sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Mano

 

"Desculpe, se faz favor" - disse eu para pedir uma informação ao empregado do supermercado.  Este estava a conduzir-me para o corredor pretendido quando outro cliente pede a sua atenção:

- "Mano" - diz o estranho.

Pela interação percebo que não se conhecem. Então porquê o trato de "mano?"?

Fiquei a pensar se o rapaz gostou de ser tratado assim. E ainda mais pensei nas implicações adjacentes. Porquê dois rapazes jovens, na casa dos 20 anos, só por terem os dois pele negra se tratam dessa forma diferencial?

No meu entender diferenciar alguém pela cor da pele é demonstrar um pouco de racismo e nesta circunstância não é diferente. Pelo contrário.

Se a pessoa está no seu local de trabalho, não a conheces, começas logo a tratá-la com familiaridade, é um tanto desrespeitoso. 

Neste caso é perpetuar uma diferença que se diz querer irradiada mas depois é mantida entre os próprios como diferencial social. 

Da próxima vez faço a experiência e trato um rapaz por "Mano" para ver a reação.

Bom ano de 2025!




quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

É Natal!!! E eu a lembrar-me de coisas do passado...

 E não é isso que se faz sempre?

Lembramo-nos dos que já partiram. Isso é sempre. Apreciamos mais aqueles que cá estão. E aproveita-se o curto espaço de tempo em que todos se juntam para comer, abrir presentes e contar umas histórias. 

Mas não tem sido isso que me tem vindo à cabeça. A história que me passa hoje no cérebro é uma de que me lembro amiúde. Gostava de a partilhar e saber a vossa opinião. Para já quero dizer que não me diz respeito. Vou contar uma história que não é minha e da qual posso apenas saber fragmentos incompletos. Mas aqui vai:

Quando era adolescente conheci uma outra adolescente através de um grupo de colegas de férias. Cada vez que havia férias, iamos para um sítio e o grupo de adolescentes desse lugar - algures no centro do Alentejo me apresentou a uma nova rapariga. A história dela foi-me logo relatada pelos adultos. Mas pediram-me para nada dizer, nem sequer dar a entender ou mencionar fosse o que fosse. É que ela tinha sido adoptada. O casal que a adoptou tinha muito dinheiro mas não podia ter filhos - a mulher era infértil. Na "terra", que era como chamavam o lugar, existiam famílias muito pobre e sem recursos. Que sobreviviam como podiam, geralmente da lavora, daquilo que a terra lhes dava, da criação de animais. Uma dessas mulheres muito pobre, com uma porrada de filhos homens para criar, engravidou novamente. Sem recursos para alimentar mais uma boca e aliciada e convencida pela senhora rica de que esta podia providenciar uma boa vida à criança, ela e o marido concordaram em dá-la para adopção. 

Não me perguntem mais nada - principalmente em termos logísticos, porque desconheço. Naquele tempo porém, não era incomum as adopções em "cima da mesa". A mulher grávida pensava que ia ter mais um menino e concordou em dar a criança para outra mulher cuidar. Ela, que sempre quis uma menina mas só tinha gerado rapazes. 

Quando a criança nasceu, foi então dada pela mãe à senhora rica e com posses, porém infértil e incapaz de gerar um filho biológico. Aquele filho dela - o terceiro ou quarto ou quem sabe até mais adiante na linhagem - não ia andar com roupas velhas, esburacadas, sujo de terra, descalço sem sapatos, com fome e sem poder estudar. Por aquele filho aquela mãe ia fazer o derradeiro sacrifício - pelo menos é assim que EU interpreto o gesto. E sempre interpretei - desde aquela altura. O sacrifício de dar um filho amado a outra mulher por puro amor, para que este possa receber uma qualidade de vida que a própria sabe que não pode dar. 

E nasceu o filho: uma menina. 

Custou BASTANTE àquela mãe cumprir o prometido. Mas fê-lo. O tal do amor de mãe, que é maior que o egoísmo, o desejo ou a vontade própria - viu que o "melhor a fazer" era dar a criança ao casal rico. Imaginaram a filha com boas roupas, bem tratada, com médico disponível cada vez que ficasse doente, a ir à escola estudar e a aprender a ler e escrever... e principalmente, a não ter de ser criada na miséria ou a alguma vez ter de vir a passar fome.

A dor de um estômago vazio, a pobreza de viver num casebre sem luz elétrica, água canalizada ou retrete no interior... um dos seus filhos tinha oportunidade de ser poupado disso. Porque aquele casal rico queria muito um bebé para si mesmos... e estavam dispostos a tomar o dela. 

Diria eu que o casal rico estava desesperado. Diriam o que fosse e fariam de tudo para conseguir meter as mãos num bebé recém-nascido e obter de uma mulher fértil o que deus não quis atribuir ao útero da infértil. Com a sua inteligência, maior cultura e melhor nível de vida lá conseguiram persuadir uma mulher pobre, ignorante, iletrada, de muitos poucos recursos mas consciente da vida difícil que levava, que o sensato e melhor a fazer seria dar o filho. 

Ela e o marido concordaram.

Pelo menos eu vejo assim. Ao longo dos anos dei por mim, muitas vezes, a me perguntar o que foi feito dessa mulher. Que já conheci sempre vestida de preto, embora viúva ainda não fosse. Ou será que era? De poucas palavras, cabeça cabisbaixa, ainda muito pobre, parecia tímida, até com medo de falar. Batia à porta das casas a vender a preço bem barato ovos fresquinhos acabados de sair das suas galinhas. Oferecia, portanto, serviço personalizado porta-a-porta, produto de primeira qualidade de ovos frescos de galinhas de campo, a preço de metade do que o do supermercado. (O que antigamente originava do desespero e hoje paga-se a preço de ouro). Vinha intencionalmente à casa da família rica para, nem que fosse de relance, avistar disfarçadamente a filha biológica. Filha essa que tinha dado para o casal, 16 anos antes. 

A filha sabia que aquela senhora era sua mãe biológica. 

E agora vem a parte que sempre me chocou: ela destratava a mulher. Gritava para que saísse porque cheirava mal e chamava-a de porca-suja. 

E não tinha problemas alguns em virar-se para mim para me dizer que odiava aquela mendiga porca, que detestava a mulher, que nem a podia ver, porque era pobre e suja e cheirava mal. Gritava-lhe para que fosse tomar banho! E que voltasse para a pocilga. 

Eu ficava com dó daquela mãe que, a meu ver, teve um gesto de amor. E se a filha estava ali à minha frente com roupas bonitas, armário a abarrotar de roupa de marca, bem vestida, bem cuidada, maquilhada, cheirosa, cheia e bens materiais, numa boa casa, cercada de luxo... devia-o a ela. Não tanto ao casal adoptivo mas ao gesto de abnegação da mãe biológica. Por quem a filha nutria uma repulsa visceral que sempre achei feio e exagerado. 

Claro, não sei os detalhes da história. Conto-a como me foi contada e como sei pelo que vi. Sempre me chocou o trato horrível que ela dava aquela senhora só por ser pobre e ter roupas velhas. Era uma senhora educada, simples, honesta. Vivia da venda do que os animais de criação lhe davam. Que eu saiba não melhorou de vida - isso era obvio - como talvez tivesse sido prometido caso entregasse a criança. Continuava pobre. Continuava a ter de dar e comer a várias bocas - agora ela também a trabalhar para o seu sustento. Aquela miúda mimada, fedelha, ruím, tinha irmãos. Ela que dizia-se "filha única" tinha manos... e não parecia interessar-se por nenhum. Uma vez disse-me que detestava aquela "porca que cheira mal e toda a sua família". Diminuia-os como seres humanos. 

