Metereologia 24 h

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segunda-feira, 14 de julho de 2025

Ruído, calor e confissões

 
Acabei de me lembrar que o primeiro objecto que comprei quando vim para inglaterra foi um aquecedor. Identico a este:  

Estavam por todo o lado, em todas as lojas e supermercados. Quando vi o preço: TRES LIBRAS, achei que era engano. Que tinham se enganado e quando passasse na caixa registadora iam perceber e cobrar um valor mais alto. 
Mas não. O preço mais alto que encontrei por um destes foi cinco libras. Era, portanto, realmente o valor cobrado por um equipamento eléctrico que dá para usar tanto na vertical quanto na horizontal, tem dois níveis de calor e um de ventoínha. 


ADORO-O!!

É o que tenho ligado agora, 8 anos depois, para receber algum tipo de ar fresco. É de noite - de madrugada para ser mais exata. Duas da manhã. Mas o termómetro indica que, no meu quarto, a temperatura é de 25 graus. 

O meu quarto... é a divisão mais quente de toda a casa. Mas assim, ridiculamente quente. Três vezes mais quente que qualquer outro lugar. Aqui se transpira de calor o tempo inteiro. É um quarto virado para o sol, numa construção de tijolo massiço, feita para aprisionar o calor no interior já que a maioria dos meses do ano são de frio. Tem o telhado, que é outra fonte que retém calor, mesmo por cima da minha cabeça. E debaixo da janela, outro telhado, para reflectir ainda mais calor para uma divisão já de si quente como a primeira porta de entrada para o inferno, que fica a quilómetros de distância da "mansão" do demo. 

Tenho quatro ventoínhas ligadas - sem grande diferença. Abri a janela mas... os insectos logo começaram a aparecer. Sabiam que o mosquito é o animal mais mortífero para o ser humano? Pois então... depois de ler isso, ainda quero menos ter insectos dentro de casa. Nunca gostei de insectos em casa. São inoportunos, incomodativos, estão sempre a esvoaçar à frente da tua cara, a posar onde está mais húmido: as tuas narinas, os teus olhos ou a tua boca. NOJENTO! 

E mordem! Sugam-te o sangue. Para ser mais exata, o mosquito, monido de seis agulhas bocais, com duas serra-te a pele, com outras duas separa as extremidades para expôr o golpe, com outra insere saliva e virus na tua corrente sanguínea (se for transmissor) para então, com a sexta, sugar o teu sangue à vontade. Só as fêmeas mosquito mordem. Sugam o teu sangue para poder produzir muitos ovos que vão abandonar num lugar húmido algures na tua casa. E depois nos queixamos que temos uma praga de mosquitos que não se conseguem eliminar. Pois!! 

O primeiro passo para o impedir é não os deixar entrar. E não deixar que metam ovos, para os quais precisam de sugar o TEU sangue. Então, que haja calor... uma pessoa opta por este martírio porque a alternativa, subitamente, é bem pior. 

Depois lembrei-me porquê comprei o aquecimento. Foi, claro, para aquecer um pouco o quarto frio e húmido onde morava na primeira casa. Tinha um radiador, mas eu não suportava o efeito que me causava. Não gostava dele. Parecia queimar quase todo o oxigênio da divisão. Me deixava a sentir grogue e a almejar ar fresco. Depois, gosto de calor em doses muito pequenas. Ligava o aquecimento e desligava pouco depois. Contudo, teve uma dupla utilização que acolhi com muito prazer. É que quando tinha o cabelo molhado e era melhor secar, caso contrário podia ficar doente, este aparelho é bem mais silencioso que um secador. 

Nunca gostei de secar o cabelo com secador. NUNCA. 

Cada vez que mo faziam era um sofrimento. Para começar, o calor em si... a queimar-me o coro cabeludo... tortura. Mas o pior mesmo é que nem um minuto de barulho consigo aguentar. Os secadores são máquinas altamente ruidosas. E nunca aguentei muito. Foi sempre um sacrifício sem fim, quando ia ao cabeleireiro, ouvir aquele zumbido ruidoso. Diria que tortura para os sentidos. 

Concluí que sou uma pessoa talvez com maior sensibilidade a certos decibeis de ruído. Porque não me agrada ruidos corriqueiros. Lembro-me que depois do covid, quando se levantaram as restrições e as companhias aerias puderam retomar os voos, das primeiras vezes que escutei o ruído de um avião a preparar-se para a decolagem foi... incómodo. 

