quarta-feira, 30 de março de 2022

A Austríaca

 No emprego onde proliferam pessoas da india e paquistão, conheci uma austríaca. A presença desta nacionalidade no UK é novidade para mim. É a primeira. 

Coloquei-lhe algumas perguntas sobre o país e ela também gostou de partilhar alguns factos. Disse-me, por exemplo, que existem "certas palavras" que os austríacos não pronunciam e assuntos sobre os quais não falam (ditadura? Liberdade condicionada?). Relacionados com a segunda guerra mundial. Depois falou-me que "aquele símbolo com quatro pontas que os alemães usavam na guerra" (não mencionou a palavra suástica nem a palavra Nazis) é ilegal na Aústria. Se alguém for "apanhado" a desenhá-lo é condenado, no mínimo, a seis meses de prisão

Falou-me que é casada com um inglês e mora no Reino Unido porque o marido não fala Alemão. Ao que lhe perguntei se na Aústria não o aceitavam para o integrar na sociedade se ele falasse só inglês. Respondeu que não. Tem de falar alemão.

Falou-me também que tem uma filha na escola e a professora, em certa ocasião, chamou-a para lhe dizer que algumas palavras austríacas que a criança pronunciava estavam a prejudicar o seu inglês. Como muitas mães destes tempos, ela passou-se, começou verbalmente a destratar a professora, dizendo-lhe para não se meter. Também a condenou por ensinar às crianças uma canção em francês que, segundo ela, tinha má pronuncia. Disse à educadora que não tem nada de ensinar uma língua que não domina e que ela sabe falar cinco idiomas. E deixou de ir a reuniões a menos que fosse muito importante. 

Na Áustria, aos fins-de-semana tudo está fechado. Somente uma piscina pública para algumas braçadas poderá estar aberta. De resto tudo fecha, são dias de descanso (isso não serve para mim, posso não fazer nada mas precisar de algo e não ter, viver num deserto subitamente, não me soa bem). 

Com tudo isto, a Aústria perdeu, aos meus olhos, muito do seu "encanto" que possuía por me ser desconhecida. Parece-me uma sociedade pouco aberta à influência estrangeira, não assimila quem não mimicar um deles e continua a dar um poder extremo à figura de Hitler e aos eventos da IIGG ao "proibir" que se fale do assunto e interferindo com a liberdade de expressão e criatividade ao não permitir que se desenhe suásticas. 

Disse-lhe isso mesmo: "Acho mal. Antes de ser um símbolo nazi era um símbolo de paz" - disse-lhe. Ela sabia isso, porque num dos edifícios parlamentares deles, existe uma suástica. E já lá estava ANTES de Hitler subir ao poder. 

Pois se o Hitlerzinho apoderou-se de um desenho com mais de 5.000 anos para criar um símbolo que representava terror. Acho que devíamos parar de lhe dar essa importância e restituir ao símbolo a sua conotação pacífica. Hitler está morto e não existe mais. Para quê continuar a dar-lhe esse poder?

Catástrofes vão e vêm e este mundo continua a ter muitas. Se aprendêssemos com todas as do passado. Mas desaprendemos muito depressa as lições que as tragédias nos ensinam. 

De bom, falou-me que vive perto da capital, que em dez minutos de carro está nas montanhas e pode ir esquiar, e em uma hora atravessa a fronteira e visita outro país. Isso soa a algo maravilhoso. Mas parece-me que é mais maravilhoso para os que ali nascem e ali se crescem. 

terça-feira, 29 de março de 2022

A percepção de um gato

 Há semanas que estou para vir aqui partilhar esta inteligente paródia. 

Vejam a tradução e descubram se as letras não são spot on!



Letra:



Fico acordado toda a noite, faço corridas pela casa às três da manhã. viro-te as costas, depois de te chatear para me dares festas. Obcecado por moscas, uma caixa com metade do meu tamanho serve-me bem.

Eu escolho te dar emprego, agora serves-me a mim. (és a minha empregada)

Abre-me a porta para sair, abre-me a porta, para entrar. Alimenta-me já, não sejas lenta. Observo-te na casa de banho (que fazes?) privacidade não significa nada para mim (tu pertences-me)

Para miiiiiiiim (miau, miau, miau, miau)

Mamã, acabei de matar um rato. Comi tudo menos a cabeça, fica de presente na tua cama. Mamã, um sinal do meu amoooor. Porque gritas-te e colocaste-a no lixo?

Mamã, ohh

Não queria fazer-te chorar. Amanhã trago-te um pássaro. Agora senta-se, quero ficar em cima de ti e deixar as tuas pernas em farrapos.

Tarde demais. A hora das festinhas acabou. Dou-te uma patada se continuares. Já tive o suficiente.

Não toques no meu corpo até eu dizer que podes. Agora deixa-me até eu encontrar outra utilidade para ti.

ÁGUA, ooh (é velha)

Grito que não é fresca!

Como pode o meu prato ter mais de cinco minutos?

Vejo uma silhueta debaixo da coberta, vou atacar, não vou me segurar! Obrigado por partilhares o teu dedão do pé. Dentes, garras e lutas, pontapé, pontapé e o jogo de morder.

És a minha presa, anda brincar. Eu arranho-te, eu apanho-te. Agora alimenta-me e não sejas lenta, ou eu não paro de miar.

Afio as minhas garras no teu novo sofá, durmo em cima do teu teclado - sou dono das tuas coisas. Lembra-te, o teu papel é servires a mim.

