na altura, me mudar para uma destas casas - embora também possa dizer que, há três anos, um "boxing room" ou seja, um quarto pequeno com cama de solteiro, custava por volta de 300 a 380 libras. Portanto, estava barato, mas não muito. 

Os meus colegas de casa, por quartos com o dobro e triplo do espaço do meu, pagavam 400 libras. Portanto, sempre existiu uma diferença de 100 libras por quartos. Há dois anos entrou um rapaz que passou a pagar 450. E depois um outro, que passou a pagar 500. A cada entrada, subiam 50 libras. O que é muito normal. 

Mas depois que levantaram a pandemia e "acabou" o Covid, foi o que se sabe: subida de preços por todo o lado. Agora sinto uma enorme dificuldade em poupar dinheiro. Coisa que antes conseguia fazer. Os meses passam e o valor na conta permanece estagnado. Não sobe. 

O problema em relação à renda que pago é que desconfio que todos os outros estão a pagar 550. Pelo menos é esse o valor que me estão a indicar. E isso revolta-me!! Muito. Mas muito mesmo. 

Não é decente, não é justo, não é correto - sobrecarregar tanto um indivíduo com uma subida de quase 100% enquanto a subida para os outros é uma "Migalha". Não é justo! Não é decente. Está a enervar-me. 

Estou a pensar pedir conselho jurídico. Já o tinha feito durante o primeiro aumento, há um ano. Porque lembrava perfeitamente que o contrato que assinamos de arrendamento estipulava que não podia existir um aumento de mais de 20 euros por cada seis meses. E subiram logo 125! E isto porque eu regatei - queriam que pagasse mais. Lembrei-os que devia ser um erro e estavam a confundir o meu quarto com o da M. porque me pediam exatamente o mesmo valor. 

E agora descubro - ou desconfio - que a diferença é apenas de 50 libras?? Umas míseras 50 libras???? 

Como haveria esta gente de sair desta casa, se os preços praticados continuam tão baixos para eles? Que raiva me dá! Eu fui sempre tão atenciosa com as pessoas da agência. Procurando ajudar, sendo prestativa. Cuido da casa como se fosse minha - melhor ainda do que se fosse minha. Porque sendo minha um problemita ou outro se calhar remediava de outra forma ou deixava andar, mas não sendo, tenho mais cuidado. Eles sabem da porcaria que vivi aqui dentro com a M. que, me disseram, querem expulsar daqui. Se isso fosse verdade realmente, tivessem lhe subido a renda como subiram a minha! Tem o quarto maior da casa - o de parede a parede. Devia pagar três vezes mais que eu! Já que o quarto tem três vezes mais tamanho. E depois tem o usufruto das coisas. Eu quase não uso a casa e a M. usa, abusa, danifica, estraga. Não é a única, mas é a que se destaca a olhos vistos. 

Sinto-me enganada e levada por tola. 

Percebem a minha boa índole e dela tiram proveito. 
Decidem que vou pagar mais porque trabalho mais e os calões que não trabalham têm a vida facilitada e pagam menos. 

Esta vida é tão injusta com os bons. 
A sério... 

Quero virar vilã ou que baixe em mim alguém feroz, devoradora, arrasadora. 

É que não me agrada nada nada saber que me subiram a renda de 300 para 500 desde Janeiro deste ano, enquanto os outros tiveram uma subida de 50 libras... 

Só podem estar a gozar!


terça-feira, 21 de novembro de 2023

Ida aos supermercados abaster

 Fui ao supermercado buscar coisas mînimas. Trouxe iogurtes em promocao, 2 sopas em pacote em promoçao, dois saquitos de frutis secos de marca da casa por 1€ cada. E duas embalagens de gelado marca da casa, a 1 35 cada. 


Tudo barato. Mas ainda assim me surpreendeu lá deixar 15€. Dá que pensar se o melhor a fazer nao é comprar o pedaço de frango com batatas aos palitos, tudo frito, acabado de fazer, já que fixa por 2.49.

Mas uma pessoa nao deve viver de frango com batatas, muito menos fritas!

sexta-feira, 17 de novembro de 2023

 Tanto criticismo existiu aqui no UK a respeito do uso de scooters elètricas que atè hoje, estas nao estão legalizadas e o seu uso é considerado crime.

E depois temos as bicicletas e motas de alta celindrada que fazem as entregas de comida - um autentico risco para os peões. Quem escolhe a bicicleta circula por todo o lado, passeios, ruas habitacionais pouco movimentadas, apeadeiros e nao usa avisos de que vai passar. Nâo têm luzes para se sinalizarem a aproximar por trás, não usam campaínha e tendem a não se desvirem de um percurso recto porque os cujos pesos de sacolas enfiadas nos volantes e às costas não facilitam essas manobras. 

Acabei de me desviar de uma bicicleta que vinha por detrás, parei, ela passou por mim pelo passeio, continuo rumo em frente, surge outra bicicleta que vem contra mim, cheia de sacolas de entrega de comida.

Não circulam maioritariamente pelas estradas ou passeios - procuram atalhos, que é aquilo que os peões fazem.

Cada vez está mais difícil ser peão. 

Agora em qualquer sítio pode-se ser atropelado.

segunda-feira, 13 de novembro de 2023

A TV a falar da aceitação de Predadores Sexuais em Sociedade e do olho cego para as violações

 
Na última semana vi doc/filmes extraordinários. 

Se tiverem hipótese, vejam. São eles: 

Look Away (2022) / TVCine Top

Secrets of Playboy (2021) /AMC Crime

Jimmy Savile - o predador (202??) / AMC Crime - link na íntegra no youtube aqui


Perguntei sobre o Big Brother no meu post anterior para fazer uma analogia com o que vou contar a seguir.  


PLAYBOY

A revista americana que teve a Marilyn Monroe na capa do primeiro número, surgiu pelas mãos de Hugh Efner, supostamente para celebrar a liberdade das mulheres, o direito de exporem os seus corpos e não serem julgadas como prostitutas. 

O documentário que vi abriu-me os olhos - como só uns olhos maturos conseguem olhar. De revista "para homens" a Playboy virou uma marca que elegia a "playmate do ano" e, por décadas, Efner ficou conhecido por estar sempre rodeado de jovens mulheres, muitas viviam na famosa mansão com ele - mansão essa que recebia amiúde muitas celebridades, para se divertirem por lá, em especial num local chamado "A Gruta". Recordo de ler que um dos frequentadores mais comuns era o ator Leonardo Di Caprio - ainda quando era mais novo mas já pouco atraente. 

Este documentário abriu-me os olhos. As nossas avós tinham razão, os conservadores que viam com maus olhos o corpo de uma mulher ser exposto assim - tinham razão. O único objectivo do sr. Efner foi arranjar uma forma de poder USAR e USUFRUIR de jovens mulheres sexualmente. Ele e os amigos dele. E as playmates - não eram mulheres independentes que podiam fazer as suas escolhas e pensar pela própria cabeça. A PLAYBOY foi UM CULTO!!!

Quem contribuí para o documentário são pessoas que viveram nesse círculo fechado. A sua ex-namorada de então 17 anos e ele com 50, uma empresária e o seu mordomo pessoal. Três das figuras que mais tiveram para contar. Hefner era um chulo. Aproveitou-se de todas as mulheres, sem excepção. Violou-as e usou-as. TODAS. Ele e os amigos - tal como o Bill Cosby, "ator" negro que se encontra na prisão por ser um violador em série. Drogavam estas jovens - muitas menores de idade, com 16 ou 17 anos, violavam-nas ou sodomizavam-nas. O consentimento, o prazer, só contava o deles. Elas sentiam dor, muita dor!

E mesmo assim, ninguém contava nada... Mentalidade de culto. Medo. 