Estava longe de imaginar, muito claramente que eu poderia saber a sua história de adopção e que ela estava a falar da sua mãe biológica. Mas eu sabia. E não gostava do que ouvia. Não ia gostar mesmo que não soubesse. Fazia-me impressão ver alguém ser destratado assim. Antes de saber e depois de saber. 

Mas eu também era uma adolescente como ela. Contudo, no meu entender, um casal rico com muitas posses com um desejo visceral de ter filhos não conseguiu e ao ver um casal pobre a ser abençoado com essa dádiva múltiplas vezes, decidiu que essa dádiva podia ser partilhada. "Porquê Deus dá tantos filhos a esta mulher que já tem tantos, e nenhum a nós? E se nós pedissemos a ela para nos dar a criança? Temos melhores condições, tanto amor para dar... aquela família é tão miserável, a bebé vai passar por dificuldades e nunca vai poder chegar longe como vai chegar se for nossa...

Eu simpatizava muito com aquela mulher mãe biológica. Todos diziam que era uma mulher de muito bom coração, incapaz de fazer mal a quem for. Uma paz de alma mas que estava permanentemente triste e nunca mais foi a mesma porque o seu maior desejo era ter uma menina e foi logo tê-la quando havia concordado em dar o bebé para adopção. 

Disseram-me que passou a andar sempre de preto a partir daí. Se é verdade ou não, não sei. Talvez não seja, porque o tradicional é adoptar o luto quando se morre o marido e assim permanecer para o resto dos seus dias. Mas sei - ou sentia no olhar dela - uma profunda tristeza e diria que uma eterna dor e arrependimento. Mas pobre e ignorante não sabe muito - sabe apenas cumprir a palavra - porque é o que de maior valor têm e o que entendem como honra. 

Uma mãe faz este grande gesto e depois, não importa as patadas que recebe, a distância que tem de adoptar, a palavra "minha filha" que nunca pode verbalizar e ainda assim, fica por perto... É porque ama. Qualquer outra pessoa teria se afastado ao sentir na alma a dor de ouvir a filha destratá-la vezes e vezes sem conta. 

Eu também andaria perpetuamente com uma tristeza a apertar-me o coração. Uma espécie de morte. E por fora o expressaria com roupas pretas - como era costume na época. 

QUIS falar desta história porque hoje - dia de Natal, quem encontrei eu no facecoiso? O perfil da criança adoptada. Que é hoje uma mulher na casa dos 50, mãe de um homem (claro, o gene masculino do seu autêntico ADN a prevalecer). E pergunto-me, até hoje, se alguma vez ela quis estreitar os laços com os seus ou se passou ao filho a informação da sua origem.

Mas o que me voltou a chocar foi a pessoa que ela aparenta ser nesta rede social. Sempre sorridente, a maioria dos seus posts são para elogiar rasgadamente a mãe adoptiva - dizendo que é a pessoa mais importante da sua vida, a mais amada, aquela que lhe é tudo e a quem tudo deve. Faz-lhe muitas juras de amor. Escreve também, mas principalmente agora na altura de Natal muitas mensagens de amor ao próximo, de compreensão, afetividade, para se dar amor para se colher amor de volta.

E pergunto-me ONDE ESTAVA esta pessoa quando esta estava para complementar 18 anos? Onde estava esta filosofia de vida e forma de encarar as coisas enquanto gritava para a mãe biológica "sai daqui sua suja, cheiras mal!".

Claro que sei que se trata de uma mulher adulta e não faço ideia como se desenvolveu a sua moral e conduta social. Mas, se as pessoas, por dentro, no fundo, se mantiverem iguais, será que, por detrás de toda esta carapaça exterior de mulher 100% com os valores no lugar certo, ainda está a adolescente repudiante que maltratava verbalmente a mãe biológica?

Enquanto lia, com um pouco de enjoo pelo excesso de doçura naquelas palavras a elogiar a mãe, perguntei-me o que seria feito da outra mãe. Queria ter escrito nesse post: "E a tua mãe biológica? Ainda é viva? E os teus irmãos? O que é feito deles?". 

Eu não entendo. Porque no meu entender, se fosse comigo, eu ia gostar de saber que tenho uma mãe que adoro e outra mãe que me deu para ter uma vida melhor. Ia querer me aproximar da família biológica e ia querer vê-los bem de vida.

Me perguntava o que ganhou aquela mãe em dar a filha? Continuava pobre. Continuava a ter honra e a ganhar a vida honestamente, com a venda de ovos e legumes. Não gostava de aceitar esmolas - embora aceitasse um extra (bem justo, porque vendia quase dado - ás vezes até dava, não queria cobrar. Principalmente na casa onde morava a filha). Tenho quase a certeza que o casal rico prometeu ajudá-la. Em que sentido não sei. Isso só um deles poderá responder. Mas aquela mãe fez o derradeiro sacrifício por um filho, foi incompreendida e sofreu o Diabo na terra pela decisão que tomou. E da qual, segundo me disseram, se arrependeu. 

A sua filha era para ter nascido pé descalço e sujo da terra. Virou uma menina mimada com tudo disponível e a quem tudo era permitido. Espero que tenha crescido e se transformado numa pessoa diferente daquela que me recordo. Porque dessa pessoa... eu nunca gostei. 

E venham os facebooks revelar que agora é tudo "sejam amigos uns dos outros, o melhor do mundo é a família, amo minha mãe, a melhor do mundo"... E então e a tua outra mãe? Isso aplica-se a ela também? 

Repito: se fosse comigo, ter mais pessoas na família e muitos irmãos? Ia ser uma felicidade! 


sábado, 21 de dezembro de 2024

Being hormonal

Sabem aqueles momentos em que se leva com uma realidade e isso nos impacta?

Para mim estas semanas tem sido assim.

Como sabem, estamos em época festiva de natal. Altura de englobar o espírito natalício de partilha, amor, convívio, felicidade. Mesmo entre pessoas com que não nos damos bem.

Este ano no emprego a gerência decidiu realizar pequenas festas com comes e bebes. Quando me apercebi disso foi-me dito que eu não estava incluída porque não fazia parte daquele turno. O turno da tarde no qual é meu dever me apresentar para trabalhar duas vezes por semana, caso contrário vou levar com repercussões que podem levar ao despedimento.

Depois foi a vez do turno da noite falar de se juntar para uma comilança natalícia. Todas elas a decorrer nas imediações da empresa e fazendo uma pausa no expediente. Fui chamada para trabalhar enquanto eles foram celebrar. O pior foi o tratamento que me deram: não sabia de nada e pensei ter escutado a pessoa que fui render dizer pizza. 🍕 

Então perguntei: "vais comer pizza?" - intrigada por estar a espera das habituais indicações de troca de funções.

Ele ignorou-me e o gerente ordenou-me para trabalhar. Sem ter oportunidade para abrir novamente a boca para dizer algo o gerente solta um grunhido e gesticula com a cabeça para começar de imediato. Tudo isto numa questão de segundos. Nem nas noites não natalícias alguma vez me passaram este comportamento de me tratarem como um animal que tem de começar o esforço à ordem de chicote do dono.

Não gostei. Entresteci. 

Tudo isso para não perceber o convívio que ia acontecer. Talvez receassem que me quisesse imiscuir. Nem falar abertamente disso falaram. 

Estamos no Natal. É tudo sobre partilha e inclusão.

