sexta-feira, 12 de maio de 2023

Vodu e rituais de magia, buracos, velas negras e ovos crus

 

Faz uns três meses encontrei duas cascas de ovo no fundo do jardim, numa área resguardada, onde ninguém vai. A semana passada, num dos meus ímpetos de limpeza, fez-me confusão ter detectado um saco preto de plástico largado nesse local. Quando me mudei há quase três anos, fiz uma limpeza bem significativa nos detritos abandonados no fundo do quintal. Naquela área, recolhi tudo o que tinha sido abandonado: garrafas de vidro (30), plásticos, latas, cacos, cerâmicas, tudo. Desde então, aos poucos, vou retirando mais entulho ali deixado. No inverno passado, a cerca caiu com o vendaval. A casa vizinha ficou abandonada, até que a agência a comprou e a vendeu. Só então a cerca foi re-erguida. Durante todo este tempo, aquele saco preto poderá ter-me escapado??? Por entre a densa vegetação?

Até hoje não sei. Talvez sim, talvez tenha sido ali colocado depois por alguém da casa ou noutra circunstância qualquer e ali ficou indetetável. Aproximei-me do dito, espreitei dentro: muitas latas de red-bull e outras de detergente. Apanhei tudo no saco quase a desintegrar-se - a pesar do conteúdo parecer fresco, e coloquei no contentor de reciclagem. 

No processo de fazer isto o que vejo entre a vegetação? As cascas de ovo! Ainda as mesmas, no mesmo lugar. 

Agora encontrei um cartão de memória com fotografias do ano passado. Enquanto recordava o que era, deparei-me com uma foto de... cascas de ovo no fundo do jardim. Obviamente não são as mesmas deste ano, mas outras. Igualmente caricatas, porque quase inteiras, só com uma parte partida e nenhum conteúdo. Uma forma muito INVULGAR de se verem cascas de ovo. 

Na foto seguinte surgem as beatas que a M. largou no jardim e na foto seguinte, o misterioso BURACO cavado nessa área resguardada na qual ninguém vai. Tenho quase a certeza que ali não estava nada, pois costumava estender ali a minha toalha para me deitar ao sol. Nunca vi algum buraco. 



Atribuí tudo, talvez, à movimentação de um animal. Mesmo os ovos! Mas ficava sempre a dúvida... por não fazer sentido. A presença do buraco escavado, a presença de cascas de ovos quase inteiras, totalmente vazias. Pensei, inicialmente, tratar-se de mais um gesto de desconsideração de alguém cá de casa, que coze os ovos para comer e depois os despeja ali. Mas isso era impossível. Nenhum ovo cozido teria deixado uma casca assim. E era a casca de DOIS OVOS. Tanto a que lá está este ano, como a que esteve o ano passado. 

Um buraco escavado no chão. Cascas de dois ovos quase intactos ritualisticamente abandonadas de ano para ano e as 25 velas pretas com duas brancas que a M. recebeu ontem. 

Subitamente fez sentido. Com o tempo, tudo se conecta, como os pontos de um desenho numérico. A mania de que tem capacidades psíquicas, o dizer-se dedicada à magia branca e sublinhar que não a negra, o queimar papel com uma vela trancada no WC, a súbita implicação com o aroma do meu incenso de flor margarida- que antes acolheu com gosto e disse gostar, o chamá-lo "cheiro de Igreja" que a impede de dormir (ainda que nem o tenha deixado arder) - as velas PRETAS especiais que encomendou do seu país - a Lituânia. TUDO se conecta. 

É ela que faz estas coisas. Os seus rituais de protecção - que para mim não passam de rituais para prejudicar a pessoa que ela mais quer atingir no momento. Quando vi as velas negras logo pensei que estavam destinadas para mim. Somente duas brancas. Velas muito finas, de um material não quebrável, com uma espessura de, no máximo, 8 milímetros e 25cm de altura. Não são realmente velas domésticas, para se usar em candelabros, porta-velas, nada. Nem bolo de aniversário. E vai usá-las resguardada no quarto. Isto deve ter um significado específico. Nunca vi uma pessoa que se auto-intitula dedicada ao bem (magia branca) usar velas NEGRAS. 

Ela que continue com a sua dependência destes rituais, a cavar buracos na terra, a queimar papel, a acender velas, a não deixar ninguém inspeccionar o seu quarto, a usar ovos crus que despeja no quintal... 

Eu também adquiri os meus rituais. Infelizmente, para descompressar um pouco esta situação que, sejamos francos, não me deixa ser quem sou e me força a ser diferente, adquiri o hábito de desabafar em vídeo. Também aprendi que, de vez em quando, há que desabafar com alguém de carne e osso. Duas amigas minhas sabem o que se passa. Mas evito sobrecarregá-las com cada episódio lunático. Quando me sinto melhor, até humorística, e algo acontece, então partilho. Lembro-me de comentar com uma que ela implicou com o cheiro do incenso, que eu só deixo arder por alguns segundos e apago. Tanto que tenho os paus há mais de ano e meio e ainda são os mesmos. Acendo-os para cortar os maus e fortes odores dos cozinhados, principalmente quando estes são consecutivos e duram até às tantas da madrugada. Ocasionalmente, também acendo e depois apago no WC, para cortar o odor de lá. Mas é tão raro que nem devia ser um problema. Mas cá está: raro pode ser, mas é também uma acção MINHA. E é tudo o que ela quer. Vive me seguindo para ter com o quê implicar. Entra na casa de banho assim que eu saio para espreitar. Se encontrar algo com que possa implicar, vai fazê-lo. Sem nada que lhe dê esse pretexto, ela procura desesperadamente qualquer coisa que eu faça. E segue-me, sempre, observando cada gesto meu. Ter acendido o incenso UMA VEZ e passar com ele pelo corredor foi o pretexto que precisou. Daí já quis fazer um grande DRAMA. E agora, cada vez que escuta um ruído de "Pszzt" - originado por um spray, sai a correr para implicar. Porque se alguém usar um ambientador em spray, ela implica. Só ela pode gastar uma lata inteira de uma vez só, no odor que lhe bem apetecer. Fica o ar muito agressivo, difícil de respirar, sente-se o químico no ar. Mas como foi ela que esvaziou a lata, está tudo bem. 

Lembro-me da minha amiga comentar a respeito do incenso: "Ela pensa que estás a querer purificá-la!".  Eu pensei que esta observação não fazia sentido. Ela simplesmente gosta de implicar. Mas depois é que percebi que é isso mesmo. PROJECÇÃO!! Claro que ela vai assumir que eu estou a preparar um ritual qualquer dirigido a ela. Na realidade estou é cansada de respirar o odor a frito ou gordura ou alho ou peixe por três horas consecutivas!!  Mas a M. que é narcisista, pensa de acordo com as suas acções e motivações: ela faz rituais. Logo, concluí obcessivamente que outros na casa lhos façam a ela. E eu, ingénua, longe de pensar que eram estas as suas suspeitas! Pensei apenas que era outra forma de ela implicar com qualquer coisa que eu pudesse fazer. 

Viver nestas condições acaba por ser desgastante. Passado tanto tempo, claro que isto me afecta. Afectaria qualquer um. E já não tenho a tolerância de antes. Cheguei ao ponto de implusão. E agora estou ciente de tudo, vejo tudo... (ou quase tudo) e ainda me surpreende como é que, todos os sinais estavam lá desde o início e a seriedade dos mesmos nos passa ao lado. Como somos educados a "desvalorizar" coisas, rotulá-las de "peculiaridades", preferir pensar que não são mal intencionadas. Quando são. Com o tempo, a verdade vem ao de cima. 

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