segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Arte clássica também existiu no feminino

 

Mesmo a propósito do post que vinha fazer a respeito das pinturas que visitei nos museus. Hoje o google-doodle abriu com esta figura: Uma pintora, mulher, que viveu no século 17 e alcançou grande notoriedade. Com o passar dos séculos teve os seus quadros equivocadamente identificados como tendo sido feitos por... homens. 


Ah! Os séculos passam, mas a condição feminina permanece a ser relegada para segundo plano, como se  inferior. (Adiante, que nós, mulheres, não nos enfurecemos. Sabemos no âmago que tal não é o caso).

Em Londres quis ir visitar uma obra pintada pelo pulso de um contemporâneo desta senhora: Jan Davidszoon de Heem.  Acabei por ser surpreendida por quadros da pintora Rachel Ruysch. Todos estes artistas pertenceram ao chamado "século de ouro neerlandês". 


Rachel Ruysch  foi a pintora que me agradou por ter um talento tão bom ou melhor que aquele que meus olhos procuravam em Jan de Heem. Esta sua gravura comprova isso mesmo. Não é estonteante?



Na visita ao National Gallery (Londres) o quadro pintado por JUDITH LEYSTER chama muito a atenção pelos sorrisos das crianças, pela traquinice, pela diversão e prazer que as mesmas podem ter vivido. Li a legenda: menino e menina a segurar um gato e uma enguia. Fiquei a pensar em que circunstâncias ia uma criança segurar uma enguia? Decerto que foi um momento específico daquela época. A autora quis capsular esse momento de alegria, como quem hoje dispara o gatilho de uma máquina de fotografar. 

                          

Comparação justa, diante do realismo, da impressionante representação detalhada que estes pintores alcançavam. Tem imagens que parecem autênticas FOTOGRAFIAS. Sempre me impressiona, este tipo de talento e muito me faz reflectir sobre o que nós realmente sabemos hoje, comparado ao conhecimento ímpar que os nossos antepassados devem ter adquirido. 

Quem sabe? Alguns destes "mestres" poderão estar a dar voltas na campa da eternidade, pasmados pela idiotice da humanidade de hoje. A admirarem quadros que eles, os autores, fizeram às pressas e a negligenciarem outros, que consideram importantes para o desenvolvimento do seu talento. Ou então revoltados, por as pessoas estarem a apreciar uma cópia que não foi feita por si ou a atribuírem uma das suas obras a outro. 

Jan de Heem teve dois filhos que também lhe seguiram as pegadas. Ele próprio era filho de um grande pintor. Sabem como é... um metier de família. Como saber, de facto, passados tantos anos, quem pintou o quê?

Detalhes do quadro de autoria 
de Jan Davidszoon de Heem


Destes três artistas foi o homem que o tempo fez com que ganhasse mais fama. Com o passar dos séculos as pintoras mulheres foram perdendo a notoriedade que os seus contemporâneos lhe atribuíram. Mas nesta época em que arte é, acima de tudo, um negócio envolvendo muito, mas muito dinheiro, a procura desesperada para se achar mais uma qualquer escultura ou pintura feita por um grande mestre fez girar os holofotes para tudo o que foi produzido nessas épocas podendo-se então, falar de artistas mulheres. 


2 comentários:

  1. O tempo passa... mas as liberdades, direitos e garantias das mulheres... continuam sempre periclitantes... e no mundo laboral... as injustiças sempre se vincam mais em tempos de crise... até nos países mais civilizados...
    Enfim! Em pleno séc. XXI, em certos países continuam a ser impedidas de frequentar parques e universidades... é o mundo que continuamos a ter!
    Adorei o teu post, com esta temática da pintura!
    Beijinhos
    Ana

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    1. Obrigada Ana. Também aprecio quando um assunto faz reflectir sobre outro, mais abrangente. Neste caso, a pintura que fui ver aos museus me conduziu a reflectir no tema da igualdade da mulher na sociedade ao longo dos séculos. Pense: quantas mulheres pintoras de antigamente conhece? No entanto, existiram! E hoje, só agora, é que se começa um pouco a deixar que se saiba que grandes artistas de épocas de ouro também surgiram no feminino. Dá que pensar quantas compositoras de música clássica tiveram suas obras ignoradas ou assinadas por nomes masculinos.
      Beijinhos.

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