quarta-feira, 31 de julho de 2019

Não saber estar num autocarro


Cheguei à conclusão que aqui nesta cidade as pessoas que andam de autocarro são todas burras.
Calma! Não estou a ofender ninguém à toa. Então justifiquem lá isto: quando entram e os lugares sentados estão ocupados, ficam-se pelas portas traseiras. Ninguém sobe para a parte de trás, onde certamente vão vagar mais assentos na paragem seguinte. Eu se poder, fico por ali, porque além da possibilidade de me sentar ser mais elevada, é também o único lugar num autocarro por vezes lotado onde não se viaja apertado.

(estes ingleses são muito burros!)

Todo o cuzinho que entra no autocarro, acumula-se ali na porta traseira, entre o degrau para subir e o piso inferior, com a barriga e as malas enfiadas no sentido onde gostariam de ir, quase a meterem-se no "colo" do passageiro sentado na cadeira perto do degrau. 





Mas o que me enerva todos os dias é um hábito que todos aqui têm. Acho-o repulsivo. Tenho vontade de dar uma lição de civismo nestas pessoas. 

Então não é que assim que alguém desocupa um lugar, os que já viajam sentados correm para o apanhar? Falo, claro, dos lugares à janela... Podem vagar cinco e tu, que acabaste de entrar para sentar, não tens hipótese. Só vês vultos a mexer e subitamente os lugares vazios são todos à coxia. 


Para mim é um comportamento altamente condenável. De bom tom é, se já viajas sentado, deixas-te estar sentado. Ou trocas de lugar sim, mas não quando outros estão para se sentar, não quando estão passageiros a entrar com essa finalidade. Se o teu CU já viaja sentado, que direito pensas ter de especial para poder fazer "upgrade" do trono??


E tem outra... Quando está sol, o comportamento é oposto. Fogem dos lugares à janela e vão para a sombra na coxia. É ou não é repulsivo? Demonstração pura de egoísmo. 

Para não falar dos lugares reservados a idosos e deficientes. Em Lisboa, de vez em vez, ainda se vê o autocarro com gente em pé mas esses lugares continuam vazios. E as pessoas cedem sempre a quem de direito. Aqui sentam-se neles quem quiser. Jovens principalmente. Se aparecer alguém mais idoso, ninguém oferece o lugar. Esperam que o peçam e, na realidade, a menos que a pessoa venha a coxear ou use uma bengala, tornando assim a sua necessidade obvia, ninguém se move. 

Uma vez ofereci o meu lugar a um casal de pessoas enxutas, mas mais velhas, pois percebi que era-lhes difícil segurarem-se e equilibrarem-se com o movimento do veículo. Ela estava a amparar o homem. Ofereci e ela recusou. Logo de seguida duas pessoas ao meu lado largam o lugar e o casal senta-se e relaxa. Bem que podia ter aceite o meu lugar, não os estava a chamar de velhos por causa disso. O alívio e conforto que retornou aos seus rostos quando se sentaram foi obvio. E o casal que se levantou, se ia sair na paragem seguinte, também podia ter demonstrado a mesma atitude que eu. Mas não. Preferiram continuar a viajar sentados até o último minuto. O casal podia ter pedido os lugares reservados, mas também não o fazem. Só pessoas com bengalas ou a coxear são capazes, diante do obvio, solicitar ou esperar que o simples visualizar da sua situação faça com que esses lugares vaguem. Pessoas idosas, sem dificuldade de locomoção visível, parece que são orgulhosas demais para tal.

À entrada do autocarro estão dois lugares individuais isolados, um em cada lado, à semelhança do que acontece em Portugal. Um atrás da cadeira do motorista, outro do outro lado, idêntico. Noutro dia enervei-me em silêncio com o que vi. Viajava atrás e os lugares à minha frente estavam todos vazios. Vejo duas mulheres que conversavam sem parar, a entrar em primeiro lugar e percebo que, mesmo viajando juntas, vão cobiçar os lugares individuais. Dito e feito: A primeira a validade o passe sentou-se na cadeira individual e a outra fez o mesmo. Antes mesmo do terceiro passageiro passar, já o palrrear das duas, mais os movimentos dos braços, atrapalhavam quem queria passar. Cada uma delas virada para o centro, cada qual a falar mais alto para se escutar.

Não era mais civilizado não imporem a conversa privada a todo o autocarro e terem-se sentado uma ao lado da outra, num dos tantos lugares disponíveis? Claro que sim. Mas as pessoas aqui regem-se por um princípio de egoísmo que não entendo.

Outra coisa que aqui não se faz: não existe respeito pela ordem de chegada na paragem. Tanto pode entrar primeiro no veículo a pessoa que chegou naquele instante, como outra qualquer. A que estiver mais perto da porta, entra. Não há cá "direitos" civis não pronunciados mas seguidos, regras de etiqueta, de cortesia, de educação, que ditem que é de bom tom permitir que as pessoas que aguardam a chegada do veículo há mais tempo, entrem primeiro. 

Nada!
Aqui até se surpreendem comigo, quando digo à pessoa que estava à minha frente, para fazer o favor de entrar.


Conclusão: aqui as pessoas não sabem utilizar o autocarro. 
Não digo em toda a inglaterra, porque creio que no centro de Londres é diferente.
Mas nesta cidade da periferia... é como descrevi.



4 comentários:

  1. Falta de educação e respeito ao próximo é no mundo todo. A todo lugar tem gente educada ou não. Quanto ao assento paea idoso, acho que não se trata de orgulho, pois se estão saudáveis, que deixam os lugares para os debilitados, jovens ou idosos. Ontem tomei metrô aqui em São Paulo, havia um senhor, pobrezinho, se equilibrando para se manter em pé porque seu assento estava ocupado por uma menina de uns 10 anos - a mãe fazendo cara de "não tô nem aí". Não aguentei e pedi que cedesse o lugar ao idoso. E que exemplo essa senhora está dando à filha? Oras, isso é de chocar!

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  2. Em Lisboa não sei porque há muito que não vou lá, mas por aqui respeita-se a fila mas de resto é igual ou pior do que relatas. Já para não falar dos comboios e como estamos à beira de eleições há que suprimir comboios, greves em tudo e mais alguma coisa para os fins que todos sabemos.

    Beijocas e um bom dia

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  3. Incrível como a humanidade descobriu a roda... e os britânicos ainda não descobriram a fila... :-) pretty basics!...
    Beijinhos
    Ana

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