domingo, 7 de outubro de 2018

A coragem de uma mulher chamada Kathryn Mayorga

Estava longe de me preocupar com este assunto, mas depois de umas conversas e comentários, apeteceu-me prestar atenção ao processo jurídico ao qual Cristiano Ronaldo poderá responder na América. 

CR7 é apontado como autor de um estupro a uma mulher americana, de nome Kathryn Mayorga. O caso remota a uma ocasião há nove anos atrás. Na altura, a americana, que se diz a vítima de estupro, não fez segredo do ocorrido. Foi de imediato ao hospital e sujeitou-se a exames médicos. Segredo fez do autor e do local de estupro. Alegadamente por ter medo. O caso acabou por "cair" no «esquecimento» quando a mesma assinou um acordo para parar de falar do assunto, em troca de uma soma de dinheiro.

Nove anos volvidos, a América vive um momento especial no que diz respeito a este tipo de crime.  Surgiu o movimento #Metoo. Denúncias de casos ocorridos com pessoas em posições de poder têm vindo ao de cima e vítimas a viver anos em silêncio perceberam que vão ser levadas a sério ao invés de serem sujeitas a escrutínio, maledicência e ofensas, como no passado. Há não tão pouco tempo assim, vítimas de estupro sofriam uma pressão tremenda para se manterem caladas e não irem contra homens poderosos e com dinheiro. Ficavam sempre mal vistas e arruinadas em todos os sentidos. Um desses casos de denúncia revelou a verdadeira face do então muito idolatrado ator e pacifista Bill Cosby - não uma mulher, mas várias, vieram a público dizer que foram violadas por ele no passado. 20 e 40 anos depois... o acusado, provado culpado, foi sentenciado e vai pagar pelos crimes que julgou ter cometido impunemente.

Portanto, não argumentem "porquê só agora?" porque para mim isso revela um grande desconhecimento do que é passar por um trauma. Revela desconhecimento de vida e natureza humana. Com tantas mulheres a sofrer, vítimas de violência doméstica, que permanecem com os parceiros até o final das suas vidas - ainda se perguntam "como é possível?"??. Pouco se entende de psicologia se não se entender que é fácil permanecer em situações de conflito e violência por anos mantendo SEGREDO dessa realidade. O mesmo se passa para vítimas de violação - seja esta contínua ou única.
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Ora, no caso do Cristiano Ronaldo, que comentários surgiram quase de imediato? "Mais uma que vai atrás dos milhões dele!", "Querem ver que quando subiu para o quarto não sabia ao que ia?", "Coitada, era virgem!".

O que eu penso destes comentários? São um cancro para a sociedade. Para manter o direito à inocência de uma pessoa, não é preciso tentar demonizar a outra. Porque existe tanta possibilidade de inocência quanto de culpabilidade. 

E ao fazê-lo neste enquadramento, está-se, mais uma vez, a banalizar-se e a tornar socialmente aceitável chamar as mulheres de prostitutas. Qualquer mulher é imediatamente vista com potencial de puta, sempre interessadas só em dinheiro e dispostas a tudo para o obter. Se forem bonitas, jovens e ousarem divertir-se, ainda pior. A mulher continua a ser socialmente condenada na sua generalidade, pelas liberdades que conquistou. E punida quando violada nos seus direitos mais básicos, porque "fez por elas"... Mesmo que uma mulher levasse uma vida desgarrada, mesmo que vivesse da prostituição, ser forçada a ter sexo contra a sua vontade continua a ser um crime de violência. Ser freira ou ser puta, que diferença faz no acto? Nos traumas?

Há uma "famosa" prostituta americana cujas consequências de uma vida a ser (des)tratada como puta mostrou ter alterado a sua forma de ser e de pensar - o que levou a consequências fatais. O seu nome foi Aileen Wuornos. Vejam o filme baseado na sua história, talvez a compreendam. É este o caminho que a sociedade quer seguir? 

Prostituta ou não, merece respeito. É só o que quero sublinhar. Vítimas surgem de todo o tipo. Não há umas cujo crime deixa de o ser só porque estão "do lado errado da vida". Mentiras e verdades não são exclusivas do lado "rico" ou "pobre". 

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Bom, voltando ao caso CR7, vou tentar ser suscita. O que é que se sabe até agora?

Sabe-se que Cristiano Ronaldo admitiu ter tido relações sexuais com Kathryn. Claro, não é burro e tem uma vasta equipa de advogados bem duros na queda que já conhecem o peso em tribunal de um elemento que revolucionou o mundo forense: O ADN.

