sábado, 21 de dezembro de 2024

Being hormonal

Sabem aqueles momentos em que se leva com uma realidade e isso nos impacta?

Para mim estas semanas tem sido assim.

Como sabem, estamos em época festiva de natal. Altura de englobar o espírito natalício de partilha, amor, convívio, felicidade. Mesmo entre pessoas com que não nos damos bem.

Este ano no emprego a gerência decidiu realizar pequenas festas com comes e bebes. Quando me apercebi disso foi-me dito que eu não estava incluída porque não fazia parte daquele turno. O turno da tarde no qual é meu dever me apresentar para trabalhar duas vezes por semana, caso contrário vou levar com repercussões que podem levar ao despedimento.

Depois foi a vez do turno da noite falar de se juntar para uma comilança natalícia. Todas elas a decorrer nas imediações da empresa e fazendo uma pausa no expediente. Fui chamada para trabalhar enquanto eles foram celebrar. O pior foi o tratamento que me deram: não sabia de nada e pensei ter escutado a pessoa que fui render dizer pizza. 🍕 

Então perguntei: "vais comer pizza?" - intrigada por estar a espera das habituais indicações de troca de funções.

Ele ignorou-me e o gerente ordenou-me para trabalhar. Sem ter oportunidade para abrir novamente a boca para dizer algo o gerente solta um grunhido e gesticula com a cabeça para começar de imediato. Tudo isto numa questão de segundos. Nem nas noites não natalícias alguma vez me passaram este comportamento de me tratarem como um animal que tem de começar o esforço à ordem de chicote do dono.

Não gostei. Entresteci. 

Tudo isso para não perceber o convívio que ia acontecer. Talvez receassem que me quisesse imiscuir. Nem falar abertamente disso falaram. 

Estamos no Natal. É tudo sobre partilha e inclusão.

E estavam a fazer-me sentir o oposto. 

Fiquei ali a trabalhar por aqueles que foram celebrar. Saltando de máquina em máquina e trabalhando árduo para compensar com a minha rapidez os atrasos do convívio deles.

Depois chegou o dia de ontem: sexta-feira 20 de Dezembro. Assim que entrei na empresa à tarde para o meu turno obrigatório deparei-me com uma festa de comes e bebes a decorrer numa sala que tem mantida trancada a chave nesta época festiva.

Mais um evento para o qual não fui convidada. Mais uma celebração de "Natal" para "todos os funcionários". Mas eu não sou também funcionária?

Que raio... Podia jurar que era! Pelo menos fazem-me sentir assim quando me pedem para ir trabalhar fora de horas, em especial favor, porque não têm mais ninguém disponível capaz de executar a tarefa. O que fiz amiúde nestas 6 semanas que antecederam o Natal. Ou quando me pedem para ficar além das horas legais de trabalho, sem me pagarem, porque precisam.

Assim passei todo este ano.

Chega o natal, que é para todos... E até aqueles que não são funcionários, que são trabalhadores temporários de curto ou longo prazo tiveram o seu momento de celebração e inclusão.

Esta noite, enquanto eu trabalhava, fiquei a ver os casuais - trabalhadores sem experiência ou vínculo contratados apenas por 4 a 6 semanas pelo período de Natal incluidos numa festa noturna de comilança. Vi-os de boca cheia a mastigar como se não houvesse amanhã. Estavam todos a olhar para mim, para piorar o sentido que a coisa já estava a tomar.

Voltei para a minha posição de trabalho e observei as bocas famintas a mastigar como se não houvesse amanhã.

Eu que, com tanto trabalho só tive tempo de meter uma lata de sopa fria para dentro do estômago e comer umas bolachas que já estavam esmigalhadas em pó de andarem dentro do bolso.

Tudo isto transformou o meu natal deprimente e triste.

Agora é sábado. Estou no trabalho. (Onde mais?). Fui chamada ao gabinete da gerência. Cheguei lá e vi através do vidro da porta que o gerente estava ocupado com outra pessoa.

Então esperei. Esperei, desesperei... 

Como sei que ele pode demorar decidi voltar ao posto de trabalho para recolher, antes que desaparecesse, uma garrafa de tira manchas que tive de ir buscar para remover a tinta da caneta que arrebentou no meu bolso. Tinha as mãos azuis... E descobri mais tarde que a perna também.

Trabalhei mais um pouco e voltei para o gabinete do gerente. Encontrei-o vazio. Andei á procura dele por todas as secções. Não o encontrei. Perguntei ao gerente da área se sabia onde ele estava. Este respondeu-me que achava que eu tinha ganho algo num sorteio. Por isso o gerente queria me falar.

Pensei logo: "pois... Um chocolate qualquer para disfarçar todo o mal feito que andou por aqui"....

Não encontrei a gerência, regressei ao trabalho depois de tirar a tinta azul 🫐 do corpo. 

Nisto surge o gerente chama-me e dá-me uma caixa de bombons. Agradeço como é de praxe mas sinto que não ia ser agradável tocar num deles. Ele faz uma marca numa folha de papel com uma lista de vários nomes.

Mas para isso não precisava chamar_me ao escritório.

Agora fiquei a saber que 3 pessoas ganharam vouchers por excelência no trabalho. Desconfiei então porque me chamou ao escritório. 

Como não me viu, mudou de ideias e deu o voucher ao próximo.

A história da minha vida...

Preferi ir trabalhar mais um pouco do que apanhar uma seca a espera. A recompensa levá-la outro.

Quando fui para entrevalo precisei do passe para abrir a porta. Mas não o encontrei nos bolsos devido a tinta ter arrebentado e eu ter movido as coisas de lugar. Carregada com mala, casaco, garrafa de água, copo de noodles... Senti uma dor de costas e... Foi a gota de água em termos de adversidade. Neste sítio onde tudo é deixado aberto ter a porta que dá acesso á área de descanso só a abrir com passe elétrico sempre consegue isso de mim...

Desisti. Entrei na sala de reuniões mais perto - que estranhamente não está trancada nem precisa de passe, despejei as coisas no chão, deitei-me e chorei.

Deve de existir algo hormonal também mesclado com esta minha reação. Momentos antes voltei a sentir aquela impressão na barriga que as mulheres conhecem tão bem

Este mês apanhou-me de surpresa. Já me tinha habituado a não ter menstruação e a usufruir da calmaria emocional que, mesmo não se percebendo, é a mudança mais bem vinda da "mudança".

Não tive NADA do que dizem existir: mau humor súbito, crises de choro ou depressão, calores ou suores... Isso sentia muitas vezes durante a menstruação. Mas depois do COVID e das consequências no meu ciclo fértil, tudo ficou mais tranquilo.

A menos que esteja equivocada e afinal ainda está por começar...




cobrir a área que eles chamaram para os comes e bebes


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