terça-feira, 9 de outubro de 2018

A Programação Portuguesa


Se há coisa à qual não tenho acesso em Inglaterra, são os canais de televisão portugueses. Por isso, quando cá cheguei, foi com saudade e gosto que fui passando pelos canais para descobrir o que emitem. A surpresa não foi muita. Continua tudo igual. Na televisão que tem cabo, entretive-me na Sic Radical, a ver dois programas estrangeiros. Um britânico (o que é curioso), de nome Undressed. Duas pessoas interessadas em encontrar o amor marcam um encontro num "quarto" fictício (um estúdio de TV) e têm de tirar a roupa do outro. Depois deitam-se numa cama e conversam. Num monitor surgem perguntas e sugestões de posições para eles imitarem. Ao final de 30 minutos, têm de carregar num botão para dizer se estão interessados em conhecer aquela pessoa, ou ficam por ali. 


Achei interessante. E bem melhor que um outro no mesmo canal, espanhol, em que desconhecidos CASAM um com o outro e vão para a recepção vestidos de noivos, sendo avaliados de cima a baixo pelas famílias. Uma estupidez! Assim como um outro programa que passa no Reino Unido (Naked Attraction) e agora também na Sic Radical, em que os concorrentes ficam todos nus num pedestal e o genérico mostra os pénis a balançar, os seios, pipis, etc... Não pela nudez, mas pela gratuitidade com que a exibem e o conteúdo supérfluo e superficial do programa. Não é de espantar: no final, o concorrente que escolhe o seu favorito, vão num encontro - muitas vezes incluindo logo sexo e, descobrem que não vão dar continuidade à relação. Muito sedutores no início, ávidos pelo primeiro beijo que é sempre cheio de língua, saltam para a cama, fazem todo o tipo de sexo (presumo) e depois... "queixam-se" que o outro não é o que pensavam. Ah, a sério??



O segundo programa (Dating Naked) passa-se num local paradisíaco e tropical, com praia, areal, piscina e casa de luxo. Um homem e uma mulher marcam encontros com potenciais parceiros que nunca conheceram antes. A condição é que... têm de estar nus. A produção tem uma actividade que lhes é destinada e eles aproveitam esse convívio para se conhecerem melhor. No fim de uma semana, têm três encontros. Este programa podia ser feito com mau gosto, mas não é. A nudez não incomoda - porque nem se vê. Um borrão muito bem colocado impede qualquer visualização. Pelo menos aparentemente, todos estão realmente centrados em conhecer as pessoas - não em vê-las nuas. Porque já estão nuas. Assim, isso fica esclarecido na primeira vez que se vêm, podendo concentrar-se nas características que realmente interessam: personalidade, opiniões, comportamentos. Foi um programa que me interessou e vi alguns episódios. Contudo notei que muito é fabricado. Embora não tenha visto o fim, fiquei com a sensação que tudo aquilo vai ser inútil, porque o casal que está a sair com outras pessoas, no fundo, já se escolheu um ao outro. Pelo menos ela. Pois assim que vê o outro rapaz (com quem não tem uma relação e com o qual divide a experiência) com uma mulher que ela sente poder ter chances, discretamente sabota a relação. E ele gosta de todas, trocando a sua favorita com frequência e mostrando uma obediência imediata à colega cada vez que ela o chama. 

Na TV que só tem canais nacionais, percebi que nos generalistas continua tudo igual. Directos de manhã e à tarde, com a habitual propaganda ao Calcetrin e aos números de sorteio, intercalados por dois noticiários composto de cinco notícias durante um ciclo de 24 horas, repetidas continuamente o dia inteiro. Por vezes até a manhã seguinte. Os "enchidos" dos directos em estúdio - ou em exterior (em caso de feriado nacional) são o que de "melhor" a TV tem para proporcionar. É o maior entretenimento, até que cheguem as novelas, à noite. Filmes são raros - talvez um por semana, sempre próximos da meia-noite. 

Elenco da novela Valor da Vida
De novelas, cativou-me pela história Valor da Vida (TVI) que conta com um elenco "misto" de portugueses e brasileiros. Mas o curioso é mesmo a história. Muito bem escrita. Dirigida? Nem por isso. A realização é espantosamente básica. Pouco ou nada dinâmica. Basicamente pessoas sentadas no sofá e cameras a apontar para uma ou outra. Ou planos gerais - por muuuito tempo, de vez em vez aproximam-se para desenjoar. Muito básica. É a história que a sustenta. E algumas interpretações.

E vocês?
Como está a vossa relação com a programação dos nossos canais

5 comentários:

  1. Só vejo o Telejornal, em diferido, ao fim-de-semana.
    Mais nada.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Se conseguir ocasionalmente, para desenjoar, veja uma entrevista como aquela que está a passar agora na RTP3 - A Grande Entrevista. O tema na mesa é o assédio sexual e a convidada, uma terapeuta/psicóloga, tem muito conteúdo.

      Boa semana.

      Eliminar
  2. Por tudo isso e muito mais, não aprecio televisão, não gosto mesmo. Por mim nunca se ligava cá em casa. Passo bem sem.

    Beijinhos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Em Inglaterra também não a ligo.
      Aqui é a saudade, a vontade de redescobrir o que anda a passar para o povo português.

      Beijinhos. Adorei o seu blogue.

      Eliminar
  3. Por essas e por outras que deixei de ver TV
    Abraço

    ResponderEliminar

Partilhe as suas experiências e sinta-se aliviado!