Se ele alegasse que nunca lhe tocou e colectassem do anus da acusante o esperma dele, Ronaldo seria facilmente descoberto e teria toda a sua credibilidade destruída em segundos a uma escala mundial. Pelo que admitir tinha de ser a solução. E para contornar os parâmetros de uma alegada violação, a contra resposta só podia ser "foi consensual". 

Outro facto que se conhece é que ele trocou 375 MIL euros pelo silêncio da americana. Um contrato assinado em 2010, e cujos contornos e detalhes só vieram a público anos mais tarde, graças a um trabalho de investigação de jornalistas alemães da revista "Der Spiegel", que tiveram acesso às mensagens trocadas entre o jogador e o seu advogado - mensagens onde estabeleciam o valor a entregar. 


Ora, contra todos estes factos, substanciados por documentos reais - cuja conecção entre o jogador e a americana já foi oficialmente confirmada por documentação aparentemente legal e real, a equipa de defesa de CR só sabe dizer que "é falso" e mais uma vez, são "pessoas a tentar ganhar algo às custas dele".

Parece-me uma defesa fraca, perante os contra-argumentos fundamentados pelo "outro lado". Mas também existe uma eventualidade percentual de ser verdade. 

Presentemente, porém, não me parece que seja. Mas teremos de esperar pela conclusão da justiça. Isto se o aparato e as cortinas de fogo não atrapalharem a investigação, como aconteceu na américa com o julgamento de OJ Simpson ou em Portugal com o caso Casa Pia.


O que têm a dizer a este respeito?
Têm alguma opinião até agora?
Partilhem. Mas em tom de diálogo, não em tom de fanatismo, eheheh.
Como jogador ele é o melhor do mundo. Como pessoa não o conheço. O que sei dele, pessoalmente, acho que não abona muito a seu favor. A impressão que tenho é que ele faz o tipo "QUERO, POSSO, MANDO". A sua determinação em se tornar o melhor jogador é louvável, mas essa mesma obsessão o fez querer ter tudo a seus pés - presumo. E tiro esta conclusão baseada na FORMA como escolheu ter os seus primeiros três filhos. QUERO, POSSO, TENHO.

E uma filho não é a mesma coisa que uma bola de futebol... 

Não tem o mesmo peso. 
Quis ter um filho mas não lhe quis dar uma mãe... aparentemente. Três vezes.
Até hoje não se sabe quem geriu e pariu a primeira criança. Mas sabe-se que esta cresceu SEM mãe. Avó, tias... podem criar bem uma criança, não duvido. Mulheres têm-no feito por milénios. Mas não são mãe. Não existe a figura "mãe" e não conheço orfão ou adoptado que não sinta falta dela. Se o filho não fez falta à mulher(s) que gerou Cristianinho pouca importância tem. O que está em causa é o Cristianinho. E o impacto que a ausência de uma mãe terá na sua vida. Porque mesmo ausente, muitos sabem que tiveram mães. Umas deram-os para adopção, outras estão vivas mas em condições lamentáveis, outras faleceram... mas existiram. A sua história, o seu legado, os parentes maternos... Cristianinho foi privado de TUDO isto. 

Portanto, o que penso saber sobre Cristiano Ronaldo é que o que ele quer, vai atrás, obtem, nas condições que deseja. Eliminando factores que fazem outros hesitar e reflectir. Louvável no desporto e na carreira? Talvez. Na vida sentimental e familiar? Talvez... não.

Que vos parece?

14 comentários:

  1. O que me parece é que a dedução que se faz do QUERO, POSSO E MANDO ou do QUERO, POSSO E TENHO é semelhante à dedução que se pode fazer de uma mulher que vai para o quarto de hotel de um homem e não pensa o que poderá acontecer.
    Isto é: o quero, posso e mando não quer dizer que ele seja capaz de praticar essa violação sexual. O facto de ela ter ido, voluntariamente, para o seu quarto não quer dizer que ela estivesse disposta a ter relações sexuais não-consensuais.
    Eu não sei, não vi, não estava lá. Ele pode estar inocente. Mas não ponho as mãos no fogo por ninguém.
    Os portugueses estão muito preocupados com a forma como ele tem filhos. It is none of their business! Deveriam preocupar-se antes com o seu ambiente familiar. Não a dos outros.

