Ontem a notícia de abertura de um noticiário fez-me estremecer:
"Primeiro-ministro interrompe férias para presidir..." - não escutei mais nada. Férias?! Depois dos últimos acontecimentos e de ficar claro que o governo está instável e incompetente, vão de férias?? Fiquei pasmada! Bem sei que todos merecem descanso e este cumpre uma função vital para o bom funcionamento no trabalho, mas achei de um extraordinário mau gosto e desconsideração um primeiro-ministro que governa um país, numa altura de sucessivas crises dentro do seu governo, após se espalhar ao comprido em polémicas e más políticas, ir de férias!!
Já trabalhei em empresas onde não existiam férias. Cada vez que se viviam crises - e elas sentiam-se mensalmente, era fazer horas extraordinárias sem pagamento, claro. Cheguei a fazer "turnos" de 24h para levar aquele barco desgovernado ao seu porto. Comigo fazendo parte da tripulação ele não ia afundar, ainda que de pouco adiante quando quem vai ao leme gosta de jogar o barco nas rochas. Então e as férias? As férias era para os outros porque, se quiséssemos ainda ter trabalho era preciso continuar a trabalhar.
Depois abro hoje a revista "Maria" onde na secção de notícias nacionais surge uma fotografia do primeiro-ministro de mãos dadas com a esposa, a passear no algarve. Tudo bem se não fossem os pormenores. É que identifiquei de imediato um copy-cat. Um gajo a imitar o outro primeiro-ministro, o britânico que também anda pelos algarves e que viu uma sua fotografia tirada num mercado de peixe, ao lado da esposa ganhar destaque e interesse internacional. Tudo porque a imprensa decidiu comentar a indumentária informal do PM britânico e da esposa. Vai o nosso PM e trata de os imitar. A ver se causa a mesma sensação - decerto. Também quer que lhe comentem as roupas!! Oh, não tem mais nada com que ocupar a mente, está visto.
É que na foto nota-se uma encenação - pelo menos é o que entendi. Com um PM e uma esposa de mãos dadas, como é da praxe, a passear pelas ruas (com a comitiva de seguranças decerto pela sombra) para serem vistos, fotografados e comentados pelos meios de comunicação social. Ambos a calçar o mesmo modelo de sapatinho, na mesma cor e aparentemente novos. Estariam eles a dar "dicas" à imprensa nacional? Queriam eles que, tal como aconteceu com o PM britânico que foi descrito (quote) "calçava uns mocassins sem meias". Era esse o efeito pretendido do nosso PM mais esposa? Que lhes comentassem os sapatos? As roupas= Queriam as suas roupas descritas ao pormenor? Então acho que lhes saiu o tiro pela culatra. Porque ninguém comentou o ridículo que é irem para uma zona conhecida pelo calor e praia de calça comprida (ambos) e de sapato fechado. Se é para aparecer, aprendam com o outro, mas façam uma cópia/encenação bem feita.
AS FÉRIAS de um país é algo que me transcende.
Como pode um país entrar para "férias"? É como o sol desejar tirar umas férias. NÃO PODE SER.
É a democracia britânica que vê o seu PM e vice-PM a tirar férias ao mesmo tempo, é a assembleia da república que fecha para férias, são os tribunais, é o primeiro-ministro. Pergunto-me se neste tempo está alguém a governar o país. E pior: é esse alguém o paulo-compra submarino-irrevogável-não ao corte das pensões- portas? Pergunto se as crises também vão de férias, assim como os problemas - ou será que nenhum deles está para ficar a trabalhar para resolver os problemas da competência de outros e por isso marcam todos férias ao mesmo tempo? Ou será que sem a presença de outros nada se resolve e então já que o país, os serviços e a justiça entram de férias, vai tudo junto!
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