Julgo que foi há uma semana que vi na SIC Notícias uma reportagem sobre o governo onde se estabeleceu um inteligente paralelo com o estado do Pavilhão de Portugal, construído durante a Expo 98 e até hoje sem rumo definido. Ninguém sabe o que fazer com o pavilhão e assim, por analogia, parece estar Portugal.
O edifício tem um fascínio arquitectónico singular. Os entendidos em engenharia e arquitetonica tecem-lhe elogios pela sua cobertura única que parece desafiar a lógica e a gravidade. Contudo, esta obra parece vazia de função, transmitindo uma áurea de desleixo e abandono. E assim também está Portugal. É bonito, único e singular, é visitado por quem sabe apreciar a sua unicidade, mas está sem rumo e sem identidade faz tempo demais. Assim como a ausência de organização e planeamento transformaram o Pavilhão de Portugal num espaço de menor interesse, brindado que está com o cheiro e manchas de urina a cada pilar, convertido por uso popular num urinol e talvez em algo mais, pois é comum parecer regularmente frequentado por indivíduos com propósitos ou actividades suspeitas, casais que entre os pilares se escondem para dar azo a intimidades e garrafas de vidro de cerveja vazias ali parecem se acumular. O governo e o país parece teimar em não seguir um destino muito diferente.
A aparente abandono do moribundo pavilhão baptizado com o nome do País, que o representou numa grande feira Mundial e o estado da nação. Destino semelhantes? Se o pavilhão ganhar uma utilidade que nunca teve, poderá o país fazer o mesmo?
Segundo a peça, Siza Vieira, arquitecto responsável pela construção do pavilhão, terá dito que, se não existirem meios para manter a cobertura, então mais vale que venha a baixo.
E Portugal?
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