quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Considerações soltas (4) - A petulância e a ignorância

Eu sei que não sou muito inteligente.
Eu sei que não sou muito culta.
Eu sei que sou pouco experiente.
Eu sei que não tenho um domínio exemplar da língua portuguesa.

Mas fico atónita cada vez que pessoas bem melhores que eu  em todos esses «departamentos» conseguem surpreender-me com a sua ignorância.

Seria de supor que a ignorância é incompatível com o domínio destas áreas, mas não é.
Contudo, o pior não é a ignorância. É a petulância. 

De facto estamos sempre a aprender nesta vida. 
E talvez tenha de começar a tentar convencer-me que, mesmo diante de tudo o que não sei, de tudo o que não vivi, de tudo o que não domino na perfeição, algo faz-me ser capaz de dominar outras áreas que até os «génios» não alcançam.


Não é a primeira vez que me deparo (ou melhor: deparo-me, sei como é mas como sempre fui um pouco à brasileira, prefiro deixar assim, por uma questão de fidelidade)  com este fenómeno. 

Gosto de aprender. Gosto de ler os escritos de pessoas que decerto são mais inteligentes que eu, ou mesmo não sendo, têm algo a dizer, ou simplesmente apreciam produzir textos cheios de referências culturais, estabelecendo paralelos e fazendo ironias. Eu entendo o sentido. Sou pouco inteligente mas nem sempre ao ponto de não captar a mensagem. Simplesmente às vezes, ela não me faz rir ou não me entusiasma. Acho previsível, banal, sei lá... não acho todas as intelecto-análises brilhantes. Por vezes ofereço outra interpretação. O que não quer dizer que não entenda o sentido que lhe quiseram dar. Apenas vi outro. Vejo dois!

E, para minha surpresa, por vezes essa pessoa «intelectualmente superior» não tem capacidade nem para entender uma segunda interpretação, nem para tolerar a contribuição desse inocente gesto. Faz uma leitura totalmente errada, o que é surpreendente. E a reacção por vezes não é matura, no sentido «explique-se». Opta por uma "descida do salto" com uma falta de nível que faria corar um simplório qualquer. 

E nunca existiu agressão alguma, por vezes, ao contrário. Até foi uma contribuição inteligente. Mas a pessoa não alcança. Ou não aceita, simplesmente, uma opinião franca e inocente, que não seja antecedida dos habituais rapapés para "amparar" a crítica que se segue...

Humildade. 
Por muito inteligente que uma pessoa seja, o seu nível de humildade é que faz a diferença.  

5 comentários:

  1. O humilde é aquele que reconhece os seus limites e sabe que pode não saber tanto como os outros. O arrogante é aquele que simplesmente pensa e acredita que é bom e que os outros não se equiparam a ele.

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  2. Às vezes a inteligência por muito grande que seja consegue ser menor que a vaidade da pessoa. Daí que alguém que lhe ponha a questão de outra maneira, a irrita. Não é que não entenda o segundo ponto de vista. Põe-na fora de si, o facto de não ter pensado daquela maneira, para expor os dois pontos de vista e ter com isso permitido que outra pessoa se evidencie no seu espaço. E pior ainda que quem lê os comentários, possa achar que o outro é mais inteligente que ela.
    Abraço

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    Respostas
    1. Muito bem observado, Elvira.
      Estou a aprender com os comentários que aqui deixam :)
      Abraço

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