Agora já me habituei. Até procuro saber de onde vem. Sempre vivi perto de aeroportos e é um ruído que me era conhecido. Contudo, deixou de existir por um periodo de tempo e quando regressou descobri que, afinal, gosto muito mais quando não há ruído de todo a soar como um trovão pelos ares.

Sou sensível aos ruídos do dia a dia. Desagrada-me em particular o ruído de motores. Agora que os transportes estão a virar eletricos acho que isso não vai mudar, porque o zumbido do eletrico é uma coisa irritante... mudam o fuel, não eliminam a poluição sonora. 

Percebi também que faço uma viagem muito mais tranquila e permaneço mais facilmente de bom humor e bem de vida, se usar uns tampões para eliminar parte desse ruído. E sabem que mais? Escuto MUITO MELHOR os sons que é suposto escutar se tiver tampões nos ouvidos. Parece até que a fala das pessoas fica mais nítida. Música, se a colocar a tocar, escuto-a melhor. É como se o tampão - que neste caso não passam de uns velhos auscultadores de fio desconectados, filtrassem o ruído incómodo, reduzisse a sua amplitude e tornasse os sons que são para escutar mais nítidos. 

E vocês? Como sentem os ruídos do dia-a-dia?

sábado, 5 de setembro de 2020

Os cães sobre 40º de calor e as leis do animal no UK

 

Saí da clínica em direcção ao jardim. Numa escadaria onde, na semana anterior, devido ao muito calor, sentei-me para abrigar-me à sombra, tomar um gole de água e falar ao telemóvel, vi cães. Não dois, ou três, mas quatro!

Como aquela zona do Parque das Nações tem um café com esplanada no topo dessas escadas, inicialmente pensei tratarem-se de animais com dono. Nem me ocorreu que aquela quantidade de cães fossem de rua. 

Dois repousavam à sombra, deitados na calçada. Outro estava a beber (e de que maneira!) água deixada num contentor plástico, bem ao lado do caixote de lixo onde fui despejar um lenço de papel. E o quarto aguardava, pacientemente, vez, atrás da cadela que bebia água. Quando me aproximei do caixote, a que bebia água sobressaltou-se e afastou-se. Afastei-me eu e a segunda cadela de pé aproveitou para beber água. Com a mesma ânsia que a primeira, pareciam estar com muita, muita sede. Foi então que percebi: eram animais de rua.

Alguém deixou ali um balde com água para eles saciarem a sede. E ao lado, se repararem na imagem, está um daqueles cestos que os estabelecimentos comerciais recebem, onde costuma vir armazenado fruta ou vegetais. Estava vazio mas decerto que continha comida. Para mim, quem pensou nestes animais trabalha num supermercado ou restaurante. 

Atravesso a estrada para a rotunda cheia de árvores na qual me senti tão bem na semana anterior, em direcção ao jardim da Ponte. Nisto um homem faz-me sinal. Ignoro, penso que não é comigo. Porque haveria de ser? 

-"Posso fazer-lhe uma pergunta?" - diz ele entre a máscara.

Não entendo bem o que poderá um desconhecido, naquelas circunstâncias, querer comigo, uma transeunte. Indicações? Não conheço bem a zona e ele pareceu-me local.

-"Sim?" -respondo.

-"Foi ali colocar água para os cães, não foi? Acho bem mas porque é que não colocam água aqui entre as árvores, ou ali (mais afastado?). Os cães já atacaram pessoas a sair do autocarro". 

A rotunda arborizada, onde um quinto cão devorava 
algo comestível que lhe foi deixado


O problema dele era ter os cães próximos da sua habitação. Mesmo à entrada de um prédio. Que fossem para a rotunda, ou para o passeio perto do muro... Também há ali sombra. Mas que não deixassem água ou comida perto das casas. 

(Se calhar é porque é longe para a pessoa que os lá foi colocar, não é tão prático transportar aquele peso ainda mais longe dali)

O homem pediu desculpa e afastou-se. Eu segui caminho, desistindo de ficar na rotunda por uns instantes a fazer um relato e fiquei a pensar na falta de humanização versus o sentido de propriedade. Não que ache que o homem estava contra os animais receberem um gesto que provavelmente lhes salvou a vida num dia tão quente. Mas, claramente, a sua prioridade residia em afastá-los da sua vista. 

