terça-feira, 27 de outubro de 2020

Sem máscara no supermercado

 

Entrei no supermercado e fui para a fila para pagar os artigos. Ninguém está a cumprir a distância de dois metros. Tudo bem... também poucos estavam preocupados em seguir pela direcção indicada pelas setas espalhadas pelo shopping e pelas ruas da cidade. Irritou-me ter de ser eu a ter de me desviar para o lado contrário, porque manadas de gente assim que começava o meu percurso nunca estavam na faixa certa de andamento. Putos, adolescentes, na maior galhofa, sem máscaras, a rir e a rir e a falar uns com os outros meio aos berros, sem se preocuparem em fechar a boca ao se cruzarem com outras pessoas. Cruzamento esse que não era para acontecer se soubessem seguir uma simples regra: a direcção para a qual aponta a seta.

Mas agora estava no supermercado, todos usavam máscara porque é obrigatório e só me tinha de preocupar com a distância. Assim que penso nisto, uma pessoa coloca-se atrás de mim. Não cumpre a distância social, vem a falar ao telemóvel e não tem máscara. 

Isso mesmo: não tem máscara.

Dou uns passos à frente para me aproximar da pessoa com máscara e me afastar da que não tem. O homem, alto, negro, sempre a falar ao telemóvel, também se aproxima. Tenho uma mão a segurar a scooter por isso faço questão de a colocar entre mim e ele. Ao menos não vem colar-se. Serve de pouco consolo, visto que fala e fala e fala ao telemóvel de boca descoberta. Cada vez que mexe os lábios está a projectar saliva para cima dos que lhe estão próximos.


Revolta-me. Da última vez que fui a este supermercado aconteceu o mesmo! Um homem, sem máscara, a falar ao telemóvel, posicionado atrás de mim. Isso dá uma taxa de 100%!

Já escolho aquele super por ser menor e, por isso, existirem mais possibilidades de todos cumprirem as regras. 

Mas é demais. Perguntei à rapariga na caixa - uma menina, se não é obrigatório usarem-se máscaras em supermercados, explicando que é a segunda vez consecutiva que tenho um homem atrás de mim a falar ao telemóvel sem máscara. Ele estava mesmo atrás, pelo que pode ter escutado. Mas não quis saber. A atitude dele foi passar-me à frente assim que terminei de pagar rapidamente as minhas compras com contactless, compras essas que fui enfiando na mochila ao mesmo tempo que dialogava. Não quis recibo e fiz o que faço sempre: não empato o andamento, tento ser o mais rápida possível. 

Ele ri-se, abana a cabeça e diz-me para me despachar que há muita gente à espera. 

Teve este descaramento. À saída passa novamente por mim e chama-me "Bitch".


Este tipo de coisa faz-me sentir desapontada com a humanidade. Já não me apetece sair  para ir 
as compras. Havia banido um supermercado, uma loja e agora, pelos vistos, estou a ficar sem alternativas. Quando saio para fazer compras quero, além de obter artigos que possa precisar, relaxar. Descontrair a cabeça de problemas que possam insistir em pairar.  Tem acontecido o contrário.

Ando a ficar deprimida com isto do Covid. Se bem que, no fundo, ainda existe outra razão, que ainda doi mais. Aquela... Mais ainda agora durante o COvid do que se este nunca tivesse existido. Agora que os nossos convívios estão limitados, conhecer novas pessoas, sair com elas, ir ao cinema, etc, é quase uma fantasia, custa ainda mais gerir isto.

Por isso quero que este Covid desapareça depressa. O numero de infectados aumenta para valores gigantes e estas pessoinhas não usam nem máscara, nem escudo facial! Oh pá... sinto-me chateada. Com vontade de chorar. Assim nunca mais vamos lá. A "normalidade" nunca mais vai regressar. Quero muito ir viajar. Preciso. Quero entrar num avião, ir para outro lugar, conviver, regressar... Mas asssim NÃO DÁ. Se for a Portugal ver a família depois do Natal - viagem que já tenho marcada, impõem-me uma quarentena e se ficar de quarentena não tenho como sair para ir trabalhar, logo, não ganho dinheiro. Se quebrar esta regra sou tratada como uma criminosa, sou vigiada e mantida sobre vigilância. E estes indivíduos que não cumprem uma única regra saem impunes!

Queria dizer isto ao homem do supermercado. Dizer que por causa de gestos egoístas como o dele, não posso ver os meus, estar com a família, abraçar alguém descontraidamente. Já uso máscara desde Fevereiro e sinto-me frustrada com o quase nenhum progresso de tanta precaução. A pesar de toda a prevenção que se tem tido desde então os números aumentam e porquê? Porque uns energúmenos como aquele gajo acham-se acima dos outros. E desrespeitam todos. Preferem ser um infectado que anda a espalhar o vírus a todos com quem se cruzam. (e ainda devem chular o estado).



6 comentários:

  1. «Anda tudo maluco!»
    Cruzes canhoto ;)
    Felizmente já não trabalho, não tenho que levar filhos à escola, nem netos ao infantário... isto é, não sou "obrigado" a circular muito na rua, transportes públicos e afins.
    Compras, de preferência on-line, e evito grandes aglomerados de pessoal- Ainda não fui a um shopping, a um espectáculo, ao cinema...
    Faltam-me os abraços, os beijos, o convívio, as rotinas das aulas de hidro, de natação, o ginásio, e tantas outras coisas que fazem (faziam) parte do meu dia a dia de reformado.
    As viagens ao estrangeiro para visitar o filho emigrado tão cedo não vão ser retomadas... a quarentena é obrigatória, ainda bem que existe o Watsapp :))))) mas não é a mesma coisa.
    Este ano é para esquecer e quero acreditar que o próximo será, vai ser, muito melhor.
    Grato pela partilha.
    Tudo de bom.
    :)

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    1. Compreendo o que diz. O contacto humano faz falta. O toque. Nao partilho consigo desse optimismo para 2021. Quero estar errada.
      Obrigada e muita força e saude.

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  2. A Catarina queixa-se disso também.
    O que é que custa usar a porra da máscara?
    É chato?
    Paciência, usem-na!!

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    1. Esta a gerard frustraçao na minha pessoa, Pedro.
      Boa semana

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  3. Mas o supermercado não tem segurança que impeça as pessoas de entrarem sem máscara?
    Abraço e saúde

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    1. Pois não tem não, Elvira.
      Durante a quarentena estava lá um. Mas também era um mau exemplo. Não usava máscara e estava sempre a falar. Ou seja: sempre a transmitir saliva para todo o lado.

      Estou muito decepcionada com a falta de consideração pelo próximo, Elvira. O esforço que te é pedido para tentar erradicar esta pandemia nem é muito grande. "Tapa a cara com uma máscara" "lava as mãos frequentemente" "mantém uma distancia de 2m de qualquer pessoa".

      E não o fazem.
      E a pandemia agradece.

      Saúde de volta para si, querida Elvira.

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