segunda-feira, 13 de novembro de 2023

A TV a falar da aceitação de Predadores Sexuais em Sociedade e do olho cego para as violações

 
Na última semana vi doc/filmes extraordinários. 

Se tiverem hipótese, vejam. São eles: 

Look Away (2022) / TVCine Top

Secrets of Playboy (2021) /AMC Crime

Jimmy Savile - o predador (202??) / AMC Crime - link na íntegra no youtube aqui


Perguntei sobre o Big Brother no meu post anterior para fazer uma analogia com o que vou contar a seguir.  


PLAYBOY

A revista americana que teve a Marilyn Monroe na capa do primeiro número, surgiu pelas mãos de Hugh Efner, supostamente para celebrar a liberdade das mulheres, o direito de exporem os seus corpos e não serem julgadas como prostitutas. 

O documentário que vi abriu-me os olhos - como só uns olhos maturos conseguem olhar. De revista "para homens" a Playboy virou uma marca que elegia a "playmate do ano" e, por décadas, Efner ficou conhecido por estar sempre rodeado de jovens mulheres, muitas viviam na famosa mansão com ele - mansão essa que recebia amiúde muitas celebridades, para se divertirem por lá, em especial num local chamado "A Gruta". Recordo de ler que um dos frequentadores mais comuns era o ator Leonardo Di Caprio - ainda quando era mais novo mas já pouco atraente. 

Este documentário abriu-me os olhos. As nossas avós tinham razão, os conservadores que viam com maus olhos o corpo de uma mulher ser exposto assim - tinham razão. O único objectivo do sr. Efner foi arranjar uma forma de poder USAR e USUFRUIR de jovens mulheres sexualmente. Ele e os amigos dele. E as playmates - não eram mulheres independentes que podiam fazer as suas escolhas e pensar pela própria cabeça. A PLAYBOY foi UM CULTO!!!

Quem contribuí para o documentário são pessoas que viveram nesse círculo fechado. A sua ex-namorada de então 17 anos e ele com 50, uma empresária e o seu mordomo pessoal. Três das figuras que mais tiveram para contar. Hefner era um chulo. Aproveitou-se de todas as mulheres, sem excepção. Violou-as e usou-as. TODAS. Ele e os amigos - tal como o Bill Cosby, "ator" negro que se encontra na prisão por ser um violador em série. Drogavam estas jovens - muitas menores de idade, com 16 ou 17 anos, violavam-nas ou sodomizavam-nas. O consentimento, o prazer, só contava o deles. Elas sentiam dor, muita dor!

E mesmo assim, ninguém contava nada... Mentalidade de culto. Medo. 

A ex-namorada descreve como o viu a praticar bestialidade. Aquelas mulheres eram atraídas pelo dinheiro, enganadas com as promessas de liberdade, e não tiveram escolha. Muitas cairam na má vida, ao serem apresentadas a drogas e a ser co-agidas a cometer actos obscenos ou que não tinham vontade.  As playmates eram intimadas a aparecer na mansão da Playboy, em dias de festa com celebridades, para serem usufruídas a belo prazer. Efner filmava tudo o que acontecia e guardava as cassetes numa sala. Uma forma espetacular de ter uma celebridade nas mãos. E quantas destas jovens não terão sido assassinadas? Uma história em particular comoveu-me. Veio da filha do braço direito de Hefner - com que ela garante que tinham uma relação intima. Existiam as mini-mansões, casas menores onde se continuava a perpetuar estes crimes sexuais. A jovem viu, uma vez, outra jovem a ir para o WC consumir droga e um homem ir atrás dela. Demoraram-se muito e ela acabou por ver a jovem estendida no chão, membros moles e sem reacção. Os seguranças pegaram e disseram que "agora é conosco, sabemos o que fazer".
Meses depois, um senhor de baixa estatura, cabisbaixo, bem educado, tocou à campaínha, mostrou-lhe a foto dessa jovem e perguntou: 

-"Viu a minha filha"?

Isso chocou-me imenso! Emocionou-me. Aquele pai à procura de uma filha que nunca mais viu. O que será que aconteceu? Que raio de impunidade é esta que uma jovem morre na casa de alguém, depois de ter sido drogada e provavelmente abusada, e deixam um pai em agonia, sem ter direito a um corpo, a uma explicação?

Podia contar muito mais - a série de sete ou oito episódios diz muito. Foi muito esclarecedora. Se antes não olhava para a figura com especial repulsa, hoje vejo um monstro. Cuspo-lhe na cara. 


A analogia que pretendia fazer com o Big Brother é que, as pessoas não percebem quando entram num culto. Todas aquelas playmates não perceberam. Mesmo depois de não terem consentido o abuso, estarem drogadas, muitas, pela jovem idade decerto mas também por todo um envolvimento psicológico, continuavam a sorrir e a defender Hefner, com todas as garras. 

