A minha mãe preocupa-se comigo. Sozinha e há mercê de apanhar um vírus mortal, sem ter quem se encarregue de cuidar de mim.
Desde o início, a minha preocupação não se centra tanto em mim, como se centra nos outros. Todos nós, humanidade, no global. (altruismo).
Não sou mãe ma entendo perfeitamente em cada célula do meu corpo o que é para ela imaginar tal situação. E por isso, tenho de a ajudar. Pede-me que me cuide e então, por mais que já gostasse de dispensar a máscara do rosto, não o faço. Porque considero todos aqueles que me rodeiam. Os familiares, as pessoas que me querem bem e também as que me querem mal, assim como todos os desconhecidos.
Desde o início desta pandemia percebi que só se podia agir desta forma - para que o virus mortal deixasse de se propagar. Quanto mais cedo começasse a ter precauções, mais depressa o verão que se aproxima ia poder seguir de acordo com os planos de sempre: passeios na praia, molhar os pes na agua salgada, escutar o barulho do mar e deixar-me embalar pelo vai e vem das ondas, sentir o sol a aquecer a minha pele.
Nao creio que isso vá acontecer em 2020. Mas se queremos que volte a ser a realidade de 2021, há que continuar a seguir as regras.
Após um turno de oito horas seguido de uma caminhada higiênica de hora e meia na qual, mesmo a pesar de ser de noite, tenho de me desviar dos mais inconvenientes individuos, quando chego a casa, quero é deixar cair o corpo na cama. Descansar as costas, até aquela dorzinha do esforço físico repetitivo passar e os pés se acalmarem ao voltarem a suportar o peso do meu corpo. Mas não posso. Porque há que dar início ao ritual de higienização.
Sou a única que sai de casa (para trabalhar) e por isso, aquela entre nós que tem mais probabilidades de trazer o "bixinho" cá para dentro. Devido aos poucos cuidados dos outros quanto vão as compras ou passear, temo chegar a casa e tocar na porta do frigorífico onde alguém colocou as maos que vieram desluvadas da rua. Torneiras, louça que usamos em comum, a esponja com que lavamos todos os pratos e talheres. Não seria capaz de fazer o mesmo. Ao entrar em casa descalço-me à entrada, vou acendendo interruptores com as luvas, ora um lenço de papel, começo a "desmanchar" a minha pessoa de todas as proteções em que me enfiei, dirijo-me a um lavatório e começo a desinfectar os objectos: auscultadores, telemóvel, chaves, óculos, máscara, luvas. Lavo as maos entre um processo e outro. De seguida, posso finalmente tirar a roupa e usar o wc. Depois vou desinfectar a maçaneta e trinco das portas e os interruptores.
Acho que há pessoas que nascem "mães" mesmo que nunca o venham a ser. Eu sou uma delas. Discretamente e sem alarido, esta na minha natureza mostrar consideração pelos outros. Talvez mais do que devia, mais do que muitos merecem.
Mas não parece.
Fiquem bem!
Usem a força do pensamento e acreditem que vamos conseguir. Um belo abraço apertado para esta Páscoa.
Acredito que a sua mãe esteja preocupada. Se o meu filho estivesse longe não sei como eu passaria este tempo.
ResponderEliminarFaz muito bem em ter cuidado consigo, e com o que toca. Todo o cuidado é pouco.
Abraço e boa Páscoa.
Tem de ser por nós e pelos outros.
ResponderEliminarSe n falarmos antes uma boa páscoa :)