A ex-namorada descreve como o viu a praticar bestialidade. Aquelas mulheres eram atraídas pelo dinheiro, enganadas com as promessas de liberdade, e não tiveram escolha. Muitas cairam na má vida, ao serem apresentadas a drogas e a ser co-agidas a cometer actos obscenos ou que não tinham vontade.  As playmates eram intimadas a aparecer na mansão da Playboy, em dias de festa com celebridades, para serem usufruídas a belo prazer. Efner filmava tudo o que acontecia e guardava as cassetes numa sala. Uma forma espetacular de ter uma celebridade nas mãos. E quantas destas jovens não terão sido assassinadas? Uma história em particular comoveu-me. Veio da filha do braço direito de Hefner - com que ela garante que tinham uma relação intima. Existiam as mini-mansões, casas menores onde se continuava a perpetuar estes crimes sexuais. A jovem viu, uma vez, outra jovem a ir para o WC consumir droga e um homem ir atrás dela. Demoraram-se muito e ela acabou por ver a jovem estendida no chão, membros moles e sem reacção. Os seguranças pegaram e disseram que "agora é conosco, sabemos o que fazer".
Meses depois, um senhor de baixa estatura, cabisbaixo, bem educado, tocou à campaínha, mostrou-lhe a foto dessa jovem e perguntou: 

-"Viu a minha filha"?

Isso chocou-me imenso! Emocionou-me. Aquele pai à procura de uma filha que nunca mais viu. O que será que aconteceu? Que raio de impunidade é esta que uma jovem morre na casa de alguém, depois de ter sido drogada e provavelmente abusada, e deixam um pai em agonia, sem ter direito a um corpo, a uma explicação?

Podia contar muito mais - a série de sete ou oito episódios diz muito. Foi muito esclarecedora. Se antes não olhava para a figura com especial repulsa, hoje vejo um monstro. Cuspo-lhe na cara. 


A analogia que pretendia fazer com o Big Brother é que, as pessoas não percebem quando entram num culto. Todas aquelas playmates não perceberam. Mesmo depois de não terem consentido o abuso, estarem drogadas, muitas, pela jovem idade decerto mas também por todo um envolvimento psicológico, continuavam a sorrir e a defender Hefner, com todas as garras. 

Nisto ligo a TV para um Big Brother, para me distrair um pouco e vejo um monte de miúdas jovens a bajular um homem, a fazer tudo o que acham que o agrada, a terem comportamentos de bulling para com quem não foi "doutrinado". 

Choque.

Hug Hefner faleceu em 2017 e, a seu pedido, foi sepultado ao lado de Marilyn Monroe. Coitada da Marilyn! Violada e abusada mesmo depois da morte. Ela, que tinha aversão a homens como ele.  


Os restantes documentários também valem MUITO a pena. 

Jimmy Savile foi um predador sexual britânico a olhos vistos. A sociedade inteira sabia o que ele fazia a meninas e meninos jovens. Mas não se falava muito. Quem falasse, era mal visto. Os depoimentos de algumas das suas vítimas apoiam-se em imagens do "artista" e com o que se sabe hoje, a forma como ele se comporta frente às cameras, o que diz e como age transborda litros de indecência por parte do fulano. Mais um monstro que viveu demasiado tempo, até os 86 anos. Todos eles cheios de crimes, estupros, abusos. 

Numa das imagens surge ele sentado entre o público a falar ao microfone, a olhar diretamente para a camera. Ao lado dele, uma jovem salta e desvia-se de algo que a está a tocar. Era a mão dele, que ele enfiou dentro dela e estava a apalpá-la nas partes íntimas. Um nojo! Mas na camera, todos riem, ela ri... porque só pode ser brincadeira, certo?

Hoje espero que uma mulher pregue logo um estalo na cara de homens assim! E chame a polícia.


Uma parte que me disse alguma coisa é que ele era muito amigo de Charles - o agora coroado "Rei" de Inglaterra. A pesar de só pessoas com convinte poderem entrar no palácio real, Savile aparecia e sempre persuadia os seguranças a deixá-lo entrar. A princesa Diana recebia-o e achava-o estranho. Contou a uma pessoa que este pegava-lhe na mão, beijava-a e continuava a beijar pelo braço acima. O que deixa as mulheres a sentirem-se desconfortáveis. Mas cá está: interpreta-se como uma "brincadeira"... quando é tudo menos. 

É um comportamento de predador. Tudo começa por poder sair impune com "pequenos gestos". Ganha a confiança, ataca. E sabem o que todos os predadores fazem de seguida? Fingem que nada aconteceu. Nada grave. E então? Uma miúda jovem apareceu para conhecer uma celebridade, o que é que ela queria? Queria sexo! Claro. Agora arrependeu-se e está a espalhar mentiras...

E as mulheres, umas atrás das outras, calavam-se. Guardam para si como um segredo, uma mancha... não se pensa nisso. Finge-se que não aconteceu. Que se calhar, elas é que não estão a compreender bem as coisas. Se calhar não foi bem violação... Se calhar.

Pensam assim porque são quase todas jovens e quase todas vindas de uma situação familiar destruturada. Se não forem, já se sujeitaram a uma parte psicológica muito bem trabalhada para que elas se subjuguem e não se rebelem. 


Por último, vi agora o documentário sobre o que se passa nos bastidores do Rock in Roll. Os bastidores da música. Jovens de quem as celebridades tiram proveito, elas mesmas depois de rapidamente deixarem de ser novidade, sabem que podem deixar de ser convidadas a aparecer se não "recrutarem" mais jovens mulheres. "Sangue fresco". Foi assim que uma delas ficou a conhecer Steve Tyler - dos Aerosmith. Ele com 26, ela com 16. As ditas gruppies. Uma história que vale a pena ouvir ser contada pela boca da própria. Ao que saiba, Steve Tyler ainda gosta de "carne fresca" - com metade da idade das netas. É caso para deitar a língua de fora, em repulsa. 

Mas ele não foi o único. Ou não! Empresários, bateristas, músicos diversos, produtores... gente envolvida na indústria, muitos a cometer crimes e muitos outros a fechar os olhos. 

Este documentário conta com o depoimento de muitas mulheres, todas violadas sexualmente, geralmente previamente drogadas para não terem reação e com testemunhas a assistir - descrevendo a normalidade e a impunidade reinante. Como se "nada fosse". Mas as marcas, ainda que escondidas, carregam-nas para sempre. Traumas também. 

Como diz a última mulher, uma pioneira que abriu caminhos para bandas de rock no feminino e logo no dia de sucesso foi drogada e violada com gente a assistir, já se falou o suficiente sobre o assunto. Está na altura de se fazer algo.




quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Big Brother TVI 2023

 

Quem aqui segue ou remotamente está a par do que acontece no reality show BB 2023?


domingo, 5 de novembro de 2023

A falar ao telemóvel

 Ainda não são 8 da manhã de Domingo. Estou na paragem. Quase ninguém à volta. Porém tem uma rapariga que está a falar ao telemóvel. Um autocarro aproxima-se e ela entra. Nao sem antes consultar no telemóvel se pára onde quer. Respiro de alívio. Prefiro o silêncio, ainda mais a esta hora da manhã. Ela entra no autocarro e outras pessoas saem. Uma delas, uma rapariga, vem para o meu lado e começa a falar ao telemóvel. Sabem aquelas pessoas cuja espera em qualquer lugar passam-na a falar ao telemóvel e só se ouve o tagarelar, até parece que quem está do outro lado não tem voz ativa?

Pois são esse género. 

Fico sempre a me perguntar como é possível. A quem é que uma pessoa liga as 7 e meia de uma manhâ de Domingo. Quem é a pessoa que não se incomoda, que não tem mais nada para fazer?

sábado, 4 de novembro de 2023

Aqui vão umas imperfeições minhas: o que me irrita (cada vez mais)

 

Foi preciso ler um livro de mistério e homicídio faz apenas dois anos, para descobrir que sempre sofri de ansiedade social. Não sabia. Nem sabia que sofria, nem sabia que existia um termo para isso. Mas quando li a descrição fez-se luz. Referia-se, no livro, á pessoa mais "popular", mais dada, aquela que tinha fama de falar sem parar, e de ajudar todos. Fez-me perceber que cumprimentar as pessoas, sorrir, falar, etc - não elimina a ansiedade social. 