Ontem o dia chegou aos 40 graus. Aqueles animais tinham tudo para morrer desidratados. Existiu uma alma caridosa no meio daqueles prédios para gente com dinheiro para ali viver, que lhes deixou água fresca. Parece que, hoje em dia, quem ousa ter este tipo de gestos é mais criticado que elogiado, como se estivesse a cometer um sério delito.

Duvido muito que aqueles cães atacassem fosse quem fosse. Não acreditei nessa parte da história do homem para justificar o seu interesse em mantê-los longe da vista. Os animais tinham mais medo de mim, humana, sobressaltando-se à minha passagem e aproximação, do que outra coisa. Encolheram-se ao meu ver, daquela maneira que só um animal que já foi enxovalhado e enxotado sabe reagir.


Qual é a minha perspectiva diante de animais abandonados ou de rua?
Sou a favor da sua existência e DIREITO a viver com liberdade.

Não defendo que devam todos sair das ruas. Pelo contrário. Sei que por vezes precisam de cuidados médicos mas, ainda assim, defendo o direito que têm de viver em liberdade. Tenho pena mas nunca mais esqueço de um cão vadio que fazia vida sem querer fazer parte da casa de ninguém. Para se alimentar e ter companhia, contava com um número considerável de pessoas e ele sabia a quem recorrer quando queria. Se aparecesse ferido, alguém cuidava dele e depois ele desaparecia para parte incerta. Voltando a aparecer quando lhe dava vontade.  

Prefiro um cão na rua, com possibilidade de se alimentar da caridade de muitos, do que vê-los amontoados em jaulas em canis ou saber que vão ser abatidos. Acho que têm o direito de viver soltos, tal como algumas pessoas também exercem esse direito. Penso ser desnecessário mais leis, ou melhores leis, ou mais peditórios de dinheiro para a defesa dos animais. 

Vivo em Inglaterra, onde a realidade animal é diferente, mais rígida nas leis. Um dia percebi que nunca vi sequer um gato vadio na rua.  - Nunca vi um cão ou sequer um gato de rua! A resposta que ouvi foi: "não há animais a viver na rua em Inglaterra, é considerado falta de humanidade". 

A resposta escandalizou-me pela hipocrisia

-"Mas pessoas a viver na rua já pode!"- tive vontade de ripostar.


Na cidade onde vivo, há muitas pessoas sem-abrigo. Todos os anos parecem aumentar. São homens, mulheres, jovens, menos jovens... a pedir dinheiro sem estender a mão e sempre a beber cerveja e a fumar. Tal como muitos outros que andam por ali a deambular, mas que devem ter pousio algures. A diferença é que o álcool e as drogas que estes consomem, vêm disfarçadas em garrafas de refrigerante somente no rótulo. E o sem abrigo não se dá a esse trabalho. De resto, faça chuva ou sol, dormem num chão de pedra, à mercê dos elementos da natureza.


Mas isto não é proibido em Inglaterra.

Já animais, que, ainda que domesticados, sabem viver no seu habitat de rua, não pode ser. Aposto que esta regra nasceu mais de pessoas que vêm os animais vadios como um incómodo social, uma inconveniência, algo que reflecte mal em si mesmos. Criaram então leis que nasceram disso e não na verdadeira preocupação ou amor por outro ser vivo. 

No meu entender, as leis de protecção a animais que os ingleses têm só servem para pedir mais e mais dinheiro ao trabalhador. Na TV passam anúncios de peditórios para protecção de animais e não se ficam por caes ou gatos: é burros, cavalos cegos, papagaios... Parece-me que a toda a espécie do reino animal foi atribuída uma caridade exclusiva. E todas são um poço insaciável e por isso recorrem ao sentimentalismo barato e procuram chocar as pessoas, apelando ao seu sentido de horror e possível experiência pessoal. 

Considero os anuncios televisivos de peditórios errados e pouco deontológicos. Não só usam situações extremas de sofrimento para pedir dinheiro, como definem uma quantia e logo informam que vai ser descontada MENSALMENTE. Cinco libras, costuma ser o mínimo. Ora, tentem lá separar 5 euros mensais e agora multipliquem isto por centenas de ajuda mensal e vejam quanto dinheiro não estão eles camufladamente a extorquir. Sim, porque considero que caridade é aquilo que a pessoa PODE dar, QUISER dar, QUANDO e POR QUANTO TEMPO desejar. Impor um valor mínimo e uma frequência devia ser ILEGAL. Pelo menos acho que é IMORAL.

