A respeito do Considerações Soltas 3...
Faz tempo que venho querendo fazer uma «adenda».
Então dizia o post: «Não recordo se alguma vez li Margarida Rebelo Pinto mas ainda assim arrisco dizer que só pode ser melhor que José Luis Peixoto. É que cada vez que leio no mural de facebook um dos seus textículos que incessantemente surgem em spam publicitário, aquilo tem efeito de sonífero e forçar a leitura quase que induz ao vómito. »
Pois prestei mais atenção às sugestões publicitárias no mural do facebook e fiquei na dúvida. Acho que enganei-me no alvo (mea culpa, mea maxima culpa). Scratch José Luis Peixoto (também nunca li, es verdad) e substituam por Pedro Chagas Vieira Freitas.
Eis o que aparece no mural:
Não só é autor como se desdobra a dar workshops, publicar livros de terceiros e a apresentar "soluções criativas" para slogans, discursos, estratégias de marketing e por aí fora...
Uau!
Nota:salvaguarda para o detalhe de não ter lido nenhum dos mencionados (que me lembre), pelo que fique claro que as opiniões têm como base os textos publicitários que surgem no facebook. É um meio de comunicação e divulgação que está a ser usado para auto-promoção e vendas, não só de livros como de serviços. Pelo que é legítimo que o que é fornecido por ali, seja alvo de análise crítica.
Eu sei que não sou muito inteligente.
Eu sei que não sou muito culta.
Eu sei que sou pouco experiente.
Eu sei que não tenho um domínio exemplar da língua portuguesa.
Mas fico atónita cada vez que pessoas bem melhores que eu em todos esses «departamentos» conseguem surpreender-me com a sua ignorância.
Seria de supor que a ignorância é incompatível com o domínio destas áreas, mas não é.
Contudo, o pior não é a ignorância. É a petulância.
De facto estamos sempre a aprender nesta vida.
E talvez tenha de começar a tentar convencer-me que, mesmo diante de tudo o que não sei, de tudo o que não vivi, de tudo o que não domino na perfeição, algo faz-me ser capaz de dominar outras áreas que até os «génios» não alcançam.
Não é a primeira vez que me deparo (ou melhor: deparo-me, sei como é mas como sempre fui um pouco à brasileira, prefiro deixar assim, por uma questão de fidelidade) com este fenómeno.
Gosto de aprender. Gosto de ler os escritos de pessoas que decerto são mais inteligentes que eu, ou mesmo não sendo, têm algo a dizer, ou simplesmente apreciam produzir textos cheios de referências culturais, estabelecendo paralelos e fazendo ironias. Eu entendo o sentido. Sou pouco inteligente mas nem sempre ao ponto de não captar a mensagem. Simplesmente às vezes, ela não me faz rir ou não me entusiasma. Acho previsível, banal, sei lá... não acho todas as intelecto-análises brilhantes. Por vezes ofereço outra interpretação. O que não quer dizer que não entenda o sentido que lhe quiseram dar. Apenas vi outro. Vejo dois!
E, para minha surpresa, por vezes essa pessoa «intelectualmente superior» não tem capacidade nem para entender uma segunda interpretação, nem para tolerar a contribuição desse inocente gesto. Faz uma leitura totalmente errada, o que é surpreendente. E a reacção por vezes não é matura, no sentido «explique-se». Opta por uma "descida do salto" com uma falta de nível que faria corar um simplório qualquer.
E nunca existiu agressão alguma, por vezes, ao contrário. Até foi uma contribuição inteligente. Mas a pessoa não alcança. Ou não aceita, simplesmente, uma opinião franca e inocente, que não seja antecedida dos habituais rapapés para "amparar" a crítica que se segue...
Humildade.
Por muito inteligente que uma pessoa seja, o seu nível de humildade é que faz a diferença.
Vejam este filme. Se não tiverem interesse, saltem cenas e parem nos minutos certos. Por exemplo, aos 30.20m. E fiquem só a observar. Os maneirismos, os traços do rosto, o formato dos olhos, até a forma de olhar, de expressão... E descobrem-se imensas semelhanças!
Temos então os sósias: Marlon Brando e Diogo Morgado.
Cá para mim o Brandinho também andou enamorado com alguma portuguesa Kkkkk!
(sem intencional referência dirigida à progenitora do ator luso, quero sublinhar)
Qual dos dois está nesta esta imagem?