Que mais tenho para descobrir sobre a minha pessoa?
Sempre soube que sou mais tímida e introvertida que outra coisa. Mas talvez não dissessem isso de mim quem me conhece em situações sociais, pois falo com as pessoas e gosto de as conhecer. Quem me conhece desde sempre, deste criança, sabe que sou introvertida. Guardo tudo para dentro - principalmente o sofrimento. Porém, sinto-me intimidada antes de conhecer alguém e depois. Pode até mesmo causar estranheza. No dia seguinte, se tiver de passar por essa pessoa, sinto-o. 

Mas não é sobre esta condição que vim falar. É sobre uma outra. Para a qual ainda não tenho definição. Mas pelo que li na internet, em inglês denomina-se Sensoring Overloading. "Sobre-exposição sensorial" - será essa a tradução?


Há coisas que me irritam ligeiramente e delas tento fugir por instinto - sem disso dar conta. Vou dar exemplos de agora mesmo, quando fui a correr ao consultório médico. A certa altura no meu caminho cruza uma rapariga mais à frente, que vem a fumar. Eu corro para a ultrapassar. Não quero respirar o fumo dela. Incomoda-me o fumo dos cigarros. Incomoda-me mesmo. E como estou com o nariz bloqueado, a sensação de fadiga, não posso com cheiros fortes, que me enjoam ou desencadeiam tosse. 

No autocarro, quando saio do emprego às 7 da manhã, entra sempre um homem incorporado, que se senta ou atrás ou à frente do assento onde me sento. O cheiro a cigarro que emana das roupas dele é demais. Não aguento. É extraordinário como me incomoda. Sempre tive o hábito de prender a respiração perante odores desagradáveis. Pelo que respiro o menos possível. Tapo o nariz com o casaco... mas nada faz desaparecer aquele forte e desagradável cheiro. Quero muito sair para o ar livre, é só o que me apetece fazer. Mal posso esperar. É só uma paragem - o homem entra numa e eu saio na seguinte. Mas parece uma eternidade. Se calhar o senhor até é boa pessoa - mas quando o vejo entrar - acho que não consigo disfarçar uma cara de desgosto. 

É que, quando acabo o trabalho - quero muito silêncio, sossego e tranquilidade. Até mesmo no trabalho - na pausa - tenho o hábito de me isolar a um canto sem ruídos. É o que me apraz. Foi herculana as tentativas de encontrar tal local. Cada vez que me sentava num canto - vinha alguém e dizia que não podia estar ali. Ou aparecia gente a falar alto e a comer comida indiana, com um cheiro que não se pode de caril e outras especiarias. Outro odor que não entra bem comigo. Cheiros intensos a óleo, gordura, fritos... são naturais enquanto se cozinha. Mas depois de dias, ainda permanecerem... não posso. 

Sinto-me agredida pelos sentidos. Anseio por ar puro - mas sempre fui assim. Sempre gostei do ar, do vento, do cheiro da relva molhada, do cheiro a árvores, flores, maresia...  De sons, só mesmo os da natureza. 

Cada vez mais o som também incomoda. Sair da paragem do autocarro e caminhar até o emprego - é irritante durante o percurso pela estrada. Os carros estão sempre a passar e o ruído das rodas no asfalto é demais. Corto caminho por uma estrada menos conhecida e quase sempre caminho-a toda sem a presença de um único carro. Quando se dá excepções e, subitamente, passam dois, três, quatro.. estraga-me a experiência. Libertam os fumos de escape e é a primeira coisa que me entra pelos sentidos. Estragam tudo, é desagradável. O caminho é arborizado pelo lado esquerdo. Sem automóveis a passar, sente-se o aroma, aqui e ali, a oxigénio, a natureza. Passa uma viatura... e os meus pulmões estão a receber químicos em forma de fumo. Uma coisa que nunca gostei de ver são carros parados com o motor a funcionar. O ruído que fazem - principalmente quando estacionados numa via não movimentada - parece um atentado. Não suporto o ruído dos motores dos veículos. Alguns, que se escutam a léguas de distância, para mim são um acto criminoso. Os décibeis daquilo deviam ser proibidos e quem os conduz devia ser preso. 

Por vezes tapo os ouvidos por já não aguentar ruído. No emprego não tenho escolha. Trabalho perto de máquinas, há ruído por toda a parte. Mal nos conseguimos escutar uns aos outros. É talvez por isso ainda mais essencial para mim que vá descansar num local sem ruídos. Não gosto de ir para a cantina - está toda a gente na conversa, outros estão a ver programas no telemóvel com o som alto, outros ligam a TV... e eu, a única coisa que quero escutar é... nada. Quietude. Paz. 

Finalmente, durante a pandemia - encontrei o meu cantinho secreto. Vou para o último piso - agora abandonado, e sento-me no chão, no safe heaven (local seguro em caso de incêndio), mesmo ao lado de uma tomada. Ligo o telemóvel, que fica a carregar e tenho uma vista fantástica pela janela paronâmica - que nunca vejo porque é noite serrada. Mas de dia, vêm-se uns montes e as vacas a pastar. É este tipo de cenário que preciso depois de abandonar os Pi-piiii, oha,oha,oha, pocks, Zets, tacks, Íà, ìà, tock-tock, clash! - os sons no local de trabalho. 

Mas não é só isto... 

Não gosto de sair aos fins-de-semana, porque onde quer que vá, tudo está cheio de gente. Adoro trabalhar aos Domingos e se tiver um livre, acabo descontente se o usar para tentar comprar algo. Acho os centros comerciais locais a evitar a TODO O CUSTO. Supermercados a mesma coisa. Parques. Prefiro ficar em casa. Na realidade, prefiro ir trabalhar e ter o meu dia livre durante a semana - quando a maioria da "manada" de pessoas tem os seus afazeres e deveres. 

OK.. o que vinha dizer era isto, que me aconteceu faz coisa de uma hora mas que acontece muito - e me deixa chateada. Não muito, mas um tanto. ODEIO que me cruzem à frente e me façam abrandar. Tenho um passo acelerado. Quando vocês vêm uma pessoa de passo acelerado a andar em linha reta, cruzam-se com ela na diagonal e passam-lhe na frente, em passo brando? É que acontece comigo amiúde. E eu não gosto. A pessoa que se atravessa à minha frente e abranda o passo, obriga-me a abrandar o meu - e nesse instante sinto um incómodo na base da coluna que não sinto se continuar ao meu passo acelerado.

Hoje, saia do médico, a apertar o casaco ao peito com uma mão, tentando bloquear o máximo possível o ataque do vento - pois estou com princípios de uma constipação que passou muito ao tomar hoje cedo um medicamento. Porém, exposta assim ao frio e vento - ia piorar de certeza. Já estava a sentir os pulmões frágeis. Acelerei o passo para chegar a casa e voltar para a cama - de onde me despertaram 3h30m depois de nela ter adormecido. 

 Vem o homem, surge da minha direita, mete-se na minha frente e tem um passo mais lento. Eu até travo, reduzo a velocidade (e sinto aquele incómodo lombar). Mas depois penso: Porquê tenho de parar de andar à minha velocidade normal? Ele é que se cruzou comigo. Ele é que está a atravessar o meu caminho na diagonal. Eu estava no passeio a seguir direito, ele cruza vindo da estrada à direita, rumo a outra rua mais à frente, no meu lado esquerdo. Retomo o meu ritmo e nisto o meu sapato toca no dele, no instante em que ele fica na minha esquerda e eu continuo em frente. Nisto, comigo já a atravessar a estrada e ele já na rua que desejava ir - diz-me algo do género: "E um pedido de desculpa, não? Se fosse foder...

