domingo, 21 de maio de 2023

Regresso as origens e ao prazer da leitura

 Estou a gostar de ler este livro:


Um gosto tremendo pela leitura regressa cada vez que me vejo rodeada de livros. Uma percepcção de que há muito para ler porém, provavelmente, nem uma vida inteira chegará para o fazer e assimilar verdadeiramente o conhecimento que proporcionam.

Estou matavilhada com as descrições - não só de vestuário como de mentalidade e comportamentos - que este livro proporciona.

Sou levada para outro tempo, tenho uma ideia visual e sensorial diria que perfeita do que me e descrito. Tenho a sensação que alguém descobriu como viajar ao passado (minha derradeira viagem ideal) e trouxe para hoje o que aquele instante realmente fora.


Tanta coisa para descobrir numa só frase. 

Tanto que se descobre numa outra. 


As descricões das indumentárias, penteados, a suposta vaidade e orgulho que poder usá-las terá acarretado, os hábitos comportamentais, tais como a importância de proporcionar uma refeição perfeita e sem falhas a convidados ilustres, o processo de ideias para a época - tudo um prazer de se descobrir.

Educar num ofício, durante seis meses, um negro capturado para servir de escravo, para depois o poder alugar à jorna ou então vendê-lo como mao de obra especializada. Ao fim de seis anos a trabalhar a jorna o escravo podia comprar a sua liberdade. O serem deitados borda fora do navio rumo à civilizacao no primeiro sinal de disinteria. Depois de ter lido "Primo Levi", percebi o quanto é assustador tal condição e como o Homem pode tratar outro Homem, largando-o à sua provável morte sem pensar duas vezes. Isto no seculo XX, entre ex-prisioneiros de campos de trabalhos forçados, doentes, abandonados e livres, a aguardar a chegada das tropas russas. Que dirá então em pleno seculo XVIII, numa altura em que, alguns acreditavam que o negro era uma espécie intermédia entre a humana e o animal.

Descobri que se atiravam cavalos ao mar nas mesmas circunstancias - caso o navio nao conseguisse navegar devido ao peso e força dos ventos e marés. Ora, cavalos eram considerados carga preciosa e se estes iam borda fora, muita outra coisa decerto também terá ido.

Gostei especialmente - e me emocionei, com a curta história de Julinho e Florentino. O primeiro senhor, dono de terras, o segundo, escravo. Julinho acreditava que os homens deviam ser livres. Libertou todos os seus escravos e pagava-lhes pelo seu trabalho. Comprou um terreno para que os escravos forros e os foragidos pudessem viver em comunidade. O segundo, o chefe desse Quilombo, beneficiário deste conceito denominado Francesia - devido as ideias Francesas pós-bastilha de igualdade entre os homens. 

E é isto a leitura. Um alimento para o cérebro.


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