domingo, 29 de setembro de 2013

Cumpri o meu dever como cidadã e não custou nada!

E pronto. Está feito. Desloquei-me até às urnas de voto e votei. Não demorou mais tempo do que aquele que leva a entrar num WC público e sair rapidamente devido ao mau cheiro. 


Saí de casa no pico da chuva que horas mais cedo ameaçava cair mas não caía. Debaixo de muita água a vir do céu e saltando o melhor que conseguia as pocinhas de água depositada no chão. Cheguei à escola de voto já ensopada, desejosa de sair o quanto antes dentro dos jeans molhados que já me atingiam os ossos. Mas porque será que em dia de eleições sempre, mas sempre chove? E bastante? Será que é um sinal? Um mau sinal porque, ao contrário do que se diz para os casamentos, não creio que a chuva traga muita sorte para um dia de decisões importantes e praticamente irrevogáveis.  (não irrevogável à la Paulo-submarino-Portas).

Regressei a saltar as mesmas poças de água que encontrei no caminho para lá. Principalmente os lençóis com uma faixa rodoviária de largura, que se encontram nas bermas dos passeios, junto às estradas, devido à forte precipitação e à deficiente escoação de águas pelos "bueiros" que os candidatos dizem que vão manter limpos. Vamos a ver se é desta que cumprem!


Em quem votei?
Bom, o voto é secreto mas posso divulgar que votei. Desta vez não deixei nenhuma casinha em branco. Dobrei cada boletim de voto sem precisar "despistar" quem me vigia "mimicando" o gesto de quem efectua uma rubrica num papel.


Ao abandonar os portões escolares reflecti no facto de ter votado. De tê-o feito exatamente como meus avós já teriam feito logo pelas primeiras horas da manhã, se fossem ainda vivos. E depois telefonariam à família, para nos avisarem que já haviam votado e para não nos esquecermos de ir votar também. Reflecti nos restantes membros sobreviventes da família que me são mais próximos. Em cinco, só eu voto. Acho lamentável que numa família próxima de cinco pessoas, só eu pratico o direito a voto. Desta vez ainda apresentaram uma nova desculpa, a falta de uma urna electrónica para se poder votar em casa. Mas a verdade é que, se em décadas não exerceram o seu direito de voto e a essa responsabilidade viraram as costas, não é certamente por maior comodidade que agora iam deixar de virar. Os argumentos futuros para continuar a não exercer o direito de voto apenas iam mudar, não cessar. "Ah, aquilo não funciona! É muito complicado, tem-se de introduzir os números de cidadão, depois o nome, depois isto ou aquilo! Não percebo nada! Eles que façam as coisas mais simples. Não estou para perder tempo". - Não tenham dúvidas que seriam estes o tipo de argumentos. 

E se ver futebol fosse um direito exclusivo aos que votam?

Me entristece esta falta de remorso. Trata-se de um simples gesto de grande importância cívica. O único que nos é pedido pelo governo, que nos aproxima da política e nos torna parte do processo eleitoral. Eu não seria capaz de ficar de bem com a minha consciência, se soubesse que em dia de voto optei por ficar na preguiça a ver televisão, a vagabundar oua reclamar da vida. Tenho até razões para reclamar, mas prefiro levantar o rabiosque e cumprir as minhas obrigações. Mas estes familiares não estão a salvo. Já lhes "puxei as orelhas" e lhes lembrei que nas próximas, as presidenciais, vão ter de votar. É neste tipo de situações que admiro ainda mais meus falecidos avós pois, apesar de muito pouco instruídos, claramente não lhes faltava a noção de dever como cidadão votante. A maioria dos filhos e netos não herdaram essa percepção. Ah, como é bom às vezes ser a ovelha negra da família!

Talvez esta nova geração de votantes, os que acabaram de fazer 18 anos, venham com uma consciência diferente da maioria das gerações que lhes antecedem. Porque já chegaram à maioridade a temer os efeitos da crise, a ter noção de que a política afecta as suas vidas, os seus sonhos, as suas aspirações. 

Uma grande gap geracional ocorreu entre a geração o pós-25 de Abril e a actual. Mais de 30 anos de gerações votantes com as costas muito voltadas para o acto eleitoral. Mas creio que, finalmente, a juventude abriu a pestana para a importância de acorrer às urnas. Agora é esperar!

Apesar de estar a chover torrencialmente, tal como das outras vezes, e as outras vezes acabaram por não serem experiências assim tão boas, esperemos que não seja a chuva um mau presságio. Mas não nos iludamos: os próximos anos não vão ser melhores. Se não forem mais complicados, já é muito bom!! Vem por aí muita dificuldade e retrocesso. Não vai ser numa única eleição que as coisas se vão resolver. Mais algumas gerações de jovens bem instruídos podem chegar à idade adulta com escassas oportunidades de um bom futuro.

NAS PRÓXIMAS eleições, as presidenciais, espero que a adesão seja massiva. 
Nada de ficar em casa! Podem ir passear, mas antes há que votar. 
Quanto querem apostar que a adesão à estreia da Casa dos Segredos 4mais logo na TVI, não vai ter tanta abstenção? 

2 comentários:

  1. Pois... Eu também fui votar e tenho vergonha da vez em que não fui (há muitos anos, teria 20, e estava noutra cidade onde andava na universidade, mas devia ter apanhado o comboio para ir votar). Acho, acima de tudo, um desperdício de um direito democrático precioso que temos e, no caso feminino, temo-lo há muito pouco tempo!
    Beijinhos e bom domingo!

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    1. Concordo. Mas as boas notícias é que parece que a maioria já se apercebeu (finalmente) disso desde que temos estes governantes no poder!

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