Com este exemplo estreio uma rubrica à qual pretendo dar continuidade aqui no blogue: Os Sósias. Quando detectar semelhanças entre indivíduos sobre os quais, que se saiba, não existe grau de parentesco, vou mostrá-los e saber O QUE VOCÊS PENSAM?
Vi muitas enquanto crescia. A maioria americanas mas também bastantes inglesas. Eram o estilo de programa que não perdia porque faziam-me reflectir, rir e, no final, deixavam-me bem disposta. Descobre-se muito vendo sitcoms, em especial às que recorrem ao humor satírico para representar a sociedade e tecer críticas político-sociais. Assisti a contemporâneas, a grandes sucessos americanos e às clássicas ainda a preto e branco.
Contudo existe uma com que me delicio até hoje. Acho-a fenomenal. A rainha de todas pois cada episódio que calhe rever parece-me encaixar com a actualidade como uma peça de um puzzle. Este episódio que encontrei na net é um exemplo. O ano é 1972, mas bem que podia ser 2016. Olhem que podia!
Infelizmente o vídeo parece não permitir a activação das legendas.
Mas vou resumir o tema. Archie, o homem da casa, quer conseguir uma promoção no emprego mas sabe que esta não está ao seu alcance por não ter terminado o liceu. Decide então regressar à escola para conseguir o diploma que, no seu entender, o impede de ser considerado para ocupar o cargo. Está tão animado, com tanta vontade de melhorar de vida, de ser valorizado num cargo de maior responsabilidade... Lá consegue o seu diploma mas no final a vaga é preenchida pelo sobrinho do patrão.
Acham que isto podia acontecer hoje? (irony mode)
Para cúmulo o episódio termina com Archie a dizer: "Now I'm stuck with a highschool diploma!" Que é mais ou menos o equivalente ao que se diz na actualidade: Tirei um curso superior para nada :)
Pelo meio existe sempre a rotina familiar, a lida da casa, os lanches, jantares e almoços. E neste episódio em particular diverti-me com o pormenordo queijo em fatias individuais embrulhadas em papel celofane. Algo que demorou talvez uns 20 anos a chegar a Portugal mas, como se vê por esta série, no início dos anos 70 o queijo em fatias envoltas em película em plástico era um «sinal» da evolução da alimentação para a comida processada na América.
Os americanos levam 20 anos de progresso na ingestão de alimentos processados e são quase todos gordos... Imaginem nós quando os apanharmos...
É uma série riquíssima, que aborda diversos temas que ainda hoje são debatidos calorosamente, como por exemplo a tensão racial e as eleições entre candidatos Republicanos (Archie) e Democratas (Mike). São feitas imensas referências a momentos-chave da política americana, como o caso watergate - que à altura deste episódio ainda estava para acontecer.
«Se as parvoíces do Archie Bunker serviram para melhorar algo na américa? Duvido» - Archie/Carroll O'Connor, 1998/9
A série deu origem a outras spin-offs, todas igualmente interessantes. Como por exemplo... Alguém se lembra da sitcom O príncipe de Bel Air? Pois esqueçam essa produção engraçada mas carregada de racismo. Décadas antes de aparecer essa que ficou famosa por ser "a primeira a dar protagonismo a negros ricos" existiu "Os Jeffersons" (1975-1985), uma das primeiras spin-offs desta série que ainda não nomeeie a verdadeira pioneira.
Apresentadora: Porquê acham que raramente mencionam os Jeffersons como sendo a primeira família negra na televisão? Bill Cosby é muito falado por isso...
Pois é. E eu não gosto disso. Nunca mencionam os Jeffersons. Raramente referem os Jeffersons ou nos dão crédito. -Louise/Isabel Sanford, 6/3/1995
Muitas pessoas diziam que éramos um estereótipo... Não sei porquê. Algumas pessoas tinham problemas com a família... A minha personagem falava alto e acho que isso foi considerado ofensivo entre a "burguesia" (ironia) - George/Sherman Hemsley 6/3/1995
Até os dias de hoje esta série que esteve no ar por 10 anos raramente é mencionada e não lhe atribuem o estatuto que lhe é devido, por ter sido a primeira a mostrar uma família negra e de posses, em televisão. Para mim, que vi todas - O príncipe de Bell Air, O Cosby Show e os Jeffersons, a primeira é em alguns aspectos melhor, no sentido em que me pareceu focar-se mais em temas e menos na «cor da pele», um sério detalhe em que hoje as outras parecem-me falhar. É talvez a menos racista, porque inseriu a família na comunidade, não a sobrevalorizou nem a "transformou" em negros com "vida de brancos", não inverteu estereótipos mantendo noções racistas, como as posteriores tanta vez fizeram. Era constituída por uma mulher generosa e afável, um homem preconceituoso e sovina e um filho moderno e sagaz. Pela recusa do público negro em aceitar esta como sendo a PRIMEIRA família negra na TV americana se vê que... o racismo é algo que não quer ir embora.
