quinta-feira, 16 de abril de 2020

Enfrentando raposas e seres humanos

Costumo avistar raposas quando caminho de noite para casa. Estão sempre no centro da cidade, esfomeadas mas não agressivas para com os humanos. Vasculham o lixo em busca de restos. Não gostam de bolachas. Era a única coisa que tinha para lhes dar. Uma ainda comeu a primeira  vez. Mas não voltou para mais. O que temo não são raposas. Essas não fazem mal, nem mesmo quando com fome. A espécie mais temida é a semelhante.

A essas horas, seja lá com quem te encontrares na rua, não está ali a fazer grande coisa. Ontem de noite era um bando de oito rapazes, uns a pé,  outros de bicicleta e uns dois com cães,  que pareciam danados. Foi o rosnar e latir raivoso destes que despertou atenção. Não fosse esta ser uma nova moda para assaltar pessoas, fiquei, como sempre, atenta ao meu redor.

No Domingo às 8 da manhã vi um ex colega na rua, do outro lado da estrada e gritei-lhe: olá. Estava a ser abordado por um adolescente cabeludo, de boné na cabeça e saco plástico na mão, que logo atravessou a estrada na minha direcção. "Quero saber o teu nome" disse-me ele aproximando-se cada vez mais. "Seja lá o que for que queres, não tenho" -respondi. Ele insistiu, pedi-lhe para manter a distância e ameacei chamar a polícia caso me chateasse. Conto isto porque esta interacção aconteceu na presença do ex colega, que nem levantou a cabeça para seguir a minha voz e diante de um funcionário camarário, que conduzia um carro de limpeza. Este pôs-se a olhar mas quando repeti que chamava a polícia recuando uns passos para ficar paralela ao funcionário, certificando-me que era testemunha e me ouvia, foi quando este fingiu não perceber o que se passava.

A sorte de viver neste pais é que a simples menção de policia é dissuasora. Nada te safa quando os bandidos perceberem que a polícia é mole, podem fazer tudo que se existir ajuda chega tarde e o cidadão comum é incapaz de interferir apenas por dar a entender à pessoa a causar disturbios que está ali a testemunhar e poderá escolher intervir.

Nem o ex colega deu um berro, nem o funcionário gritou. É cada qual "na sua vidinha" nada têm a ver com a dos outros.





5 comentários:

  1. Já fazias Brexit dai para fora!
    Porque ficas?

    Beijinhos sem medo *************

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  2. Há muita falta de empatia neste mundo. Por aqui às vezes também é assim!

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  3. Não me assuste que a minha filha Catarina vai para aí fazer Mestrado...
    Bfds

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  4. Nem o vírus consegue transformar alguns seres em humanos.
    Abraço e bom fim de semana

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  5. acho que aqui seria diferente, pelo menos tenho ouvido sobre casos em que estranhos tentam ajudar

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