E estavam a fazer-me sentir o oposto. 

Fiquei ali a trabalhar por aqueles que foram celebrar. Saltando de máquina em máquina e trabalhando árduo para compensar com a minha rapidez os atrasos do convívio deles.

Depois chegou o dia de ontem: sexta-feira 20 de Dezembro. Assim que entrei na empresa à tarde para o meu turno obrigatório deparei-me com uma festa de comes e bebes a decorrer numa sala que tem mantida trancada a chave nesta época festiva.

Mais um evento para o qual não fui convidada. Mais uma celebração de "Natal" para "todos os funcionários". Mas eu não sou também funcionária?

Que raio... Podia jurar que era! Pelo menos fazem-me sentir assim quando me pedem para ir trabalhar fora de horas, em especial favor, porque não têm mais ninguém disponível capaz de executar a tarefa. O que fiz amiúde nestas 6 semanas que antecederam o Natal. Ou quando me pedem para ficar além das horas legais de trabalho, sem me pagarem, porque precisam.

Assim passei todo este ano.

Chega o natal, que é para todos... E até aqueles que não são funcionários, que são trabalhadores temporários de curto ou longo prazo tiveram o seu momento de celebração e inclusão.

Esta noite, enquanto eu trabalhava, fiquei a ver os casuais - trabalhadores sem experiência ou vínculo contratados apenas por 4 a 6 semanas pelo período de Natal incluidos numa festa noturna de comilança. Vi-os de boca cheia a mastigar como se não houvesse amanhã. Estavam todos a olhar para mim, para piorar o sentido que a coisa já estava a tomar.

Voltei para a minha posição de trabalho e observei as bocas famintas a mastigar como se não houvesse amanhã.

Eu que, com tanto trabalho só tive tempo de meter uma lata de sopa fria para dentro do estômago e comer umas bolachas que já estavam esmigalhadas em pó de andarem dentro do bolso.

Tudo isto transformou o meu natal deprimente e triste.

Agora é sábado. Estou no trabalho. (Onde mais?). Fui chamada ao gabinete da gerência. Cheguei lá e vi através do vidro da porta que o gerente estava ocupado com outra pessoa.

Então esperei. Esperei, desesperei... 

Como sei que ele pode demorar decidi voltar ao posto de trabalho para recolher, antes que desaparecesse, uma garrafa de tira manchas que tive de ir buscar para remover a tinta da caneta que arrebentou no meu bolso. Tinha as mãos azuis... E descobri mais tarde que a perna também.

Trabalhei mais um pouco e voltei para o gabinete do gerente. Encontrei-o vazio. Andei á procura dele por todas as secções. Não o encontrei. Perguntei ao gerente da área se sabia onde ele estava. Este respondeu-me que achava que eu tinha ganho algo num sorteio. Por isso o gerente queria me falar.

Pensei logo: "pois... Um chocolate qualquer para disfarçar todo o mal feito que andou por aqui"....

Não encontrei a gerência, regressei ao trabalho depois de tirar a tinta azul 🫐 do corpo. 

Nisto surge o gerente chama-me e dá-me uma caixa de bombons. Agradeço como é de praxe mas sinto que não ia ser agradável tocar num deles. Ele faz uma marca numa folha de papel com uma lista de vários nomes.

Mas para isso não precisava chamar_me ao escritório.

Agora fiquei a saber que 3 pessoas ganharam vouchers por excelência no trabalho. Desconfiei então porque me chamou ao escritório. 

Como não me viu, mudou de ideias e deu o voucher ao próximo.

A história da minha vida...

Preferi ir trabalhar mais um pouco do que apanhar uma seca a espera. A recompensa levá-la outro.

Quando fui para entrevalo precisei do passe para abrir a porta. Mas não o encontrei nos bolsos devido a tinta ter arrebentado e eu ter movido as coisas de lugar. Carregada com mala, casaco, garrafa de água, copo de noodles... Senti uma dor de costas e... Foi a gota de água em termos de adversidade. Neste sítio onde tudo é deixado aberto ter a porta que dá acesso á área de descanso só a abrir com passe elétrico sempre consegue isso de mim...

Desisti. Entrei na sala de reuniões mais perto - que estranhamente não está trancada nem precisa de passe, despejei as coisas no chão, deitei-me e chorei.

Deve de existir algo hormonal também mesclado com esta minha reação. Momentos antes voltei a sentir aquela impressão na barriga que as mulheres conhecem tão bem

Este mês apanhou-me de surpresa. Já me tinha habituado a não ter menstruação e a usufruir da calmaria emocional que, mesmo não se percebendo, é a mudança mais bem vinda da "mudança".

Não tive NADA do que dizem existir: mau humor súbito, crises de choro ou depressão, calores ou suores... Isso sentia muitas vezes durante a menstruação. Mas depois do COVID e das consequências no meu ciclo fértil, tudo ficou mais tranquilo.

A menos que esteja equivocada e afinal ainda está por começar...




cobrir a área que eles chamaram para os comes e bebes


quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Silhuetas familiares

 Alto, magro, com cara de miudo e cabelo curto a pente rente. Estava a virar-se. Será? Por instantes podia ser ele. O rosto virou-se de frente para mim e nao era.

Tanto quanto sei ate pode ter falecido durante o Covid. Preocupei-me com isso.

acho que gostar deve ser isso mesmo.

É verdade que o tempo cura. E que trabalho teve!!!

cura mas uma pessoa ainda imagina o que será o encontrar novamente.


beijos e votos de feliz natal.


 

terça-feira, 12 de novembro de 2024

 Roupa lavada à mão a secar ao sol no lado de fora da janela e a balançar com o vento. Saudade!



Decerto há quem se surpreenda com esta minha felicidade em executar estas banais tarefas domésticas que, provavelmente são rotina de muitos.

Mas a vida mudou tanto que hoje já é proibido em muitos prédios estender roupa a janela. Eu, pessoalmente não o faço desde que era criança. 

Então é como voltar a um tempo em que tudo parecia bem mais simples.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

O leite nostálgico

 Comprei este pacote de leite pelo prazer de poder voltar a abri-lo cortando-lhe o bico com a tesoura ✂️/🔪.

Nostalgia de outros tempos, hábitos que nem percebemos que nos foram retirados e substituídos por outros.

domingo, 3 de novembro de 2024

Uma mancha no sofá

 Enquanto aguardo no sofá do emprego os poucos minutos que tenho livres até começar a trabalhar, reparo numa mancha à minha frente e vejo uma figura num momento muito intenso.



Vejo uma mulher grávida a dar à luz. Alguém perceberia o mesmo? 

sábado, 26 de outubro de 2024

Deixei de usar autocarros

 Faz algum tempo que ja nao apanho um autocarro. Decidi fazer qualquer percurso local a  pé. Garantidamente Isso significa uma.hora de caminhada para ir e outra para voltar do emprego. 

Ontem de noite porem, visto que em 5 minuitos ia passar o mais rapido, optei por ficar à espera e entrar num. 35 minutos depoos de ter saído do emprego, estava no centro da cidade. Entrei no dito para poupar as minhas pernas cansadas e só porque era o rapido, com poucas paragens. Dei por mim a ter de posicionar essas mesmas pernas de forma a que os movimentos do autocarro nao me projectasse o corpo para fora do assento. Tive mesmo de mudar de lugar. E resistir ao desconforto de estar a ser chocalhada dentro de um brinquedo de latao. Pelo menos foi essa a sensacao que tive.

