Quando estamos em minoria não há volta a dar: temos de nos vergar e seguir a carneirada.
Certo ou errado, ser um D. Quixote tem sérias implicações. Aliás, não era ele louco?
Esta intro para dizer que decidi falar abertamente com os colegas de casa. Não o cabecilha, como estava inicialmente a imaginar. O acaso quis que fosse a mais-nova.
Ele arrastou-se uns bons instantes pela sala para escutar a conversa que estávamos a ter, que no momento tinha o foco no "não ser preciso" avisar quando se traz pessoas para dentro de casa. Foi embora assim que mencionei que também ia falar com ele. Se é essa a "lei" da selva, como posso eu incutir na cabecinha deles que acho que essa cortesia é bem vinda e cai bem?
Não, não é preciso... Tragam quem trazerem, durmam cá inclusive. "No explanation needed".
Dança conforme a música, Portuguesinha...
Irei falar também com os restantes.
Quanto aos assuntos discutidos, existirão sempre acusações de parte a parte e mentiras serão pronunciadas. Escutei algumas. Não tenho provas, o testemunho de terceiros está comprometido e é a palavra do indivíduo contra a palavra da maioria. Engole-se para um bem maior. No fundo existem sempre dois lados e até duas verdades. Por saber disso, é que quis escutá-las.
E assim podem-se clarificar as coisas. Porém uma constante emerge: quem sempre mostra a iniciativa de quebrar o mau ambiente sou eu. Pode passar muito tempo, mas busco sempre uma conversa clarificadora. Esteja eu inserida no grupo de opinião maioritária ou no da minoria. Seja um problema que sinta existir entre mim e apenas outra pessoa, ou mais que uma. Tenho de dar valor a esta qualidade quixoteana rara nos dias de hoje.
Raro também nos dias de hoje, é a pessoa mostrar a dignidade de se disponibilizar para te escutar e ainda mais raro ainda, mostrar que tem vontade de clarificar o ar de quaisquer impurezas.
É fácil ser a maioria.
Outros fazem ressonância com a tua batuta.
Espero que as coisas melhorem para o meu lado. É verdade: fui preterida. Mas a versão que me foi apresentada indicou que me isolo. É um pouco verdade, até porque também é um pouco consequência. Essa parte de se recusarem a admiti-lo vai-me custar. Tanta vez lhes ofereci para partilharem uma refeição comigo e recusaram todas. Nenhuma vez me chamaram para dividir uma com eles. Isso contribuí e não é pouco para uma pessoa sentir-se preterida. Mas águas passadas não movem moinhos. É um comprimido que terei de engolir. Talvez me compre o direito de aqui viver sem estar obcecada pelos pequenos nadas que já se estavam a transformar em rochedos.
Estava a ser cada vez mais injusto para mim.
Mereço melhor.
Em todos os relacionamentos é muito raro haver só um culpado.
ResponderEliminarQualquer pessoa crescida e matura sabe isso. Acho até que há um periodo durante a infância em que as crianças também têm essa capacidade de entender que agiram errado, geralmente por resposta a outro erro. E escolhem fazer as pazes.
EliminarEntre a infância e a idade adulta não sei o que acontece. Ninguém parece estar disposto a limpar do ar o mau ambiente. Preferem entrar em guerras e iniciar o recrutamento de pessoas para validar a sua posição. Infelizmente é a realidade. Será, penso eu, uma norma: os covardes e os mal intencionados irão sempre formar-se em grupo. Sozinhos não têm força e em grupo as mentiram passam por verdades.
Abraço.