Vou e volto, despacha-te não sejas lenta. Abre a porta, deixa-me sair. Não! Agora já não quero ir. Quero sair! Ou quero ir? Deixa-me sair, ou não, não sei. Nunca vou saber. Sim, não, sim, não, sim, não!

A porta está fechada, a porta está aberta. Quero sair ou quero ficar? Não sei! Despacha-te tens de fazer o que eu decidir rapidamente. Para mim. Serve-me!

Três da manhã é a melhor hora para andar a correr pela casa. Salto para a mesa e as coisas caem ao chão. E talvez, senhora, eu te deixe me dares festas. Chega! Agora sai. Preciso de estar sozinho.

Eu é que sou importante, qualquer um percebe. A canção de todos os gatos é: todos existem para me servir a MIM!

Esta noite vou atrás do teu dedão do pé...



segunda-feira, 28 de março de 2022

999 Critical Condition

 Não compreendo como um cirurgião que opera um cérebro humano ganha menos que um Cristiano Ronaldo.

Acabei de ver na TV uma cirurgia cerebral para remover um tumor. Um processo altamente tecnologico que requer uma meticulosa atenção e também muita sorte. Todos os passos deste tipo de cirurgia, que pode levar mais de 24 horas, precisam de uma pessoa que não é dada a pânico, que é focado e, talvez, que saiba "desligar-se" de sentimentalismos onde estes não vão contribuir para nada de bom. 

É tão fácil cortar uma veia por engano. Ou danificar uma das areas cognitivas do cerebro, como aquela que coordena os movimentos. Tão próximo que o paciente está da morte. A vida deste está toda na vontade do Senhor e nas mãos de um semelhante que estudou para ser cirurgião. 

A sorte desempenha um factor importante. O tumor a ser removido encontrava-se perto de uma zona muito sensível e de difícil acesso. Só foi possível remover cerca de 80% do tumor. Depois surgiu um sangramento que impediu que a cirurgia, de já 16 horas, continuasse. 

Infelizmente o paciente, que ficou intumbado sem capacidade para respirar por si mesmo, nunca mais acordou. Piorou bastante e veio a falecer. 

Deve ter custado uma fortuna - esse derradeiro acto de tentar salvar a própria vida. Provavelmente tem o preço de um pequeno apartamento.

Digam-me lá se o Ronaldo ou algum desportista- não querendo fazer pouco caso do seu trabalho, dedicação e treino, mas digam-me lá se existe alguma partida de futebol que os obrigue a correr em campo por 16 horas.

Infelizmente o paciente teve mais complicações. Incapaz de respirar sem o auxílio de máquinas, não recuperou a consciência e faleceu. 


domingo, 27 de março de 2022

27 de Março: Dia da mãe

 Hoje é dia da mãe , aqui no UK. 

Foi bom ver um jovem miúdo agachado com um ramo de flores na mão, a lamber a cola de um envelope vermelho. Não só comprou flores para a mãe, como lhe adicionou um cartão. 

Gostei de ver. Quase sempre vejo estes jovens em convívios suspeitos. Ora é de noite e estão todos no parque de estacionamento sabe-se lá a fazer o quê (só sei que enchem tudo de lixarada), ou estão sempre a fumar. Vejo a juventude sob uma luz sombria. 

Por isso gostei de ver este miúdo quase a tornar-se um homem, a ter um gesto bonito, que parecia incluir carinho, não pareceu estar apenas a cumprir o ritual comercial que a data impõe. 




quarta-feira, 23 de março de 2022

O total dos items salvos no Ebay e as dívidas de alguém

 

Sou o tipo de pessoa que vê um artigo online à venda e salva-o para a lista de artigos que "poderei" comprar. Depois deixo-as lá ficar. Mesmo quando deixam de estar disponíveis, ficam lá, porque mais tarde posso precisar saber o nome exato do produto ou o preço facultado na altura. 

Não faço compras online sem ser pelo Ebay. Acho mais fácil, com menos invasão de privacidade e menos riscos com o cartão que faz os pagamentos. Fujam da Amazon - se a ela tiverem acesso, porque te impigem a amazon Prime com qualquer primeira compra. Dizem eles que por um mês à experiência e grátis, podes cancelar a qualquer altura. Eu cancelei logo após fazer a compra. Passado um mês descontaram-me da conta bancária 7.99 libras mensalmente e cabe a ti cancelares a subscrição -que pensavas já estar cancelada. Mas, guess what? Não é através da Amazon, mas através de uma terceira parte, que faculta um serviço específico de leitura de e-livros. A Amazon "lava as mãos" e deixa-te à deriva numa burocracia sem compreensão possível e com tentativas de contactos frustradas. Felizmente os bancos estão a par desta situação e bloqueiam levantamentos assim como restituem o valor roubado.

Reparei que o valor dos meus artigos guardados totaliza 77 libras
Este valor chamou-me a atenção. 

Os mesmos números passaram pelos meus olhos uma hora antes. Fui abrir a correspondência acabada de ser enfiada pela ranhura da porta à pressa por ter recebido em casa um contrato de trabalho para assinar. Sem perceber passei a lâmina numa carta que não estava endereçada a mim e quando puxei o papel para fora, li "77 libras... é favor pagar ou complica o crédito". Eu a pensar: Que é isto?? Não devo nada ninguém!

Foi então que percebi o erro. 

Nesta casa chegam cartas endereçadas a dezenas de nomes. Não estou a enganar-vos. São mesmo dezenas. Alguns nem sei de onde vieram. Faz dois anos que aqui vivo e há um mês comecei a receber semanalmente cartas em nome de um Benji dos Santos... um nome que nunca antes apareceu. 