Conclusao: cheguei a casa mais cedo sim, mas por uns meros 15 ou 20 minutos. Por vezes mal posso esperar por sair da viatura, sinto-me.meio zonza. Se arrotar depois é sempre um alívio. 

Embora caminhar canse e leve tempo, penso qur, quando todos os veiculos automoveis passarem a ser eletricos e deixarem de poluir tanto o ar que respiro e os meus oividos com barulho, talvez a experiencia de caminhar passe a agradar a muitos mais. (Eu é que nao vou gostar de multidoes eheh).


terça-feira, 15 de outubro de 2024

Já é Natal por aí?

 Por aqui no Reino Unido o natal chegou às lojas no finalzinho de Agosto. Cheio de gostusuras, brilho, calor de promessa de reuniao familiar.

Este post era para ter saído então. 

Vejam as ofertas de apenas 1 loja... (e nao apanhei tudo)


























domingo, 13 de outubro de 2024

Coisas do quotidiano que me deixam de mau humor

 

Sair na rua a horas em que ainda não há quase ninguém e surgir uma pessoa a caminhar sempre perto de mim

Ser ultrapassada por um fumador e levar de imediato com aquele tóxico injectado diretamente para dentro dos pulmões.

Ruído automóvel

Ter as estradas vazias de transito até o instante de as atravessar

Escutar uma buzina automovel logo ao acordar

Veículos estacionados com o motor  trabalhar.

Respirar poluição

Encontrar o meu atalho que sempre fora silencioso e sem transito carregado de veículos pesados, automóveis e taxis pessoais ali estacionados e perceber que não tem propósito, estando parados com os ruidosos motores a funcionar e a libertar poluentes.  

Encontrar veículos estacionados sempre num mesmo lugar, sem terem sido mexidos. Tem dois que me bloqueiam a visibilidade à saida do emprego que ali foram deixados desde a primavera. 

pessoas a caminhar no sentido oposto que não vêm na tua direcao até o momento em que chegam perto de ti.

Ciclistas no passeio que agem como automobilistas 

Ciclistas que nao se desviam e te forçam a caminhar na lama

Ciclistas que nao tocam a campainha (ou n tem uma) para sinalizar a sua aproximacao do peao que segue no passeio 

Estar parada a espera de atravessar a estrada e nenhum.automobilista te dar passagem

Ubers eats e outros servicos de entrega de refeicoes ao domicílio que usam bicicletas ou motorizadas para as entregas e se acumulam nas passagens de peoes, procedendo depois a dirigir pelas mesmas sem se preocuparem muito com a presença de pessoas. Elas que se desviem a tempo.

Supermercados cheios de gente, principalmente quando a maioria sao crianças a correr em.todas aa direcoes e bebés empurrados nos carrinhos achando quem os empurra que nao faz mal bloquear as passagens

E fico por aqui nesta manhã de domingo, 13 de outubro, 7.30h, 4 graus de temperatura,a caminhar 1h rumo a uma dura e exigente jornada de trabalho.



segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Impostos - não dá para saber se somos roubados

 

No reino Unido cada vez que se recebe o ordenado fazem-se os respectivos descontos de "IRS". 20% sobre o recebido é desviado para o Estado. Para se ter uma ideia, o site das finanças avisa-me que, no ano fiscal anterior, por cada libra ganha, 14 centimos foi para o estado. 

Aqui também existem o equivalente a "escalões". No meu caso, não se "paga imposto" nos primeiros 12.570 de rendimento. Tudo acima desse valor é taxado a 20%.


Acontece que... eles taxam os 12.570 também. Não existe ordenado que não venha com desconto. Por exemplo: o mês passado recebi algo como 900 libras. O Estado recebeu perto de 300. Deixando-me com 600. 


Então, quis eu saber, porque é que ainda fazem acertos no final? Se tudo é pago na hora? Aqui não se preenchem papéis nem se guardam recibos. Isso é uma coisa boa. Não se preenchem documentos de rendimentos, porque estes são apresentados pelas entidades patronais às finanças. Daí eles fazem os seus cálculos. 

É um sistema CHEIO DE FALHAS. Onde tu ficas muito vulnerável e pouco podes contestar. 

Estava a estranhar não receber a carta das finanças. Em oito anos a trabalhar, sempre a recebi na primavera ou início do verão. E sempre, mas sempre, eles tinham de me DEVOLVER uma quantia. Essas quantias oscilaram entre as 80 e 150 libras.

Vai que telefono para eles para saber o que se passa. Sou informada que ainda não tinham enviado nada para mim mas que eu tinha um "pequeno débito". 

WTH??

Débito? Eu DEVO-LHES impostos??
Em oito anos NUNCA que tal aconteceu. 

Lembrei-me da minha mãe e da sua surpresa este ano, em descobrir que não tinha nada a receber. TODA A VIDA os descontos feitos foram superiores aos devidos. E assim ela contava que continuasse. E pela primeira vez em décadas de vida, isso não aconteceu. 

Vai que o mesmo acontece comigo, no outro lado do oceano. 

Algo não me parece bem. Não entendo COMO posso estar em "dívida", se pago tudo a 20% logo à cabeça. Esperava era ter o retorno de, pelo menos, esses 20% sobre os 12570. 

Não entendo este sistema mas sei uma coisa: não foi criado para nos ajudar nem facilitar a vida. Como é que sei se não me estão a roubar? Por acaso tenho como saber se a entidade patronal facultou os valores corretos? Terá exagerado? Sim, porque cada vez que vou ao site das finanças aparece-me um rendimento anual bem mais elevado do que aquele que me parece ser o real. Um dia irei somar o valor de TODOS os recibos (aqui paga-se à semana é uma tarefa dantesca) e comparar com o valor reportado. Acho que fiz isso uma vez e não coincidiu. Mas como tinha múltiplos empregadores ficava mais difícil situar-me. Agora que só tenho um, deve ser mais fácil. 

Mas o sistema... o Sistema não está feito para ti. Está feito CONTRA ti. Eles podem querer tirar de mim as 60 libras que dizem que lhes devo - de mim e de outros tantos milhões - para depois um político qualquer pagar viagens milionárias de lazer às amantes... 

No meu segundo ano aqui trabalhei - e descontei durante tres meses e quando contatei as finanças para perguntar porquê não constava no meu registo esse meu emprego - responderam-me que nunca tinham recebido NADA da entidade empregadora. E o dinheiro que supostamente foi retirado para pagar impostos? Se nunca foi entregue - onde foi parar? Porque no meu bolso não estava. Ficou no bolso da entidade empregadora. 

Eu achei isto CRIMINOSO e pensei: agora é que eles estão feitos! Ninguém brinca com as finanças... as finanças vão atrás deles. 

Não foram. Eu é que tive de fazer TUDO - imprimir recibos de vencimento, contrato de trabalho e enviar os comprovativos para as finanças. Depois esperei. Desesperei. E voltei a contactá-los. Só para os escutar novamente a dizer-me para imprimir os recibos de vencimento e enviar-lhes. Ora, se já o tinha feito! Mas fiz outra vez... 

E eles? NADA. 
Até hoje - volvidos seis anos, as "finanças" nunca me deram retorno a este respeito nem mexeram uma palha. Não querem saber. Dá muito trabalho "mexerem-se". Deixam os gatunos e os safadões sairem impunes com esquemas destes. E o lesado é o lado menor: o trabalhador. Porque esse valor que não foi declarado não vai contar para a minha reforma. Estão a roubar-me o presente e o futuro. 