Mas pede-se desculpa por toques na rua? Coisas de raspão? Não. Acontece. Seja como for, ele é que devia me pedir desculpa por me cortar o andamento e cruzar-se à minha frente. É o equivalente a conduzir um carro a alta velocidade e um peão atravessar-se na frente, tendo de fazer uma travagem brusca para evitar a colisão. Ora essa! As regras no passeio deviam ser idênticas. Ele vinha com o telemóvel na mão, colocou-se à minha frente intencionalmente, vendo-me a andar depressa. Tive de abrandar subitamente - para não colidir com o obstáculo. 

Como ele disse a palavra "F" eu respondi "You too pal. Fuck You".

Um exagero, de parte a parte. Sem necessidade. Mas pronto. 

Aqui acontece muito me irritar com circunstâncias de circulação no passeio. Noutro dia, caminhava no passeio, mesmo à berma. Há minha frente vinha um grupo de rapazes - a ocupar o passeio inteiro. Ora, dita as normas com as quais cresci que, um deles, teria de se desviar. Não podem ocupar o passeio inteiro e esperar que a outra pessoa é que se desvie! Eu já estava na berma... não tinha mais para onde ir. Nem me preocupei - dita as regras sociais que um deles se encolhia - porque eu já tinha me desviado o máximo que podia. Pois os rapazes passam, não fazem qualquer esforço para deixarem o caminho aberto à passagem de um peão no sentido contrário. O rapaz mais próximo de mim dá-me um encontrão no braço e continua a caminhar, sem pronunciar o tal "pedido de desculpa" que os britânicos gostam de exigir.  Este é o género de coisa que, de forma crescente, começa a ser mais intolerável para mim. A falta de educação... não deixar espaço para as pessoas circularem nos passeios, nos supermercados... é demais. Até mesmo quando estou no passeio do lado da relva enlameada e existe um espaço tremendo para se passar, há quem tenha vindo contra mim, continuando a caminhar contra mim e eu é que tenho de parar o passo, literalmente, para alguém que vem na diagonal, da minha esquerda para a minha direita, passar. Enquanto segura um copo de café... Depois ainda faz um som de escárnio e eu fico a pensar se estou errada... porque eu não podia me desviar mais! Só se fosse para a lama. E aquela pessoa, além de espaço, tinha tempo. Podia ter-me deixado passar e passar depois. Mas não... vê uma pessoa a caminhar a passo rápido - quase em corrida - e põe-se na frente, ainda fica chateada por a pessoa não se desviar, pisando na lama - o único espaço disponível porque os amiguinhos dela estavam a caminhar no outro lado. Querem o espaço todo para eles aqui no UK. Não os entendo. Foram educados com outros conceitos que não os meus. 

Quis partilhar defeitos. Não somos sempre correctos e tenho esta imperfeição - que é cada vez mais notória para mim: sofro de "road rage" só que no passeio. "pedestrian rage"? 

É algo novo, ainda não bem definido. É algo do qual se começa a falar. 

Não estou num nível grave - não desato aos berros, aos ataques, não sou violenta. Apenas me desagrada bastante este género de situações e por dentro, deixa-me irritada, estraga-me o momento. Dou outro exemplo: pessoas no supermercado que ficam paradas e bloqueiam o espaço para circular. Acontece muito aqui no UK e juro - não entendo. Não entendo como não se colocam de lado para permitir o fluxo de pessoas. Apenas se agrupam ao centro e enquanto ali ficam - ninguém passa. 

Faz-me lembrar episódios dos Simpsons, em que, na escola, o miudo tótó é chefe de corredor - e cabe a ele dizer aos colegas para "circular, circular" e "abrir espaço".  Os adultos precisam de um monitor de corredor de supermercado, em uniforme, que se chegue perto e lhes diga: encoste-se à esquerda, permita o fluxo de clientes à sua direita. A noção de que se trata de uma postura rude não lhes é conhecida. Não percebem o egoísmo e descaso com os demais. Se passares apressadamente por entre eles, a rude és tu. Devias pedir licença... mesmo com licença, por vezes não retiram os carrinhos do meio do caminho. 

Enfim... eu estou cada vez menos civilizada para os "com licença, desculpe" - eu que sempre os esbanjei! 



 


sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Dicas VITAIS para que a sua encomenda/postal chegue depressa este Natal

 

Estas são dicas que observei serem necessárias aqui no UK mas penso que servem para todo o lado. Com a aproximação do Natal, aumenta o fluxo de envios. Para evitar ter uma encomenda perdida, extraviada ou que demore a chegar, eis dicas essenciais para considerar:

O Natal pode ser enfeitado de vermelho, verde, dourado, prateado... mas fuja dessas cores para envelopes de Postais de Natal e prefira o branco! As cores da época festiva, mas também azuis escuros e tudo que dificulte a leitura tanto manual quanto automática - vai causar problemas. Estes envelopes são sempre rejeitados pelas máquinas, que não os conseguem ler bem. Como consequência, todos eles - MILHARES, têm de ser separados à mão. Uma tarefa morosa, desnecessária e que pode atrasar a entrega dos votos de felicidades natalícias.

Se usar um envelope com estas cores - só tem um remédio: coloque o endereço numa etiqueta branca e cole no envelope! Assim a leitura é bem feita, sem problemas. Mas atenção: etiquetas é sempre um RISCO. Descolam-se. Imagine o tambor de uma máquina de lavar. As cartas passam por um processo semelhante quando automatizadas. Tudo é misturado e se não forem bem seladas, rasgam-se, perde-se o conteúdo. 

Uma ponta solta pode colar-se noutro envelope. È preciso certificar-se que uma etiqueta não vai descolar. O melhor é usar fita adesiva - sempre recomendada - tanto para etiquetas, como para selar envelopes. 

Evite comprar envelopes pequenos, abaixo da média. Podem ser mimosos - mas também são fantásticos para se perder ou danificar. Se gostar mesmo de os enviar, coloque-os dentro de um envelope de tamanho normal. 

ENCOMENDAS

Uma encomenda pode ser enviada em diversos formatos. Mas há regras a cumprir. Se vai enviar objectos pontiagudos, pesados, frágeis ou redondos, não os coloque em sacos plástico largos. Com o excesso de espaço, o plástico acaba por prender em algum lado, rasga e o conteúdo se perde. Cilindros a rolar também não ajuda nada. Prefira sempre o formato clássico da caixa. Rectangular, quadrada, tanto faz. Evite formatos esquisitos, com vértices. Proporcionam muitas amolgadelas e pode causar danos. 

Conteúdos frágeis e quebráveis devem ser assinalados por fora, com a palavra "frágil" ou "vidro" mas o mais importante nem é isso. O mais importante é colocar uma tripla caixa nos conteúdos. O objecto frágil tem de ser envolvido em papel, depois plástico-bolha, depois cartão, depois enfiado numa caixa larga, proteger com enchimento (folhas de jornal, esferovite, plásticos) e depois dessa caixa feita, coloque-a dentro de outra caixa, também ela forrada por dentro. Se possível, ainda outra. As encomendas sofrem tremendos "abanos", caem de alturas, são atiradas e outras mais pesadas podem cair-lhes em cima. Tudo é atirado. Em nenhum momento uma encomenda é transportada de mão em mão sem ser atirada para algum lado. Embrulhe conteúdos frágeis como se tivessem de ser à prova de terramoto. 

A MORADA é para ser ESCRITA na embalagem. Evite etiquetas, porque descolam. Mesmo as impressas nas máquinas - são as que descolam mais. Centenas de etiquetas de caixas da Amazon descolam-se constantemente, rasgam, colam-se umas às outras. As próprias caixas são de um cartão e um formato frágil, rasgam-se, perfuram-se, abrem-se e deixam cair o conteúdo. 