«Nunca que uma mulher vai chegar à presidência!»
E repito as palavras daquele que deu vida a um dos maiores simplórios e preconceituosos homens na TV americana: «Se as parvoíces do Archie Bunker serviram para melhorar algo na américa? Duvido»
Mas afinal, como é que a polícia colocou as mãos no assassino e violador Paul Bernardo?
Quase por casualidade. Em Janeiro de 1993 a relação do casal exibe sinais de violência para o exterior. Paul inflige uma pancada na nuca de Karla, deixando-a neste estado.
Por pressão dos pais, Karla aceita passar uns tempos na casa de uma amiga da irmã do meio (esta não era virgem nem tão jovem, pelo que não corria risco de ser vítima de fratricídio), cujo pai é policial, e a agressão é participada. Se essa separação seria temporária ou permanente nunca se saberá. Porque a polícia começou a investigar Paul e os resultados do teste de ADN, obtidos mais de dois anos antes, só então apontaram Paul como o violador. Naturalmente a polícia quis interrogar Karla sobre Paul. Esta não se «descose». Só quando percebe que a ligação entre as violações e os homicídios está eminente é que ela, como habitual, age rápido. Afirma que ele é o violador de Scarborough e matou as duas raparigas mas quer um acordo com a polícia, em troca do seu testemunho incriminador.
Tammy, irmã de Karla, morta por acção da incorrecta administração de anestesia que Karla lhe aplicou
Quando as provas começam a ser reunidas, descobrem-se as video-tapes, que Bernardo escondera. Ao visioná-las a polícia percebeu que Karla, a jovem e doce esposa agredida pelo marido, foi uma participante entusiasta nas violações. Ainda assim, as autoridades não desfazem o acordo. Em 1995 tem início o julgamento das mortes das jovens Leslie MahaffyeKristen French.Por o que fizeram a Tammy e a muitas outras, nenhum dos dois alguma vez foi julgado. Pelo seu envolvimento em todos estes crimes, Karla obteve o acordo prévio e sabe que só terá de cumprir 12 anos de «prisão». A imprensa apelidou este desenvolvimento como "O acordo com o Diabo" e a polícia recebeu duras (justas) críticas. Karla é a "grande" testemunha de acusação, num julgamento em que ela seria dispensável já que, literalmente, as imagens falam por si.
No decorrer dos testemunhos, Paul afirma que foi Karla que matou as duas jovens, por ciúmes. Já Karla, com muito a perder pois toda a sua imagem na tragédia baseava-se no também ser vítima - e para tal socorreu-se àquela foto em que aparece de olhos negros - afirmou que foi Paul o assassino. As mortes nunca foram filmadas (o que me leva a crer que não foram planeadas pelos dois, mas por um) e a realidade nunca ficou conhecida.
Como Karla justificou aos pais o que "ele" a fez fazer. Uma carta padrão, esterilizada, que põe a responsabilidade noutra pessoa e quando a mete nas duas, a outra é o "cabecilha"
Paul foi sentenciado à pena máxima mas, tendo sido considerado uma ameaça perigosa para a sociedade, é impossível sair em liberdade. Desde o seu encarceramento em 95, vive na solitária, entre quatro paredes de betão, sem luz do sol ou contacto humano. Só lhe é permitido sair dali durante 1h por dia e já sofreu duas tentativas para lhe extinguirem a vida.
E Karla? Foi «presa». Não numa cadeia, mas num hospital psiquiátrico. Pouco depois começou a corresponder-se com um outro preso e começaram a «namorar». Durante o seu encarceramento tentou receber liberdade condicional, mas esta nunca lhe foi concedida. Ao contrário de Paul, isolado sem ver o sol, ouvir pessoas, ver gente, A estada de 12 anos de Karla no hospital Psiquiátrico permitiu-lhe, inclusive, adoptar um gatinho e passear-se pelos jardins. Aqui está ela, durante o encarceramento.
