Como sempre desde que atingi a maioridade, pretendo deslocar-me até às urnas de voto para contribuir com a minha decisão para eleger quem vai ocupar a cadeira política da minha cidade e freguesia.
Acontece que não é fácil. Não é nada, mas nada fácil.
Primeiro que tudo, onde está a informação do programa de candidatura dos candidatos? Demorei a ter acesso, até que uns panfletos começaram a inundar a caixa de correio. Eu leio essa treta toda, sabiam? Pois é. Leio. Ao menos tomo atenção a tudo o que atiram lá para dentro.
Vai que abro a candidatura de um com a lista de TUDO o que pretende fazer pela freguesia. Muito bem, é uma longa lista, nada em particular me chama a atenção mas ao segui-la consigo mentalmente riscar quase todos os itens. Acções de Limpeza urbana... porque será que não acredito nem um pouco em nada do que lá vem escrito? Ah, já sei. Por descrédito. Por viver há uma década e picos neste canto em particular desta freguesia e saber que aquilo que ali vem escrito é um monte de mentiras. Que em todo este tempo o desleixo tem sido ofensivo. "LIMPEZA E DESENTUPIMENTO DE SARJETAS" ou "RECOLHA REGULAR DOS DEJECTOS CANINOS", por exemplo. É para rir. Só pode. Quanto aos dejectos, o povo ainda coloca o lixo no respectivo colector (colocado na véspera de uma anterior eleição) mas recolher? Está sempre a abarrotar de porcaria e a última vez que passei por um tinha até um pombo morto e a decompor-se esbarrado contra o suporte, certamente já ali conduzido pela acção do vento.
E o que dizer das sarjetas? Se toda a berma do passeio acumula duas ou três gerações de detritos de outono, obviamente que as sarjetas estão na sua maioria entupidas. São reservatórios de húmus. Aquando a "gripe A" acumulavam também as máscaras que se colocavam a tapar a boca. Virou natal por essa altura porque as máscaras eram como flocos de neve na paisagem. Viam-se espalhadas pelo chão, pelo relvado, penduradas nos arbustos e ramos de árvores e a entupir as sarjetas. Ainda tenho fotografias dessa catástrofe algures, se achar coloco aqui. Se nem num caso de epidemia os cuidados mínimos de limpeza urbana prestados pela freguesia foram satisfatórios, o que dizer dos restantes dias do ano?
Mudo de lista. Venha outro candidato e diga-me, senhor candidato, o que pensa fazer por esta freguesia? Ah, e tal.... faço o mesmo que os outros mas vou ser mais generalista. O que vou fazer é melhorar este e mais aquele jardim. LOL? Os jardins que foram recentemente melhorados, senhor candidato? Então vai querer ficar com os louros de um trabalho que já foi feito? Se diz que vai fazer ciclovias, aplicar relvado, colocar isto ou aquilo... Senhor, nesses jardins isso já foi feito. Não vai querer fazer outra vez, pois não? Partindo do princípio que não vai deitar abaixo para fazer igual e assim justificar gastos com dinheiro que não tem, então trata-se de uma candidatura que deixa a desejar. Fazer ciclovias, sinceramente... Se uma ciclovia fosse construída para cada candidatura daqui a nada já não existiam passeios! Tudo vira ciclovia. JÁ EXISTEM. Esta candidato só quer construir o que já existe. Ou então está assim tão desactualizado. Das duas possibilidades nenhuma abona a seu favor. Não, esta lista está mais que excluída.
Vem o terceiro. Uma lista não partidária. Leio. Normalmente não coloco muita fé devido a notar-se algumas vezes se tratarem de pessoas muito idealistas mas pouco políticas ou, o que é pior, só propagandistas. Mas esta lista não acusa ninguém, diz que vai fazer algo. O quê? O mesmo que os outros. Até mesmo a promoção do "uso da bicicleta com uma ciclovia". Não sei bem o que isto quer dizer. Porque essa de meterem a palavra "ciclovia" em todas as candidaturas como se fossem construir alguma é para rir. JÁ EXISTEM!!! Hello? Acordem... Já existem.
Precisam é de algumas REPARAÇÕES, já que no recente vendaval de ABRIL deste ano, as árvores que tombaram fizeram sérios danos nos "passeios de calçada e na ciclovia" - palavras que os candidatos tanto gostam de incluir nos seus programas. E garanto: desde ABRIL até HOJE, quase mês de Outubro, NENHUM, ZERO, NADA, absolutamente NADA foi feito para arranjar a calçada. Nem os buracos deixados pelas árvores. Nem a ciclovia que ficou cheia de rachas e sulcos com a movimentação das raízes. As árvores caídas, convém frisar, foram removidad por PARTICULARES que durante a noite ali apareceram com motoserras e levaram-nas às postas. E não, não eram empresas contratadas nem eram da câmara de Lisboa ou da junta de freguesia. Desses ainda se aguardam acções!!