Imoralidade é o primeiro adjectivo que uso para definir os anúncios de peditórios a animais que vejo em inglaterra, pois só mostram casos extremos. Usam imagens de animais nas piores condições possíveis de doença, cheios de trauma, feridas, sangue, sofrimento, amputações. Recorrem a imagens de um burro a carregar pesos, como se isso não fosse uma função própria para um animal, uma que o homem atribuiu a burros, touros, cavalos, bois, camelos etc, desde os primórdios do desenvolvimento, mesmo antes da mãe de Jesus montar num jumento rumo ao celeiro.

Para mim, quem usa esse tipo de situação singular para pedir continuamente dinheiro, não tem escrúpulos. E questiono muito este tipo de esquema.

Este tipo de anúncio já vai mais ao encontro do que considero correcto.
Mas encontrei-no no Youtube, está longe de ser o género que passa na TV Inglesa

Em Inglaterra, aqueles que têm animais, particularmente donos de cães, por vezes têm comportamentos de quem se acha com mais direitos. Isto pode parecer estranho, mas é o que acontece neste país em que os animais tem direitos que os donos querem fazer prevalecer. 

Uma vez ia a sair do passeio para entrar em casa, quando uma mulher a puxar três cães por uma trela, se recusa a deixar-me passar. Tive de parar e dar prioridade a ela e aos cães, porque ela não os puxou ou mudou de direcção para me ceder passagem. Coisa que em Portugal se faz por instinto e cortesia. Depois de insistir em não se desviar e ter passado, ainda me diz que os cães são para andar na parte de dentro dos passeios. Não pela margem dos mesmos. Os cães com trela não podem andar na berma do passeio?? 

Os donos de cães lá, também têm deveres. Um deles é simples: têm de apanhar as fezes deixadas por estes. Todos cumprem. O que mais temem, realmente, não é isso. Os donos de animais temem outra lei. Uma muito comum, temida por empregadores em particular: o PROCESSO.

Por isso, cada vez que um cão num parque se aproxima de desconhecidos, os donos começam a chamá-los e, caso não impeçam a aproximação, começam a jurar que eles não fazem mal e pedem sempre DESCULPAS por o animal se aproximar e, às vezes, saltar para as pernas. Ficam mesmo com aquela expressão de medo e receio. Pedem muitas desculpas, falam severamente num tom grave com os cães de estimação. 

Parece que é um crime os animais serem... animais. Têm todos de ter lições de comportamento e obedecer aos comandos do dono. Não há o livre arbítrio, não há aquela liberdade para o animal se expressar, como se um cão que vai cumprimentar uma pessoa no parque estivesse a cometer um delito. Haviam de ver o alívio no rosto dos donos quando, ao invés de reclamar e barafustar, limito-me a dar festinhas na cabeça do animal.

Este tipo de interacção só não é mal visto (ainda) se partir do humano. Se for o animal, que, como as crianças, gosta de se aproximar feliz e contente... é incorrecto. Indesejável. 

Foi até aqui que a lei para protecção dos animais conduziu a sociedade inglesa.





sexta-feira, 24 de abril de 2020

A natureza que me prende ao chão


Uma das coisas para as quais gosto de olhar, é a natureza. Anteontem passei uns minutos sentada na relva do jardim. Só escutava o som dos pássaros. Com o calor do sol a tocar-me nas costas, a aragem a sobrar gentilmente, os cantos e o som do vento a passar pelas agulhas do alto pinheiro. Tudo culminou num tão simples mas maravilhoso momento. 


Estar em contacto com a natureza sempre foi um bálsamo para mim. Pensamentos negativos distanciam-se, começa-se a ver o copo meio cheio. Quando digo natureza, não me refiro apenas ao campo visual. É um todo. São os cheiros, é a luz, é o ar e o vento. E, claro, tem também as flores.

Os amores-perfeitos que plantei o ano passado no jardim
(em forma de coração) Longe de imaginar aquilo pelo que o meu ia passar 


A caminho do emprego ontem, tive de parar uns instantes para tirar fotografias às cores e beleza que encontrei. O contraste entre beleza e o momento que vivemos não impede a natureza de continuar a florescer. Digam-me lá se não sabe bem deparar com estas maravilhas.