Nem parece uma assassina, desmembradora de adolescentes virgens, raptora, violadora e fratricida.
Acho esta última imagem particularmente perturbadora. Não sei se ela a terá tirado com intenções de enviar a alguém ou se estava a flirtar com a pessoa que lhe tirou o retrato, visto que teve inúmeros encontros lésbicos, supostamente, para agradar Paul. Prestando atenção aos detalhes, parece existir malícia por detrás do olhar, do sorriso e a postura do corpo, a mão sobre o sexo, o descalçar da bota como se fosse começar a se despir... Isto lá é pose que se faça?
Pelo seu envolvimento em todos estes crimes, Karla obteve uma sentença muito leve, que teve de cumprir numa espécie de «paraíso» para condenados. Mas até que ponto é que ela é vítima e até que ponto é ela o carrasco?
Sabe-se que Paul provavelmente violentou umas 20 jovens antes de se casar, sem ter recorrido ao assassinato. A primeira morte como consequência das suas depravações sexuais foi Tammy. E não se pode dizer que foi ele que a matou, porque a maior responsável foi Karla, que comprou, roubou e administrou as drogas, mantendo um pano ensopado em anestésico fixo às vias respiratórias da irmã, enquanto Paul a penetrava. O comprovativo de tudo estava nos videos, que após o julgamento foram destruídos mas mais que não fosse, o rosto sem vida de Tammy apresentava uma queimadura gigante vermelha, causada pelo contacto do pano embebido na substância. O próprio uso de drogas não era sequer um recurso de Paul, até Karla começar a administrá-las para transformar meninas virgens em «presentes» de Natal, casamento, Lua-de-Mel, aniversário, etc.
A meu ver, Karla é tão ou mais culpada que Paul. Porque a inteligência e o desenrasque veio sempre da parte dela. Ela sabia o que fazia e escolheu fazê-lo. Ela conduzia uma vida normal, era auxiliar de veterinária, cuidava da saúde dos animais... E caçava, torturava e matava pessoas. Foi ela que descobriu uma forma de tornar as vítimas participantes sem memória do ocorrido. Ela introduziu a «escrava sexual» no relacionamento dos dois. Ela «prendeu» Paul a si fornecendo-lhe formas cada vez mais engenhosas de satisfazer os seus desejos sádicos por meninas virgens. A polícia jamais devia ter feito um acordo com Karla e foi muito criticada por isso. A imprensa chamou-o de "O acordo com o Diabo". E fez muito bem.
Instruções de uso do rótulo da substância que Karla administrou à irmã
Jamais a droga podia ser administrada a quem tivesse ingerido alimentos nas últimas 12h
As próprias sentenças revelam a superior inteligência de Karla perante Paul. Nos testes de avaliação psiquiátrica efectuada aos dois, Karla marcou 5/40 no nível de psicopatia, em contraste com os 35/40 de Paul. O que só vem a confirmar que ela é sã. Uma sádica sã. O psicopata era ele. Ela era o cérebro da relação responsável por alimentar, cada vez com mais requinte, a doença patológica de Paul.
A POLÍCIA
A polícia agiu com alguma inaptidão e amadorismo - desconsiderando pistas boas e perseguindo outras erradas - comportamento que também foi publicamente criticado. Nem com ADN, nem com retrato falado cuspido e escarrado, nem com matrícula parcial, nem com testemunhos de amigos, nem com acusações múltiplas de agressão e violência sexual da ex-namorada de Paul... Consideravam estas mulheres "histéricas". Mas o Canadá ainda vive na pré-história para desconsiderar tudo o que uma mulher diz e apelidá-la de "histérica"?? A polícia não fez absolutamente NADA do que podia e devia ter feito para remover atempadamente a camuflagem a Paul. E assim ambos sentiram que os seus actos saiam impunes. Forçaram os limites. Raptavam também de dia. Submetiam as vítimas ainda a mais sádicos abusos.
