quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Evitando me envolver

 O mais frequente de acontecer é existirem brigas antes e depois de ir para o emprego. Nao comigo, mas entre os outros tres na casa. 

Cansa - e impede-me de descansar, estas vozes alteradas que discutem no piso de baixo. Onde, no WC maior, quando acendem a luz a ventoinha faz uma barulheira que se escuta e se sente a vibrar no chao do meu quarto e me impede de ter a tranquilidade que busco e preciso. Duas horas consecutivas ficou a ruidosa ventoinha a funcionar. No dia anterior, a mesma coisa. Desci duas vezes para a desligar e de todas as vezes foi deixada ligada, ninguém estava a usar a divisão.

Ja escutei tanto este ruído de ventoinha que apanho em dose dupla (wc de cima fica ao lado da parede em pladur onde encosto a cabeça para dormir) que desenvolvi uma intolerância. A simples vibração é uma tortura. Quando entro na cozinha e a luz que activa um terceiro ventilador que ali existe esta ligada, tenho de a desligar de imediato. Esta, ao contrário das do WC, desliga o ruido de imediato, nao tem um atraso de 15m como as outras. É um alivio e uma satisfação que nem sei como começar por explicar.

Mas isto tudo para contar que "hoje" depois de entrar em casa vinda do emprego la pelas 6.30 da manhã, soube que aquela era a minha única oportunidade para cozinhar e me alimentar com algo que realmemte nutre. Tinha espinafres para consumir e um pacote de natas que expirava. Nao gosto de desperdicio. A única maneira que gosto de consumir espinafres e fazendo uma quiche. Atirei para dentro do tacho com espinafres e sal favas minusculas que comprei congeladas que mais nao eram que ervilhas enormes. Depois de cozidos, esmaguei para ficar em pure. Meti cenoura ralada. Pedacos de presunto e de chourico de carne. Milho. Refoguei as carnes em cebola com manteiga para lhe dar um gosto especial e depois passei todo o preparado pela frigideira. No final com a massa pre-comprada ja a forrar o tabuleiro e com um "entalao" dado no forno, espalhei a mistura e despejei por cima as natas batidas com uma noz de manteiga derretida. Mas ainda nao tinha acabado! O toque final foi colocar salsa fresca por cima.


Depois tive de lavar e arrumar a louça toda, limpar o fogao, mesa e remover a lama de cada orificio da scooter que usei para chegar a casa mais depressa. Cada vez que a uso no inverno, fica uma desgraca. E tenho todos os cuidados em nao passar por cima de poças de agua, lama, folhagem... so que é impossível. Esta cidade nao tem pisos que nao estejam esburacados, remendados, desnivelados, cheios de bueiros e de porcaria. 

Limpar a scooter e tarefa para levar uma hora. Mas vale a pena, saber que depois posso transporta-la tranquilamente para o quarto sem que corra o risco de deixar sujidade pelo chão. 

Antes que alguem se levantasse e ocupasse o WC deixando no ar o aroma da caganita matinal, fui tomar um duche rapido. Depois peguei nas embalagens para reciclar, abri a porta da rua e despejei-as no contentor a entrada do portao. Regressei, levei tudo para o quarto e finalmente, tinha chegado a hora de descansar.

Em suma: eram 9 da manha quando subi para descansar. E logo ai comecaram os tres a se levantar. Logo se iniciou uma discussao. E nao paravam. Isso mais o irem ao WC e nao desligarem a ventoinha... Dormir, eu? Nao ia conseguir. 

Percebi que a rapariga nao tinha descernimento para perceber que o rapaz ficava satisfeito por discutir. Entao decidi enviar-lhe um texto: "Tenho escutado as discussoes. Querida, se aceitares um conselho meu, nao fales com ele. Evita-o. Nao deixes que ele te tire o sossego".

Isto desenrolou uma longa conversa por texto mas a mensagem essencial que lhe queria dar era " nao entres na dele". 