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    1. Deduzi que alguém iria pensar assim sobre o quero, posso e mando. E sobre os filhos. São apenas os indicativos familiares e profissionais que tenho disponíveis e que parecem ser comuns entre essas esferas. Por isso disse que parece indicar esse traço de personalidade. Como ele é figura pública, o que diz e o que decide publicar nas redes sociais ajudam a conceber traços de carácter. Assim como nós, bloggers, que publicamos nossas opiniões, imagens, desabafos. Dela, não conheço absolutamente nada. Não lhe li desabafos (excepto os alegados que me parecem consistentes para serem inventados mas cá está, mãos no fogo? Não.) Por isso não posso ter impressões já que nunca a ouvi falar sobre assunto algum, não sei a sua história, não sei se tem filhos, se os fez emular a sua profissão, etc. Esses dados só tenho dele. O que defendo é o mesmo direito à dúvida, sem fanatismos, idolatração, velhos preconceitos.
      E como bem disse a Ana, RESPEITO há que ser dado, tanto ao ídolo quanto à mulher. Uma mulher não avança de bom grado para uma coisas destas e estarem a generalizar que é exatamente o que as mulheres fazem, principalmente se o homem for rico, é denegrir todas as mulheres. Pior: ameaça a integridade e os direitos à sua liberdade, pois já existem muitas ideias generalizadas sobre o genero feminino - de famme fatale, de interesseira, de fútil... que vieram prejudicar os direitos de igualdade pelos quais outras mulheres lutaram. A mulher mãe, guerreira, companheira, está a ser substituída pela mulher aventureira cheia de parceiros sexuais, promíscua, interesseira e incapaz de altruísmo.

      Até parece que uma mulher que avance com uma acusação deste género ainda sofre represálias se o acusado for um poderoso ou se ela ousar ter uma vida divertida, viajar e namorar. Isso simplesmente parece-me muito retrógrado e triste!

      Obrigada por comentares, Catarina. Temi trazer este tema À baila, pois a rede social que uso (o facebook ahhah) está MINADA de coisas do CR7, dando-lhe apoio incondicional por coisas que ele fez como jogador e figura pública que em nada "apagam" a possibilidade dele ser capaz de cometer o acto de que é acusado. Algumas defendem-no "acusando" a mulher, o que reprovo por motivos obvios de liberdades e direitos. Aposto que se ela tivesse podres já teriam vindo ao de cima. O que li foi que ela nunca teve namorados de alto perfil nem andava em festas. A ser verdade, não encaixa no perfil de "Paris Hilton"... O que também não quer dizer muito mas pode ser um indicativo. Desde quando a imprensa não consegue os PODRES sobre a vida pessoal e intima de alguém que salte para a luz da ribalta? Eheh. Temos de aguardar os próximos "capítulos".
      Boa semana.

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    2. Subscrevo totalmente as suas palavras, Catarina.

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    3. Que bom que as pessoas que comentam uma vez voltam para ler as respostas :) Julgava que talvez não o fizessem, pela ausência de feedback.

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  2. Um tema complicado que eu não gostaria de comentar.
    Normalmente nunca comento um texto em que apareça o seu nome. Porquê? Os nossos santos não se cruzam. Não o conheço, mas não gosto dele, e isso valeu-me muitas vezes ser chamada de invejosa, antipatriotica e outras coisas piores. De modo que habitualmente passo ao largo de uma página onde se fale dele. Repare que isto não quer dizer que eu o considero culpado ou inocente, a justiça provará o que houver para provar. Simplesmente justifica o facto de não me pronunciar.
    Um abraço e bom domingo

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    1. Agradeço que tenha comentado, Elvira. Sinta-se livre aqui para dizer o que pensa. Parece-me que a Elvira é sempre muito sensata e carinhosa nas suas palavras. Não consigo imaginar quem a possa a distratar por algo que escreveu :)

      Boa semana e um beijinho :)

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  3. Em Portugal não se podia falar mal de duas pessoas: o Tony Carreira e o Cristiano Ronaldo. O Tony teve a sua carreira manchada pelas acusações de plágio e passou a não ser intocável. O CR/, por mais que tenha provas contra ele, vai ser sempre inocente. Não interessa o que ele fez, o que interessa é que é o orgulho da nação. Foi graças a ele que quando um estrangeiro ouve falar em Portugal diz logo: "oh yeah Cristiano Ronaldo" e isso é suficiente. Para a maioria dos portugueses ele é um Deus. Exagero? Claro que sim! mas numa terra de Fado, futebol e Fátima, é compreensível (e lamentável).

