quarta-feira, 15 de maio de 2019

Mais um livro lido e uma descoberta

De ontem para hoje acrescentei uma nova leitura na lista de livros. Sim, li uma história de 69 capítulos em 24h. 

Fiquei a imaginar o que me levou a ler este livro tão rapidamente e sem esforço já que a intenção quando ontem lhe peguei era passar apenas por uns instantes de leitura. Já o objectivo com que abri os anteriores que até eram menos espessos em número de páginas, foi fazer uma leitura aprazerosa de uma ponta à outra, no máximo em dois dias.

Os motivos porque uns conseguem ser lidos assim e outros não, desvendaram-se, acho eu, após ler este livro. 


É a linguagem usada e a maneira como as personagens se comportam. No anterior a linguagem era actual, muito palavrão, interjeição, descrições exaustivas sobre o que a personagem está a sentir além de contínuas cenas de flashback enfiadas entre momentos de acção. Não que este último não tenha o mesmo: palavrões aqui e ali, lembranças do passado, mas não de forma tão exaustiva ou vulgarizada. Estando contextualizado noutra época - não tão recente assim mas muito diferente dos dias de hoje, apraz-me mais a forma com que as pessoas interagiam, mostrando um pouco mais de apego a valores de educação que sociedade de então impunha.


Depois vem a entrega da história. Uma das formulas mais usadas atualmente para entregar uma história, é dividi-la por personagens e ir apresentando os "núcleos" numa salada de nomes que inicialmente dificulta diferenciar quem é quem. Do "jorge" passam para a "Edna", daqui para o "João" e uns e outros andam com outras pessoas, maridos esposas e amantes, todos se conhecem e a certa altura todos se reúnem. Não há uma personagem principal, todas são personagens centrais. A informação é dada aos poucos, a conta gotas. E o final? O fim termina sempre meio em aberto, sem mais desenvolvimentos. No que uns julgam ser a "apoteose".  Sem uma "espreitadela" para o futuro. Dando aquela "aquecida no coração" de que os nossos heróis viveram felizes para sempre, quem sabe? 


Quase sempre opto por ler crimes e mistérios, raramente pego em dramas românticos, embora goste quando são romances históricos mas despreze um pouco esta moda de "contar" os "podres" de figuras nobres do passado - principalmente se não há nada factual que justifique que a percepção das pessoas sobre alguém fique associada a uma obra de ficção. Adoro quando é pura ficção, com muita investigação, a figura existiu, o mito existiu, mas o autor tomou a liberdade de inventar em torno disso. Gosto quando sinto que a obra jorra criatividade e inteligência, associada com instrução e uma forma extraordinária de explicar passados remotos difíceis de imaginar, como se estivéssemos a viver naquele século, com aquelas pessoas. 


Encaixo estes últimos livros que li na categoria de romance dramático. O último é mais fiel à sua categoria e não recorre ao mistério incluído no próprio título, para apelar à curiosidade. Nada de "Segredos, mentiras, fantasmas". Contudo, também tem as suas revelações dramáticas, contadas à medida que a história progride. 


E vocês?
Sabem quais são as suas preferências de leitura?


9 comentários:

  1. Este ano por causa dos olhos não tenho lido nem um terço daquilo que costumo ler,
    Abraço

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    1. Sabe Elvira, sinto um pouco de revolta por não se apostar mais nos audiolivros. Não sei se existem em Portugal mas no UK já os conhecia há 20 anos!

      É um dos presentes que gostava de oferecer aos meus mais próximos, mas como não entendem inglês, quero audiolivros em Português. Não existem - que conheça.

      Até para mim. Os olhos, embora suspeite que se preparam para me trazerem "novidades", conseguem ainda fazer o trabalho. Mas o audiolivro deve ser também maravilhoso. Como escutar o radio, alguém a ler para ti. E assim, ficas livre. Podes estar a ouvir a história enquanto se estende a roupa no varal, enquanto se fazem outras coisas, porque as mãos, os olhos, o corpo está livre para isso.

      Será que é coisa de mulher apenas? É que eu adoro multitasking! Quando faço uma coisa, quase sempre tento fazer três ou quatro outras.

      Um abraço e se conseguir, investigue o audiolivro.

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    2. Também me lembro dos acamados, dos imobilizados, das pessoas mergulhadas na solidão... Só vejo vantagens para um audiolivro.

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  2. O livro seduz-me se tem um bom enredo.
    E enamoro-me perdidamente.

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    1. E é tão bom, não é Pedro?
      Partilhe aqui o nome de algumas dessas obras.
      Já leu O Físico?

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  3. Qual foi o livro?

    Eu leio de tudo, tudo o que me agrada, não tenho género, o que faço é que quando é muito pesado, intervalo com um policial para aliviar a carga emocional que fiquei!!!

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    1. A carga emocional pode também ser a causa, Titica. Se a leitura for extenuante lê-se menos que outra que flui.

      A que acabei de ler foi A Viúva de Lydgate. Fluiu.

      Abraço

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  4. Ultimamente ando a ler romances porque são fáceis de ler. Já tive várias fases, como quando era adolescente e adorava livros de ficção científica. Normalmente ligo muito à história e aos personagens, gosto quando prende o interesse e parecem reais. Nas minhas intenções de leitura: ler livros melhores, também pela forma como estão escritos (antes por pior que fosse o livro ia sempre até ao final, desde o Ulisses que ainda não acabei de ler, comecei a deixar alguns livros por ler)

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    1. Interessante Redonda. Faço o mesmo, mas ainda não deixei algum livro por ler. Excepção a um há vários anos, que achei tão ruim que me afastou para sempre do então popular autor: Paulo Coelho.

      Tirando esse, todos os livros que não me entusiasmam no início ainda recebem a cortesia de serem lidos até o final. Recentemente tive vontade de deixar de ler O Segredo do meu Marido, porque o início é chato, confuso, chei o de personagens, não dá para distinguir quem é quem. Mas ainda bem que lhe dei uma oportunidade porque acabei por gostar muito da história.

      Eu gostava de reler uns tantos, principalmente os que fizeram parte da leitura escolar. Alguns clássicos, voltar a estudar os Lusíadas, por exemplo. Mas duvido que aquele prazer e descoberta de há vários anos se fosse repetir. Há algo na idade que também influencia. Já nada entendo da métrica nem recordo da mestria da construção de cada poema. Mas é uma obra prima portuguesa.

      Já leste o Físico?

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