Uma caixa como a de cima - parece boa, mas tem fragilidades claras. A começar, convém colocar fita adesiva transparente - melhor que a fita crepe usada na imagem, que descola com facilidade. Também deve ser aplicada em todos os vértices. Se algo prender à lateral não vedada, a caixa rasga. 

Não envie peças de vestuário usando papel de embrulho. O papel RASGA. 

Evite, a todo o custo, criar caixas muito pequenas. Se o que quer enviar é pequeno, coloque numa caixa maior. Sempre com o cuidado de encher com protecção, mesmo que o conteúdo não se parta. Porque se um objecto estiver solto no interior, o mais provável é que a caixa seja perfurada pela aresta de outra mais pesada, podendo-se perder o conteúdo. 

Em qualquer caso, escreva sempre que possível, na própria caixa - os necessários endereços. Tenha em atenção que é comum as encomendas ficaram expostas à chuva: não use canetas de feltro ou outras tintas que desaparecem com gotas de água. É muito comum ver etiquetas térmicas sem qualquer informação após serem molhadas. A tinta borra e desaparece. Etiquetas térmicas são usadas hoje em dia por todos, em todo o lado. Quando compra algo online, a etiqueta será térmica. 

Escreva o endereço MAIS QUE UMA VEZ. Pode fazê-lo em diferentes lados da caixa, pode escrever nesta e colar também uma etiqueta. 

A fita adesiva transparente é uma aliada para sempre. Colocar fita em cima da morada escrita ou colada, vai prevenir o seu desaparecimento - que por chuva, quer por outros acidentes. A fita adesiva deve também ser usada para segurar uma etiqueta térmica. Estas descolam com facilidade mas se lhes der "duas voltas" de fita adesiva, a etiqueta não desaparecerá. 

Resumo:
Não use envelopes dourados, vermelhos, verdes, azuis escuros, prateados

Passe fita-adesiva transparente em todas as arestas das caixas, use-a em cima dos selos e etiquetas que possa colocar.

Tenha em atenção os tamanhos dos envelopes e caixas. Pequeno é mau. 

Não coloque objectos pesados ou pontiagudos dentro de sacos de plástico.  

Não envie têxteis embrulhados em papel de embrulho - ou em papel em geral. 

Evite cilindros ou esféricos.



 

São t

sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Encomendas e modos de envio - atenções a ter e dicas para o Natal

 

Trabalho com distribuição de encomendas e, nas centenas que passam pelas mãos, algumas são devolvidas após se tentar a entrega, porque a morada é incompleta, desconhecida ou a pessoa recusou receber o pacote. Quando isto acontece, procura-se o endereço do remetente para fazer a devolução. Mas nem sempre o remetente fornece essa informação. Outras vezes pode até ter sido colocada numa etiqueta que se descolou ou que apanhou água e ficou apagada. Seja qual for o motivo, a informação necessária não está disponível. 

Nestes casos, fica-se em mãos com encomendas que não se podem entregar. O que fazer? O que acontece às mesmas? 

Bom, tanto quanto sei, onde trabalho, são enviadas algures para o Norte do País, sendo que seu destino é incerto. Uns dizem que são destruídas, outros que vão a leilão e o retorno é dado a instituições de caridade. 

Já vi coisas de algum valor e, provavelmente de algum valor, como uma encomenda enorme e pesada que podia ser algum utensílio para a casa, sem qualquer endereço, porque lhe colocaram aquelas etiquetas térmicas que descolam com facilidade. Sendo pesada, deve ter se descolado e colado noutro lado. Não se dá conta, e fica-se sem encomenda. Nem a pessoa que envia vai saber o que aconteceu - nem aquele que a espera.


 
Isto faz-me muita confusão. Sempre pergunto se conseguem descobrir quem envia e quem devia receber. Por vezes é possível, se no interior existir alguma informação do remetente. O nome de uma loja, por exemplo. Mas tendo essa informação, desconheço se existe um departamento "lá no norte", com a responsabilidade de averiguar a quem pertencem as encomendas. 

È um grande mistério. 

Por vezes os pacotes aparecem abertos - pois as embalagens são fracotas e colocam coisas afiadas e pesadas em sacos de plástico - por exemplo, ou shampõos, embalagens de comida em caixas de cartão gigantes mas de papel fraquito. Rompem-se, claro está. Muitas vezes consegue-se, lendo a nota de envio, voltar a reunir as pelas com a embalagem e deixá-la seguir caminho. Mas outras isso não é possível. Embalagens danificadas muitas vezes mostram o interior. 

TENHO DESCOBERTO HORRORES. 

Cheguei à conclusão que, aqui na minha zona - a sul de londres, west sussex - não se aproveita NADA do que as pessoas enviam às outras. É tudo MERDINHAS. Mesmo quando não estão danificadas, as embalagens muitas vezes revelam conteúdos. A própria embalagem - muitas vezes apenas um saco plástico de supermercado ou uma embalagem original com um selo em cima - já é um tanto revelador. 

Na minha ida a Portugal o mês passado, precisei enviar uma coisa a uma amiga cá. Algo pequeno. Peguei numa embalagem média e coloquei lá dentro o que pretendia. Quando fui aos CTT, descobri que existem FORMATOS que se têm de obedecer para se fazer envios. Fiquei espantada. No UK pode-se enviar coisas do tamanho que se desejar. 

A embalagem que levei era até em um tamanho e resistência bem apreciada por aqui. Mas demasiado curta para Portugal. Sabem aqueles envelopes de tamanho pequeno, A6? Pois devia ser por aí... Só que era almofadado. Não foi aceite, tive de comprar um envelope apropriado. 

OS HORRORES QUE TENHO DESCOBERTO:

Ontem tive um dos piores. Uma encomenda de saco roto. Enviada do UK para o exterior. Veio devolvida por não se conhecer a morada. O Remetente colocou, como é obrigado a isso, o seu nome, endereço e o conteúdo enviado. Via-se pelo toque que era um pedaço de tecido. O Remetente indicou que eram "Socks" - meias. Se bem que uma mão experiente, sente que não existe espessura suficiente para aquilo serem meias, pelo menos de algodão. Mas nem me passou pela cabeça se era ou não, foi apenas uma sensação de toque. Quando fui ver... pareciam CUECAS. Reparei que estavam dentro de um saco, não eram novas, não vinham com etiqueta. Reparei ao mesmo tempo em outros detalhes: vi uma "migalha" de pão e um fio de cabelo louro e o saco plástico dizia "SELADO" e tinha, de facto, sido selado. 

PRESSUMI de imediato que o conteúdo se tratava de... FETICHE. Então prestei atenção e... cuecas sujíssimas! Tinham sido seladas para "preservar" o "aroma". E ainda enfiaram um cabelinho louro e muito fino talvez como bónus. 

FICO A IMAGINAR que doenças é que podem passar-me pelas mãos sem ter percepção disso. Mas quase todas as encomendas enviadas pela população desta área são MERDAS sem INTERESSE. Quase que confirma as minhas suspeitas a respeito do tipo de população dominante. É que não imaginam o que surge... T-shirts sujas, roupa usada e a cheirar mal, a podre, só coisinhas sem interesse, sem valor, sem propósito. Porta-chaves,  embalagens de temperos, peças de plástico sei lá para quê, cápsulas vazias de café, capsulas vazias de medicamentos, muitas devoluções de compras de roupa online... Tudo merdinhas. 

Agora CUECAS SUJAS enviadas a vácuo para o estrangeiro...  e pior: pareciam ser de HOMEM. 


