domingo, 14 de outubro de 2018

Onde estão os oráculos?

Zapping.
Paragem na RTP2. Cativa-me uma entrevista que está a decorrer num cenário com apenas dois sofás. Jornalista de um lado (a jornalista ham-ham), o entrevistado do outro. Um senhor a falar num português bem fluente, mas com sotaque. A forma como se expressa cativa-me e quero saber do que falam. Percebo que se trata de um livro de que ele é o autor. Aparece uma capa, mas com má leitura. Pelo menos no monitor do meu televisor, não consigo visualizar a tempo do que se trata. Um rosto remetendo a um mosaico romano parece ilustrar a capa da obra. Mas não mencionam verbalmente o nome da mesma. Nem o nome do entrevistado. 

Ainda não era desta...

Surgem os oráculos, aqueles rodapés informativos, mas também nada dizem. A entrevista continua a decorrer e é perguntado ao entrevistado sobre as personagens que escreve. Mas nenhuma pergunta ou resposta revela o livro que o fez estar ali. Apanhei o programa a meio, é verdade, quase no fim. Mas pude ainda ver uns bons minutos - talvez os últimos cinco ou dez. Seria de esperar nesta época de fast-tudo, a presença constante e alternada de rodapés informativos a aparecer repetidamente ao longo da duração do programa. Do estilo "Fulano X lançou livro Y". É para isso que esses rodapés existem: para situar o telespectador a qualquer instante em que sintonize o programa, no assunto abordado. E o cativar. Para passar a informação visual, caso a auditiva falhe. Os oráculos só trazem  vantagens e são um grande trunfo televisivo. Mas não souberam usá-lo.

A entrevista terminou. Pareceu-me que o autor chamava-se Richard, mas a jornalista menciona-o talvez uma vez e não recebo confirmação da obra, nem do autor, nem sequer na finalização da entrevista. Outra "regra de ouro" geralmente seguida por quem faz entrevistas televisivas. (Agora já sabem o propósito da mesma).

Não tive sorte, foi um tanto frustrante. Quando foi perguntado ao entrevistado como se sentia como autor ao ver-se ao espelho, ele então menciona uma famosa obra por si escrita: O último Cabalista de Lisboa. O google preencheu o resto: autor: Richard Zimler. Obra acabada de lançar: Os dez espelhos de Benjamim Zarco.

Descobrir isto foi como "montar um puzzle", entre o que ouvi e as informações parciais (tema da obra mas sem capa, a mencionar seis tempos - que foi um dos dados mencionados pelo autor durante a entrevista) disponíveis no google. Um simples oráculo bem colocado e uma entrevista finalizada de outra forma teria evitado todo este extra esforço :)  :D


PS: Achei interessante mencionar que a jornalista às tantas pergunta ao autor, numa afirmação, "Está a viver em Portugal há... 20 anos. Mas ainda pensa e escreve em inglês". Achei interessante ele rectificar que cá vive há 28. Está mais para 30 do que para 20, a jornalista parece não ter feito bem o "trabalho de casa" - só por este detalhe que escapou. Entendi que tinha muitas questões preparadas para lhe colocar - e colocou-as umas atrás das outras, quase sempre antecedidas de um "ham-ham". Mas o autor pareceu-me um óptimo entrevistado para improvisar ou seguir a deixa das respostas para fazer a próxima pergunta. Sem necessidade de "guião". 

1 comentário:

  1. Pois, Mas nem sempre temos sorte com as entrevistadoras.
    Abraço e uma boa semana

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