    Eu vi esse filme sobre a prostituta que matou vários homens que a violaram (com a linda da Charlize Theron que ficou pavorosa para a personagem lol). Chama-se monster (monstro em português).

    Parece que as pessoas esquecem de uma coisa básica que é o respeito pelo outro. Nenhuma mulher pode ser obrigada a fazer sexo contra a sua vontade seja ela prostituta ou não.

    Quando dizem que ela não era criança e já sabia ao que ia quando subiu para o quarto de hotel, é triste. E o pior é que esses comentários vêm quase sempre de mulheres. Parece que só por ela fazer sexo com ele, tinha de aceitar todas as posições sexuais que ele quisesse... só porque sim.
    Ora, quantas mulheres casadas recusam-se a fazer sexo oral ou anal ao seu marido? Se elas forem obrigadas não é violação na mesma? Ou só porque é marido, pode fazer tudo?
    Desconfio que se uma mulher for fazer queixa à policia porque foi obrigada a fazer sexo anal com o marido, ele não vai ser acusado de violação e ainda vão dizer que é o marido e por isso pode fazer tudo.
    No caso do Ronaldo que não era marido nem namorado e nem sequer a conhecia, o crime não deixa de existir. Mas a mulher é vista como uma prostituta, interesseira que só fez a queixa porque dinheiro e fama.

    Desconfio que isto não vai chegar a lado nenhum até porque ele já contratou o mesmo advogado do Weinstein e parece que é dos melhores do mundo. Fica a má fama por alguns dias mas depois o povo que tem memória curta esquece e perdoa o "deus" na terra que é o CR7.

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    1. Eu acho que Portugal tem muito de que se orgulhar e muito para oferecer, não precisa de figuras públicas. O país por si só atrai turistas, cativa. Isso das figuras públicas é só no aspecto comercial. Como gera negócio e dinheiro, passou-se a apontá-las como "necessárias", quando não o são. O sol em Portugal continua a brilhar, a madeira continua a oferecer o mesmo clima, a vida corre igual, com ou sem CR7s, Amálias...

      É bonito termos alguém que tem alguma projecção mundial. É carinhoso sentir que outros tem carinho por um português por um motivo particular. Assim como o é quando gostam da nossa gastronomia. Mas nem Amália, Eusébio ou CR7 influenciaram isso, eheheh.

      Concordo com o que diz sobre a forma como se vê e andam a tratar as mulheres. E é aí que reside a minha vontade de abordar este caso. Estamos a andar para trás! Repara bem... a mulher era capaz de ser mais respeitada em vários campos quando o seu "papel" social, a sua OBRIGAÇÃO era cuidar da casa, do marido e dos filhos. Agora que deixou de ser forçada a isso e pode "ousar" ter uma profissão, de súbito deixa de ser respeitada, ainda é "perseguida" por não se comportar como uma muçulmana que se sujeita à vontade masculina.

      Quantas mulheres não ouviram isso sobre a violação dos seus parceiros? Por serem esposos, não violam... têm "DIREITO"... Claro que não é assim. O que me entristece é essa involução social. É até revoltante!

      Poucos esclarecidos, muitos manipulados. Nesta sociedade de alta informação - sobreinformação - parece-me que se tem gerado mais imbecis do que seria desejável, ahahah. A mente das pessoas como grupo colectivo parece estar mais homogeneizado, mais controlável e manipulado. Pensam menos por elas mesmas, raciocinam por normas, por histórias vistas em filmes ficcionais... Acreditam mesmo que a vida é como nos filmes!