PS: Vou deixar as DICAS para envios de encomendas durante esta época de Natal para outro post! São simples, mas importantes. Podem fazer a diferença entre a sua encomenda chegar rápido e segura. 

quinta-feira, 26 de outubro de 2023

DIFERENÇAS entre o UK e o resto da Europa

 

No UK nunca vai ver isto:

                                                                     1 - ESTORES




                                                    2 - CASAS SEM RADIADORES


                        3 - AUTOMÓVEIS COM VOLANTE À ESQUERDA

domingo, 8 de outubro de 2023

Casou a "realeza" portuguesa e nem dei conta de nada!

 

Vocês deram? Conta do casamento da descendência do pretendente ao trono monarquico Português, caso tal coisa existisse? 

Eu não. Tão pouco sabia que tinha sido televisionado. Foi o computador - esse malandro, cheio de pop-ups, que me informou. Da seguinte forma: 

Uma curta nota no jornal EL País (Espanha).

Depois fui pesquisar mais um bocado, porque a fotografia que acompanhava esta nota era de um casal com rostos semelhantes: mesmo nariz, mesmos olhos fechados, mesma boca - que achei poderem ter um grau de parentesco. Sabem como é com os "reis"... aquela coisa de "casar" com consanguinidade. 


Vi um vídeo, sem grande paciência e esta foto: que achei linda. Pela simplicidade. Pela simplicidade de TUDO. Roam-se de inveja - realeza britânica (não compareceram ao evento, pois não? Será que não?). 

Porque achei tudo com uma tremenda simplicidade. E bom gosto. Os convidados, simples e sem rococós. A noiva, um traje simples, cetim, sem colar ou brincos, apenas uma teara - que os media tiveram de dizer ser de 800 diamantes. Quer fosse isso ou uma daquelas de fingir que se compram nas lojas, importa pouco. Mas o que mais gostei nesta foto? Que a noiva está a carregar a própria cauda do vestido! 

Depois no vídeo, com eles a falar na recepção, achei os dois uns jovens simpáticos, simples, sem nariz empinado ou manias. Gostei. E desejo de coração muitas felicidades. Fossem ou não parentes de reis de portugal, são dois jovens a iniciar uma vida juntos, que dão o passo do compromisso formal. 

Também me passou pela cabeça que os casamentos de ex-concorrentes de reality shows podem não ter tanto espaço televisivo, mas caramba! São falados e escrutinados até a exaustão. 


QUE BOM que a nossa "realeza" é de pessoas comuns, de bem com a vida, simples, que o governo convive e honra a história da família, sem existirem cá aquelas parvoíces a que outras realezas já nos acostumaram. 

Portugal, o teu nome do meio é SIMPLICIDADE.

Ausente da cerimónia, das imagens resumidas ou da menção dela, esteve a mãe da noiva: Isabel de Irédia. Lembram-se concerteza, que foi muito divulgado o casamento desta com D. Duarte, em 1995. Com boatos a dizer que era de conveniência pois existia um prazo para ele poder reinvindicar ou manter a sua "condição" de herdeiro, que terminava naquele instante. Um prazo e a condição de ter de secar e providenciar descendência.  

sábado, 7 de outubro de 2023

Pizza da M

 Aqui está uma fotografia daquilo que outrora foi uma pizza. Encontrei-a no interior do fogão, quando fui para fazer a minha. 



Aqui está o perfeito exemplo dos cozinhados queimados da M. Sempre, desde o início, há 3 anos atrás, que ela queima todas as pizzas que leva ao forno, dentro destas travessas de pirex, onde visivelmente nao cabem. 

Não é só pizzas que queimam até ficarem pretas e não se distinguir nada. É praticamente todos os cozinhados, pois gosta de ter total exclusividade de uso do forno e fogão e deixa-os cozinhar por diversas horas. O máximo que contei foram 5. Para assar 2 pernas de frango.





sábado, 23 de setembro de 2023

O Novo Big Brother


 Estando em Portugal acabei por ver parte do programa Big Brother, que começou há semanas com concorrentes comuns. Prefiro gente normal a "celebridades" ou "figuras públicas". Nisto entusiasmei-me quando, no meu entender, um grupinho já estava a cruxificar uma concorrente ali dentro. É o tipo de coisa que não me cai bem: dizerem que a pessoa faz coisas que não fez, tratarem-na mal, e unirem-se em números para assim parecer que têm razão quando na realidade o que estão a fazer é monstruoso.

Fez-me ter vontade de comentar e assim recorri às redes sociais. O facebook está cheio de grupos já criados para (aparentemente) se discutir o programa. Candidatei-me a alguns, os que me pareceram mais legítimos*. 

Nisto, recebi hoje, um aviso do facebook dizendo-me que precisava responder a umas perguntas para ser aceite. Mas que demora! Fiz o pedido pouco depois do dia de estreia do programa. Podia jurar que... já se passou mais de uma semana. E só agora o administrador(s) se deu ao trabalho? Já um mau sinal. 

Abri o link. A pergunta não existia. Estava em branco. Lembrei-me então que achei isso estranho na altura. Ao invés de uma pergunta, tem uma condição: "Adira ao instagram".

Pareceu-me que se trata de uma pessoa só, a tentar se promover e sem capacidade para tal. Ainda mais por não ter como dar assistência ao que se propõe: fazer uma página sobre um programa de TV com emissão de 24h requer constante actualizações e publicações. Demorou 10 dias a me contactar! 

Fez-me ir espreitar os admnistradores. Quatro pessoas - putos, abaixo dos 20 anos. Um parece ser um perfil falso, criado para imitar um jogador de futebol. Num outro, o mais informativo, surge um puto, com uma fotografia para se parecer importante (minha interpretação) onde se auto-descreve desta maneira: "Fundador, Diretor e CEO da empresa X". Sendo a empresa um blogue para falar de televisão. 

Não me vou intitular de Directora e CEO do meu caderno de apontamentos! 

Para mim, lá porque é online, um blogue é onde se escreve o que antes se colocava numa folha de papel. Lê quem for espreitar ou a quem der-mos o caderno. Não me faz pessoa importante. Surpreende-me que não se tenha apelidado de "criador de conteúdos". Seria mais charmoso, preciso e surtiria um efeito muito mais vantajoso.

Alguns me aceitaram e sem saber bem onde, por vezes comento neles. Para mim um grupo de facebook tem de ser um pouco como este exemplo: muitos administradores, liberdade de expressão. Só se pede respeito e nada de abusos. 


*Com legitimidade quero dizer que o grupo é autêntico e ativo e quem se junta pode participar de forma livre e não censurada. Procurei assim, evitar os que vendem "gato por lebre" e têm um motivo alternativo para terem criado a página. Nomeadamente promoverem-se a si mesmos usando a curiosidade das pessoas pelo programa para tentar cativar clientes e os que são de uma pessoa só, quase sempre um ditador(a) que elimina do grupo comentários ou pessoas que participam mas não partilham da mesma opinião. Principalmente grupos criados aparentemente para discutir o programa, mas que apoiam um concorrente em particular. 

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Arte Viva - anoitecer

 Em 1888 Vincent Van Gogh registrou em tela a imagem noturna do rio Ródano, perto de Arles, sul de França. Deu-lhe o nome: Noite Estrelada sobre o Ródano.

E esta é a fotografia que tirei a noite passada.


O reflexo da luz dourada na ondulação fez-me lembrar o quadro. Percebo que paisagens assim seduzem qualquer um, não importa os séculos.


NOITE DE MEIA LUA.
Conseguem detectar o que aparece no campo de visão?



quarta-feira, 20 de setembro de 2023

A despoluir

 Cheguei. Vi. Apanhei. 

Andei até o caixote mais próximo e abandonei-as lá.

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Crimes: a faca de desencarnar com 10 anos de matéria humana

 


Assisti a este programa sobre a descoberta de um assassinato de uma jovem de 18 anos. O seu corpo - ou melhor, o torso do seu corpo foi descoberto por pescadores, que o confundiram com um animal. Seria apenas mais um caso macabro do género, não fosse alguém chamar um canalizador. 