Mais um nome e mais uma carta de credores. 


São tantas. Faz-me perceber o quanto as pessoas não são como eu. Porque estas pessoas sabem-se com dívidas e "fogem" de as pagar. Ausentam-se do país, mudam de casa, sei lá. Sabem que têm multas de estacionamento para pagar, compras do cartão de crédito, contas de telemóvel e internet, contas de empréstimos estudantis. 

Como trabalho nos correios, costumo reunir umas tantas e devolvo ao remetente. Com uma nota: "por favor remova este endereço da sua lista de contactos, esta pessoa não mora aqui". 

Faço isso há um ano e meio e não vejo o fluxo de envelopes diminuir. Pelo contrário, parecem aumentar. 

Acho que os bancos e afins são estúpidos. De que adianta recorrerem a firmas de cobranças, se a pessoa já deu de frosques? Para quê insistir com cartas mensais, se nunca vão chegar ao destino? E o conteúdo é sempre o mesmo: Nós estamos aqui para o/a ajudar. Se ainda não pagou, pague, porque senão é mau para si.... 

Mau? Parece-me é que é bem bom! 
Adquirem bens e serviços, e depois nunca pagam. Fazem usufruto, vivem em conforto e não desembolsam. Não sofrem consequências, sem ser o ficarem "com mau crédito" em caso de alguma vez pedirem um. É uma anedota!

Estas pessoas não querem crédito. Querem é não pagar pelo que recebem. Querem boa vida de graça. As coisas entregues gratuitamente. A maioria é estrangeira que cá vem ganhar uns trocados e tem planos de regressar ou partir para outro lugar. Que lhes custa deixar dívidas para trás? Nunca que os credores os vão buscar fora do país. Quando sairem não é para voltar. Se voltarem, não se vão a por a comprar bens que precisem de crédito. Apenas arranjam outro operadora de telemóvel, arranjam outro emprego... nada os vai denunciar como devedores de quantias. O sistema não se importa com isso.

Parece-me altamente vantajoso e não entendo como podem as instituições facultar empréstimos a quem parece obvio que não os tenciona pagar, para depois dificultar tanto aqueles que se esforçam a fazer turnos de 12 horas diárias, a trabalhar dois, três empregos para pagar a prestação da casa ao banco.

O sistema e as instituições não querem distinguir o bom do mau. Dão dinheiro a todos porque sabem que podem colocar os "bons" a pagar as dívidas alheias. É doentio!


Bom, mas vamos à questão principal: A coincidência dos dois valores de 77 libras. Um de uma dívida de uma conta de telefone, e outro o meu cesto de artigos "de interesse". 

Quando comecei a folhear pelos artigos, percebi a imensidão de coisas que podia comprar com 77 libras. Percebi que 77 libras, se as tivesse e não tencionasse devolver a quem mas emprestou, podiam me encher a casa de coisinhas que um dia desejei adquirir. 

É muito dinheiro. 

Teria ficado feliz porque teria adquirido nove suportes para a parede para guardar bijuteria, teria comprado não um, não dois, mas três mostradores para pendurar colares - daqueles elegantes que se vêm nas lojas. Teria um de veludo com espaço para 12 pendentes, outro de madeira e almofadado e outro de bambu. Também teria um dois-em-um, todo em veludo. Um suporte para colares com um cilindro para as pulseiras.

Ao invés disso, comprei material barato e fiz o meu próprio suporte para colares. Dando-lhe uma base para colocar peças soltas, como brincos, pulseiras, relógios. Ficou lindo!  


Mas estas compras ainda não me teriam levado a gastar nem metade das 77 libras. Não senhor. Ainda poderia comprar uma luz de presença de 3 metros com tiras de led que se acciona com sensor de movimento. Também ia comprar um Kit de bublle tea, para poder fazer em casa aquelas bebidas de chá com pedacinhos de fruta ou esferas de sabor dentro. Até 20 porções. Tapioca, Popping Boboa, morango, etc.

Acham que já terminei de gastar os meus hipotéticos 77 libras grátis?? 
Não. 

Ainda comprava duas almofadas florais, uma caixa para um disco externo para o computador, uma caixa para anel de noivado com luz no interior, um para-lamas para a scooter, um relógio de dedo e uns ténis luminosos com rodas para criança.

Estas 77 libras e 50 centimos que alguém está a dever por usar um telemóvel, dava para satisfazer muitas das minhas frivolidades.  E ainda sobrava dinheiro! Porque o total no meu cesto é de 77 libras e 37 centimos. Lol.  

terça-feira, 22 de março de 2022

Benjamin Button

 

A minha vida comecou ao contrario. Tal como no filme estrelado por Brad Pitt.

Na historia, quando Benjamin e uma crianca, e quando sente atracao por manter relacionamentos com pessoas mais velhas e demonstra interesse e conhecimento por assuntos abragentes, desde arte a politica.


 Quando tinha um aspecto de idoso, tinha uma mentalidade mais infantil e era mais limitado. Tambem se sentia jovem, com ansias para se aventurar no mundo e fazer descobertas.


Nao fosse pelos sinais do tempo e eu diria que me sinto mais jovem do que quando era jovem. Tambem sinto vontade de me aventurar em coisas que nao imaginei antes.

Uma vida ao avesso.