      Assustador.
      Só nao concordo com o facto de ninguém ser intocável. Até o CR7 irá, se nao agora, mais tarde, ter o seu karma. Olha o Bill Cosby... pensava ele que tinha vivido impune. Olha o OJ... outro que ficou impune de um crime EDIONDO, violento, revoltante e selvagem. Mas o karma devolveu-lhe... se não de uma forma, de outra. Ele era mais intocável que o CR7. Outro desportista ÍDOLO, ainda por cima NEGRO... duas razões que levaram as massas ao histerismo e à recusa peremptória dele ser capaz de tal crime. Até hoje NÃO HÀ CULPADOS... «ninguém» matou à facada aquelas pessoas, ninguem se posicionou por detrás da ex-mulher dele e lhe passou uma lâmina afiada de orelha a orelha, deixando-a degolada a morrer... Não há autores do crime no sistema legal. Mas hoje, fanatismo removido e até pelas acções do próprio - esses fanáticos que acusavam as pessoas que procuravam a verdade de racismo, que o jurí era muito branco e preconceituoso (lol!), etc, etc.. estão escondidas num burado e OJ simpsom é alguém que já não conhecem e nem querem falar. Consciência pesada, digo eu. PESOU mais a idolatração e a recusa de ver alguém da sua "raça" ser criminoso do que a preocupação e a revolta em duas pessoas terem sido violentamente assassinadas. Duas inocentes pessoas, que foram difamadas no seu carácter de forma VIL! Como se merecessem o que lhes aconteceu... E o inocente anjo estivesse sentado no banco dos réus. Foi um julgamento sobre a vedeta do desporto, não sobre um duplo homicídio com contornos sangrentos.

      Muito TRISTE e perigoso, a idolatração. Esta JAMAIS pode estar acima da noção de bem e de mal, de justiça, nem conferir impunidade.

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    2. O problema é que quando se idolatra alguem, essa pessoa passa a ter um estatuto superior ao comum dos mortais, logo não pode ter os mesmos defeitos que nós. O OJ safou-se por isso mesmo. Era um idolo, exemplo de superação e na cabeça de muitos, ele não cometeria um ato tão "humano" como matar.
      O mesmo acontece com o CR. As pessoas recusam-se a aceitar que ele seria capaz de cometer um crime (seja ele qual for), porque ele não é como nós. É um deus e os deuses não têm defeitos.

      Quando o Messi foi acusado de fuga ao fisco e teve de pagar 4 milhões, os fanaticos do Ronaldo não perderam tempo em chamar o Messi de ladrão e diziam que o CR nunca faria tal coisa. Anos depois, CR é acusado do mesmo crime, teve de pagar 18 milhões e os fãs ficaram calados como se nada fosse.

      Eu ainda não falei sobre este tema no blog porque aguardo os proximos capitulos.

      Olha ao menos este caso veio para fazer-me mudar de opinião quando eu dizia não entender porque as vitimas demoravam tantos anos para fazer a queixa. Agora percebo que mesmo que a pessoa tenha provas, se tocar em alguem poderoso é chamada de interesseira, mentirosa e prostituta.

      Ah! e tal como diz a Elvira, se uma pessoa não for fanatica pelo CR e ver todos os defeitos que ele tem (e não são poucos), é logo chamada de invejosa.

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    3. Ana, por acaso surpreendeu-me a sua posição sobre este assunto. Por um lado entendo porque já lhe conhecia essa oposição ao fanatismo da idolatração - com a qual concordo. Mas como no caso do movimento #Metoo estranhou tanto que vítimas só se manifestassem anos depois - factor que a mim faz-me impressão é que as pessoas sintam isso impressionante-, achei que também, e por isso, pudesse achar que o assunto era mentira. Na verdade, ainda não se sabe. Tudo fica em aberto. Mas que não é indicativo de mentira a denuncia aparecer mais tarde, não é. Nunca será. A natureza humana explica isso e nem é preciso curso em psicologia, basta saber observar a vida e assimilar factos.

      Outra verdade é que ela fez queixa NO DIA... no ano e hora. O que os "fanaticos" parecem oportunamente esquecer. Outra coisa que sabem mencionar, é que ela recebeu dinheiro para "se calar". Mas só essa parte é que mencionam. Porquê CR7 PAGOU é que não se perguntam. E o que é pior: se pagou, como dizem os documentos assinados POR AMBOS, admitiu e descreveu o acto, certo ou errado?

      Pagar e ser inocente, ainda mais havendo trocas de SMS com o advogado dele a negociar o preço... Nada está a favor da imagem do Ronaldo. Do seu lado ele tem o PODER e o DINHEIRO.

      Vai ser interessante ver qual dos lados vai ganhar -após a verdade vir ao de cima. SE VIER. Com famosos, nunca se sabe.

