quarta-feira, 1 de março de 2023

A Baleia - vi o filme

Brandon Fraser voltou a estar nas luzes da ribalta. O ator americano popularizado nos anos 90 por protagonizar filmes de comédia como "A Múmia" e "George, o Rei da Selva" recebeu o prémio SAGAward de melhor ator  pela sua actuação no filme: "The Whale" (A baleia). 


Muito se tem falado sobre o retorno do ator e do seu afastamento. Alegadamente, trabalhos começaram a escassear depois de ele ter mencionado numa entrevista que foi "apalpado" por um diretor qualquer em Hollywood. 

Mas, cá para mim, julgo que é o percurso natural - mais para as mulheres que para os homens - de quem atinge o estrelato na juventude e é admirado pela sua aparência e nível de atratividade. A conversão é difícil quando se sai dessa faixa etária e já se está nos 40. Os papéis não estão mais lá, porque a pessoa não corresponde mais ao perfil. Embora Fraser tenha efectuado outros papéis brilhantes em ditos "filmes sérios", ficou popularizado como ator de comédia ligeira e pouco se fala de outros seus filmes. 


"A Baleia" é o filme que o traz de volta - o próprio é muito verbal a respeito. Vi o filme sobre um homem prestes a morrer de obesidade. Ele come sabendo que está a fazer mal a si próprio. Mas não dá para parar. À sua volta tem umas personagens também muito fortes e interessantes. A enfermeira que cuida dele, ao mesmo tempo que o quer vivo, também lhe fornece as comidas saturadas de gordura que o estão a matar. Não o fazer não o impederia de as encomendar. Os motivos que o levam a comer até se matar não são mencionados diretamente, mas subentendem-se. Um desgosto de amor. A sua história de vida tem um twist, mas é um muito comum que se consegue entender. Conheceu uma mulher, casou com ela, teve uma filha mas... apaixonou-se por outra pessoa, largou a família para começar um novo amor. Amor no masculino. Uma pessoa consegue entender que se trata de mais um caso de um homossexual não assumido, que seguiu a vida pelos padrões sociais esperados até que essa paixão acabou de vez com a sua covardia em não olhar para dentro de si e aceitar-se como é. Covardia, no fundo, também é um termo apropriado para descrever como desiste de lutar pela vida e opta por se destruir até expirar. Todas as personagens estão bem construídas. Até a ausente - Alan, parece ter deixado uma presença marcante. 

Antes de começar a ver o filme, devorei duas caixas de barras de waffles de chocolate com laranja. Não sei porquê, mas uma nunca chega. Pretendo ficar por duas mas, quando fui a ver, foram duas embalagens, cada qual com cinco unidades cada, que devorei. 

Durante a visualização do filme "Charlie", a personagem de Brandon, tem cenas que angustiam - e para mim essas foram vê-lo devorar comida de plástico com voracidade e em excesso. Duas fatias gigantes de pizza em cima uma da outra, devoradas em segundos, barras e barras de chocolate. Aí fez-se "luz" e encontrei similariedades com um  gesto que eu própria tive momentos antes. 

Se calhar tenho de reduzir o consumo desta marca de chocolate...

É que sabe bem, mas não parece satisfazer, muito menos nutrir. Daí ir sempre para outra e outra. Já ia para acabar o pacote quando percebi que tinha de cortar o impulso ingerindo outro alimento e foi uma fatia de queijo que me "salvou" de mais uma barra de chocolate. 

De pouco adianta andar a comer uvas como andei durante o emprego - se em casa me empaturro de junk food. 

Sem querer dar o final - mas sabendo-se já o final, devo dizer que achei bonito e original a forma como o autor/diretor arranjou para nos mostrar o inevitável. 


3 comentários:

  1. Não vi o filme!
    Beijos e um bom dia

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  2. Olá Portuguesinha! Estou de volta (não, não atualizei o blog).
    Vi o filme e não deixa de ser interessante ver como uma pessoa pode se autodestruir aos poucos. Por acaso nunca tinha pensado nisso antes de ver o filme... mas para alguém chegar àquele ponto, tem de ter um motivo. E para não querer mudar para melhor, também!

    P.S - Nunca achei o Brandon Fraser bonito mesmo nos seus melhores anos. Sempre me pareceu muito "armado em engraçadinho" pelos papeis que fazia e homens com mania de serem engraçados, não me atraem minimamente lol

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    Respostas
    1. Ana, bem vinda de volta!
      Espero que não seja uma visitinha que só terá repetição daqui a outros 5 anos ahah.
      Agora que apareces-te tens de comentar sempre :)

      Bonito acho que ele era. Quero dizer, corresponde aos padrões de atractividade generalizados. Mas cada vez que o ouvi falar, ele é um pouco como o Brad Pitt - no sentido que não gosta de se ver como a última bolacha no pacote. Lhe incomoda esse rótulo. Acho até que ele tinha pouca auto-estima e pouco ligava ao seu aspecto. Acho que era mais os outros, desprovidos de tanta beleza, que reparavam.

      Mas são só impressões. Se ouvires entrevistas dele agora e antes, vais notar que como pessoa sempre foi igual. Se calhar a impressão que tiveste é mais pelas personagens.

      Olha, sabes quem eu diria que é assim, "acha-se" demasiado e por isso não vou à bola, nem nunca fui? O Tom das Cruzes, por exemplo. O ator que fez "A Máscara" - nunca pude com ele. Só agora que está velho e parece que atinou um bocado é que engraço mais. Acho que estes dois sempre estiveram neste negócio para serem vedetas, queriam o estrelato e tudo o que este proporciona. Eu sou mais apreciadora de estrelas que são pessoas simples. Gosto da Meryl Streep e tem duas atrizes negras que são muito boas mas não me parece que andam em Hollywood pelos vedetismos: a Viola Davis e a Octavia Spencer.

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