sexta-feira, 4 de março de 2022

Sexo re-inventado

 Nos, humanos, estamos sempre a querer re-inventar a roda.


Mas a roda ja foi inventada. E funciona tao bem. Desde os tempos das cavernas. O design e perfeito, pratico, tão util!

Nos, humanos, reinventamos. O que não significa que existam melhorias. 

Reflicto nas relações humanas quando falo nisto. Este é o tema deste post. Ao ver um programa televisivo no qual procuram juntar um casal com o inusitado princípio de se conhecerem nus para depois irem a um encontro, fico a pensar na quantidade de NOVAS MANEIRAS que esta geração já "inventou" para alcançar o que os nossos antepassados também alcançaram. 

Hoje, como que a querer reinventar as relações humanas, o amor e o sexo, este último tornou-se algo corriqueiro, esperado se não no primeiro encontro, pelo menos no segundo. Não se vai investir muito mais se a pessoa não mostrar logo as "qualidades" que tem como amante. É levado ao escrutínio o saber sexual: a mulher fala do que gosta de fazer ao pénis do homem, como o faz, todos falam que preferem ausência de pêlos, tudo tem de ser depilado, todos querem corpos tonificados, pessoas atraentes, com certas características físicas. Comentam-se formato e tamanhos de penis, peitos, traseiros, mostram-se pircings labiais, de mamilos, anéis para pénis... 

Está tudo tão banalizado que nada mais nos surpreende. 

Sabem o que é chocante?

É que, no meio de toda esta liberalização, a solidão continua. 

Mas como? Se re-inventamos as relações íntimas humanas? E tudo está mais liberal, mais aceite, tudo é tão natural?

Contudo, ali estão eles: a geração de jovens, sexualmente maturos e bastante experientes, a sentirem-se sem esperança, a duvidar que o amor exista e que seja possível uma duradoura vida a dois. 

Jovens que já tiveram tantos parceiros sexuais na vida que já perderam a conta, com um saber de cama para lá de completo - podia-se até dizer que tiraram doutoramentos em todas as artes sexuais, artes essas que antigamente só os "profissionais do sexo" tinham bom conhecimento. E é isso que priorizam e buscam entender logo que se conhecem. Começam logo a falar das suas preferências sexuais a indagar a outra pessoa sobre a sua disposição para executar certas técnicas de suas preferências. 

Está tudo tão invertido!

Amadureceram rápido nessa área, mas não noutras. São impressionantemente imaturos no resto. É uma discrepância escandalizadora. 

Enquanto verifico nos seus rostos a frustração de mais uma tentativa que não deu certo, enquanto os vejo continuar como se cada rejeição fosse natural e não doesse nada, fico a pensar porquê não se regressa ao simples. 

Eles todos sonham em viver um Grande Amor. 
Mas querem começar pelo sexo. Pelo final. Pela intimidade entre estranhos, na esperança que nesse campo, se tudo for perfeito, o resto decerto também terá de ser. Dão toda a importância ao encaixe sexual. Mas devia até ser a última coisa nas suas listas. O processo devia ser invertido. Como se fazia antigamente. Porque tudo para o qual se tem de lutar, vale a pena ser conquistado. Sexo logo no começo não deve saber tão bem quando mal se consegue aguentar a vontade e é por amor que se vai descobrir a partilha de corpos mas, acima de tudo, a partilha espiritual entre os dois.

Os nossos antepassados nem sempre se uniam por amor mas uniam-se querendo e acreditando no sucesso da relação para toda a vida. Alguns, chegando a uma certa idade, idade de casar, procuravam parceiros e se engraçassem um com o outro, investiam em se conhecer. Tomavam a decisão de criar uma vida juntos. Procuravam ver se se davam bem, na forma de pensar, de reagir. Existia a corte. 

Sinceramente, acho que o que faz falta nesta área para um programa televisivo não é meter "Quem quer casar com um agricultor" ou outras parvoices em que se parte logo para o final, saltando todo o início. Devia-se regredir ao básico. Meter as pessoas a viver juntas após uma corte de uns seis meses. Sem intimidades. E depois ver no que dava. 

Mas isso não serve para a TV. Não serve para esta vida de ritmo cada vez mais rápido. 
Porém talvez fosse boa ideia para que existissem no mundo mais pessoas felizes com os seus parceiros, unidos por mais que sexo. Acho que vai haver muita solidão de pessoas que estão sempre com alguém, intimamente, mas se sentem sós, desconectadas espiritualmente. Isso se deve à forma como a sociedade lhes está a dizer para sociabilizar. Estão a querer re-inventar a roda, algo que já foi inventado e funciona bem. Só têm de ficar pelo simples. 


4 comentários:

  1. A net é um pouco "culpada" desses avanços de conversação sexual. Penso eu ... mas que é bom saber certos avanços, penso que é.
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    Feliz fim-de-semana
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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  2. Bom dia
    Um texto do melhor sobre o assunto. Pena não ser levado a sério pelos jovens de hoje que vêm o sexo como primeira prioridade para uma relação a dois, e depois de saberem que estão enganados, voltam a cair na mesma cama.

    JR

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  3. Subscrevo o comentário do nosso amigo Pedro.
    Abraço, saúde e boa semana

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