Há coisas que não sei explicar. São coincidências, sensações ainda por definir numa palavra apenas.
Pelo menos que eu lembre ou conheça. Alguém mais erudito ou elucidado saberá, decerto, indicar-me que palavra isolada refere-se ao que a seguir vou descrever. Afinal, existem palavras para definir tudo nesta língua portuguesa.
1) Quando estava a morar na outra casa, passei a frequentar um parque um pouco afastado e, mesmo antes de lá chegar, passava por uma longa rua que eu achei que tinha lindas casas, com traços antigos. Punha-me a olhar para elas, imaginando o que se terá vivido ali noutros tempos e o que era das casas agora. E como seria bom poder comprar uma casa ali, recuperá-la e viver numa delas.
Por coincidência, vim morar numa casa nessa mesma rua.
Coincidência?
Ou ter gostado, ter sentido uma ligação, um apreço pelo local conduziu a este desfecho?
2) Há coisa de seis meses, quando comecei a ir e regressar a pé do emprego ocasional, sempre pelo trajecto do autocarro, notei uma rua com o nome Newton. Não tinha de caminhar por ela, simplesmente reparava na placa com a indicação e punha-me a imaginar o que estaria por ali. Achei curioso existir uma rua «Newton» no meio de outros nomes que nunca me chamaram a atenção. Associo o nome "Newton" ao físico Isac Newton, cujas leis estudei na escola, um tanto sem grande aptidão para a disciplina. FÍSICA... (Ai,!!) As principais três leis de Newton são: O princípio da Inércia, a Força e a Acção Reacção. (Tive de ir espreitar, já não estava lembrada, eh,eh).
Por esta altura, estava muito desanimada e triste. Já não podia mais ocultar o sol com a peneira e continuar sem admitir que os colegas na casa não conversavam comigo. Além de me sugarem boas energias, desanimava-me. A nível laboral candidatava-me a tanta coisa e não havia meio de algo decolar. Senti que tudo não dava certo. Por isso roguei muito ao Universo, em estado atónito e de incompreensão, para que me fizesse o favor de colocar gente boa na minha frente! Porque merecia.
E foi então que em Julho surgiu um emprego. Ia durar apenas dois meses mas, aproveitei. Fui abordada via telefone por uma agência de recrutamento que nunca contactei a pedir trabalho. Isso surpreendeu-me. Quis saber como chegaram até mim. Mas, num mundo global onde a partilha de dados pessoais tornou-se uma banalidade, acabei por deixar passar e abracei a oferta de emprego com satisfação, gratidão e ânimo!
Enviaram-me por texto a morada da empresa, «segue por esta rua, até ao fundo... vira à esquerda...»
Algo confuso, feito "acima do joelho"... No primeiro dia, quase me enervei, não dava com ela. Lá arrisquei procurar na esquina, ao final da rua indicada... e encontrei-a.
A empresa funcionava na rua... Já adivinharam? A rua era a Newton!
A empresa funcionava na rua... Já adivinharam? A rua era a Newton!
Acho tremendamente curioso que tenha sentido atracção e curiosidade por uma rua e terminar por arranjar emprego nela. Também tenho de acrescentar o parque! Passava por ele "de raspão", a caminho do tal emprego. Despertava-me muita curiosidade. Mas nunca me atrevi a aventurar-me por ele, pois não sabia ao certo onde ia dar e temi aumentar demasiado o tempo de percurso pedonal, acrescentando cansaço desnecessário aos pés e pernas. Quando descobri que o parque onde passei a ir todas as tardes à hora de almoço pela entrada a Norte era o mesmo pelo qual passava a sul, fiquei maravilhada!
Dois locais a suscitarem a minha atracção, onde acabei por ir parar por um curto período de verão.
Dois locais a suscitarem a minha atracção, onde acabei por ir parar por um curto período de verão.
É como se existisse uma energia extra-celestial, de uma outra dimensão, que de vez em quando estende-nos um tapete, esperando que consigamos ler as mensagens do caminho.
Nesta rua de Newton...
Foi onde tudo aconteceu e deixou de existir.
A terceira lei de Newton fala de "acção-reacção": "Quando dois corpos interagem, as forças exercidas são mútuas. Se o corpo A faz uma força no corpo B, o corpo B irá fazer a mesma força, só que no sentido oposto, em A".
E sim, existiu um princípio de atracção mútua. Mas a força final foi poderosa e em sentidos opostos.
Resta-me rezar bastante para que a minha cabecinha fique mais lúcida, consiga ler entre as linhas destas súbitas mensagens e comportar-se à altura. Sinto muita curiosidade para saber qual o nome que se segue. Se terei mais alguma intuição/atracção, alguma energia especial por aí...
Qual a palavra para isto?
Olá. São coincidências da vida, umas boas, outras más. Mas também há quem lhe chame destino. (Não vou muito pela física, nestas coisas!). O que importa é que venham muitas e preencham esse coraçãozinho solitário de felicidade. Beij.
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