Alguem desse lado no mesmo barco?

segunda-feira, 21 de março de 2022

Gaslighting

 Num só dia aprendi sobre a existência de três fenómenos sociais cuja existência/terminologia desconhecia. São eles:

Cancel Culture

Woke Culture

Gaslighting


Antes que vos explique, alguns de vocês já conhece o significado destes termos?


Começando por Gaslighting. Achei fascinante este termo. Descreve na perfeição muitas experiências de vida que tive. Lembrei-me em particular da Gordzilla. Essa praticou gaslighting comigo. É tão bom que exista uma palavra para descrever com precisão tudo o que envolve, tudo pelo que passei! 

Infelizmente pude perceber o que, no fundo, já sabia. Cresci a sujeitar-me a este tipo de comportamentos. Não é de surpreender que os tolere na idade adulta. Mas vamos à explicação: Gaslighting é, segundo o tradutor para português, "Manipulação". Eis a definição:





Gaslightning: Fazer com que alguém questione a sua própria realidade. Pessoa que apresenta uma falsa narrativa para um grupo sobre alguém e que conduz essa pessoa a questionar as suas percepções e tornar-se confuso, desorientado, stressado. A pessoa que pratica Gaslighting irá insistir que disseste coisas que não disseste. Vai negar as tuas lembranças de um acontecimento e ridicularizá-las. Quando expressas as tuas preocupações, essa pessoa vai rir de ti, mostrar desdém e ridicularizá-las. Quando as expressares a terceiros, essa pessoa vai negar e apelidar-te de maluca, defeituosa, perigosa ou "demasiado sensível". Vão manipular a percepção de outros até conseguirem que todos reproduzam o mesmo comportamento de descriminação.

Sinais de que alguém esta a praticar Gaslightning:

1) A pessoa conta mentiras

2) A pessoa nega alguma vez ter dito certas coisas. A pesar de existirem provas.

3) Usam o que te é querido como munição

4) Desgastam-te com o tempo

5) O que dizem não corresponde ao que fazem

6) Atiram algumas palavras de apoio só para te confundir (eu acho que é mais só para manterem a máscara).

Agora vejam este vídeo:


Cancel Culture

Cancel Culture é um fenómeno muito perigoso na sociedade. Significa usar o poder para destruir outras pessoas ou grupos - basicamente. Vou dar um exemplo simples: no teu emprego, pedem-te para partilhares a tua opinião sobre um assunto. Se esta é dissidente da opinião no poder, por a teres partilhado, mostras-te que estás de um lado que não é o desejado. Pouco tempo depois recebes um comunicado a dizer que os teus serviços estão dispensados.

No meu entender, trata-se de uma ditadura escondida nas esferas de quem está com o poder. Mas pode ocorrer em qualquer etapa e sítio. Pode ser num pequeno grupo. No fundo, trata-se de um gang. Quem vai contra os princípios do gang ou questiona as decisões do líder, arrisca-se a levar com uma bala na testa. Agora imaginem, nesta sociedade camuflada, os nossos filhos, os filhos dos nossos filhos, a viver numa aparente democracia que é, na realidade, uma prisão, uma ditadura. É para aqui que a nossa sociedade está a rumar. E isto é extremamente perigoso

Woke Culture

Tinham de ser os africanos, ou melhor os afro-americanos (começa na imposição do uso deste novo termo o perigo da cancel culture) a impor este novo termo nas culturas brancas ou asiáticas. Inicialmente Woke foi um termo trazido nos anos 40 pelos negros americanos na luta pelos direitos civis e consciência do racismo. Era para significar "estar consciente da verdade do passado (que "o homem" não quer que conheças)" e em 2017, o dicionário de Oxford expandiu o conceito para um adjectivo, significando "estar alerta para a injustiça social, em particular o racismo". 

Actualmente o termo ganhou uma dimensão extremista e pejorativa. Serve para ofender e diminuir alguém. É o pensamento extremo, a defesa de uma ideia extrema, sem estar receptivo a outras opiniões, outras ideias. É a defesa acérrima de um conceito ou um grupo, não importa as consequências. Por exemplo: para destruir um grupo político, um outro grupo político é capaz de difamar, mentir e perseguir o opositor. Ao fazê-lo, resume o opositor num termo apenas: Woke

Agora que penso nisso, penso que Hitler utilizou esta técnica para "mexer" com as massas e arranjar exércitos de seguidores. 

É o "políticamente correcto" também - a meu ver. O puritanismo. É levar ao extremo as leis que proibem a menção da cor da pele de uma pessoa negra, porque tudo virou racismo. É não questionar as ideias vegan só porque é facto que carne vem de animais que são seres vivos. O estar "correcto" não significa que é o correcto. É, como especifiquei, ter um líder a dizer-te que os "judeus são o mal da sociedade" e as massas acreditarem piamente e seguirem os seus mandamentos religiosamente. 

Todos estes termos podem ser mais abrangentes. Mas significam quase sempre que caminhamos para a falta de tolerância, a falta de diálogo e aceitação de diferentes ideias. A recusa no debate. A imposição de um conceito ou grupo. E outro factor que venho a considerar perigosíssimo faz muito tempo: o "politicamente correcto" com "lembrança" (a meu ver ameaça) de que, se não te comportares como te dizem para comportares, sofrerás graves consequências. 

Lembro-me sempre da surpresa que senti durante os primeiros anos depois de chegar ao UK. Por todo lado existiam cartazes que eu consideraria de imediato como impróprios. Nos bancos, por exemplo, encontram-se sinais a dizer: "não se toleram faltas de educação. Não levante a voz, ou poderemos chamar a polícia". 