Camélias?

Este rosa é tão vibrante que chamou por mim à distância


Onde o rosa choca com o vermelho

Que bonita mescla de Cores




Mais destas maravilhas rosas no jardim de uma casa.
Parecem querer transbordar para o exterior

Num canteiro, perto do emprego




quinta-feira, 26 de março de 2020

Calor do meu país


Está neste momento 12 graus em Santo Idelfonso. Como é que o sei? Desde que regressei de Portugal que o meu telemóvel indica-me essa temperatura "local". Penso que não se actualizou geograficamente.


Não me importei. Gosto de ter essa ligação com o meu país e aqueceu-me o coração noutro dia ao final da tarde, quando a temperatura indicada foi de 19 graus.


quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Nova inquilina e as coincidências que não param



Tenho uma nova colega de casa.
Apareceu no último dia de Fevereiro. 

Foi uma total surpresa para mim, ninguém me disse nada, por isso não estava à espera. 

Quando cheguei no dia 22 o indivíduo veio bater-me à porta para me pedir dinheiro para as contas do gás e electricidade (inclusive para cobrir a semana em que cá não estive). Aproveitei para lhe perguntar se já havia alguém novo para cá morar.



"Não sei de nada" - respondeu.


Eu devia ter suspeitado que vinha aí alguém. Porque ele voltou a recorrer à mesma técnica de vir pedir dinheiro na véspera da nova inquilina se mudar. E não aceitou adiar para o dia seguinte - dia da chegada dela. Porque já sabia que ela ia aparecer. Mas mencionou-o? Não! 

O modus operandi dele não varia muito. Quase nada. 
É até enjoativo, depois de se perceber, vê-lo a "trabalhar".

A rapariga chegou e durante horas ninguém me disse nada. Não fosse eu descer à cozinha num momento em que os dois falavam e nem lhe tinha visto o rosto. Tal e qual como aconteceu com a outra. E é ele que gosta assim. Caso contrário, teria mencionado a sua chegada e também feito as apresentações.

Ele nem gosta que alguém mais queira conhecer a pessoa. Não antes dele, pelo menos. Tem de ser ele o primeiro a ter contacto imediato e estabelecer as regras. Porque assim, caso eu queira opinar e for contra algo que ele já disse, pouco posso fazer, além de ficar mal vista com a nova colega.

Eu queria poder a receber com um: Bem vinda! Como te chamas? Olha, queres isto, aquilo, funciona assim, deixas aqui dinheiro para as contas... 

Ele faz questão de se apoderar da pessoa e não a larga tão cedo. Não dá espaço para que outros se aproximem. Assim que eu entrei na cozinha ele não pareceu agradado. Hesitou e depois disse-me o nome da rapariga. Apertei-lhe a mão, disse-lhe o meu nome e não tive tempo para olhar o rosto dela como deve de ser, porque ele fez questão de sair da cozinha para continuarem a conversa longe de mim. 

Foi com a sensação "já vi isto antes" que percebi que ele, com o pretexto de lhe mostrar a casa (que já havia mostrado, como é óbvio), ia sondando a vida da rapariga. "Amanhã vais trabalhar?", "Quantas horas trabalhas?", "Quais as horas a que trabalhas?", "Quando folgas?", "Onde é que trabalhas?". 

E como quem não faz de propósito mas já com tudo mais que estudado, faz perguntas em duplicado ou triplicado. "Disseste que amanhã vais trabalhar?".

Nada disto é conversa trivial. Tudo serve um propósito egocêntrico.

Conhecer de imediato os horários de todos da casa é algo que ele sempre tenta fazer. Agrada-lhe ser detentor de todo esse conhecimento e saber exatamente quando tem a casa só para si. Quer estar no controlo de tudo, ser o único que sabe a que horas é que fulana sai de casa, se sai para trabalhar ou vai de férias, ou dar um passeio. 

Estou aqui de mangas arregaçadas e incapaz de descansar e relaxar exatamente por causa do calor excessivo que sinto na casa. E não posso desligar a porcaria da caldeira que o homem não deixa. É quase meia-noite e a caldeira está ligada consecutivamente há 9 horas. Mais sete horas que esteve da parte da manhã e temos um consumo exagerado de gás. 