      Se ela quiser "só dinheiro"... ainda assim tem "colhones" para o fazer. Mas as evidências não parecem indicar que é esse o caso. As descrições que li a respeito batem certo com uma vítima de violação. E, infelizmente, também batem certo com o comportamento dos abusadores. Ela diz que foi convidada a subir a uma suite (não um quarto qualquer mas uma milionária e espantosa suite de valor de 4000 euros, parece-me). Ela e uma amiga, CR7 e um amigo. Depois os amigos sairam e Ronaldo convidou-a a ir para o jacuzzi (se fosse um vulgar quarto não teria jacuzzi). Ela entrou num quarto para trocar de roupa e ele entrou de calções e pénis de fora, pedindo-lhe para lhe tocar. Ela recusou. Ele disse-lhe que a deixava ir embora se ela lhe desse um beijo (isto bate muito certo com o comportamento predador de violadores) depois agarrou-a, ela protegeu a vagina, ele virou-a e penetrou-a por trás, sem preservativo ou lubrificante. Cinco a sete minutos. No final pediu desculpas, dizendo que "não é como os outros".

      Se isto é inventado, é uma excelente invenção, com muitos dados a bater certo e uma discrição que em tudo condiz com casos reais. Ou ela fez o trabalho de casa muito bem feito e é uma pessoa fria e calculista ou está a falar a verdade.

      Se ele é inocente, porque pagou?
      Será que também pagou a outras?
      O dinheiro paga e apaga crimes?

      De onde veio o Cristianinho?
      Que contrato de confidencialidade impede-o de saber quem foi a mulher(s) que contribuiu com o resto do seu ADN? Terá ela sido violada?

      Enfim. Sou e serei sempre contra duas coisas neste episódio: O idolatrismo fanático e o acusar automático da mulher, que é reduzida a sedutora, porca, prostituta.

      Nem tanto ao mar, nem tanto à terra!
      Somente tenham bom senso.

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    4. Sim, é verdade que eu critiquei o movimento "me too" porque não entendia o porquê das mulheres demorarem tantos anos a acusar alguem de violação e depois ficarem satisfeitas só com uma indemnização ou com o afastamento do violador da profissão que pratica.

      Ao surgir este caso do CR fez-se luz e entendi melhor as coisas. Entendi que nem sempre as pessoas têm coragem para denunciar o caso logo que ele ocorre, entendi que elas têm medo de terem a carreira prejudicada porque é a palavra delas contra a dos poderosos e entendi que o silencio é provocado pelo medo de represálias e criticas (na maioria das vezes pelas mulheres).

      Quando vejo um caso na tv, fico a pensar no que eu faria naquela situação. Se eu fosse violada, claro que denunciaria o caso à policia e não me ia contentar com uma indemnização qualquer em troca do criminoso ficar livre. O problema é que aqui em Portugal, a pena para um crime de violação é uma vergonha e uma mulher violada pensa duas vezes em fazer uma denuncia que não chega a lugar nenhum.

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    5. Ana, eu não sei se faria queixa. Dependeria MUITO das circunstâncias, da minha maturidade, do grau de violência, de quem era o indivíduo, se era mais do que um, do método e da ausência ou presença de uma ameaça séria a mim ou a familiares meus.

      Essas variantes todas sempre as entendi como elementos que influenciam o resultado e o comportamento. É que não me é nada difícil entender o silêncio. Não é a ele que recorremos sempre que sofremos por dentro? Tanta e tanta vez... A violência sexual é um ato do qual quase fui vítima. Na altura não contei a ninguém. E era capaz de levar o acontecido comigo para a cova. Era muuuuuito nova. Não tinha maturidade mas ao mesmo tempo entendi o perigo do qual escapei (e do qual tentei proteger outros pelo curto tempo em que o indivíduo andou por perto). Consegui fugir com um pontapé bem dado mas a questão é que jamais contei o ocorrido. Isto passou-se à décadas e só há coisa de seis meses o partilhei com outro ser humano. Podia morrer idosa sem contar, disso tenho certeza.

      A questão é que pensei que não me tinha afectado porque nada aconteceu. Só a tentativa. E até nisso coloca-se a possibilidade de se ter interpretado mal. Se contasse também iam dizer-me isso, que estava errada e entendi mal, que inventava ou exagerava. No meu silêncio tive de escutar outras pessoas - meus pais inclusive, a mencionar o quanto parecia ser "bom rapaz" e muito "bem educado".

      Não muitos anos depois, o PESO do acto em si foi tomando forma, massa... Posso e quero confessar que o que mais temi foi a possibilidade do meu silêncio significar mais vítimas.

