domingo, 4 de agosto de 2019

Arco Iris


Ontem à semelhança do que vou acabar por fazer dentro de instantes, decidi sair, ao invés de ficar em casa. Tenho de tentar me distrair. Devo-o a mim mesma. E a dívida é gigante.

Ao invés de ficar aqui preocupada, fui arejar. Decidi ir até uma cidade costeira, a umas duas horas de viagem. Gosto daquela cidade, as pessoas são como em Lisboa. Tudo é descontraído, simpático e tem... mar. Um mar muito lago, sem ondas, sem areia, mas água, como os meus olhos apreciam ver. 

Acabei por escolher um dia fantástico, não pelo sol, mas pelo evento que estava a decorrer: uma parada de Orgulho Gay. Embora critique a existência das mesmas e seja da opinião que são o que são devido a interesses comerciais (tal como o Natal), a verdade é que são entretenimento. As pessoas todas a "rigor", com glitter, arco-iris pintado por toda a parte, bandeirinhas, lenços na cabeça, fatos... acho que não vi uma única peça de indumentária já inventada que não viesse nas cores do arco-iris. A sério: até ténis, com a sola assim pintada - de origem! Olhem que pintar o tecido, ainda vá lá, mas a sola de borracha? Meias brancas com as listas do arco-iris, cuecas, etc...

Aquilo é mais um desfile carnavalesco, onde os muito ousados tentam dar nas vistas e chamar as atenções das câmaras fotográficas. Mas são todos bem humorados, divertidos, fantástica música e respeito. Gostei. 

As lojas tiram proveito e acolhem as cores do arco-iris para os seus logos e montras. Há um facto que me entristece: é que o arco-iris, até há pouco tempo era algo inoculo em simbolismo. Agora se uma pequena criança desenhar um arco-iris, está a desenhar o símbolo gay. Lá se vai a inocência...
Adiante...

Foi divertido e apeteceu-me ficar por lá, quem sabe até me mudar! Aquela é uma cidade, com pessoas normais. Esta aqui, mal cheguei, já alguém na rua estava a gritar à porta: "You cun! You fucking cunt!".
Só classe...

Mas empregos... não os há em lado algum. E para pessoas sem uma especialidade concreta, como é o meu caso... Estou mesmo desesperada com esta situação. Percebo que o "arco-iris" está a desfalecer... a ficar negro. Não tenho a idade da maioria dos que me rodeiam. Já não ando na casa dos 20! Tenho o DOBRO. Contudo, a vida não evoluiu. Estou pior do que quando estava quando me iniciei na empregabilidade. E se tiver de me preocupar com a minha situação em casa, então são dias de catástrofe em alto mar em plena noite sem lua. 

Rezo a santos, a santas, a Deus, a Jesus, à lua, ao sol, à borboleta, à gaivota que me "adoptou" no percurso para o emprego... estou numa prece constante. Agora peço é o euromilhões, primeiro prémio, que é para ver se com muito dinheiro realmente se soluciona alguma coisa. Nomeadamente, a questão da habitação própria, que para mim, sempre foi necessária como oxigénio para respirar.


Depois tento colocar aqui algumas imagens do desfile gay. Tolerância e aceitação... Há tanta. tanta para as chamadas "minorias" (que me pareceram maiorias. Mais de 30000 pessoas - dizem os jornais) e cada vez menos tolerância, aceitação e respeito para com o semelhante.

Terei de virar gay? Já estive mais longe! 

Mas se fosse gay talvez não reparasse num homem que vinha de bicicleta na minha direção e que o achei o mais giro entre aquela multidão de milhares... Não me pareceu gay, o que também era uma agulha no palheiro. Giro o homem, Sorriso aberto, franco, traços honestos e um ar seguro de si. 

Se calhar ainda não estou pronta para ser gay... Vi muitas mamas e afectos lésbicos mas não virei ainda...

Embora seja possível. 

Ahah.


1 comentário:

  1. Somewhere over the rainbow, sky is blue... e como o Fernando Pessoa dizia... who knows what tomorrow brings?...
    Keep the faith, girl!...
    Beijinho
    Ana

    ResponderEliminar

Partilhe as suas experiências e sinta-se aliviado!