domingo, 15 de setembro de 2019

Pedras no caminho



Vi estas pedras na calçada e achei que representam as amarguras pelas quais já passei na vida. Todas elas. Não há nenhuma em excesso. Pareciam indicar-me cada decepção, cada sofrimento, cada obstáculo. Se for uma por cada dia de vida, talvez não ande longe de um número aproximado. 

Não tenho uma séria doença para acenar como bandeira de flagelo e sofrimento. Não tenho tragédia fatal em que estivesse envolvida. Nenhuma experiência de quase-morte. Ninguém se matou por minha causa nem matei ninguém. Não perdi bens materiais em nenhuma tragédia natural.  

Não tenho este tipo de dramas, mas tenho muitas pedrinhas, tal como estas nas imagens. A maioria das pessoas deve ter uma ou outra pedra maior, do tamanho de um ovo de dinossauro. Mas depois o resto do percurso é mais ou menos plano. Essas planícies são os momentos de sorte e fortuna. O grande ovo de dinossauro é um obstáculo visível, reconhecido à distância tanto por amigos quanto por rivais. Ninguém pode dizer que aquele senhor pedregulho não é um obstáculo óbvio na vida de alguém! Ele está ali, para todos verem, todos conhecerem. Centram-se no ovo, não nas planícies.



Mas o percurso de muitos é cheio de pedras menores, plantadas mais ou menos espaçadamente umas das outras. O meu tem sido assim: como um tapete em pedra. Pequenas, mas cada uma difícil porque, plantadas umas atrás das outras, não permitem a existência de planícies. Há pouco sol e muita sombra.  


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