Teria bastado UM passo diferente por parte da polícia durante as investigações, para que o resultado fosse outro. Com as muitas boas dicas que recebeu, todas de «mulheres histéricas», no mínimo a morte de Kristen podia ter sido evitada, para não falar qualquer morte poderia ter sido evitada e muitas violações não teriam acontecido.
Uma coisa também é certa: muitas outras jovens para além das conhecidas foram abusadas. Talvez mesmo assassinadas - suspeita-se que um cadáver encontrado em água possa estar ligado aos crimes dos dois. E como o trabalho policial foi tão inglório, não me admiraria se, nas dúzias de video-tapes com outras jovens a serem violadas, uma delas fosse essa jovem da água. A polícia fez um trabalho tão pouco dignificante, que chegou mesma a acontecer a condenação de um outro indivíduo, que cumpriu pena por uma violação cometida em 1986 por Paul.
E como as datas comemorativas sempre foram celebradas de forma especial por Karla (Natal, despedida de solteiro, páscoa, lua-de-mel, aniversários etc), o dia 4 de Julho de 2005, dia da independência americana, foi o dia da independência de Karla. Essa foi a data da sua saída em liberdade.
Aos 35 anos, Karla estava livre de qualquer responsabilidade pelos crimes cometidos. À data da sua libertação foi viver para a província de Quebec e casou com Thierry Bordelais, o irmão da sua advogada de defesa (supostamente as duas na imagem acima) e logo deu à luz um rapaz. Em 2007 mudou-se para Antilles e em 2012, foi encontrada em Guadaloupe, respondendo pelo nome de Léanne Teale. Nesse tempo teve mais dois filhos. Em 2014 a irmã Lori revelou sobre testemunho (noutro caso macabro) que esteve com a irmã e esta estava a viver novamente no Quebec.
Karla ou Leanne Teale, em Chateauguay, Quebec
livre como um passarinho, enquanto Paul continua confinado a um caixão vertical
E as jovens que os dois assassinaram à muito viraram poeira
Karla pode dizer... o crime compensa.
Galeria fotográfica:
Depois de concluir a pesquisa de imagens para este texto, encontrei outras e espantei-me como fiz uma leitura correcta daquelas três imagens de Karla na prisão. Tal como imaginei, ela logo tratou de planear o próximo passo. E como sempre acontece com os narcisistas, a prioridade é estabelecer contactos com o exterior, novos laços que venham a ser úteis, em particular uma relação amorosa com alguém livre. Envolver alguém com declarações de amor e promessas de sexo, para assim encontrar um lugar para morar e se estabelecer, no máximo conforto e anonimato possível assim que a liberdade for concedida. Vejam mais fotos dela na sua «temporada» na suposta prisão.
PERTURBADOR:
Karla a indicar a alguém cá fora que deseja ser mãe
Os sacrifícios de uma vida na prisão....
Muito perturbador. Cheio de mensagens sublimares.
Obviamente uma imagem com intuito de levar alguém ao delírio do desejo.
Carla vestindo sexy langerie e de lábios avermelhados
Atenção ao pormenor da toalha vermelha com coraçõezinhos....
Seria para celebrar o dia dos namorados?
Quem ela assassinaria nesta data se não tivesse sido descoberta?
Mais um pouco e dava para ver...
Isto é na prisao. Dá para acreditar??
Foto de 2000
Esta para mim selou o que intuí: fotos para comunicar com alguém no exterior.
No cartaz pode-se ler: Você sente falta de mim, bé?
Um termo carinhoso, um apelo emocional, uma chantagista manipuladora exemplar.
E a carinha a fazer beicinho?
Legenda: "Estou na prisão mas bem podia estar a partilhar no face as imagens das minhas férias no Hawai"
A forma como se segura ao poste, sabendo nós que peça é esta,
é tudo menos inocente. Legenda: "vou abraçar este poste como se fosse a ti!"
Postal com 12 impressões da boca de Karla,
enviados ao seu interesse romântico enquanto estava na prisa, à amante Linda Veronneau (Bé)
Por aqui se vê que, tal como é costume, o preso narcisista que sabe que um dia vai sair em liberdade mantém um relacionamento com todos os que pode manipular facilmente. Mas quando é solto, abandona essa pessoa. Procura melhor, agora que já não precisa das outras.
E pode-se ver: ela assina mesmo as cartas com o sinal XOXO!
