domingo, 8 de março de 2020

O coelhinho vai pagá-las!




Começo a detestar os fins-de-semana, porque em todos sinto-me bué deprimida. Hoje não foi diferente. Decidi por isso sair, ir para perto da natureza, entrar no shopping, ver gente. Quem sabe, até esbarrar em alguém conhecido. Aproveitei e dei um pulo à Primark. 

Ia a entrar para os provedores de roupa quando noto um homem no interior, à entrada, a falar alto ao telemóvel. Acho que o conheço mas não sei bem de onde. Depressa percebo que é o rapaz que a mais-velha traz cá a casa sempre que pode. Chamam-lhe "rapaz da mais-velha". Como se ele lhe pertencesse

Se me reconheceu - e acredito que sim porque sempre foi rápido nisso, nada disse. O tempo que me levou a experimentar sete peças de roupa e sair, não foi suficiente para ele sair daquele lugar. Ainda ali estava, continuava a falar ao telemóvel, em italiano, claro. Como era dentro do roupeiro, mesmo ao lado dos cabides de roupa, cheguei a pensar - juro - que era agora funcionário da Primark. 


Na saída tive de entregar os meus itens, devolver a placa de plástico e perguntar onde estava o cesto com o resto das compras. Apontaram-me para o cabide e o saco estava mesmo ao lado dele. (desapareceu do interior um batom em promoção que queria mesmo experimentar. Terá sido ele a tirá-lo?)

Nada dissemos - não pareceu haver nada a dizer. Mas havia sim: podia ter sido ali que ia perguntar-lhe porquê apagou um desenho amoroso de um passarinho e uma mensagem de Natal feita por mim no quadro da minha cozinha, para deixar uma pila no lugar. E se costuma deixar o símbolo internacional de "Fuck You" assim, na casa dos outros. 


Imaginem se tivesse feito isso. Claro que um homem não se encontra no interior da Primark, ainda por cima quase meia-hora no interior dos roupeiros, se não estiver à espera de uma mulher. Ter-lhe falado e usado a ocasião para o confrontar com o seu gesto mal-educado, teria enfurecido quem quer que fosse que ele esperava nos provedores. Nenhuma mulher gosta de sair às compras e ver o seu "homem" a falar com outra, ainda mais descobrir que existiu qualquer espécie de contacto envolvendo pilas. Perde-se a confiança e fica-se a desconfiar. 

Mas eu sou tão boazinha, que apenas fiz a minha vidinha, sem me importar com a presença dele. Pouco depois de sair, ouvi a voz dele atrás de mim e virei-me a tempo para ver a tipa. "Boa demais para ele" - pensei. Não por o achar má pessoa - não o conheço de todo. Mas numa ocasião em que lhe falei, simpatizei com ele. Todas as outras que vieram a seguir não existiu conversa, só breves contactos em que a mais-velha estava sempre ali, de cara fechada e de veneno em riste. Sei lá eu o que ele entretanto foi "ensinado" a pensar de mim. Disse que a achei boa demais para ele, porque ela era normal, nem gorda nem magra, nem velha. E ele é assim, assim, careca e fala alto que se farta. A namorada dá de 1000 a zero na mais-velha. Se esta tinha pretensões ali, deve estar de rastos, ahah. Esta é mais nova, para começar, bem feita, cabelo esticadinho. Daquelas que dá gosto um homem mostrar-se ao lado. Virou-se para ele e deu-lhe um selinho nos lábios. A coisa não ficou por aí.

Novo amor! Coisa recente. Que faz os homens acompanharem as namoradas à chatice das compras de roupa e ficar à espera eternidades para que saiam dos closets. 

Ao ver o selinho, lembrei que era o selinho que eu queria estar a dar.
Não importa como um homem é fisicamente. Há sempre uma mulher pronta para o acolher, para o amar. Nós, mulheres, é que não temos essa mesma sorte. 


Esse pensamento, essa certeza, entristeceu-me. Também ele está a dar selinhos e outras coisas mais a outra gaja, toda boa, mais nova, cheia de amor para dar. Eles encontram sempre alguém que os ame. Porque essa é a natureza feminina: dar, amar, sem olhar para a «embalagem». Não há homem que chegue para tanta mulher - para começar pela dura realidade. Mas o pior é saber que não há homem que não procure uma mulher mais jovem e bonita antes mesmo de sequer imaginar-se a olhar para uma da mesma idade ou mais velha. 

As mulheres ficam sós. Os homens, nunca. 
Antes dele, eu estava confortavelmente no clube das "mulheres sós". Não estava resignada, sonhando com uma mudança, não! Estava totalmente de bem e satisfeita com a minha situação. Era  confortável e não me envergonhava mais. Apareceu ele e agora dou por mim a desejar coisas que nem estavam adormecidas: estavam mortas! Mortas.

É de um sadismo sem tamanho. 
Descobrir que ainda vivo, ainda palpito, e saber que só um homem pode saciar esta vontade de O amar.

