domingo, 10 de setembro de 2023

Na 2 a ouvir clássica

 

Hoje deu-me para sintonizar a RTP2 onde apanhei um concerto sinfónico da Gulbenkian. Quando terminou, continuei a ver a programação do dia (na linha do tempo) e encontrei um outro concerto de Paris, datado de 2020. Também fui ver. Passei assim umas horas da noite a escutar música clássica e algumas árias - coisa que faltou ao concerto Português por isso gostei muito de as ouvir no Paresiense.


Por falar em nacionalidades, não deixa de ser curioso. Música é tocada, cantada, interpretada por pessoas de todas as origens. Mas as composições de repertório mudam conforme a nação. Em Paris escolheram quase sempre compositores Franceses e a última melodia a fechar o concerto, claro, foi a Marselhesa: o hino nacional. Gostei dos comentários em português que explicavam a cerimónia, acho que foi um rico contributo que enquadra na história as composições.

Fiquei a saber que esta violinista Dinamarquesa estava a tocar num legítimo Guarnieri del Gésu - um construtor de violinos do início do século 18. Fui pesquisar quanto custaria tal violino: uns 4 milhões. Embora no Aliexpress se encontrem "à venda" por 400 euros. 

Fiquei impressionada com a expressividade dos cantores líricos, e da cumplicidade com o maestro, que era Romeno. 

Para não falar deste virtuoso pianista. Que belo presente! 


Pelos comentários fiquei a saber, por exemplo, que a Marselhesa foi inspirada em obras de Mozart, ou "copiada" como se gosta de dizer e que, quando Napoleão subiu ao poder, deixou de ser o Hino de França, só retornando o lugar aquando a instituição da República em 1879. Fui então, pesquisar mais sobre a Marselhesa


Tem uma história meio misteriosa. Diria que o mais interessante é a letra - com umas três versões. Concluí que uma das versões é um pouco colocada de parte, devido talvez ao radicalismo das palavras. Fiquei também convencida que existem semelhanças com o Hino Português. E achei que foi aqui que os nossos foram buscar inspiração.

Pois então leiam aqui sobre o nosso Hino. Acabei de descobrir a restante letra da Portuguesa - assim se denomina o nosso Hino. E tem mais duas partes que nunca tinha escutado até hoje. Curioso... aprendi a letra em menina e não mais esqueci. Mas só a parte cantada da adoptada para Hino. A Portuguesa, escrita em 1830, tem mais duas partes. Com versos curiosos. Tal como a francesa, faz referência a marcha, a luta, a vencer o inimigo.  


Devo declarar a minha profunda admiração pela forma poética e tão rica com que se escreviam versos nesta altura. 

Lembro-me de ter visto um cravo (espécie de antecessor do piano) no museu de Lisboa, com a indicação que foi nele que foi composto o Hino de Portugal. Fiquei maravilhada. Podia olhar e até tocar - embora as teclas estivessem tapadas por uma protecção de PVC transparente. Achei um privilégio. E um risco, para os mal intencionados. Que seja verdade e que esteja disponível para se olhar, acho fantástico. Recomendo que se visite este museu. 

E pronto. Foi assim que ocupei várias horas da noite e da madrugada. Enquanto escutei as melodias, abafei o barulho diário noturno do vizinho anormal. Todas as noites até às 8 da manhã este senta-se numa cadeira que chia ao mínimo movimento e põe-se a falar alto e a soltar impropérios frente ao computador. Devo escutar a palavra "FUCK" no mínimo umas 50 vezes. Fala alto e diz asneiras, tudo devido aos jogos de computador aos quais dedica a sua existência.

Por vezes arrependo-me de te fugido dos caminhos que conduzem à fama, celebridade e riqueza. Daria jeito em momentos como estes, em que quero adormecer no silêncio, mas vejo-me forçada a ficar desperta a noite inteira, porque um vizinho não sabe ter boas maneiras. E não adianta de nada avisar, pedir, chamar a atenção. Até quando vou poder "disfarçar" que não escuto e não me incomoda? ESCUTO SIM e incomoda MUITO!!! 

Se tivesse me transformado numa "celebridade", a vantagem é que já teria comprado uma casinha no monte, isolada, onde a única coisa que se escuta de noite não é o chiar irritante de uma cadeira com molas penrras, nem a voz exaltada de um indivíduo emerso em jogos de computador, nem "Fucks", nem pancadas de frustração a serem repetidos constantemente. Seria o som dos grilos numa noite estrelada. E depois adormeceria, serena.

PAZ. Silêncio. O som que mais anseio por escutar

 






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