Acendi a televisão e fui parar ao final de um programa sobre uma mudança de sexo.
Estão a entrevistar o tipo que fez a mudança junto com a namorada e perguntam a esta como foi para ela. Esta responde que se sente uma sobrevivente. O tipo não gostou. E conta que ela é uma ex-alcóolatra. E a miúda responde: "Sim, estou sóbria agora, mas não estive durante a faculdade". E o tipo responde: "Não é fácil passar pelo alcoolismo e por uma mudança de sexo".
Eu pensei cá com os meus botões: "És um sacana".
Noutro dia assisti a um ténue episódio de bulling doméstico. Da mulher para o homem. E comecei a reflectir sobre as expressões "todos os homens que valem a pena estão casados" e "eles não sabem escolher as que valem a pena".
E concluí que ambas são verdadeiras. Os melhores homens estão, realmente, casados. E a maioria, infelizmente, com mulheres que lhes infernizam a vida mas que eles cegamente, idolatram. O oposto também acontece (não se atraíssem os opostos) e mulheres doces e compreensíveis que se casam, acabam com homens violentos e manipuladores. Temos então assim algo que nunca vai resultar. Mulheres boas solteiras, homens bons casados. Mulheres egoístas casadas, homens maus solteiros...
E a responsabilidade é de ambos os sexos, que quando sabem o que querem, vão procurá-lo nos recipientes errados e se iludem consigo mesmos e com a outra pessoa. Bem sei que há excepções, felizmente alguns, acertam-se, se não à primeira, pelo menos ao fim de algumas tentativas. Mas no geral, dou como corretas as expressões.
Voltando à mudança de sexo, acabei por constatar que até um homem que nasceu mulher prefere ser um homem sacana. Fazem a mudança de sexo mas parece que o que querem absorver do sexo que lhes foi fisicamente oposto é a canalhice. Tudo o que é de «macho», feio, porco e mau...
Noutra ocasião assisti a um outro programa nacional onde um concorrente também tinha realizado uma mudança de sexo de mulher para homem. Mas o que assisti sobre o carácter do indivíduo, não apreciei. Preconceito para com a mudança de sexo não me pareceu que tenha existido, nem vindo do público nem dos colegas. Curiosidade sim, mas ataques, descriminação e maledicência, nem por isso. Mas convém «alimentar» as excepções à regra, para que o indivíduo possa manter-se com um certo estatuto de quem é especial, como se isso legitimasse todas as suas atitudes menos corretas.
Penso que nada deve servir de pretexto e ser usado como carta branca para não se ser julgado pelos nossos actos. Nem mudanças de sexo, nem opção sexual, nem doença grave e quase fatal. Somos todos indivíduos, façamos parte de que género for. O que nos distingue não é esta carcaça que carregamos, mas quem somos. E isso, se não me agrada, pouca diferença faz os «traumas» que a sociedade reconhece como legítimos e desculpáveis.
Como sociedade, é um erro as pessoas «passarem a mão» a casos distintos, quando se devia recohecê-los mas atribuir trato igual. Além de dar amor e entendimento, educar é saber recriminar quando necessário. Provavelmente indivíduos com problemas de identidade de género, ao crescerem e durante a formação da sua personalidade, podem ser exageradamente reforçados com noções de que devem gostar das pessoas que o entendem e o resto não interessa, etc. Aumentando assim a distância entre o esclarecimento e o entendimento com o mundo. Contribuindo assim para que um indivíduo a crescer com alguns problemas de identidade se sinta por direito com legitimidade para descriminar e agredir (porque se sente agredido), para fingir, para ser injusto e por vezes cruel com o semelhante porque ele, que é o que é, passou pelo que passou...
Ao se individualizarem podem correr o risco de se «desumanizarem» ou se colocarem num patamar tão à parte que se tornam particularmente egocêntricos.