Nos canos foram encontrados quilos de uma substância que parecia carne. Era parte do que restava de Rori Ache, vítima de sádico abuso sexual e homicídio. A sua identidade porém, não pôde ser descoberta através da gosma removida da canalização - provavelmente suas entranhas e orgãos internos. A identidade daquelas peças, que um dia constituíram um ser humano, com sonhos, emoções, pensamentos e sensações - só foi possível com o que acharam dentro do congelador. A cabeça de Lori. 

E assim, esta história, que pensei ser datada de muitos anos por já a ter escutado antes em programas já datados - afinal é quase uma cópia de outras mais antigas. Há mais que uma pessoa desaparecida que é descoberta pela polícia aos pedaços dentro de canalizações domésticas. Esta caso aconteceu... em 2017. É muito recente! A condenação do responsável, Adam Strong, deu-se em 2021. 

No interrogatório de Polícia, Adam, descrito pelos amigos homens ser um tipo fantástico que ajuda todos e pelas mulheres como um sádico sexual, insiste no detalhe de que a jovem não estava grávida - coisa afirmada pela mãe na comunicação social. E tinha a certeza disso. Disse: "Não vi nenhum bebé". E acrescentou: "Ela não estava grávida. Eu tive o aparelho reprodutivo dela nas minhas mãos" - e levanta a mão ao ar, simulando segurar algo. 

Eu perguntar-lhe-ia o que ele fez com esse aparelho reprodutivo. Lá porque existem partes por todo o lado, não significava que não lhe desse para o canibalismo. 

A forma banal e sem empatia com que ele diz isto faz-nos questionar qual a maneira correcta para extrair a informação necessária. Soube que não era por demonstrar empatia - o primeiro interrogatório fez isso e Adam não abriu a boca. Portanto, há que falar com indivíduos assim como se nada do que te está a ser dito te afectasse. E a tua curiosidade é de ADMIRAÇÃO. 

A polícia, na realidade, não tinha nada com o que acusar. Só tinham partes de um corpo mas não têm provas de que ele a matou, não têm provas de que ela não morreu de acidente e ele só se desfez do corpo, escolhendo aquela forma macabra. Já vi um caso em que o indivíduo, para justificar as provas da polícia, afirmou que não matou uma mulher, já a encontrou sem vida mas, como a achou gira, teve sexo com o cadáver. Isto porque quis justificar a presença do seu sémen. A polícia tem de encontrar algo que ligue os pontos. Caso contrário, não é um caso sólido, por mais macabro que possa parecer. Neste caso, a polícia não tinha NADA e iam acusá-lo de "profanação de cadáver" somente. 

O segundo interrogatório policial foi tido como um óptimo exemplo de um trabalho bem feito. Mas eu, pessoalmente, fiquei com muitas dúvidas. Imensas dúvidas. Tantas que me incomodou não terem feito mais perguntas. É que, ao revistarem a casa onde encontraram a cabeça de Lori, deram com facas. Uma destas facas servia para tirar a pele a animais. Fizeram um teste de ADN a pedaços de materia que encontraram e... não era de Lori. Mas sabiam de quem era: outra menina desaparecida---- DEZ ANOS antes! Não sei se pessoa local, se de outra localidade.

Ele tinha assassinado uma outra pessoa 10 anos antes. Ou algures nesse período de tempo, se formos a conjecturar que pode tê-la mantido em cárcere privado por algum tempo, mesmo anos. Improvável, mas possível. Pouco se sabe. É questão para perguntar. Para fazer muitas mais perguntas. Acham mesmo que, em 10 anos, um indivíduo que fala abertamente sobre segurar o útero de uma jovem mulher nas mãos após a esventrar, e não consegue se lembrar dos detalhes do esquadrejamento, sentindo-se até aborrecido por o detetive perguntar mais que uma vez.... como se mencionar que esventrar na banheira com água quente fosse suficiente para tudo ficar esclarecido. Entendi que ele, que estava a falar desse acto, entediou-se nesse instante porque, a meu ver, aquele momento NÃO LHE ERA NADA DE ESPECIAL. Deve tê-lo feito tantas, mas tantas vezes, que falar disso é do mais enfadonho que existe. 

A polícia condenou-o pelas vítimas conhecidas. Mas, ao que saiba, não ponderou sequer se existiam mais. Não lhe perguntou. Deve ter perguntado, ou não era polícia.... Mas DEZ ANOS??? Acham que uma pessoa que ganha este gosto, que "caça" jovens de quem, de certeza, abusa sexualmente de forma sádica e acaba por as desmembrar, "contenta-se" em fazê-lo com um intervalo de 10 anos???

Lori tinha saido do hospital e acho que desapareceu em poucos minutos. Ninguem ficou a saber mais detalhes de metedologia. Ele apanhava miudas ao acaso? Como as apanhava? Seguia-as por meses e meses? Ninguém soube - pelo menos não assistindo a este programa, intitulado "Sala de interrogatórios: Alguma coisa na água",  que vi no canal AMC Crime. 

1 Dose de Arte por dia, nem sabe o BEM que lhe fazia!

000.1    Artemisia Gentileschi



Judith degolando Holofernes 1611








terça-feira, 12 de setembro de 2023

No Brasil querem fazer passar bandido por Santo

 Não conhecia a história que o programa televisivo no canal ID Discovery retratou. Ao mencionar que se passou em Manaus, na zona da amazónia, soube que o caso retratado, o de um apresentador de televisão que encomendava homicídios para aumentar as audiências do seu programa, era fácil de verificar. 

Walace Souza. O rosto do indivíduo é este:


Fui pesquisar e encontrei informação no Wikipédia. Fiquei chocada. Chocada com o que lá vem dito - principalmente nas entrelinhas. Mas mais chocada ao ler o comunicado apresentado à imprensa pelo hospital quando o indivíduo faleceu. Escreveram assim: 

O ex-deputado estadual do Partido Progressista (PP-AM), Francisco Wallace Cavalcante de Souza, 51 anos, internado no Hospital Bandeirantes, em São Paulo desde o dia 18 de março de 2010, faleceu às 16h desta terça-feira (27/7), em decorrência de uma parada cardíaca. O paciente sofria de uma ascite refratária decorrente da Síndrome de Budd Chiari. Os médicos que acompanharam o paciente foram coordenados pelo diretor-clínico Dr. Mário Lúcio Alves Baptista Filho.[6]

— Hospital Bandeirantes

Uma notícia só é boa notícia quando enquadrada em toda a sua amplitude. Para anúnciar a morte deste indivíduo, que se encontrava ENCARCERADO, o hospital escolheu dar-lhe o "carimbo" de ex-deputado. Mas ele era mais do que isso. Aliás, ele foi muitas outras coisas antes de chegar à política. (Até parece que a política é o último degrau para a extrema criminalidade e corrupção). 

Walace Souza foi um traficante. Chefe de quadrilha. Depois meteu o pezão na comunicação social, criando e apresentando um programa de televisão onde ele era a estrela. Nesse programa, ele acusava a polícia de não fazer o suficiente para combater o crime e era quase sempre o primeiro a chegar a cenas de polícia. Numa ocasião inclusive, a equipa de reportagem - que recebia dicas anónimas, chegou a um local antes mesmo de acontecerem homicídios. Filmaram tudo. A polícia já achava aquilo estranho, com uma fonte que até foi capaz de indicar um homicídio antes deste ocorrer - a polícia ficou de olho aberto. E acabou se antecipando a mais um assassinato. Boca no trombone e... foi o apresentador - agora também DEPUTADO (duas coisas que não se devem misturar: política e televisão ou media - vejam só o caso Donald Tramp) o mandante dos crimes. Não só era o mandante, como tinha interesses pessoais em que certas pessoas aparecessem mortas. Nomeadamente os seus rivais no tráfego de drogas. Ele chefiava um autêntico quartel! Era ele, os irmãos, o filho, toda uma entourage.  