Também diz um trabalho de um dia apenas - e descontaram-me os "impostos". Depois ainda me pediram para voltar. Recusei, claro. Logo à partida aceitei apenas por um dia - para os ajudar, pois disseram-me precisar de uma pessoa e não tinham ninguém. Lembro-me que era dia de aniversário e eu tinha saído de um turno de 12h e ia entrar noutro de tempo indeterminado.... mas foram 9 horas. 

Por isso pagaram-me uns trocos insignificantes, o equivalente a menos de 4 horas de trabalho. 

Informação é muito importante. Estar bem informado aumenta as nossas chances de não sermos enganados. Espertos são algumas pessoas que conheço, que trabalham "cash in hands" e não declaram os rendimentos. É o malandro a enganar outro malandro. 

Não entendo como posso estar em dívida com as "finanças" se os descontos são automáticos. Alguém me explica? Quero mesmo aprender tudo... para não ser enganada. 






terça-feira, 10 de setembro de 2024

É nas pequenas coisas que se conhecem as pessoas

 

O motorista de autocarro sentou-se ao meu lado na paragem onde me encontrava sozinha. Vinha com o telemóvel a emitir, em simultâneo, ruídos de sons, vozes e música com risadas no final. Deduzi serem vídeos de tic-tocs, pois a parafernália sonora era repetida em loop.

Encontrava-me numa chamada a aguardar atendimento fazia já 40 minutos, com o telemóvel em audio externo, pois se não for desse modo, não escuto nada. Os ruídos do telemóvel do homem eram tão altos que abafavam por completo o som de música clássica de péssima qualidade dos serviços de atendimento da EasyJet que vinha a escutar segurando o telemóvel perto dos meus ouvidos, enquanto que, com a outra mão manejava enfiar um pouco de comida na boca. Obviamente, não me encontrava ali por lazer. Qualquer um que assim encontrasse, eu deduziria estar na linha de espera de uma chamada importante. 

O bom senso manda que a pessoa que chega, percebendo a situação, tente minimizar que a sua presença atrapalhe. Mas o telemóvel do homem superava em muito o meu no requisito audio. Praticamente não conseguia escutar NADA. Quando a música clássica parava, receava que foi por terem atendido e receava não escutar me chamarem porque, de fato, não dava para escutar. Os sons de TIC-TOC vindos do telemóvel do motorista abafavam e obliteravam o meu. Só mesmo encostando o telemóvel ao ouvido podia ter percepção.


Quase que tive para lhe pedir para que baixasse um pouco o som. Mas acho que, depois de se sentar, até o aumentou. E continuou assim. 

ATÉ QUE....

Até que uns 12 minutos depois apareceu uma terceira pessoa na paragem. Uma mulher, de mala de viagem na mão, bem vestida, com aparência elegante, pareceu perdida, seguindo indicações pelo telemóvel. 

Assim que ela apareceu, o homem baixou o som do telemóvel. E olhou para a mulher: Primeiro avaliou-a pelo rosto. Depois desceu rapidamente os olhos para baixo e voltou a subi-los, demorando apenas fracções de segundos a olhar para específicas zonas da fisionomia feminina. 
 
 Por aquela postura, soube tanto daquela pessoa! Um indivíduo que chega e faz questão de não ter um gesto de cordialidade e respeito básico contudo, altera de imediato o comportamento para o oposto quando vê uma fêmea que lhe agrada da cabeça aos pés... Ah, tão básico... !!

Tudo o que foi preciso para ele agir com consideração foi a presença de uma mulher bem vestida. 
Sinceramente... 

Homens conseguem ser tão básicos que até dá dó. 
Quando são básicos assim, rejubilo de satisfação com as "Rebeccas*" da vida. Elas fazem todo o sentido para mim. Deviam existir muitas, muitas Rebeccas. Porque há homens que merecem aprender uma boa lição. 

Se eu fosse mau carácter. vilã, teria todo o gosto em brincar com um idiota destes. 

Até nem teria qualquer piada ou seria um grande desafio - de tão básico que ele demonstrou ser. 



* Rebecca D'Winter - personagem do livro Rebecca. 



domingo, 1 de setembro de 2024

Mais um Domingo, mais 10h de trabalho

 

"Luvas de Serial Killer" - grita o homem alto, de calça branca e t-shirt azul, que parecia tão certinho. Tão subitamente agarrou na minha mão enluvada que nem ouvi o que disse. Tive de pedir para repetir. 

Estava sentada a aguardar o meu pedido de take-away de frango com batatas fritas... e ele estava em pé, tinha acabado de fazer o pedido dele. 

"Luvas de Serial Killer" - diz. 

Percebo então que decidiu fazer uma graçola a respeito do fato de me ver com luvas de borracha. Mas... o Covid foi assim há tanto tempo que as pessoas ainda se surpreendem por ver mãos enluvadas com luvas de borracha azuis? 

Se tivesse colocado uma máscara no nariz teria me acusado de ser uma assaltante de bancos, ao invés de uma assassina em série. 

-"Não." - respondo-lhe. "Luvas de 10 horas de trabalho". 


O telemóvel dele tocou nesse instante e o seu interesse eclipsou-se tão rápido como se manifestou. Curioso a ASSOCIAÇÃO mental do homem. 

Há bem pouco tempo pensei em mim nesses termos. Estava a refletir na vida, nas injustiças a mim cometidas e a forma como reajo ou reagi a tanta maledicência, malícia, inveja, maldade. E concluí que, numa próxima encarnação, para equilibrar a balança só poderei vir a ser alguém com reduzidos escrúpulos, capaz de matar pessoas por nenhum motivo especial e sem remorso. Quando um tanto em monotonia, procurar excitação no ato de criar confusão e ceifar vidas.  Isto porque, nesta reflexão sobre o equilíbrio das coisas, devido ao que vivi e vivo nesta vida, na próxima só podia encarnar o meu oposto. Porque seria o equilibrar de um desequilíbrio.

Suspeito que o objectivo das vidas que por cá passam está traçado assim.  Não para viver sempre o seu oposto mas... para a aprendizagem. O que não se aprendeu à primeira é exasperado à segunda.

Já em casa refleti na expressão popular que diz: "é preciso um para reconhecer o outro....". 

Será que o homem era do lado do mal? Ou será um apreciados do Dexter? (série de TV que NUNCA vi, by the way... ) 

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Uns são o sustento invisível, outros a ostentação

Toda a gente que me conhece beneficia de me ter conhecido. 
Depois de mim sentem-se mais felizes, melhores na vida. Ganham rumos, perspetivas. 

Sou uma espécie de trampolim e porta. Muito útil. Dou confiança, faço as pessoas acreditarem no seu potencial, injecto autoconfiança. Dou aquilo que não tenho e que não recebi. Acredito no que digo às pessoas. 

Depois... Não sou mais necessária.

Cumpri a minha "missão". É hora de avançar e deixar para trás o que não mais acrescenta. Um carro não anda sem combustível mas, uma vez de barriga cheia, não pensa duas vezes em abandonar a fonte e seguir seu rumo. Percorre grandes percursos, chega mais longe... e quando precisar novamente de energia, encontra outros fornecedores. 

Agora reflitam se não é isto que acontece com as melhores das pessoas?

Acho que a vida é assim. É isto. Uns anulam-se e são dados, para que outros possam se descobrir e terem sucesso.


sábado, 24 de agosto de 2024

Japão e sua cultura mental

 

Não conheço o Japão mas é uma cultura que gostaria de presenciar no local desde que me conheço como gente, aos 11 anos de idade. 


