quarta-feira, 6 de setembro de 2023

A mulher no autocarro

 Uma coisa que nunca gostei: pessoas a tossir em cima das outras. Sem fazer qualquer esforço para taparem a boca.

Entrei no autocarro. Sentei-me. Umas duas paragens depois uma mulher senta-se atrás de mim. Oiço-a tossir de boca aberta a cada 30 segundos. E sei que não está a cobrir a boca. 

Os seus germes estão a ser projectados em cima de mim. Tinha acabado de tomar banho, colocado roupas lavadas... mas mesmo que nao tivesse. É errado, não é civilizado, é má educação tossir livremente em cima dos outros e espalhar micróbios. 

Fiquei a pensar: há apenas uma semana estava com Covid. Não tossi em cima de ninguém. Mas gostava de ainda estar com o vírus e que fosse transmissível. Para lhe tossir na cara e ver se gostava. Há pessoas que merecem.

Acabei por dizer em voz alta o que estava a pensar: espero que esteja a tapar a boca!

Ela continuou a tossir sem cuidados. Peguei no telemovel e comecei a filmar-me, com ela a aparecer atras. Queria apanhar ao vivo o verdadeiro comportamento das pessoas. Por 3 minutos ela tentou disfarçar. Sinal de que percebeu o incómodo e o telemóvel agora em riste. Enquanto tive o telemóvel apontado ao seu rosto, controlou-se. Depois tossiu de boca aberta tentando fingir que nao o fez. Voltei a erguer o telemóvel - a única garantia de não ser alvo de uma chuva de saliva e micróbios a cada 30 segundos. 

Ela parou. Depois por uma vez tossiu em cima de mim, fingindo levar a mão à boca mas mantendo-a desencostada e os dedos abertos. Fê-lo porque o telemóvel estava a apontar na sua direccao embora tenha tentado esquivar-se. E assim continuou a minha saga.

Num autocarro cheio de gente onde só esta tipa estava a tossir, tinha de se sentar logo atrás de mim?

O telemóvel foi o que me ajudou. Caso contrário a tipa continuava a tossir-me em cima a cada 30 segundos. Na maior.

As pessoas não aprenderam NADA com o Covid. Não reaprenderam a demonstrar boas maneiras. Muito desapontante.

NA MANHÃ SEGUINTE...

Na manhã seguinte, novamente no autocarro, atras de mim, uma rapariga tosse sem sequer fazer qualquer tentativa de mexer os braços para bloquear os germes cuspidos. Olho de lado para ela. Deve ter percebido.

Sinto-me uma alienígena numa terra que não é mais povoada por pessoas como as que cresci a ouvir que tínhamos de ser.

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