Uns são mais friorentos que outros mas eu acho isto um exagero. O bafo quente que me atinge os pulmões assim que abro a porta do quarto para o corredor, até me assustou. É muito abafado. A porta do quarto dele fica ao lado, e ele a tem encostada. Só podia vir dali a fonte de calor. Estiquei a mão até a abertura e o calor que radiou dali fez-me supor que o radiador devia estar perto. Ele só pode estar também a morrer de calor ali dentro. Mas por algum motivo de gosto pessoal prefere assim. O mal está que impõe essa preferência aos restantes e esta têm consequências económicas.

Em termos financeiros é um roubo: sozinho ele é responsável pelo consumo diário de 5 euros só de gás. 

Isto é um regime DITADORIAL... 
E o ditador é quem manda. Quanto dinheiro quer, quando, por quanto tempo, quem o dá e quem não o dá.

Por mim, quase nem ligava a caldeira. Nem sempre sinto frio que o justifique e não aprecio o ar pouco oxigenado que os radiadores provocam.

De momento não tive opção: tive de abrir a janela.
E estou a gostar. Calor e ar fresco. Delícia!!

Acho que devia ir morar para países escandinavos... 
Aqueles onde as pessoas vão nuas para as banheiras de água quente externas à casa, no meio da neve :D  
  


segunda-feira, 25 de julho de 2016

Expliquem-me esta antiga curiosidade


Este é um enigma que me atormenta faz anos.
Por favor expliquem-me, para que possa entender, como é que existem pessoas capazes de fumar um cigarro na rua quando está uma temperatura de +30º?? 


Logo cedo pelas 8.30 da manhã, o sol queimava que parecia uma fornalha. A sério... E mesmo assim vejo tantas pessoas a puxarem de um cigarro enquanto torram ao sol! Fico a pensar se isso é uma espécie de necessidade que lhes nasce com o calor. Uma espécie de barómetro interno: como o calor por fora está de queimar, introduzem uma fornalha ardente para dentro dos pulmões, para o núcleo ficar tão quente quanto o exterior, atenuando-se assim as diferenças. É isso?

Compreendo quem tenha apetência por gelados ou água fresca... Mas pasmo com isto. Ainda mais quando se põem a acender o cigarro ainda dentro do elevador. Não podem esperar três segundos até terem os pés fora do prédio? E lá tive eu de respirar o ar tóxico do fumo deixado no cubículo, quase a vomitar do mau-estar que já sentia, previamente intensificado pelas sacudidas dos transportes públicos e da força do calor.  



Hoje aproveitei que tinha a manhã livre, decidi enfrentar as temperaturas "perigosas" e fui espreitar o último dia da presença dos Tall Ships em Lisboa. Afinal, dia da semana... menos gente. Mas acho que não valeu a pena e não gostei do que encontrei. Aquilo era para inglês ver.

sábado, 13 de julho de 2013

Corrente de Oeste

O bom tempo chegou!

Dizem que já vai partir amanhã mas até lá, que tempo perfeito, respirável, com céu nublado mas com muita luminosidade, um ar fresco e húmido. Bendita corrente de ar vinda de Oeste.

É possível sair à rua e fazer de tudo: olhar para o céu, correr, ir para a praia, fazer caminhadas, brincar nos baloiços com as crianças, transportar as compras a pé, tanta coisa. Tudo sem SUAR COMO SE FOSSE DERRETER ou sentir tonturas e fraqueza provocadas pelo calor.

Podem discordar aqueles que amam o calor e os raios UV e se sentem devastados por as temperaturas não regressarem ao desert mode, mas saibam que estatisticamente estas semanas de excessivo calor ditaram o fim da vida a muitos. Morreram só porque estava calor! Todos nós um dia vamos morrer, mas de calor parece-me um injustiça.


FACTOS:
O corpo humano está preparado para funcionar normalmente nos 30 e poucos graus. Cada grau acima de 38 graus corresponde a uma perda de 10% de calor. Dependendo da temperatura e do tempo de exposição ao calor, o corpo humano pode não resistir. Um dos principais perigos do calor excessivo é a desidratação.
"Quando o corpo começa a perder líquido, ocorre a desidratação, a diminuição do volume. O coração precisa bater mais rápido, o rim pode parar de funcionar, causando insuficiência renal. Os raios solares podem danificar a pele, a respiração de ar muito quente pode destruir o tecido pulmonar, impedindo a troca de oxigénio".