Estava a ver no National Geographic um programa que conheço para lá de duas décadas: Mayday e Seconds to Disaster. Dois dos episódios desta semana foram sobre acidentes 
no Japão. Um de aviação e outro ferroviário. 

Dá para perceber que o Japão tem muita coisa para ser admirada. Até louvada. Mas o preço que as pessoas têm de pagar por isso também pode ser elevado. Uma exigência e cobrança constante, uma pressão que acompanha cada indivíduo a cada instante que respira, onde a sociedade e as empresas esperam perfeição exímia sempre, sem tolerância para erros por menores que sejam e imprevisibilidades. 

Não admira que no Japão a taxa de suicídio é muito elevada. Esta parte da sua cultura em que a perfeição tem de ser exibida, ou a pessoa perde o seu valor e mérito está muito enraizada. O kamikaze ou o Harakiri - provavelmente as palavras mais populares entre o reduzido conhecimento linguístico de um ocidental prova isso mesmo: o suicídio faz parte desse lado japonês de encarar a falha nas responsabilidades e mostrar ter honra. 

Não deixa de ser triste que, naqueles sentimentos de solidão, confusão, tristeza, negatividade, depressão... que todos nós temos, lá, no país do "sol vermelho" entre o sentir e o reagir ao extremo de por termo à própria vida, por vezes só se passem uns breves minutos. Ainda mais lamentável quando são as CRIANÇAS a população onde os actos de suicídio tem vindo a aumentar. Crianças em idade escolar, já a sentir os horrores da pressão, ainda a aprender a assimilar o que as rodeia e a lidar com as hormonas... é o grupo etário que mais precisa de orientação para descobrir como bem lidar com as contrariedades.

Dá vontade de ir lá dizer: escutem: todos nós passamos pelo mesmo. A vida é assim. Aguenta. Aguenta... que passa. Vais voltar a sorrir. Vais ver

Mas vamos aos acidentes:  

Fotografia real do avião acidentado aquando avistado em terra tendo problemas

O primeiro acidente remota ao ano 1985. No dia 12 de agosto o voo 123 da Japan Airlines (JAL) saiu de Toquio rumo a Osaka e ficou uns aterrorizantes 32 minutos no ar, em dificuldades. Sem os sistemas hidraulicos a responder, os pilotos fizeram um trabalho exemplar para manter a aeronave e os passageiros vivos, após duas explosões se fazerem sentir, 32 minutos antes. Mas nenhuma das suas técnicas e perícias pode evitar o acidente. O boing 747 foi perdendo altitude e chocou de frente contra uma montanha. 520 fatalidades. SURPREENDENTEMENTE, existiram QUATRO sobreviventes.


Aqui abro a minha boca e deixo cair o queixo de espanto. Jamais, em momento algum, poderia acreditar que alguém pudesse remotamente sobreviver àquilo. Devem ter sido projectadas do avião porque... quem ia dentro... nada era reconhecível. A nave ficou em montinhos de estilhaços. Que alguém tenha sobrevivido é... impossível. Milagroso. 

Tando o "Mayday" como o "segundos fatais" documentaram este acidente. Cada qual fornece um dado extra que foi omitido pelo outro, por isso vale a pena ver ambos. Para meu espanto, descobri no segundo que, após o acidente, existiam mais sobreviventes. Mas o tempo que levou os socorristas a chegar ao local foi-lhes fatal. Se não tivesse existido uma hipótese de terem chegado mais depressa ao local do ocorrido - tinha-se de aceitar esse destino. Mas a realidade é que um helicóptero americano ia para descer na zona dos destroços e nesse instante recebeu ordens para regressar à base. Até hoje ninguém assumiu ter dado essa ordem mas, a realidade é que autoridades japonesas proibiram o helicoptero "estrangeiro" de aterrar. E com isso, perdeu-se a oportunidade de salvar mais vidas. Alguns passageiros faleceram depois da embate, após muitas horas até chegar socorro.

Outra coisa que descobri no "segundos fatais" é que o gerente de manutenção cometeu suicídio. Não foi o único e suspeito terem existido mais em decorrência da tragédia. Procurando confirmar a veracidade dos fatos, uma pesquisa online revelou que em 1987 um dos três investigadores que deu o avião como seguro para voar após uma reparação na cauda feita em 1978 - que acabou sendo a causa do acidente - também se suicidou após regressar de um dos interrogatórios de averiguação de responsabilidades. Susumu Tajima tinha 57 então anos. Estando envolvido na reparação bem amadora feita no avião - diria que talvez tivesse responsabilidade sim. Embora eu ache o suicídio extremo, colocando-me na posição de alguém responsável por tantas fatalidades, ficaria muito abalada e me sentindo culpada. Mas teria de aceitar - me esforçar para isso. E tentar tirar algo de positivo de uma tragédia irreparável. 

O voo 123 da JAL foi acidente com o maior número de vítimas na história de acidentes envolvendo apenas uma aeronave. 

Foi também muito precioso para a segurança aeroportuária. Deste acidente implementaram-se medidas de segurança para que acidentes como este jamais se tornasse a repetir. 

Faz muito tempo que concluí que, coisas horríveis acontecem neste mundo, para que possamos aprender com elas. Se não fosse pelo mal, não existia o bem. Pode parecer indesejável mas, tudo tem dois lados e o equilíbrio só se alcança assim. Sem o mal, as pessoas esquecem rápido. Esquecem como ser cordiais, como deixar de olhar para o próprio umbigo, como deixar de ser tão ambiciosas para proveito próprio e aprendem a se melhorar como indivíduos. Nem todos reagimos igual nem ao mesmo tempo mas sim. Somos todos "fabricados" da mesma forma e, ainda que muito aceleradamente ou lentamente, o comodismo, o conforto, a boa vida faz-nos mais egoístas e menos generosos. Tem sido a maldade no mundo, a tragédia, que mais facilmente nos une. 

Não me vou extender tanto no segundo caso mas o acidente com um comboio teve causa nessa cultura "tradicional" japonesa. O condutor, um jovem de 23 anos, já tinha sido repreendido por uma falha. A companhia tinha (e ainda tem) um programa de "reabilitação" onde, quem comete uma falha, é imediatamente enviado. São dias ou meses de pura tortura psicológica. Ofensas e humilhações. Mas a companhia chama isso de "re-educação". Um dos funcionários que prestou depoimento, na faixa dos 40, contou que, por ter chegado 2 minutos atrasado a uma reunião, foi enviado para ser "reabilitado". Disse que quase desistiu, sofreu forte tortura psicológica. Entre algumas outras coisas, além de gritos e ordens, era forçado a escrever relatórios por horas, relatórios de "arrependimento" e a executar tarefas menores, como limpar cocó de pombo dos carris, com uma escova de mão. 

O condutor do comboio, jovem, que já tinha sido repreendido, durante a condução tinha já cometido um erro: passou um sinal vermelho. Cheio de medo da consequência, ele ficou nervoso e, em excesso de velocidade, parou abruptamente numa estação, tendo parado com 4 carruagens à frente. Certamente seria severamente punido por isso. Acabou por recuar o comboio para que as carruagens da frente pudessem liberar os passageiros e com isso perdeu quase dois minutos do seu horário. Para compensar, acelerou. No país onde és severamente punido por chegar 60 segundos com atraso - e onde todas as ligações têm apenas segundos de tempo para ser executadas - causando prejuízos avultados - a pontualidade torna-se um fardo pesado demais. Assustador e de temer - se implicar castigos psicológicos e físicos. 