E que subitamente os dois rapazes que nao se falavam sequer, e quando o faziam era para brigar, comecaram a falar-se sem picardias. De onde isso surgiu? Eu percebi logo. Nao foi nada coincidencia. Na vespera a M. Discutiu com o que ja ca estava e o mais recente escutou e ficou todo satisfeito. Foi como se validassem o que ele pensa dela. Ele viu o caminho aberto para criar mais confusoes, ja que mais alguem na casa tambem sentia o mesmo da M. ao ponto de a mandarem "Calar-se e  foder-se" entre outras coisas muito desrespeitosas ditas no decorrer das discussoes. 

Nao que ele esteja errado. A M. de facto exagera. Quando nao gosta de uma pessoa essa pessoa nunca faz nada bem. E ela aponta dedos em todas as direccoes. Dedos que facilmente podiam se virar para si mesmo, mas que ela nem sequer admite a possibilidade de estar errada.

Mas achei por bem dar-lhe esse conselho. Alem de sair beneficiada porque acabam-se as discussoes, tem outra consequencia: sem ela a alimentar a necessidade de brigas dos rapazes, esta uniao oportunista deles os dois regride aos atritos. Unidos por odio... e conveniencia. Nao gostei. Se ela nao der trela a nenhum, os dois deixam de a poder usar. Ela virou a "cola" da relacao. Mas no fundo um Jamais vai aceitar o outro. 

Vai que o rapaz "mais recente" bate a porta do quarto da M. para lhe devolver as palavras que ela lhe esta sempre a reperir. "Limpa as tuas merdas. Ha sempre coisas tuas por todo o lado. Isto propaga o Covid". E a reaccao da M. foi, calmamente, dizer que nao que falar com ele e fechar-se de volta no quarto.

Ele fechou-se no dele a soltar gritos. Tanto de felicidade por a provocar como de frustracao por aquela ultima provocacao nao ter surtido as hbituais trocas de insultos e acusacoes.

Senti muito orgulho da M. 

Soube, pela primeira vez em semanas, ter a postura correcta. Nao se alimenta pessoas destas. Ignora-se. A M. é dificil mas nao acho correcto faltas de respeito. Ela nem percebe que ja permitiu que ambos a desrespeitassem a um nivel que jamais vai recuperar ease respeito de volta. A qualquer oportunidade, os insultos pronunciados vao ser feios. Inadmissiveis. Bem fez a rapariga que saiu. Ela percebeu para onde isto ia rumar, fez as malas e foi viver a sua vida noutro ambiente sem dramas. 

Faria o mesmo se tivesse a sorte de encontrar um ambiente promissor que reuna o que procuro em termos de localizacao.  

Depois da vivencia na outra casa, tenho outras formas de sentir. Nao tenho mais apego a casas. Por mais confortavel que me sinta no meu canto. Sei que nada foi feito para durar. Se durar e porque algo esta errado e geralmente e a pessoa que mais tempo tem de casa que causa atritos porque essa longevidade equivocadamente lhe confere um sentido de direitos e propriedade excerbados. 

Gracas aquilo que passei na outra casa, vejo muito melhor aquela linha que separa... A linha dos limites do respeito. Uma linha para a qual tinha uma tolerancia elastica.  Mas que agora deixou de ser de borracha maleavel para ser mais firme. 

Se alguem me disesse os insultos que ja disseram a M. eu SABERIA na Hora que aquela pessoa Perdeu toda a nocao de RESPEITO. E por isso que nao me relacciono com o rapaz. Percebi que ele nao me respeitava. E isso, mais que uma duzia de bebedeiras, é o que nao se pode admitir. 

.














3 comentários:

  1. Aprende-se sempre com os erros e agora vês e atuas de forma diferente. Estás no caminho certo.

    Beijos e votos que continues em frente sempre positiva e com garra.

    ResponderEliminar
  2. Ora aqui está uma aprendizagem feita com muito sofrimento. Inteligente da tua parte a mensagem para a outra moradora. Estás no bom caminho!

    Bom ano 2021!

    Beijinho

    ResponderEliminar
  3. Espero que tudo na vida lhe corra a seu gosto.
    .
    Feliz Ano Novo de 2021
    Cumprimentos.

    ResponderEliminar

Partilhe as suas experiências e sinta-se aliviado!