Nisto ligo a TV para um Big Brother, para me distrair um pouco e vejo um monte de miúdas jovens a bajular um homem, a fazer tudo o que acham que o agrada, a terem comportamentos de bulling para com quem não foi "doutrinado". 

Choque.

Hug Hefner faleceu em 2017 e, a seu pedido, foi sepultado ao lado de Marilyn Monroe. Coitada da Marilyn! Violada e abusada mesmo depois da morte. Ela, que tinha aversão a homens como ele.  


Os restantes documentários também valem MUITO a pena. 

Jimmy Savile foi um predador sexual britânico a olhos vistos. A sociedade inteira sabia o que ele fazia a meninas e meninos jovens. Mas não se falava muito. Quem falasse, era mal visto. Os depoimentos de algumas das suas vítimas apoiam-se em imagens do "artista" e com o que se sabe hoje, a forma como ele se comporta frente às cameras, o que diz e como age transborda litros de indecência por parte do fulano. Mais um monstro que viveu demasiado tempo, até os 86 anos. Todos eles cheios de crimes, estupros, abusos. 

Numa das imagens surge ele sentado entre o público a falar ao microfone, a olhar diretamente para a camera. Ao lado dele, uma jovem salta e desvia-se de algo que a está a tocar. Era a mão dele, que ele enfiou dentro dela e estava a apalpá-la nas partes íntimas. Um nojo! Mas na camera, todos riem, ela ri... porque só pode ser brincadeira, certo?

Hoje espero que uma mulher pregue logo um estalo na cara de homens assim! E chame a polícia.


Uma parte que me disse alguma coisa é que ele era muito amigo de Charles - o agora coroado "Rei" de Inglaterra. A pesar de só pessoas com convinte poderem entrar no palácio real, Savile aparecia e sempre persuadia os seguranças a deixá-lo entrar. A princesa Diana recebia-o e achava-o estranho. Contou a uma pessoa que este pegava-lhe na mão, beijava-a e continuava a beijar pelo braço acima. O que deixa as mulheres a sentirem-se desconfortáveis. Mas cá está: interpreta-se como uma "brincadeira"... quando é tudo menos. 

É um comportamento de predador. Tudo começa por poder sair impune com "pequenos gestos". Ganha a confiança, ataca. E sabem o que todos os predadores fazem de seguida? Fingem que nada aconteceu. Nada grave. E então? Uma miúda jovem apareceu para conhecer uma celebridade, o que é que ela queria? Queria sexo! Claro. Agora arrependeu-se e está a espalhar mentiras...

E as mulheres, umas atrás das outras, calavam-se. Guardam para si como um segredo, uma mancha... não se pensa nisso. Finge-se que não aconteceu. Que se calhar, elas é que não estão a compreender bem as coisas. Se calhar não foi bem violação... Se calhar.

Pensam assim porque são quase todas jovens e quase todas vindas de uma situação familiar destruturada. Se não forem, já se sujeitaram a uma parte psicológica muito bem trabalhada para que elas se subjuguem e não se rebelem. 


Por último, vi agora o documentário sobre o que se passa nos bastidores do Rock in Roll. Os bastidores da música. Jovens de quem as celebridades tiram proveito, elas mesmas depois de rapidamente deixarem de ser novidade, sabem que podem deixar de ser convidadas a aparecer se não "recrutarem" mais jovens mulheres. "Sangue fresco". Foi assim que uma delas ficou a conhecer Steve Tyler - dos Aerosmith. Ele com 26, ela com 16. As ditas gruppies. Uma história que vale a pena ouvir ser contada pela boca da própria. Ao que saiba, Steve Tyler ainda gosta de "carne fresca" - com metade da idade das netas. É caso para deitar a língua de fora, em repulsa. 

Mas ele não foi o único. Ou não! Empresários, bateristas, músicos diversos, produtores... gente envolvida na indústria, muitos a cometer crimes e muitos outros a fechar os olhos. 

Este documentário conta com o depoimento de muitas mulheres, todas violadas sexualmente, geralmente previamente drogadas para não terem reação e com testemunhas a assistir - descrevendo a normalidade e a impunidade reinante. Como se "nada fosse". Mas as marcas, ainda que escondidas, carregam-nas para sempre. Traumas também. 

Como diz a última mulher, uma pioneira que abriu caminhos para bandas de rock no feminino e logo no dia de sucesso foi drogada e violada com gente a assistir, já se falou o suficiente sobre o assunto. Está na altura de se fazer algo.




Sem comentários:

Enviar um comentário

Partilhe as suas experiências e sinta-se aliviado!