Em cima quase usei papel com bonequinhos como fundo de carta que traduz o texto que Karla enviou à família a «contar» que matou a irmã Tammy. Achei que seria a cara dela! Fazer-se de menina, de inocente, de jovem que gosta de laços, coisas cor-de-rosa etc... E não é que é mesmo isso que ela faz?
Ao menos esta pessoa que ela usou «vingou-se» tornando público
certas fotos e correspondências.
Acho todo este caso REPULSIVO.
Que direito tem Karla de viver em sociedade, ter filhos para levar à escola, morar numa casa, ter carro... ver o sol nascer, passear com o cão, celebrar Natais, aniversários, comunicar-se com a irmã? Ou os pais, coisa que não sei se é o caso mas... que não me surpreenderia. A polícia machista... com a mania de achar que mulheres sinceras e justas são "histéricas". Depois estas bimbas louras com cara-de-anjo, que se fazem de inocentes, "vítimas" de violência doméstica por terem dois olhos negros e usam-nos a cada segundo como ferramenta de manipulação... Destas mulheres sentem pena, fazem-lhes as vontades, são condescendentes...
O duo assassino "Barbie e Ken" - como ficaram conhecidos na imprensa, não devia ter tido tratamento diferencial no acto da sentença. O lugar de ambos é na cadeia.
Não esqueça: pode ligar as legendas.
ADENDA:
Tanto Karla quando Paul mudaram legalmente os seus nomes. (lol).
Até nisto existe um traço arrepiante: ambos escolheram Teale como apelido. Karla passou a ser Leanne (I wonder why) Teale e Paul fez o mesmo: agora chama-se Paul Jason Teale. E sem manterem contacto um com o outro e muito provavelmente sem terem informação do exterior! Supostamente a motivação de Paul foi inspirada no nome da personagem de Kevin Bacon, no filme "Inocente ou culpado" (1988), uma trama que fala sobre um assassino em série e que foi filmada no Canadá, exatamente na província de Québec.
Quem pensou que ambos viram este filme e discutiram o seu fascínio pelo assassino? Quem deduziu que ambos mudaram de nome e entre tantos apelidos, escolheram logo o do filme porque isso é uma forma íntima de reforçarem o seu lado oculto?
Quem achar isto relevante, indicador de ausência de consciência ou arrependimento, levante o braço....
Bastou manifestar receio sobre o fim do Verão e eis que hoje o dia amanhece «fresquinho» e menos luminoso. As folhas secas das árvores já o anunciam mas... Não quero acreditar. O Outono só tem início no dia 22 de Setembro. Avisem o S. Martinho!
Mas não é o tempo o tema que vou abordar. Vou falar de BELEZA.
Bonitos noivos, não é mesmo? Dos mais atraentes que já vi. Jovens e felizes, ela com 21 anos ele com 27, a registar o momento da união para a posterioridade, tal como todos fazem.
Mas o que têm em beleza encontram equivalência em maldade.
Provavelmente já conhecem este casal mas por enquanto vou omitir os seus nomes. Começo por contar que casaram no dia 21 de Junho de 1991. Exatamente duas semanas antes do rapto, violação, assassinato e desmembramento de uma menina de 14 anos: Leslie Mahaffy.
O casamento dos dois foi celebrado também entre alguma tristeza. É que a irmã mais nova da noiva, Tammy, de 15 anos, faleceu no dia 23 de Dezembro do ano anterior. A causa de morte foi a ingestão de uma combinação de bebidas espirituosas que induziu a um coma alcoólico e fez a jovem sufocar no próprio vómito. Uma catástrofe que deixou de rastos a família. Quando Tammy foi a enterrar, o jovem casal, discretamente, colocou esta fotografia dentro do caixão.
Algures nos dois natais que se seguiram (o casamento não completou três anos), a dupla não esqueceu a falecida Tammy. Aqui estão eles, ainda casados, a celebrar a quadra pousando para a foto junto da árvore e, ao lado, uma imagem emoldurada de Tammy.
Agora vou dizer-vos os seus nomes: Ela chama-se Karla, adorava animais e por isso formou-se em veterinária, trabalhando numa clínica local. Vem de uma família abastada e supostamente equilibrada, não lhe tendo faltado nada. Ele chama-se Paul Bernardo. Trabalhava com contabilidade, também vem de uma família abastada e conhecida na região, porém disfuncional, de alegados abusos sexuais. Pode estar aí a origem de uma fixação de Paul: violar jovens meninas.