O que fazer? Por favor esclareçam-me.
Aceitam-se sugestões.
Partilho completamente da tua indecisão, a aumentar isto, um dos candidatos na minha cidade é o meu médico de família, não sei se voto noutro para voltar a ter médico ou se voto nele para o despachar de vez, já que o respeito pelos pacientes foi 0.
ResponderEliminarSó nos complicam a vida! Mas digo-te que o caracter de uma pessoa é a bússula pela qual tento me orientar. Assim sendo, se já conviveste com esse "candidato", alguma impressão ele te deve ter passado. Se não for bom com pessoas, não será certamente quando estiver sentado numa cadeira que não de um consultório.
Eliminare, para quem divide a vida entre duas cidades e só vota numa. como eu é ainda mais complicado...
ResponderEliminarMas só está registada numa :)
EliminarRegressei de férias e vim agradecer a sua visita ao meu Cronicas on the rocks.
ResponderEliminarFelizmente não tenho esse problema. Estou satisfeito com o meu presidente de Cãmara e vou votar nele. Já quanto à Junta de Freguesia vai ser um pouco mais difícil, mas como a que lá está nada fez de jeito, vou votar num de dois candidatos - embora tenha quase a certeza que vou eleger uma mulher.
Gostei de conhecer o seu blog e vou voltar
Votos de uma boa escolha para dia 29
Obrigada. E vamos a ver se nos tornamos mais acertados com as nossas escolhas políticas!
EliminarComo já sabes (foi assim que nos "conhecemos") o meu voto vai ser em branco! Não abdico do meu direito, mas não dou o meu voto a palhaços. Já imaginaste se o nº de votos em branco fosse maior do que os que votam em alguém?! O protesto que tanto queremos ganharia voz, não?
ResponderEliminarEntendo perfeitamente o que pensas e sentes. Como sabes porque foi assim que nos "conhecemos" puxei a ponta do véu do secretismo e desabafei no teu blogue que não acredito que essa honestidade de voto faça diferença pois nos últimos anos tem sido praticada e tal não impediu os governantes que tivemos de lá chegar.
EliminarPosso dizer-te que por não lhes ter dado o voto (não teria dado aos que lá estão ou já estiveram, e não dei aos seus opositores porque simplesmente não me convenceram mas os que foram parar ao poder jamais me convenceram) ao menos não me pesa na consciência ter dado o meu voto aos últimos governantes.
Se TODOS aderissem à abstenção ou ao muito contestado voto em branco, julgo que causaria um transtorno maior e resultaria apenas em mais caus e a uma despesa enorme para o estado. Privilégios a que só no distante passado nos podiamos dar ao "luxo". Também já imaginei como seria a lição apreendida pelos políticos se a maioria dos portugueses se deslocasse às urnas e utilizasse o seu direito de voto como protesto. Ou seja: vai votar e não escolhe candidato.
Mas essas ilusões têm de ficar no passado. Porque na prática não se pode ficar sem governantes. Podemos olhar melhor para as alternativas, mas com muito cuidado porque no passado andaram a escolher um partido "alternativo" constituido por um tal de Paulo -submarino-irrevogável Portas - o qual jamais também levaria um voto meu, e olha no que deu.
Às tantas "jogar" pelo seguro, é o menor dos males. Sei que já pratiquei o que vais praticar e não "me escutaram". Só os fanáticos é que ocorreram às urnas nos últimos anos. O povo menos preocupado ia para a praia em dia de eleições, ou ficava em casa a ver TV. É outra verdade. A falta de consciência cívica e de dever falhou a muitos durante os últimos anos.
Assim sendo, só os extremistas é que chegam ao poder porque a maioria dos que optam por votar seguem esse extremismo político - o que pode resultar numa "virada" e tivemos este governo Paços-Portas a comprová-lo.
Antigamente dizia-se: "dos males, o menor". Se calhar é por aí. Diante do estado de emergência em encontrar bons governantes julgo que este é o último momento em que o povo pode dar-se ao luxo de não escolher um candidato, de simplesmente invalidar o voto ou votar em branco.
Mas que dá vontade dá! Só não me parece a atitude a tomar neste crítico momento.
Bjs