quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Na RTP Memória...


Reencontrei alguns programas que fizeram sucesso mundial em décadas passadas. Sitcoms como Alf, Chefe mas Pouco e Os três Dukes. Por nostalgia, comecei a revê-las.

O sabor é que já não foi o mesmo.

1 - A.L.F. (1986-1990)
Alf foi um grande sucesso. Um extraterrestre tem de viver com uma família humana. Como um boneco que era visivelmente uma marioneta reles pôde ter sucesso, não é mesmo? Mas o sucesso de ALF está na personalidade sarcástica, pungente, ativa e ávida por diversão que conferiram ao boneco. Porém, ao revê-la, por vezes, nos monólogos longos, não suporto nem escutar a voz. E lembro-me que esta foi uma das razões apontadas para o sucesso da personagem. E já nesse assunto, como era muito comum na época, as restantes são pessoas muito íntegras, calmas, bondosas. Não gostam de fazer nada errado, têm uma noção de bem e de mal bem definida e não apreciam um menor desvio à integridade. Coisas como roubar um lápis da mesa da secretária de um escritório... é melhor colocar o lápis no lugar. Este género de personagem era muito comum na década de 70/80.

As histórias inventadas também não se sustentam bem pelo tempo. A maioria mostra conflitos básicos e são bem superficiais. Mais fabricadas para gerar gargalhadas fáceis do que apostar no crescimento das personagens. Quase todos ali são coadjuvantes para o boneco. 

Os cenários são horríveis, visivelmente falsos. Cenas de exterior no "deserto" não passam de cenas de estúdio com um cenário em papel, de cactos e montanhas. Muuuuito mau. Seria de esperar que, após o sucesso obtido, o maior número de receitas servisse para melhorar o produto. Não.


2 - CHEFE MAS POUCO (1984-1992)

Esta é a sitcom que mais me surpreendeu pela positiva. A que me souber melhor. Embora muito datada, nas atitudes e comportamentos da personagem Ângela em particular (logo a que devia ser independente e modernaça) mas principalmente datada na indumentária, aborda temas que ainda são transversais no tempo. Com duas crianças fazendo parte do elenco (a talentosa Alisa Milano e um rapaz que nunca mais ouvi falar e que nunca achei natural com a câmara) claro que temas como a sua educação, a passagem pela puberdade e todos os muitos conflitos que surgem em vidas tão jovens, confere um ar fresco à história e dá-lhe um pouco mais de durabilidade.

Personagens: Feita no final da década de 80, início da de 90, "Chefe mas Pouco" inverteu os papéis comuns na sociedade: aqui era a mulher que trabalhava fora de casa, auferindo um salário elevado e sendo responsável pela presidência de uma agência de publicidade. Ela também era mãe «solteira» de um menino. Papel que nunca achei ser bem defendido pela atriz que lhe deu vida - e essa impressão fica mais vincada agora, passados 30 anos. Obviamente sem tempo para as lidas da casa, a executiva decide contratar uma governanta. E quem lhe bate à porta é um ex-desportista de futebol, também ele com uma jovem filha e também ele solteiro. Tony Danza dá vida a este empregado doméstico e é muito credível. Claro que, entre os dois, vai existir alguma tensão de atracção, mas está sempre bem definido que o que os une é uma relação de patrão-empregado amigos e cúmplices. "Ângela" como executiva, não convence. Mas Tony como empregado doméstico convence-me que sabe tudo sobre como cozinhar um bolo, fazer qualquer prato, limpar o fogão, manter a casa um brinco. E isto sendo másculo o tempo todo. O seu lado doce de pai preocupado e empenhado em dar uma vida melhor à filha também se reflete na sua dedicação à nova profissão. Salve salve para o ator. Isto tudo ele consegue passar para nós, espectadores. «Ângela», a executiva, é que não convence mesmo. Mas adiante... até MONA! A personagem mais acutilante e bem construída dentro do seu género. Mona é a mãe de Ângela. Ela não vive na mesma casa (até uma certa altura em que se muda para a loft na garagem) mas visita a família e leva o neto e a filha de Tony a passear com frequência. Mona é o oposto de Ãngela em tudo. Ela gosta de divertir-se, de mostrar os seus atributos físicos e da sua boca saem as frases mais causticas e bem atiradas que jamais vi numa série. Mona tem uma atitude descontraída na vida e está sempre à procura de aventuras.


 3- OS TRÊS DUKES (1979-1984)
Até à pouco tempo ainda me divertia a ver esta série, que tem passado ocasionalmente pela televisão ao longo dos anos. Mas revê-la agora tornou-se, por vezes, monótono. Já sabia que aquilo não tinha grande história - basicamente passa-se sempre o mesmo: A família Duke adora carros velozes e é perseguida pelo xerife e deputado locais, que estão em conluio com Boss Hogg (brilhantemente interpretado por Sorrel Boke), um ricaço corrupto «dono» de todo o condado de Hazzard. Todas as histórias resumem-se em ver os primos Bo e Luke a conduzir o carro laranja, sendo perseguidos pelo xerife Rosco P. Coltrane (brilhantemente interpretado por James Best). Tudo isto em pura comédia circense. Automóveis a saltar, a pular por cima de ribeiros, tiros que nunca acertam o alvo, e murros que mal tocam o rosto do "bandido" já os põe a todos K.O.  Mas existe bons momentos de diversão, principalmente por parte das personagens "bandidas" e cómicas do xerife e de Boss Hogg. Pura escola, em termos de atuação. Eles caem com o carro no lago, emergindo encharcados e com vegetação agarrada ao corpo, enfiam-se em pilhas de feno, escorregam para dentro de poças de lama, levam com comida na cara, latas de tinta que lhes são derramadas.... muito empenhados e profissionais estes atores, pois a cada episódio... tinham de tomar um bom banho. E por isso a série deu resultado e ainda diverte, embora não mude em nada a sua essência. É como ver os desenhos animados do coiote e papaléguas: é sempre a mesma coisa e o coiote jamais consegue alcançar o seu alvo. Este é inteligente, o outro um idiota que se coloca em situações caricatas, e está sempre a cair em precipícios, a ter bombas a explodir-lhe à frente... Assim é Os três Dukes.  


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