Antes de se casar, Paul já detinha pelo menos 19 violações. A polícia andava à procura do violador de Scarborough, a região onde raparigas estavam a ser atacadas em série. A 26 de Maio de 1990 uma jovem de 19 anos foi capaz de descrever o seu violador e fez este retrato falado.
As semelhanças com Paul eram evidentes. Eventualmente duas pessoas foram à polícia para o indicar como suspeito. Uma destas foi a esposa de um dos melhores amigos a quem Paul confidenciava as suas preferências sexuais agressivas. Após as autoridades falarem com este indivíduo, acharam-no confuso e não lhe deram grande crédito. Foi preciso dois meses para dois detetives chamarem Paul para prestar depoimento. O que ele fez com a simpatia e prestabilidade que adquiriu ao estudar técnicas de sedução. Quando lhe perguntaram se entendia porque estava a ser interrogado, respondeu que haviam semelhanças entre si e o retrato. A polícia pediu-lhe para facultar amostras de ADN, que Paul gentilmente cedeu. E deixaram-no ir, tendo colhido o ADN e sem acreditar que aquele homem educado e de boa família pudesse ser o temido violador em série.
Em consequência de uma incapacidade da polícia em conseguir agir mais rápido, Paul seria também responsável por outras muitas violações. Mas as que o tornaram mais notório foram aquelas que culminaram com assassinato. A 14 de Junho de 1990 encontraram o corpo desmembrado da já mencionada Leslie Mahaffy, de 14 anos. A 16 de Abril de 1992 foi a vez de Kristen French, de 15 anos de idade.
A loucura de tudo isto é que... foi tudo filmado!!
E quando as autoridades conseguiram colocar as mãos nas video-tapes, deram conta de algo muito revelador: Karla estava com Paul em todas as violações. Na verdade, ela era uma participante muito ativa. Não só servia de «isco» para atrair ou distrair as jovens, como também as violava e torturava. Segundo Paul, terá sido ela a matar todas as três. Três?? Sim, três. Porque a primeira de todas foi... a irmã de Karla, Tammy.
As vítimas
A sequência dos acontecimentos:
23 de Dezembro 1990
Uma das revoltas de Paul foi não ter sido o primeiro homem de Karla. E foi assim que Karla, após uma alegada insinuação de sexo com as duas irmãs, decidiu oferecer a virgindade de Tammy "como presente de Natal" a Paul. Ela roubo da clínica veterinária uma substância que tinha de saber que administrada da forma que foi causaria a morte. Após o jantar em família e os pais terem ido dormir, Karla misturou uns calmantes com uma bebida e administrou-os à irmã. Algo que já havia feito antes, por «piada». O casal então despiu a jovem e administrou a droga roubada na clínica, ensopando o poderoso anestésico num pano que foi aplicado na boca e nariz de Tammy. Karla terá dito que violar a irmã trouxe-lhe mais prazer do que poderia imaginar. Também confessou que não lhe custou tanto assim a sua morte. Recordo que o falecimento não estava «programado» porém Karla, com os conhecimentos veterinários que possuía, devia saber que a morte seria o desfecho da administração incorrecta da droga. Tudo o que fizeram naquele dia foi FILMADO.
Única imagem conhecida do vídeo.
Paul a posicionar a cabeça da adormecida Tammy
Tammy engasgou no próprio vómito. O casal alegadamente tentou reanimá-la sem sucesso. Antes de chamarem o 112, voltaram a vesti-la e esconderam qualquer evidência do acto cometido. Horas depois Tammy foi dada como morta no hospital, sem nunca recuperar consciência. Nem uma estranha queimadura vermelha no rosto causou suspeitas aos médicos e a morte foi considerada acidental, causada por sufocamento devido a vómito após ingestão de álcool.
O estado de Tammy antes de ter morte pronunciada
Lembram-se que o casal colocou uma fotografia sua no caixão de Tammy? Recordam que anos depois fotografaram-se no Natal (aposto que dia 23) junto a um retrato de Tammy? Pois por aqui vêm a frieza e o sadismo dos dois. Mas existiu pior: três semanas após a morte, os dois decidiram fazer um vídeo intitulado "conversas à lareira". Nele Karla surge vestida com o uniforme da irmã e fazendo-se passar por ela diz que gostou muito de ser violada. Os dois procederam a ter sexo na cama da falecida. De luto, os pais de Tammy pediram a Paul para se mudar (ele morava na casa da família) e Karla foi junto com ele.