A sociedade simpatiza com o «desgraçado». Tende a imaginar a angústia que passou na vida, se compadece e até se torna, inicialmente, defensora e se auto proclama admiradora de indivíduos com determinadas «desgraças». Mas se essa pessoa «desgraçada» revela ter um carácter que deixa a desejar, penso que não vai ser aquilo pelo que passou que lhe confere um estatuto irrepreensível.
De volta ao programa na TV, o tipo que mudou de sexo é mais uma vez entrevistado e nota-se que tem consciência do que são os media e sabe a imagem que quer passar. "Estou feliz e a vida nunca foi tão fácil". Tornando a mudança de sexo assim, uma coisa ligeira, normal, pouco relevante. O repórter de seguida pergunta: "O que é que a sua mãe pensa disso?". Milésimos de segundos apenas de uma hesitação com um olhar semi-fulminante, que relembra o descontentamento de meterem a "mãe" na conversa e o tipo responde, recuperando o sorriso braqueado: "Isso terá de perguntar a ela" - abrindo mais o sorriso.
A cena passa para a festa de comemoração. Amigos se reúnem num apartamento, o bolo que mandaram fazer faz lembrar um ritual canibalístico pois é um torço masculino, divertem-se, riem e chega o momento do discurso.
Novamente a habilidade, a capacidade de dizer aquilo que sabe que cai bem e é o que se espera ouvir. No discurso não esquece de agradecer à namorada porque sabe que "não é fácil lidar com uma mudança de sexo". Pois. - pensei. Não é fácil mas quando lhe perguntaram como foi para ela não a deixaste acabar o raciocínio e apressaste-te a expô-la como ex-alcóolatra. O que revela um carácter manipulador que gosta de diminuir a pessoa ao lado. Como que a compensar-se por não ser o único com um esqueleto no armário...
Novamente a habilidade, a capacidade de dizer aquilo que sabe que cai bem e é o que se espera ouvir. No discurso não esquece de agradecer à namorada porque sabe que "não é fácil lidar com uma mudança de sexo". Pois. - pensei. Não é fácil mas quando lhe perguntaram como foi para ela não a deixaste acabar o raciocínio e apressaste-te a expô-la como ex-alcóolatra. O que revela um carácter manipulador que gosta de diminuir a pessoa ao lado. Como que a compensar-se por não ser o único com um esqueleto no armário...
Então voltei às minhas reflexões e concluí que o gene masculino é mesmo lixado! Venha de que direcção vier, «macho» que é «macho»... é macho....
Nota: voltei a acender a TV e fiquei chocada com o que ouvi sobre a vida privada de Einstein. Fica para outro post.
Nota: voltei a acender a TV e fiquei chocada com o que ouvi sobre a vida privada de Einstein. Fica para outro post.
Bem, no caso dos transexuais a coisa devia ser diferente. Se um homem não se sente bem no corpo que tem e quer ser mulher, é porque pensa tal como uma mulher, certo? Ai este assunto é tão complicado! Macho que é macho...é brutamontes e não me venham com essa dos metrosexuais que não me convencem lol
ResponderEliminarAcho que sim Ana. Eu sinto-me mulher. Calhei ter esse corpo. Mas se tivesse outro? Aí teria um problema...
EliminarEscrevi sobre o caso de uma mulher que se sentia homem e quis fazer a mudança na aparência para condizer com o interior.
Este tipo de coisa não necessita de grande explicações para mim, acho que se entendem com facilidade.
O que me faz reflectir é mais esotérico... Porque é que têm e virar «sacanas»? Ou seja: são homens mas às tantas mostram ter características indesejáveis. Passivo-agressivos. Pelo menos foi o que observei nestes programas. E coloquei a hipótese de o cérebro masculino mais as hormonas como suplemento/reforço resultarem numa combinação lixada, rrsss.
Claro que não coloco todos os homens num só saco, mas se calhar os que ficam na condição de transsexuais... será que ficam mais sujeitos a essas tendências típicas de "macho" à antiga?? A psique é algo que tem muito por desbravar :) Abraço
Pode-se ser macho sem ser sacana, bruto, estúpido.
ResponderEliminarAcredite que sim, que se pode.
Claro que sim! :D
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