      E quando me vieram contar que ele engravidou uma menor de idade não me surpreendeu porque já lhe conhecia as tendências. Mas sabes o que imediatamente implorei para dentro? "Meu Deus, faça com que não seja uma menina!". Temi pela criança que estava por nascer. E é assim que se vai entendendo as implicações do silêncio. Com maturidade, tempo, experiência de vida.

      Nunca mais soube de nada a respeito desse indivíduo com o qual jamais voltei a cruzar-me nem cruzei com quem o conhecia. Foi um conhecido ocasional e eu mudei de morada pouco depois. Pelo que não sei se o ímpeto que revelou naquela ocasião foi um acaso ou algo que teve continuidade ao longo de todos estes anos, vitimando até a própria filha, como imediatamente temi. (sim, nasceu menina, linda, loura, cabelos encaracolados, olhos azuis). E esse pensamento pode ser atormentador. Como não sucedeu nada porque escapei, não sei... Talvez... interpretasse mal o risco de perigo. Pelo que não sei se o potencial de violador tinha continuidade ou se ficou por aquele acto. Terei eu sido precipitada? Queremos sempre pensar que foi uma coisa "do momento" mas muitas vezes não é. É até muito calculada, sonhada, imaginada. Nunca mais soube de nada - nem quero saber. No meu inconsciente talvez encontre conforto quando imagino que possa estar preso numa cadeia qualquer.

      Mas cá está: o peso do pensar que sei algo que mais ninguém está a par (há sempre mais alguém que sabe ou que encobre) e o silêncio poder significar que outras virem vítimas. À medida que se amadurecem as ideias e percepções essa possibilidade pode incomodar. Por isso entendo que somente muitos anos depois alguém possa interessar-se em fazer revelações. DEPOIS de ganhar maturidade e saber lidar com a situação e as memórias que se mantiveram recalcadas e escondidas do mundo.

      Cada caso, é um caso.
      Um abraço.

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  4. A Portuguesinha diz que as figuras públicas não são necessárias para promover um país, uma região. Discordo em absoluto. Portugal, aqui e de uma maneira geral, é falado como sendo o país de CR. Quantas vezes, quando é necessário indicar o país onde nasci, me dizem como resposta Cristiano Ronaldo. Entre as crianças e os adolescentes e entre as pessoas que encontrei ao longo destes anos dos mais distantes países do mundo, sabem, a partir de CR, que Portugal existe e onde fica localizado. Na Europa, nunca se confundiu Portugal com Espanha; aqui, há muitos anos, foram inúmeras as vezes que ouvi uma certa confusão com a localização de Portugal e a sua língua oficial. Ronaldo ajudou a “instruir” o mundo inculto!!! : ))
    Acredito que Cristiano fez com que o turismo aumentasse assim como Madona. Não tenho dúvidas nenhumas. A Portuguesinha talvez seja muito nova para se lembrar de ter lido que Cliff Richard (inglês) foi quem “colocou Portugal” no mapa quando comprou um apartamento no Algarve. A partir daí centenas de ingleses começaram a comprar propriedades no campo algarvio.
    Ainda voltando ao caso da americana e de Ronaldo: já vi o vídeo deles na boite/club duas ou três vezes. É ela que está a tentar seduzi-lo. Até no derrière lhe tocou por duas vezes; dançava encostando-se a ele de forma provocadora. Se não queria intimidades com ele, emitiu os sinais errados. Embora não diga que quando a ativiade íntima começasse ela não tivesse gostado do que lhe foi sugerido e dissesse que não. Por aquilo que ouvi noutro vídeo quando ela estava no quarto com Ronaldo, alguém entrou. Ai poderia ter dito o que se passava ou poderia ter gritado. Claro, que a situação nunca ficará clara. Diferentes pessoas reagem de forma diferente perante situações idênticas.
    Também tenho feito esta pergunta: por que teria dito sim a uma quantia de 300 e tal mil dólares?! É muito dinheiro. Uma pequena fortuna. Difícil dizer não.
    Agora há a possibilidade de receber mais. Estará com necessidades financeiras? --- sou a ser sarcástica, eu sei, mas continuo a dizer que é uma estória mal contada e que haverá muito para esclarecer.
    O movimento “me too” foi e é excelente para que as vítimas se sintam mais à vontade para se manifestarem. Infelizmente, há hipocrisia. Uma das iniciadoras do movimento praticou assédio sexual com um rapaz de 17 anos há uns anos. Foi há pouco tempo que ele veio a público.
    Há sempre uma maçã podre numa cesta cheia de maçãs.

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