Ele acelerou e, numa curva, acidentou-se. As primeiras quatro carruagens descarrilaram. A da frente enfiou-se numa garagem de um edifício, a segunda ficou esmagada em forma de "L" contra os alicerces, a terceira ficou revirada e a quarta saiu dos carris. 

Tudo isto porque... o Japão é um local especial. Diferente. Que tem tanta coisa admirável mas que esconde, por detrás de toda a sua eficácia, uma cultura ditadora de exigência extrema à qual o suicídio pode facilmente ser a opção tomada - e aceite pela população em geral. 


sábado, 17 de agosto de 2024

Pés, para que vos quero?

 

Trabalho duro, fìsico, traz as suas consequências corporais.

Meus pés precisam de milagres. É dia sim, dia nâo. Cada dia uma mazela diferente. 

Sei que nasci para ser princesa porque sou sensìvel como as princesas dos contos de fadas.

Pés sensíveis, a precisar dos melhores especialistas e um bom artesão sapateiro para criar obras de arte moldadas aos meus pés. 













quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Conseguem destinguir um arbusto do outro?

Estes dois arbustos ficam no pátio de casa. 
Um deles é um loureiro. O outro não.

Conseguem destinguir um do outro?


Não fazia ideia de que tinha um loureiro em casa. Até que um dia passa na rua um senhor de alguma idade e, apoiado na sua bengala a olhar, pergunta-me se pode levar umas ramadas porque se trata de um loureiro e é "muito bom para fazer sopas".

Autorizo e fico a pensar: um loureiro??


Já faz para três anos e tenho sentido saudades desse senhor que, tempos depois, voltou a repetir a façanha. Pessoa de uma geração antiga, que sabe apreciar o que a natureza provide. Que pede sem se temer passar por uma vergonha, com naturalidade e cortesia.

Esperei pela sua passagem novamente. A que seria a sua terceira passagem. Porque queria muito lhe dizer que podia se servir à vontade, não tinha mais de pedir. Podia tirar o que quisesse as vezes que precisasse.

Só que essa terceira vez nunca chegou. E eu fiquei a sentir-me triste. 

Porque se o senhor idoso, de bengala, que passava pela rua com frequencia o deixou de fazer, só pode significar uma coisa. E não é boa.

Nunca mais regressou. Faz dois anos e, de alguma forma, ainda espero, um dia, o voltar a ver passar e pedir ramadas de loureiro.


Queria deixá-lo à vontade para se servir. O arbusto é enorme. Depois de podado então, os ramos espalhados pelo chão são tantos que daria para abastecer uma casa por um ou dois anos! 

Isto se todos forem como eu. Que usa uma ou três folhas de louro apenas para deixar algum sabor e tempero num caldo ou marinada. 

Escusado dizer que nunca mais me forneci de folha de louro noutro lugar que não... fresquinho, do meu loureiro. 😊







segunda-feira, 8 de julho de 2024

A proximidade entre o totalitarismo e a liberdade

 

Nas ditas sociedades livres descobri, com surpresa, que existe muita coisa semelhante com a FALTA de liberdade que se ouve falar nos regimes totalitaristas. 

A imposição de pré-julgamentos e o controlo de comportamentos parece ser o que ambas têm em comum. 

Talvez com o que imaginamos ser algumas diferenças no "peso" dessas imposições. Contudo, elas estão lá: as imposições. Apenas umas são mais disfarçadas que outras. 

Digo-vos já: fico feliz por ter nascido em Portugal.
Com todas as falhas que tem, é ainda o lugar mais livre e equilibrado em que vivi. 


Entrei na Poundland ontem de manhã, quase ao abrir. No autofalante de som ambiente da loja escuto uma voz a falar. Geralmente são anúncios a divulgar produtos ou a pedir doações. Nem presto muita atenção. Mas a "introdução" deixa-me intrigada. É diferente do que será de esperar de um comercial. Mais ou menos o "anúncio" dizia assim:

"É bom andar em compras com calma e em silêncio. Portanto faça as suas compras nesta loja com calma. Seja respeitoso para com os empregados. Eles estão aqui para ajudar". 

Até disse em voz sussurrante: 
"Mas isto é a Coreia do Norte???"

Sou só eu que acha um ABSURDO a "injecção" destas mensagens vindas do nada, a mandar as pessoas comuns, que estão ali a usar o espaço público sem causar qualquer conflito "ficarem calmas e serem respeitosas". Não pode ser... Imagino este tipo de atitude num país totalitário. Governado por um ditador. Daqueles que manda cortar cabeças se não lhe obedecerem ou fazerem as vontades. Se não lhe fazerem referência e o venerarem. 

Mas em Inglaterra, dito país do primeiro mundo, existirem "anúncios" públicos a mandar as pessoas agirem de uma certa forma... a mandá-las "acalmarem-se" e fazerem as compras "quiet"... 

É pá!
Me desculpem mas isto de país livre tem pouco. Tem muito mais de país controlador que vai "injectando" na mentalidade do povo atitudes que devem recriminar e que devem louvar, sem que estes sintam vontade de QUESTIONAR o que seja. 

 


a base em comum. 


domingo, 7 de julho de 2024

Poema cantado - lírica divinal - interpretação incensurável

 



É capaz de ser uma das MELHORES cantoras do MUNDO. 
Pouco valorizada ou melhor, falada por cá, Lara Fabian tem, até hoje, esta voz abençoada que Deus lhe deu e ela soube trabalhar tão bem...  

Esta canção, com estas palavras que fazem tanto sentido na alma, é, na realidade, UM POEMA. Daqueles que toca a todos. Uma OBRA PRIMA do que se pode almejar de um casamento entre palavras e melodia + interpretação. 

No final, Lara diz que acredita que a emoção transmitida na música não precisa de ser traduzida. É sentida. Fez-me lembrar a vitória de Portugal na eurovisão. Aconteceu isso mesmo. A música foi SENTIDA, o intérprete deu-lhe um cunho emotivo capaz de atravessar as barreiras da linguagem, da tendência para o pop-rock, das preferências. 



quarta-feira, 3 de julho de 2024

Are people nicer with you if they know you have money?

 Estou aqui a pensar: acham que as pessoas são mais simpáticas contigo se souberem que tens dinheiro?

Hoje fui ao banco. Pedir para me cancelarem uma transaccao e para saber como posso usar o telemóvel como cartão de crédito.

Foram de uma simpatia SIMPLES admirável. As tantas a empregada de balcão chama um colega para me ajudar a perceber como posso encontrar uma aplicação num telemóvel Android e o senhor é de uma simplicidade e ¹¹simpatia encantadoras. 

A balconista aconselha-me a fazer compras online com um cartao de débito e nisto eu saio-me "provavelmente nao preencho os requisitos para ter um". Ao que ela me responde: "a sua conta deixa perfeitamente".

Ah, a poupança - afirmo.

Nao acho, na realidade, que sou bem tratada pelo meu saldo bancário. Quando cheguei ao Reino Unido tornava-se vital abrir uma conta no banco

 E a todos onde fui, este foi o único que me tratou bem desde o início e não me descriminou nem pela aparência - como fez o Barclays, nem pelo endereço ou contrato de trabalho. Sempre foram simpáticos, fosse o meu saldo alto ou iniciante. Por isso nunca mudei de banco nem quis saber de outro. Aprende-se muito sobre quem é quem em momentos de necessidade.

Vocês já pasaaram por momentos  que tiveram estas dúvidas?

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Jardinando ao sabor do impulso

 Hoje saí do emprego exausta, quase a cair no sono no autocarro. Sabia que tinha de entrar novamente ao serviço em menos de 12h.