Mas isto lá é coisa que precise ser dita?
E porque não pode uma pessoa, de vez em quando, levantar a voz? Se estiver legitimamente a sentir-se indignado? 

Existem diferenças entre um abusador e uma vítima. Estes "cartazes" politicamente correctos nivelam todos pelo mesmo e obrigam as pessoas a um controlo mais por receio de represálias do que outra coisa. Estão errados. Os anos que já vivo aqui quase que dissipam as muitas razões que poderia apontar. Uma pessoa habitua-se a ver estas atrocidades que partem de um pressuposto de agressividade e tratam todos como vilões, criminosos.

Mas me digam o que sabem a respeito destes novos termos de fenómenos sociais.

domingo, 13 de março de 2022

Dos 22 aos 52?

Se no Outono diferentes pessoas me confundiram com alguem com 22 anos, acho que isso nao tem como voltar a acontecer. 

Noto-o pela falta de interesse do sexo oposto. Ainda era de receber uma olhada, aquela cantada. Acho que estou tão perto da fase em que todos os homens perdem o interesse que até os mais insistentes já acham que sou produto fora do prazo e vão espreitar em pastos mais verdes.

Nao que me importe. 

Mas e uma nova fase. Desconhecida e temida por isso mesmo.
O que mais temo é tornar-me invisível. Aquela por quem todos olhas através de. Como se a velhice fosse tão visível e indesejável, que ninguém se queira relacionar com velhos.

Onde estarão os amigos? Quem vai achar interessante travar nova amizade com uma desconhecida, quando já tiver nos meus 70 anos?

Não sei. São coisas disparatadas assim que de vez em quando invadem-me o pensamento. 

Isso e lembranças do passado. Coisa terrível, as lembranças. Causam insónia, fazem sofrer, físicamente e emocionalmente. Causam angústia, aflição. Lembranças essas que foram reavivadas recentemente, quando estive a ler as mensagens no telemóvel que usava faz dois anos e meio. 

Tantas mensagens de homens a querer "saber de mim". Todas elas causando-me asco. Cada nova que aparecesse, fazia sentir-me repugnância. Na altura só queria receber UMA. Só uma. E recebi tantas de várias pessoas, menos da única pessoa por quem queria receber notícias. 

Hoje pergunto-me o que dessa pessoa é feita. Imagino como já deve ter amadurecido, crescido como pessoa, feito descobertas importantes sobre si mesmo. Queria ter acompanhado esse crescimento pessoal. Mesmo que fosse à distância. Vi tanta coisa bonita ali, à espera de acordar. Será que acordou? Quem terá sido o príncipe encantado que despertou aquela cinderela?

sábado, 12 de março de 2022

 Numa consulta médica para uma histeroscopia, quiseram colocar-me um DIU (dispositivo intra-uterino que liberta hormonas) de nome Mirena. 

Rejeitei. 

Algo em mim ainda me faz desejar manter o organismo o mais "limpo" possível. Sem hormonas injectadas para o seu interior. 

O DIU não faz só prevenir uma gravidez. Ele é quase que "impingido" às mulheres, porque combate os ciclos menstruais pesados e impede que as paredes do útero engrossem, causando assim um sangramento pesado e o possível aparecimento de pólipos. 

Fiquei tentada. Mas não menstruar é para mim, ainda que nesta idade já avançada, algo que me assusta um pouco, pelo que significa. Representa o fim de um ciclo. O fim da capacidade reprodutiva. O fim de gerar vida. A morte. 

Sei que estou perto da morte mais do que da vida. Facto que não me incomodaria, se tivesse chegado a gerar vida. Acho que serei muito velhinha e provavelmente ainda terei alguns problemas com o rumo que a minha vida tomou nesse sentido e provavelmente alimentarei alguma esperança neste sentido. É que barrigas de aluguer já existem há anos!

Ridículo, bem sei. 

Mas... é como sinto. 

Tivesse eu agora o dinheiro do Ronaldo - e fazia o mesmo que ele fez: criou o Cristianinho num tubo de laboratório.

terça-feira, 8 de março de 2022

A mancha castanha

 

Limpei todos os cantos do quarto quando me mudei para ele. Limpei tudo. Mas escapou-me uma mancha. Que só vi tempos depois. Até me interroguei se sempre terá ali estado e me escapou ou se alguém a tinha colocado ali depois de eu já estar no quarto. 

Essa mancha é castanha. Está em cima do rodapé, junto à parede perto da porta. Mais tarde, vendo bem a porta, reparei que também tem salpicos castanhos. É fácil de deduzir - tal como um detective forense, que alguém a segurar uma caneca de café, abriu a porta e nesse instante em que estava aberta, entornou café na carpete, o líquido castanho bateu também no rodapé e salpicou a porta.  

É a única coisa que... não limpei. 
E talvez nunca limpe. 


Hoje SEI quem deixou aquela mancha ali. 


You see... quando vim ver a casa pela primeira vez, foi-me dito que o quarto estava vazio fazia três meses. A rapariga que o alugava não o usava - provavelmente porque na altura isso era comum, visto que as pessoas viajavam e depois o espaço aéreo era fechado, não podendo retornar. Mas o indivíduo da agência disse-me que ela havia mudado para uma casa na rua em frente e não usava mais o quarto. 

Uma semana depois, peço para ver o quarto novamente, por já não me lembrar da sua configuração. O mesmo indivíduo da agência diz-me que só mo pode mostrar num certo dia. Quando chego para rever o quarto, uma das ocupantes da casa, uma rapariga, aparece de roupão para lhe encher os ouvidos de queixas a respeito de um outro hóspede. 

