segunda-feira, 28 de outubro de 2019

O dia seguinte ao episódio do microondas


Fui almoçar. Tirei um bife de porco do congelador, batatas e arroz do frigorífico, preparei tudo num prato e coloquei no microondas. Ontem de noite, a mensagem da malvada mais-velha disse que o microondas estava imundo, tinha um cheiro horrível, nojento e que o limpou, pedindo a "todos" que tapassem a comida antes de usar o aparelho. O que ela realmente estava a fazer era escrever outra mensagem para dar a entender ao senhorio que a falta de higiene ou limpeza na casa dá-se por episódios todos relacionados comigo. Porque ela insinua que a porca que não limpa sou eu. Mesmo tendo sempre me visto a executar toda a limpeza com imenso cuidado. Viu-me a remover o prato do microondas e a lavar a porta e o interior, tudo, várias vezes. Ainda assim não resiste em deixar implícito que a "falta de limpeza" é unilateral e deve-se à minha pessoa. 

Bom, mas enquanto estava a preparar isto, o rapaz que-vai-sair estava lá e também começou a preparar a sua comida. Notei que ele estava a vigiar como preparava a minha refeição. A recolher informações para fazer o relatório. Voltei à mesma a usar dois pratos, um em cima do outro a fazer de tampa, e o conteúdo não saiu daquela prisão de louça. Precisei fazer isto em três operações - e notei que não sujei nada! O máximo que acontece são as gotas de vapor que ficam no prato superior, tombarem. Mas é apenas água e isso limpo com um pano e já está.


Ainda assim, optei por uma nova estratégia: vou deixar o prato do microondas limpo e lavado a secar no seca-louças. Quem vier a seguir terá de o colocar e não pode negar como o encontrou. Se o deixar sujo, o que acontece, não pode dizer que o encontrou assim. (Mas pode dizer que fui eu que o deixei assim, argh!). Ontem de noite a mais-velha deixou intencionalmente a porta do microondas totalmente ABERTA, para todos poderem ver que estava limpo. Que maldade!

Devia ter deixado a porta do forno também aberta, durante vários meses, para todos verem como estava IMUNDA. O vidro não mostrava qualquer transparência. Estava castanho de tanta gordura. Mas fazem mensagens disto? Não!!!!


Meses depois, foi o senhorio que teve de o limpar - vá, que ele se presta a isto ele mesmo. Não sei porquê, mas quer ser ele a fazê-lo esporadicamente. Os cá de casa só limpariam se antes pudessem dizer que a responsabilidade daquela sujidade era minha. 

Outra coisa que reparei e não gostei neste tempo em que preparava a minha refeição, foi que o que vai-sair fez pasta, como de costume. Usando o mesmo bico do fogão, como de costume. Mas ao contrário daquilo a que me sujeitou por meses e meses, não deixou tudo salpicado nem uma grande mancha branca de água suja a secar no fogão!

É algo que me revolta e entristece. Ver pessoas a portarem-se como porcas, a deixarem outras levarem a culpa, e quando lhes convém, quando podem ser descobertas, é que mudam os hábitos. Acho que ele só está a ser cuidadoso devido à presença do mais-recente na casa. Diante do homem não quer mostrar que, como homem e também italiano, é dos que deixa sujo, vai embora e espera encontrar limpo, porque sabe que a mais-velha faz-lhe isso sem pestanejar.

Só lhes incomoda a portuguesinha. 
É um osso atravessado na garganta.
Mas se sirvo para isso, que seja. Não pretendo sair de onde estou só porque não sabem ser pessoas decentes, mostram xenofobia e só querem cá italianos. Lamento, é uma casa partilhada, não é a casa da mais-velha nem a casa do-que-vai-sair. Era suposto ser igual e usufruída por igual por todos. Não uns a imporem as suas vontades e a unirem-se para martirizar a vida de outra pessoa. 



1 comentário:

  1. Olá. Toda a gente fala aos quatro ventos, que os portugueses, como emigrantes, são tão respeitados nos países estrangeiros, até admirados... Afinal, nem sempre é assim. Beijo e boa semana

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