Ela era a melhor aluna do colégio. Tirava as melhores notas, excedia-se nas actividades físicas e a minha irmã, que era sua colega de turma, sentia muita inveja. Dizia que ela era a preferida das professoras (o que podia bem ser o caso) e que recebia tratamento preferencial.
Hoje soube o paradeiro desta miúda, agora nos seus 40. Teve um filho, separou-se, praticamente cria o filho sozinha. Como trabalho dedica-se "ao que aparecer". A irmã dela, mais velha, nem emprego consegue. Entrou por isso em depressão e anda a ser medicada.
O QUE FAZ UMA PESSOA TER SUCESSO NA VIDA?
Não são as boas notas, nem a inteligência académica ou uma boa performance em actividades desportivas. É o quão segura de si consegue ser. Tem de ser forte e extremamente ambiciosa. Capaz de pensar em sim em primeiro lugar, sempre. Achar-se melhor que as restantes e acreditar realmente nisso. Porque se duvidar... os outros vão perceber.
E será "comida viva".
Acredito piamente nisto. Meus pais diziam que as minhas boas notas eram um excelente sinal de que ia facilmente obter um bom emprego e ser alguém na vida. Mas eu sentia que não era assim. Um outro lado de mim estava a ser negligenciado. Sentia-o e precisava urgentemente de encontrar-me. Ter liberdade, descobrir, decidir, achar-me como pessoa neste mundo. E isso não me foi permitido fazer porque existiu uma fixação pouco saudável no lado académico. Hoje em dia, nem esse me vale, porque parou de evoluir e foi mirrando.
Minha irmã, ao contrário de mim, não tinha boas notas. Estava quase sempre para chumbar e chegou a repetir um ano. Vivia frustrada, irada, revoltada. Isso fez com que os nossos pais a tratassem com paninhos quentes e, por a verem assim, faziam-lhe as vontades. Ela aprendeu a manipulá-los era ainda uma criança. Bastava-lhe mostrar-se doce, simpática, querida e obtinha o que desejava. E foi assim que conseguiu fazer coisas que, por mais perplexa que me sentisse, a mim não me era permitido fazê-las.
De todas as pessoas da nossa infância, ela, assim como uma ou outra - aquelas que se mostravam mais egoístas e até invejosas, são as que hoje estão melhor na vida. Talvez existam excepções mas a realidade é que, ser-se uma criança boazinha e com boas notas não é sinónimo de nada. A vida está cheia de tubarões. Se não se mostrarem os dentes bem cedo e se começar a morder, é-se mordido.
Insegurança não está com nada e é o primeiro passo para o insucesso na vida.
ResponderEliminarAbraço
Disse tudo, elvira!
EliminarMelhor que eu.
Sim, de que adianta boas notas se a pessoa depois não sente segurança em si mesma? Eu duvidei muito de mim, mesmo sabendo que sabia mais que os que me rodeavam e fui extremamente modesta. Isso ainda hoje prejudica-me. Agora imaginemos o oposto: uma pessoa que mesmo não sabendo nada, finge que sabe. Alguém que transmite confiança em si mesmo. Tinha uma amiga assim. Ela sempre se deu bem.
Abraço
Não concordo inteiramente consigo.As boas notas realmente não chegam, é preciso evoluir, integrar-se no mundo e agarrar oportunidades, com as ferramentas que a cultura nos deu.
ResponderEliminarMas os oportunistas que se mascaram de fortes e seguros, nem sempre se dão bem. Um dia a máscara cai e mostram que no interior não têm nada de válido!
Beijinho e coragem.