A tal rapariga, era a M. Claramente estava a aproveitar a ocasião para desenrolar uma infinidade de queixumes, mostrando nenhuma preocupação em influenciar negativamente a minha visita. Percebi que o indivíduo da agência sentiu um pouco de embaraço. Provavelmente deduziu que eu era uma candidata perdida. Depois daquele rol de queixumes, ninguém se mudaria para uma casa já a ouvir falar dos problemas. Às tantas, ele pergunta-lhe se pode subir e mostrar o quarto. Ela responde que sim e mostra-mo. É ela que o está a ocupar. Achei estranho, porque o quarto estava vazio e desocupado. A rapariga tinha-se mudado para outra casa, mas ainda tinha as coisas dela dentro. Deduzi que a M. era a rapariga a quem o quarto ainda pertencia, a que se ia embora. 

Aliado aos muitos queixumes, só podia ser. 

Porém, no final da visita, já fora da casa, fiquei a saber que a M. tinha acabado de se mudar. Não era ela que se ia embora. Mas então, porque estava a dormir no quarto vago? 

Agora penso também: se só estava a viver na casa há uma semana ou menos, como pode fazer a quantidade incessante de queixumes que a ouvi dizer? Não tinha tido tempo para estar tão incomodada! A quantidade e tipo de queixumes que prestou fez-me deduzir que morava na casa fazia muuuuito tempo. Mas não. Se isto já não diz tanto sobre o seu carácter... 

Não quis confrontar o indivíduo com as discrepâncias. Facto era que o quarto estava livre e eu ia poder ocupá-lo. Fiquei de dar uma resposta. Queria muito dizer sim. Mas ainda ia pensar bem. 

No dia seguinte liguei à agência e disse que ficava com o quarto. Pedi se podia  transportar as minhas coisas durante o fim-de-semana. Foi-me dito que não era possível porque o quarto estava ocupado. Estranhei, porque estava vazio há 3 meses e o indivíduo tinha-me dito que os pertences deixados no quarto iam ser retirados na semana anterior. Mas não quis saber porquê a história não batia certo. Talvez a pessoa não tivesse tido tempo de tirar as suas coisas e esticou para o fim-de-semana. Tomei a coisa como incontornável e combinei me mudar na data indicada: segunda-feira, 13 de Julho. 

Nesse tempo de espera, passei muitas vezes pela frente da casa. Fiquei alarmada com um elemento  novo: da rua, ouvia-se música alta a vir do andar de cima. Passei mais vezes, continuava-se a ouvir música alta. Fiquei alarmada.

Durante anos a passar nesta rua, nunca antes percebi música alta a tocar. Mas também não teria percebido, se existisse. Percebia-o agora, por me interessar vir a ocupar a casa. Na semana e meia que levei até pedir para ver o quarto novamente, não existiu música. Foi só depois daquela minha segunda visita. 

Voltei a ficar insegura sobre a mudança. E se fosse me mudar para uma casa com indivíduos que não querem saber se incomodam os outros, metendo música alta a tocar a toda a hora, fazendo barulho, deixando tudo fora do lugar, sujando sem limpar... enfim, O que ninguém gosta. 

 Reflicto muitos nos meus passos, antes de os dar, percebem? O receio de me mudar para uma casa com pessoas desrespeitosas regressou. Mudar para pior ou igual ao que já tinha não estava nos meus planos. Queria uma casa serena, arrumada, limpa. Esta casa era assim. ERA. 

A M. foi quem mudou tudo.

Embora ela ache que ela é a única pessoa que contribui para a casa estar arrumada, depressa percebi que era o contrário. E como tudo o que é preciso é que alguém comece a descarrilar para os outros seguirem atrás, foi exatamente isso que aconteceu. Para esta casa voltar a ser o que um dia foi, é necessário que a M. deixe de cá viver. Ainda assim ia levar tempo para conseguir reparar os muitos hábitos negativos que ela incutiu e outros repetem. Só que ela sair é coisa que nunca vai acontecer. Imagine-se! Aqui ela reina. Faz o que quer. Gasta pouco dinheiro. Poucos ou ninguém lhe faz frente. 

O melhor que fiz foi deixar de lhe falar. Agora recebo mais "respeito" do que quando lhe falava e ficava sujeita ao seu rol de queixumes. Só me extenuava. Tinha de andar em bicos-de-pés, sujeita às suas mudanças de humor. Dei um "murro na mesa" e disse chega. 

Agora tenho de aturar outros comportamentos irritantes. Por exemplo, continua a seguir-me. Não passam nem 30 segundos e ela vai enfiar-se no WC assim que me escuta a sair de lá. Se desço à cozinha, a mesma coisa. Basta eu dar sinal de vida, e ela trata de ocupar a casa como só ela sabe inconvenientemente fazer. 

No meu entender, está a ver se encontra algo mal feito de minha parte, para poder criar uma boa história de queixumes. Afinal, foi assim que a conheci - a fazer queixas, e queixas é sempre o que faz quando aparece alguém da agência. 

Amanhã cedo vem cá uma pessoa da agência inspecionar a casa. Pela tarde, quando desci à cozinha, o espaço estava caótico. Louça suja por todas as bancadas. Todos os quatro bicos do fogão ocupados com tachos com restos de comida. Tirei uma frigideira do armário, fritei um ovo, lavei a frigideira, sequei-a e voltei a colocá-la no armário. Tudo isto em 10 minutos. 