Porque as mulheres são assim... quase todas, e a julgar por mim, todas mesmo. Quando se apaixonam, não há outro. Não há ninguém. Ninguém serve. És tu. Só tu.


Decidi ir ao supermercado comprar algo doce para comer. Se bem que o que me apeteceu mesmo foi embebedar-me e beber até ficar tonta e adormecer. Mas amanhã é dia de trabalho e para quem nunca ficou realmente bêbada, preferi adiar a experiência para uma ocasião em que possa ir para o hospital caso seja necessário, ahah. (sad face).

 Isto está a fazer-me mal. Seis meses, porra! Um gajo careca e pouco atraente consegue viver um romance daqueles novinhos e eu a chupar no dedo. Porquê? Porque eu não sei aproveitar as oportunidades. Os sinais estavam todos lá mas eu não os vi porque estava confortavelmente acomodada na minha «morte». Estava fora de coagitação, vir a viver o que agora estou a desejar. Nem fazia mais sentido. Por isso não vi mais cedo os sinais. Não andava à procura deles, não os desejava, pelo contrário. 

Mas estas coisas não se escolhem e aconteceu. E agora tenho este veneno dentro de mim. 

Decidi vingar-me no coelhinho de chocolate. Tal e qual como no anúncio de Natal, comecei pelas orelhas. É doce, mas não substituí. Acho que o que me passou pela cabeça há uns tempos sobre um male prostitute é capaz de ser a solução.



VINGANÇA!!!

(vou pagá-la caro)


5 comentários:

  1. Parece-me que está muito carente. Gostaria de lhe dizer para enterrar essa lembrança, e dar ao seu coração uma nova oportunidade. Mas sei que quem está de fora, fala bem mas a quem dói o dente é ao dono do furão como dizia meu pai quando a minha mãe lhe dava algum conselho que não lhe agradava.
    Ainda assim correndo o risco de que me mande meter na minha vida, digo-lhe. Deixe de ter pena de si. Pense que é uma mulher corajosa, fantástica, compre uma roupa nova, vá a um salão experimente um novo corte de cabelo, uma nova maquilhagem, erga a cabeça e ponha um sorriso no rosto. E pense que em algum lugar há um homem que está destinado a amá-la. Ponha a alma nesse pensamento e a coisa acabará por acontecer. Sempre ouvi dizer, que ninguém faz uma panela, que não faça o texto para ela.
    Um abraço e tudo de bom

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    1. Acha que alguma vez ia dizer à Elvira que é a melhor pessoa que conheço online, para se meter na sua vida? Jamais! Preso a sua opinião, acho-a uma pessoa tão perspicaz e atenciosa que até podia apetecer-lhe "partir a mesa" que tem esse direito. Quando se partilha intimidades é porque se precisa de exorcisar e receber opiniões. Valorizoa sua. Não é nada que já não me tenha ocorrido. E é o que pretendo fazer. Mas entretanto, há estes instantes de recaidas, geralmente aos fim de semana. Acho até que já tomei a decisão. Mas vou aguardar para ver. Prezo muito a sua opinião e agradeço-lhe. Chega de lamentações. Pareco uma adolescente. Mas daí é sempre o que acontece a todos. Está tudo a correr-lhe bem? Faço votos para que sim. Abraço

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    2. Prezo é com "z"...
      O telemóvel está doido e quando comento nele, recusa-se a usar o meu cognome, usa o de uma outra conta. Mas o "s" deve ter sido o corrector automático eheh. Abraço e tudo de bom.

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  2. "As mulheres ficam sós. Os homens, nunca."
    Pois é Portuguesinha!
    As mulheres olham para o interior. Os homens, para o exterior. Ainda ontem vi um video de uma mulher a casar com um homem numa cadeira de rodas. Se procurarmos bem, não vai ser dificil encontrar mulheres que casam com homens que possuem algum tipo de deficiencia mas quantos desses videos vemos o oposto acontecer? Um homem saudavel casar com uma mulher com deficiencia? Procurar, procuras e achas 1 num milhão!

    P.S- A falta de tempo impede-me de vir aqui mas já estou de volta. kiss kiss

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    1. Li num outro blogue um comentário teu a pedir para se escutar uma rádio portuguesa em Londres. Fiquei curiosa! Pensei até que tinhas emigrado.

      Pois é ana! Isso é o que custa... Nós ficamos sós, eles, nunca. Também se acham vídeos de gajos a casar com mulheres com menos sorte. Ficamos nós - mulheres - a pensar "o que será que ele viu nela?" e julgamos que é amor. Ou interesse... Sei lá. Nunca pensei bem nisso. Eu quero acreditar no poder do amor. Gosto muito de ver um casal em sintonia, curtindo-se um ao outro de verdade. Por inteiro, por completo. Fico feliz.

      Gostava que as pessoas centrassem-se mais nisso e menos no prazer sexual.

      Em tempo de Corona, nem abraço, nem Kiss. Só virtuais.
      Ai! Espero que passe logo...

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