quarta-feira, 6 de março de 2019

Humor e de-humor

O senhorio estava na sala quando desci para apagar o lume. Espantei-me ao vê-lo, porque fazia meses que não aparecia. O rapaz também estava na sala. Excepcionalmente, hoje é o primeiro dia em semanas que a casa não está em pavorosa. Geralmente apanha-se sempre muita fanfarra e muita gente na sala. O senhorio está a perder o sentido de inoportunidade... aparece nos curtos períodos em que nada se passa.


Mas isto tudo para dizer que senti-me feliz por ver alguém que me respondeu como deve de ser e com quem troquei uma curta conversa totalmente natural. Sentia saudades disso. 

Até mudou a minha disposição. Que estava muito em baixo.

Nisto o rapaz sai e eu continuo a lida na cozinha: decidi fazer uma sopa muito rapidamente. Aproveitar a reduzida afluência de pessoal no espaço, para cozinhar algo pela primeira vez em cerca de duas semanas. 

Quando estou a lavar o tacho, oiço a porta da rua abrir e alguém entrar. Por mim até podia ser o rapaz - que saiu se calhar por um curto período de tempo. Não escuto nenhum outro ruído, talvez a pessoa tenha subido. Mas nisto sinto alguém a aproximar-se, a passar atrás das minhas costas e algo é colocado no meu lado esquerdo. É que teve mesmo de "raspar" nas minhas costas. 

É a mais-nova. Entra e não cumprimenta
Estive quase para lhe perguntar:

-"Ouve lá, foi essa a educação que os teus pais te deram? Eu estou aqui, não me vês?? Entras e não cumprimentas quem cá está?" 

Mas não deu tempo, ainda estava com a água a tirar o detergente do tacho e ela pirou-se para o andar de cima. Enquanto estava a pensar nisto e estava de saída, tive um gesto impulsivo e escrevi no quadro "Eu existo". Bem debaixo da frase que ela apropriou de alguém, onde diz que "o dia de amanhã prepara-se hoje".

Pena que não entenda que se não planta cortesia, amanhã não a vai receber. 

Esta juventude que acabou de sair de um curso e começou a trabalhar, já está toda frustrada porque a vida não lhe corre como quer, porque não é rica e porque tem de gastar dinheiro...

Os pais são pastores. Deram liberdade de escolha à filha, mas esperam que ela siga alguns ensinamentos da igreja. Esperam, pelo menos, que ela a frequente aos Domingos. Por isso não quis chamar os pais para a conversa. Decerto que estes valores básicos estes lhe devem ter passado. Ela é que quis rebeliar-se e nisso, a fronteira entre rebelião e falta de educação ou gratidão ficou toda baralhada. 

Os pais nem sonham que a filha é toda de bebedeiras e presentemente anda com três homens ao mesmo tempo. 


2 comentários:

  1. Embora sem comentar, venho ler sempre que posso, mas como deve saber, estou com uma dificuldade muito grande em ler depois de três cirurgias aos olhos cada uma mais complicada que a outra.
    Abraço.

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    Respostas
    1. Elvira, poupe-se.
      Primeiro tem de se reestabelecer. Embora sinta saudades suas - aqui e no sexta - quero saber que está recuperada. De corpo e de alma :)

      Muito obrigado por aparecer :)
      Melhoras!

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