E vai o hospital e dá-lhe este elogy?

Bem escrito, devia ler-se algo do género:

Francisco Wallace Cavalcante de Souza, 51 anos, internado no Hospital Bandeirantes, São Paulo desde o dia 18 de março de 2010, faleceu às 16h desta terça-feira (27/7), em decorrência de uma parada cardíaca. Mais conhecido por Walace Souza, encontrava-se encarcerado a cumprir uma pena de .... desde Outubro de 2009 por se comprovar em tribunal que era o chefe de quadrilha de tráfego de drogas da região de Manaus e ter encomendado dezenas de assassinatos para benefício próprio. O apresentador do programa de TV Canal Livre e ex-deputado Federal do Partido Progressista sofria de uma ascite refratária decorrente da Síndrome de Budd Chiari. Vai a sepultar em XXX, dia Y.

Nada de mencionar o nome dos médicos que cuidaram dele - para aqui não são chamados, não são vedetas e podem ficar com uma marca na testa para a inserção de uma bala por se exporem sem necessidade. Seu trabalho é cuidar de pacientes, pelo que fica redundante mencionar o óbvio. Fica até... mal. Soa a procura de créditos, de celebridade. Mas isto foi uma "nota" de hospital, não uma notícia. Oor isso não fizeram qualquer menção à sua vida criminosa - somente ao seu estatuto político, como se isso o tornasse "limpo" e uma pessoa importante. Era um presidiário - nessa condição faleceu. Faz parte de qualquer comunicação de obituário citar os factos. Os feios e os bonitos. Juntos, fazem a verdade.

No final do artigo do Wikipedia, ainda se faz menção a um programa de TV que abordou o caso e - pasme-se, ficou-se na "dúvida" se ele era mesmo culpado. Oh!!! A sério??? Acham que a polícia demorou 10 anos a agir porque... lhes apeteceu? Acham que os tribunais cometeram erros? Era um anjinho o ex-deputado, que compareceu vestido todo de branco e a segurar uma bíblia a uma assembleia onde iam votar se perdia seu título? Perdeu-o pelo voto de uma maioria mas, ainda assim, houve quatro almas que votaram para que com ele permanecesse. Mais uma razão para não o mencionarem assim a título póstumo: já tinha perdido esse privilégio. 

Walace Souza, ao que tudo indica, era um POS, do piorio. Traficante, assassino. Cobarde. Quando sentenciado, simulou sentir-se mal. Sempre teve perfeita saúde e muito fogo na língua no seu programa de TV, onde agia como um justiceiro salvador e apontava o dedo à incompetência da polícia, enquanto planeava o assassinato de pessoas que se punham no seu caminho.  Acabou por esconder-se do encarceramento e ficou quatro dias em fuga. Teve direito a ficar numa cela particular - mesmo não tendo estudos superiores. Ah! Políticos sem estudos superiores... são uma Tru(a)mp(a). Depois ficou em prisão domiciliária. Adoeceu de verdade e morreu. Caso contrário, seria mais um criminoso de alto gabarito que teria retornado à política, se pudesse.  

E é por isso que o Brasil dificilmente irá para a frente. Bandido tem muita proteção e à quem aceite que lhe façam lavagens cerebrais para achar que bandido é santo e santo é bandido. Só não sei se ainda há santo por aquelas bandas. Está por se comprovar.   




segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Debaixo de uma oliveira

 


Só falta o som das cigarras.



domingo, 10 de setembro de 2023

Na 2 a ouvir clássica

 

Hoje deu-me para sintonizar a RTP2 onde apanhei um concerto sinfónico da Gulbenkian. Quando terminou, continuei a ver a programação do dia (na linha do tempo) e encontrei um outro concerto de Paris, datado de 2020. Também fui ver. Passei assim umas horas da noite a escutar música clássica e algumas árias - coisa que faltou ao concerto Português por isso gostei muito de as ouvir no Paresiense.


Por falar em nacionalidades, não deixa de ser curioso. Música é tocada, cantada, interpretada por pessoas de todas as origens. Mas as composições de repertório mudam conforme a nação. Em Paris escolheram quase sempre compositores Franceses e a última melodia a fechar o concerto, claro, foi a Marselhesa: o hino nacional. Gostei dos comentários em português que explicavam a cerimónia, acho que foi um rico contributo que enquadra na história as composições.

Fiquei a saber que esta violinista Dinamarquesa estava a tocar num legítimo Guarnieri del Gésu - um construtor de violinos do início do século 18. Fui pesquisar quanto custaria tal violino: uns 4 milhões. Embora no Aliexpress se encontrem "à venda" por 400 euros. 

Fiquei impressionada com a expressividade dos cantores líricos, e da cumplicidade com o maestro, que era Romeno. 

Para não falar deste virtuoso pianista. Que belo presente! 


Pelos comentários fiquei a saber, por exemplo, que a Marselhesa foi inspirada em obras de Mozart, ou "copiada" como se gosta de dizer e que, quando Napoleão subiu ao poder, deixou de ser o Hino de França, só retornando o lugar aquando a instituição da República em 1879. Fui então, pesquisar mais sobre a Marselhesa


Tem uma história meio misteriosa. Diria que o mais interessante é a letra - com umas três versões. Concluí que uma das versões é um pouco colocada de parte, devido talvez ao radicalismo das palavras. Fiquei também convencida que existem semelhanças com o Hino Português. E achei que foi aqui que os nossos foram buscar inspiração.

Pois então leiam aqui sobre o nosso Hino. Acabei de descobrir a restante letra da Portuguesa - assim se denomina o nosso Hino. E tem mais duas partes que nunca tinha escutado até hoje. Curioso... aprendi a letra em menina e não mais esqueci. Mas só a parte cantada da adoptada para Hino. A Portuguesa, escrita em 1830, tem mais duas partes. Com versos curiosos. Tal como a francesa, faz referência a marcha, a luta, a vencer o inimigo.  


Devo declarar a minha profunda admiração pela forma poética e tão rica com que se escreviam versos nesta altura. 

Lembro-me de ter visto um cravo (espécie de antecessor do piano) no museu de Lisboa, com a indicação que foi nele que foi composto o Hino de Portugal. Fiquei maravilhada. Podia olhar e até tocar - embora as teclas estivessem tapadas por uma protecção de PVC transparente. Achei um privilégio. E um risco, para os mal intencionados. Que seja verdade e que esteja disponível para se olhar, acho fantástico. Recomendo que se visite este museu. 

E pronto. Foi assim que ocupei várias horas da noite e da madrugada. Enquanto escutei as melodias, abafei o barulho diário noturno do vizinho anormal. Todas as noites até às 8 da manhã este senta-se numa cadeira que chia ao mínimo movimento e põe-se a falar alto e a soltar impropérios frente ao computador. Devo escutar a palavra "FUCK" no mínimo umas 50 vezes. Fala alto e diz asneiras, tudo devido aos jogos de computador aos quais dedica a sua existência.

Por vezes arrependo-me de te fugido dos caminhos que conduzem à fama, celebridade e riqueza. Daria jeito em momentos como estes, em que quero adormecer no silêncio, mas vejo-me forçada a ficar desperta a noite inteira, porque um vizinho não sabe ter boas maneiras. E não adianta de nada avisar, pedir, chamar a atenção. Até quando vou poder "disfarçar" que não escuto e não me incomoda? ESCUTO SIM e incomoda MUITO!!! 

Se tivesse me transformado numa "celebridade", a vantagem é que já teria comprado uma casinha no monte, isolada, onde a única coisa que se escuta de noite não é o chiar irritante de uma cadeira com molas penrras, nem a voz exaltada de um indivíduo emerso em jogos de computador, nem "Fucks", nem pancadas de frustração a serem repetidos constantemente. Seria o som dos grilos numa noite estrelada. E depois adormeceria, serena.

PAZ. Silêncio. O som que mais anseio por escutar