Aquela quantidade de louça suja... Não compreendo como não podem todos fazer o que eu faço. Custa tão pouco lavar assim que se deixa de usar! Não há nada meu naquela confusão. Nunca ouve, nunca haverá. 

Fiquei a imaginar se alguém vai se dar ao trabalho de limpar aquilo, uma vez que a visita vai aparecer amanhã e o mau aspecto que aquilo fornece não deve ser algo que a M. em particular, queira passar para fora. Afinal, parte daquela loiça - quase toda, é dela.

Tenho escutado barulhos de pessoas pela cozinha nas últimas horas. Estão a cozinhar. Quem sabe, depois de se alimentarem, decidam também limpar aquela porcaria? (sonha, sonha...)


Descobri que a M. dormiu no meu quarto uns dias antes de se mudar para o quarto maior da casa. Por isso é que não me foi permitido mudar no fim-de-semana.  Tive de esperar pela segunda-feira seguinte. A M. já a atrapalhar a minha vida, sem eu perceber. 


Ela própria contou-me que dormiu no quarto, que não gosta dele, que é pequeno demais e disse-me também que a empregada de limpeza tinha limpo o quarto e depois dela, a própria M. tinha "limpo tudo". Disse-mo depois de eu comentar que dava para perceber que o quarto estava desocupado fazia três meses, porque encontrei "muito pó" que tive de limpar. Ao que ela quis saber mais sobre o assunto, dizendo que tinha "limpo tudo", todos os cantinhos. Só que não. A forma como se descreveu, começou logo aqui, a causar discrepância com a realidade. 

Respondi que eram aqueles cantinhos que as pessoas preferem ignorar, como atrás da cama, os rodapés, os abatjour e as lâmpadas, que estavam todos cheios de pó preto. 


 Mas este post é sobre a mancha castanha... a mancha de café. 

A mancha de café, sei-o instintivamente, é coisa da M.

Num quarto desocupado por três meses, onde só a M. viveu por dois ou três dias antes de eu me mudar, quem mais, se não ela, podia ter manchado a parede e a porta com café??

Tudo o que a M. realmente é está ali resumido, naquela mancha de café. O seu descuido com as coisas, o facto de andar sempre com uma caneca de café e ser incapaz de o beber sem deixar vestígios por toda a parte. Seja no chão deixando o pó do café espalhar-se, seja com salpicos por colocar com força a caneca no tampo, deixando também marcas redondas nas bancadas, seja quando vai ao WC despejar o café na sanita e lavar a caneca no lavatório. Deixando o assento salpicado de café. 

A M. não é nem nunca será o que diz ser.  

segunda-feira, 7 de março de 2022

Caça Fantasmas: O legado

 E porque ontem foi Domingo, o filme que vi foi este:


O poster diz tudo: um filme tipicamente americano, que mete crianças armadas em adultos. Contorne isso e concentre-se no legado do filme original. Datado de 1984, "Os Caça-Fantasmas" foi um sucesso mundial, que agradou a família inteira. 

Depois desse filme ainda existiram a sequela Caça-Fantasmas II, de 87, desenhos animados sobre o filme e, anos mais tarde, em 2016, uma versão em que os protagonistas eram... mulheres. Por algum motivo isso gerou controvérsia, embora eu não entenda o problema e tenha gostado do filme. Qualquer destes filmes usa a mesma fórmula de Hollywood, muita fantasia e coisas irreais. Mas gostamos de ver à mesma. De todos o pior, a meu ver, é o segundo. 

Voltando a "Caça Fantasmas- o legado", os mesmos ingredientes do primeiro filme estão todos lá: a história é a mesma, mas reformulada. Voltamos a ter Geiser como o demónio que precisa ser eliminado, ou vai reinar no planeta. A seu lado estão os dois "cães" do inferno. Temos a cena de possessão que Signorey Weiver popularizou, embora deixe a desejar - a meu ver. "Janine", a secretária, também faz a sua aparição para nos dar um ar da sua graça e da sua voz. E, claro, o adorável boneco de marshmellow que, junto com o Slimey, o fantasma comilão, popularizaram o filme para o perpétuo. Só que desta vez parece que o diabinho deu para fazer um crossover para o filme "gremlins"- mas sobre isso deixo que permaneça uma surpresa.

O que mais gostei no filme foi o final. Não sei se vocês são como eu mas, quando ia ao cinema, gostava de ficar a ver o filme até terminarem os créditos finais. Coisa que quase te faziam sentir mal por o desejar fazer, já que a equipa do cinema invadia logo o espaço para limpar a sala, interrompendo toda a experiência e olhando para ti como se estivesses a atrapalhar. Embora não fosse uma lei, também estava implícito que o correto era levantar e sair da sala assim que a palavra FIM aparecia. Ou se não aparecesse, assim que apareciam as letrinhas em scroll de baixo para cima. Levantavas e saías, ou ficavas mal-visto.

A vantagem de ver um filme em casa é que não tenho mais de sentir qualquer acanhamento por gostar de ficar a ver os créditos finais. Ainda por cima, é a "melhor parte" para quem gosta de banda sonora. E claro, a música que ficou para sempre como um hit - "Os Caça Fantastas" foi usada nos créditos finais. 

Quem fica até o fim é recompensado com um bónus. 
Estava a ler os nomes de todos que participaram no filme e eis que chega a parte de "Convidado especial". Surge o nome de todos os protagonistas e subitamente, também o de Sigourney Weaver. O que me frustrou, por saber que ela não tinha aparecido. Claro que, logo de imediato percebi o que se seguiu:

O nome da atriz desaparece do ecran e cortam para uma cena nos dias de hoje entre ela e o seu eterno parceiro e par romântico, Billy Murray. 