7 de Junho 1991
Alegadamente por temer que Paul desistisse de se casar com ela, Karla deu uma despedida de solteira, convidou uma amiga até sua casa, drogou-a até ficar inconsciente e depois telefonou a Paul, incentivando-o a aparecer porque ela tem um «presente de casamento» para lhe oferecer. A amiga, que era virgem, acordou no dia seguinte enjoada, mas nunca percebeu o que havia lhe acontecido, pois foi a primeira vez que tinha ingerido álcool e presumiu que tudo o que sentia era o efeito da ressaca. Um mês depois, já casados, a mesma amiga é convidada a aparecer, e é novamente violada sem conhecimento.
14 de Junho 1991
Duas semanas antes do casamento, Paul sai de carro e dá de caras com a jovem Leslie Mahaffy, de 15 anos. Sequestra-a e leva-a para a cave da casa que partilha com Karla, dizendo ter encontrado um brinquedo para os dois. Deram início a horas de tortura e abuso sexual registadas em vídeo, acabando por matar Leslie. Segundo Paul, foi Karla que a matou, com uma dose letal de Halcion - a droga que já usara antes. Segundo Karla, foi Paul que a matou, sufocando-a com as mãos. Faz diferença? Mais tarde irá fazer. Os dois decidiram que o melhor seria desmembrar o corpo, o que fizeram. Meteram cada parte cortada com a serra do avô de Paul em cimento e atiraram a um lago. Um dos blocos era tão pesado, que não foi possível afundá-lo. Ficou nas margens até o dia 29 de Junho, quando um pai a passear com o filho fez a descoberta. O corpo foi reconhecido pelo aparelho nos dentes que Leslie usava.
21 de Junho 1991
Karla e Paul casam-se.
Os psicopatas assassinos Paul Bernardo e Karla Homolka
16 de Abril 1992
É Pascoa. Mais uma vez o casal está a passear de carro, no intuito de encontrar uma virgem para raptar e sodomizar. Avistam Kristen French e, fingindo estarem perdidos, pegam num mapa e pedem por direcções. A jovem é então forçada à ponta de faca a entrar no carro e acontece-lhe o mesmo que aconteceu às outras: é violentamente torturada e violada. Três dias depois é assassinada e o corpo atirado nu para uma vala. Os pais de Kristen são rápidos a estranhar a sua ausência, alertam a polícia e depressa refazem o caminho que a jovem sempre tomava da escola para casa. Descobrem testemunhas que viram o rapto e encontram um dos sapatos de Kristen. Um dia antes de ser morta (mais uma vez tanto Karla quanto Paul irão atribuir o acto um ao outro) Paul é reconhecido por uma rapariga que ele havia perseguido de carro até casa. Kerry Patrich e a sua irmã Shanna, caminhavam até casa quando notaram estar a ser seguidas por uma viatura, conduzida por um homem a segurar uma câmera de vídeo. Dois dias depois, a 31 de Março de 1992, ambas contaram o caso à polícia, tendo facultado parte da matrícula. Depois de reconhecer na pizzaria o mesmo homem que as havia as perseguido, Kerry Patrick segue-o na esperança de descobrir a sua localização, mas acabou por o perder de vista. Conseguiu obter a matrícula do carro na totalidade e dirigiu-se à esquadra de polícia. A informação não foi tida em conta e no dia seguinte a pobre Kristen French foi assassinada.
Claro que este casalinho cometeu muitos mais casos de violações juntos. Alegadamente logo após a morte de Tammy existiu outra violação e até durante a lua-de-mel no Hawai - segundo um recorte de jornal mais tarde encontrado, que a polícia suspeita ser um «troféu». Se em quase todos os episódios o modus-operandi manteve-se idêntico ao que Paul praticava antes de casar - violar mas deixar as vítimas vivas, que se saiba as excepções existiram apenas para estas três jovens: Tammy Homolka, irmã de Karla, Leslie Mahaffy eKristen French.
Afinal não foi de beleza que vim falar. Mas de monstruosidade.
Este post já está loooongo (e eu pretendia escrever um ou dois parágrafos, cof, cof, cof), por isso conto o resto depois. É que a história está longe de terminar.