terça-feira, 22 de outubro de 2019

A mensagem do senhorio


O senhorio decidiu qual dos dois candidatos ao quarto quer na casa. Optou por aquele que não conheci: o Italiano.
Na mensagem que deixou no grupo a comunicar a sua decisão, agradece o facto de recomendarem pessoas, pois isso "facilita-lhe a vida".


Entendo o seu lado. É prático não ter de andar a colocar anúncios, a fazer telefonemas, a marcar encontros, a dar explicações e a avaliar cada candidato. Mas espero que não lhe escape o facto de isso significar que os daqui tentam manipular as situações. Ele não é burro, é esperto, pelo que já deve ter captado no ar. 


A maioria das pessoas "recomendadas" nem estão à procura de casa. São induzidas a isso. Foi assim com a gaja que está no quarto de baixo, a tal que ficou mais de um mês com o espaço "reservado" para si, foi assim com o mais recente inquilino também. 

Por mim tanto se faz como se fez. Pena é eu nunca saber que alguém vai sair e que um quarto vai ficar disponível. Os agradecimentos do senhorio não podem ser estendidos a mim - eu nunca lhe recomendei ninguém. Nem poderia, pois desconhecia que a possibilidade estava em cima da mesa. 

É tudo planeado às escondidas... típico deste bando de mafiosos italianos. 
Às tantas, para se certificarem que não eram escutados, fizeram as reuniões no WC - que foi de onde os vi sair umas tantas vezes, com o laptop na mão e tudo, tal foi a "pressa" com que se enfiaram lá dentro para não serem escutados. 

Enquanto escrevia este relato, o som de uma mensagem surgiu no telemóvel. A mais-velha não esperou e tratou de salvaguardar-se. Deu uma alfinetada na minha pessoa, ao mesmo tempo que se armou dona da razão. Respondeu na mensagem (até agora ignorada e deixada por responder por todos eles faz duas horas e 20 minutos) "E é melhor para nós também, assim sabemos o que recebemos!".

Com esta mensagem, "escudou-se" do facto do senhorio ter-se "chibado". É que ela sempre pensa que eu não percebo estas coisas. Tal como pensa que não entendo uma palavra em italiano. Como não escutei nada, não sabia que o quarto ir vagar agora - tudo isto foi mantido em sigilo absoluto - como é o modus operandi do bando - pensam que desconheço o estilo e não o consigo cheirar a léguas.

Como se eu já não soubesse disso desde o tempo que os dinossauros povoavam a terra! Desde o primeiro mês cá, em que os escutei dizer "que bom seria se fossemos todos italianos nesta casa!". Frase repetida várias vezes desde então e sentida também, em gestos e atitudes.

São eles que recomendam as pessoas, ou melhor: recrutam! O senhorio confirmou-o! Achando, talvez, que eu soubesse... e ela, não vá ele falar comigo como se eu estivesse a par ou eu responder à sua mensagem afirmando que nem sabia que o quarto ia vagar - tratou de se salvaguardar escrevendo uma mensagem que implica boa vontade e a salvaguarda da autêntica pessoa que é. Uma cobra manipuladora e altamente intriguista. 

Por coincidência ou não - desta vez nem vai ser preciso mudar o nome da pessoa no calendário das limpezas. É que aquele que vai entrar tem o mesmo nome daquele que vai sair. Nem pelo nome vou ver-me livre dele! Mas olhem... como acho que a merda é toda a mesma, nem faz diferença se vem embrulhado com outro papel de embrulho ou se a caixa é igual. Não tenho de pronunciar outro nome. E duvido que haja grande diferença entre o primeiro e o segundo M. São todos iguais. 



1 comentário:

  1. Que mau ambiente, credo! Não seria o caso de, além de procurar trabalho, procurar também outro quarto?

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