Estão a ver? Vale a pena ficar a ver os créditos finais até ao fim. Deu para perceber que a música datada lá de 1984 continua actual. Ainda faz abanar o "capacete" como decerto era o termo usado na altura.


Para minha surpresa ao pesquisar imagens para ilustrar este post, descobri que um dos actores que fez parte do casting original do filme havia falecido. A sua colaboração - sim, porque ele aparece neste filme de forma MUITO convincente - é totalmente criada por CGI (Imagem gerada por computador). 


Fantástico. Hollywood consegue ressuscitar os mortos, trazê-los de volta à vida e pô-los a atuar ahaha. Será que lhes paga ordenado?




 

sexta-feira, 4 de março de 2022

Sexo re-inventado

 Nos, humanos, estamos sempre a querer re-inventar a roda.


Mas a roda ja foi inventada. E funciona tao bem. Desde os tempos das cavernas. O design e perfeito, pratico, tão util!

Nos, humanos, reinventamos. O que não significa que existam melhorias. 

Reflicto nas relações humanas quando falo nisto. Este é o tema deste post. Ao ver um programa televisivo no qual procuram juntar um casal com o inusitado princípio de se conhecerem nus para depois irem a um encontro, fico a pensar na quantidade de NOVAS MANEIRAS que esta geração já "inventou" para alcançar o que os nossos antepassados também alcançaram. 

Hoje, como que a querer reinventar as relações humanas, o amor e o sexo, este último tornou-se algo corriqueiro, esperado se não no primeiro encontro, pelo menos no segundo. Não se vai investir muito mais se a pessoa não mostrar logo as "qualidades" que tem como amante. É levado ao escrutínio o saber sexual: a mulher fala do que gosta de fazer ao pénis do homem, como o faz, todos falam que preferem ausência de pêlos, tudo tem de ser depilado, todos querem corpos tonificados, pessoas atraentes, com certas características físicas. Comentam-se formato e tamanhos de penis, peitos, traseiros, mostram-se pircings labiais, de mamilos, anéis para pénis... 

Está tudo tão banalizado que nada mais nos surpreende. 

Sabem o que é chocante?

É que, no meio de toda esta liberalização, a solidão continua. 

Mas como? Se re-inventamos as relações íntimas humanas? E tudo está mais liberal, mais aceite, tudo é tão natural?

Contudo, ali estão eles: a geração de jovens, sexualmente maturos e bastante experientes, a sentirem-se sem esperança, a duvidar que o amor exista e que seja possível uma duradoura vida a dois. 

Jovens que já tiveram tantos parceiros sexuais na vida que já perderam a conta, com um saber de cama para lá de completo - podia-se até dizer que tiraram doutoramentos em todas as artes sexuais, artes essas que antigamente só os "profissionais do sexo" tinham bom conhecimento. E é isso que priorizam e buscam entender logo que se conhecem. Começam logo a falar das suas preferências sexuais a indagar a outra pessoa sobre a sua disposição para executar certas técnicas de suas preferências. 

Está tudo tão invertido!

Amadureceram rápido nessa área, mas não noutras. São impressionantemente imaturos no resto. É uma discrepância escandalizadora. 

Enquanto verifico nos seus rostos a frustração de mais uma tentativa que não deu certo, enquanto os vejo continuar como se cada rejeição fosse natural e não doesse nada, fico a pensar porquê não se regressa ao simples. 

Eles todos sonham em viver um Grande Amor. 
Mas querem começar pelo sexo. Pelo final. Pela intimidade entre estranhos, na esperança que nesse campo, se tudo for perfeito, o resto decerto também terá de ser. Dão toda a importância ao encaixe sexual. Mas devia até ser a última coisa nas suas listas. O processo devia ser invertido. Como se fazia antigamente. Porque tudo para o qual se tem de lutar, vale a pena ser conquistado. Sexo logo no começo não deve saber tão bem quando mal se consegue aguentar a vontade e é por amor que se vai descobrir a partilha de corpos mas, acima de tudo, a partilha espiritual entre os dois.

Os nossos antepassados nem sempre se uniam por amor mas uniam-se querendo e acreditando no sucesso da relação para toda a vida. Alguns, chegando a uma certa idade, idade de casar, procuravam parceiros e se engraçassem um com o outro, investiam em se conhecer. Tomavam a decisão de criar uma vida juntos. Procuravam ver se se davam bem, na forma de pensar, de reagir. Existia a corte. 

Sinceramente, acho que o que faz falta nesta área para um programa televisivo não é meter "Quem quer casar com um agricultor" ou outras parvoices em que se parte logo para o final, saltando todo o início. Devia-se regredir ao básico. Meter as pessoas a viver juntas após uma corte de uns seis meses. Sem intimidades. E depois ver no que dava. 

Mas isso não serve para a TV. Não serve para esta vida de ritmo cada vez mais rápido. 
Porém talvez fosse boa ideia para que existissem no mundo mais pessoas felizes com os seus parceiros, unidos por mais que sexo. Acho que vai haver muita solidão de pessoas que estão sempre com alguém, intimamente, mas se sentem sós, desconectadas espiritualmente. Isso se deve à forma como a sociedade lhes está a dizer para sociabilizar. Estão a querer re-inventar a roda, algo que já foi inventado e funciona bem. Só têm de ficar pelo simples.