Ainda assim, quando cheguei a casa, não fui dormir. Nem duche tomei. Ao invés disso, peguei na terra, nuns vasos, e pus-me a plantar umas flores que colhi pela raíz. 

Foi melhor do que se tivesse descansado. Nem dei pelas horas passarem. Foram quase 2h "jardinando".


Vi umas flores que, juntas, pareciam um manto de beleza rosa. Colhi umas na esperança de que, se der certo, para o ano possa ter um campo minado com elas.


Depois voltei a tentar criar raiz em galho de azevinho. Um novo vídeo no youtube diz que o galho tem de estar verdinho. Vamos ver se dá.






domingo, 16 de junho de 2024

Ainda nao está de parte para usar na próxima estação

 

Não sei como está o tempo aí, em Portugal. Mas posso dizer como está neste instante em inglaterra. É um tempo bipolar.

Gostoso logo pelas 8h da manhã. Intensamente chuvoso ao ppnto de fazer ruido nas janelas e telhados pelas 10. Quente e sem muito vento ao meio-dia. Tão bom que deu vontade de seguir para uma praia. Novamente chuvosamente ruidoso pelas 13h. Volta a brilhar o sol lá pelas 14h... alternado com nivens escuras. Agota sao ci co da tarse e está sol, mas muito vento. 

Sabem o que trago vestido?

Um sweter desportivo tipo camurça e, para minha desolação, o kispo de inverno. 

Alguma vez me imaginei a usar um kispo tâo quente a meio de Junho???

Não. Não, não!!!

Entristece-me vestir o kispo e saber que preciso dele. Não em Junho. 😞


sábado, 15 de junho de 2024

Porquê nos ensinam a adiar fazer o que nos dá vontade?

 Já cheguei a uma idade em que penso que me falta tempo. 
Ou então, percebo que muito dele foi desperdiçado. 

Dou por mim a pensar que gostaria de plantar arbustos e árvores para as ver crescer, colher seus frutos, respirar o aroma de suas flores e... penso que já não tenho o tempo que gostaria para isso tudo. Em simultâneo, esta é mais uma vontade adiada - das muitas - se não todas - que fui adiando na vida, porque assim me foi ensinado que era para fazer. 

Nunca concordei. No entanto, foi-me imposto assim - era o "normal" - e assim sendo, seguem-se as ordens "superiores" dos progenitores: «primeiro estudas "para seres alguém" e depois "o resto"... » - esse resto incluiu tudo e mais alguma coisa: vontades, sonhos, pensamentos, gostos, passatempos... tudo o que compõe a vida e a felicidade. 

Mas essa parte - a raiz - ficou para tras. Contudo, os ensinamentos e a prática permaneceram. 100% dedicada ao trabalho, incapaz de me "desviar" da boa conduta, com dificuldades em planear ausências que possam prejudicar a entidade patronal. E para quê? Se quando ficar doente ninguém me vem acudir? E se preciso for, amanhã levo um chute no traseiro e fico sem "nada"?

Bom, reflexões fadistas à parte, a vida continua... segue. Como sempre seguiu. Sem grande tempero. Para o bem ou para o mal. Ao menos isso. 

O que quero dizer é perguntar, a vocês, PORQUÊ ADIAMOS FAZER O QUE NOS DÁ VONTADE?

Porquê adiar para o final da nossa vida (a reforma) o começar a viver de acordo com preferências pessoais? 

Para plantar esses arbustos e árvores, preciso de um terreno meu. Coisa que não tenho. Então é óbvio que terei mesmo de adiar este sonho. Porém, existem outras formas. Podia trabalhar na área e dedicar-me à plantação. Teria, mais uma vez, de voltar aos estudos. Ou então podia ajudar alguém que tem terreno mas não tem capacidade ou precisa de ajuda... 

Nem sempre procuramos outras formas de realizar os nossos desejos. 
Outra coisa interessante sobre vontades é que, algumas vezes, basta as fazer uma vez para retirar delas toda a satisfação que se anunciava e ficarmos felizes. 

Hoje apetece-me plantar para ver crescer.
Amanhã, feito isso, pode ser que me passe e não me apeteça tanto.  

Adiar, é perpetuar o desconhecido. 

(Enquanto isso, ando a plantar girassóis na esperança que floresçam em vaso) 


sexta-feira, 14 de junho de 2024

Saboreando memórias com o sabor lacrimoso da saudade feliz

 Há medida que vou comendo o iogurte Activia de côco, lembro-me da minha falecida avó. E encheu-me a vontade de lhe comprar um iogirte de ananás para os saborear-mos as duas. Mas qual era mesmo o seu sabor favorito de iogurte?

Não. Não era ananás. Era exatamente os iogurtes de côco.

Daí, decerto, ela me vir aos sentidos.

Iogurte de côco e o gelado perna-de-pau. Entre outras coisas, adoraria agora tê-la aqui comigo para partilharmos estes simples prazeres da vida. 

Num belo dia de verão, ao sol... 



segunda-feira, 10 de junho de 2024

 

Não devia ver vídeos sugeridos pelo youtube. Acordei e vi o vídeo que estava parado, parou após ter adormecido. A história horrível de umas mulheres lésbicas que adotaram filhos e tinham filhos e os torturavam, maltratavam, batiam, aprisionavam. Tinham-nos presos em correntes com alarmes, não lhes davam comida, batiam-lhes com uma pá de madeira... forçaram um miúdo maldisposto que vomitou na cama a apanhar o vómito não sem antes esfregarem a cara dele no dito... e continuou acorrentado, sem água, sem poder ir ao WC. 

Tamanha crueldade!
Depois vejo o vídeo seguinte: "Babysitter leva bebé morto ao MacDonalds". 
Mais uma história de morte e maus tratos a crianças indefesas... um bebé que ela sabe morto - porque o matou -( tinha quebrado ossos do seu corpo porque o atirou ao chão ). Sem qualquer remorso, culpa... quando o namorado chega a casa ela, mais ele, o filho mais velho dos dois e o bebé MORTO - vão ao restaurante jantar. Depois ela devolve a criança morta à mãe, que o encontra frio e de lábios roxos e telefone para o socorro. 

Tenho de parar de ver estes vídeos. Ainda não são nem 9 da manhã e já levei com uma dose do mais triste que existe no ser humano.  

terça-feira, 14 de maio de 2024

quinta-feira, 9 de maio de 2024

 Num daqueles espaços jardinados de beira de estrada vejo, sentados nos descansos em.madeira, uma mulher com duas crianças. Passo por eles a pensar: que bom que uma família se senta ao ar livre para passar tempo junto.

Reparo num par de botas largadas ao lado dos pés do rapaz que estava com sapatos e rapidamente busco a dona daqueles butins revestidos com pêlo no interior: era da menina, qur estava deitada  na espreguiçadeira em madeira.

Só depois caio em mim e percebo que os três estavam mergulhados num profundo silêncio, abstraídos do que os rodeia, cada qual vergado sobre o seu estômago com ambas as mãos a teclar no telemóvel.

Estão 21 graus e este é o segundo dia em todo o ano de 2024 que se sente calor. Pela primeira vez a minha sombra projecta-se no asfalto.

Caminho vagarosamente para o emprego, incomodada com o triplo de movimento automóvel que se faz sentir pelo outrora percurso quase sem tráfego. 

É praticamente uma consequência direta da presença do "bom tempo". Ontem e hoje fomos, finalmente, abençoados com a ausência da chuva, nublina e tempestades.





Caminho vagarosamente para o emprego,