Metereologia 24 h

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quarta-feira, 15 de junho de 2022

Fiz algo que não sou de fazer

 
Fiz algo que não sou de fazer. Arrependo-me e não me arrependo ao mesmo tempo


Estava na praia quando duas mulheres sentam-se por perto. Escuto a conversa das duas. Uma a dizer que não quer perder a sua massa muscular e que falou com a nutricionista e a outra a criticá-la sem parar:

-"Massa muscular! É gordura! Não fazes exercício. Tens de fazer exercício! Tens de pesar 60 quilos. Pesas 75. Só queres saber de estar ligada à tomada. Só queres é comer. A comida que escondes. Porque é que não dás uma caminhada? Depois quando tiveres um AVC vais para o hospital público e quando ficares imobilizada vais para aquelas instituições que acolhem pessoas. Depois dos 30 é ainda pior!"

Escutei aquilo porque a senhora falava bem alto. A rapariga - que fiquei então a saber que era uma jovem na casa dos 20, teve de escutar coisas horríveis. Coisas que não ajudam ninguém. 

Depois ouvi silêncio. E percebi que só a rapariga restou sentada na areia. A fungar do nariz e a passar o dedo debaixo do olho, tapado pelos óculos de sol. A engolir a seco e a olhar para o mar. Consegui sentir a sua tristeza a emanar até mim. 

Não ia para me meter. Mas acabei, passado um tempo, por me levantar e ir ter com ela. Disse-lhe que escutei a conversa e que cada pessoa tem o seu tipo de corpo. Não temos todos de ser magros. A magreza nem é melhor - disse. Contei que perdi peso o ano passado e fiquei horrível, parecia uma caveira. Ainda acrescentei que a minha irmã fez exercício a vida toda por ser instrutora de fitness. É mais forte do que eu, está bem mas não é magra. Não existe melhor exemplo. Desejei-lhe boa sorte. Pedi-lhe desculpas, mas achei que, por vezes, as palavras de um estranho podem ajudar. 

Ela disse pouco. Desabafou de forma aliviada estar a escutar aquilo a vida toda. E que tem de fazer algo porque tem um problema de saúde. 

Tudo bem que com esse problema de saúde - que vou supor ter a ver com o coração para a pessoa que estava com ela lhe dizer que vai ter um AVC (olhem a simpatia!!) implica melhor cuidados. Mas falar assim com uma pessoa não é construtivo. Quando será que as pessoas vão aprender a falar com as outras?

Se gostam e querem ajudar - NÃO É ESTE O CAMINHO.

Causar stress, ansiedade e tristeza - só faz a pessoa com problemas sentir-me PIOR. Deixar de acreditar em si, ver o futuro sombrio. Ela estava a chorar. Não estava a sorrir. Palavras derrotistas de crítica negativa constante, que nem uma metralhadora podem até contribuir para o suicídio. Ou outras loucuras. 

Meus pais também só sabem falar desta maneira. Cada vez que eles, ou outros, fosse qual fosse o tema, falam assim, eu acabava por ir à despensa. O conforto vinha da COMIDA. 

Quando fui viver para FORA, longe do criticismo negativo, pude ser eu mesma. Não tinha vontade de comer a toda a hora, principalmente depois de escutar palavras duras, injustas. 

Perdi volume em gordura, porque não havia ninguém à minha volta a insultar-me e a deixar-me triste. 

A rapariga pareceu-me bem. Fisicamente, achei-a linda. Nem era gorda. Talvez com um pouco de curvas - tal como eu também as tenho. Mas gorda, obesa, nem pensar! 

Porque será que não aceitam esta forma de corpo? O que tem de errado? É que não dá para mudar. A menos que se seja obscenamente rico para se andar em cirurgias plásticas destrutivas, que tiram osso, chupam gordura, colocam implantes. E para quê? Para ficar permanentemente a projectar uma imagem de que algo não está bem?

Duvido muito que a rapariga alguma vez chegue a pesar 60 quilos. É um absurdo que coloquem essas metas tão definidas. Cada caso é um caso e esse cálculo não passa de uma média criada numa tabela, que está em vigor hoje, mas amanhã pode mudar. Desde a adolescência que não peso 60 quilos. Duvido que volte a pesar, a menos que fique doente. Noutro dia, achando que rondava os 65, pesei-me no consultório médico e estava com 72 ou 75. Muito peso na balança, mas não me sinto gorda. Está certo, as calças que usei o ano passado por esta altura não apertam mais na cintura e isso por uns três dedos. Tenho barriga. E depois? Que mal há nisso??

Estou bem. Sinto-me bem. Tenho 1m60, peso 75 quilos. Fiz exames e os resultados foram todos bons. O bom colesterol compensa o mal colesterol. Fiz um despiste a um AVC - estou bem. Tenho um emprego fisicamente exigente e consigo executá-lo. Caminho horas e horas. Subo e desço rampas, escadarias. Fui para a praia as 7 da manhã e saí ao meio-dia. Passei horas a caminhar e outras duas a vergar a coluna a apanhar mais uma centena de conchas. (Oh Jesus! Será que estou a desenvolver outra mania? Tanta concha...). Dobrei-me centenas de vezes para apanhar cada conchinha que trouxe, e outras tantas para descartar outras. Dobrei-me novamente para lavar a areia de cada uma delas na ondulação do mar. Isso é PURO EXERCÍCIO.

Se tivesse de me baixar tantas vezes para apanhar algo no chão no trabalho, teria me custado imenso. Mas conchinhas coloridas, meio na areia meio na água... foi diversão. Exercício sem se dar por ele.

E porquê digo que me arrependi do que fiz?
Porque fui falar com a rapariga sem saber o que ia lhe dizer. Então acho que não falei como deve de ser. Se calhar só pareci uma intrometida. Faltou explicar ou acrescentar coisas. Quando lhe disse que minha irmã é parecida a ela - não quis que ficasse sem esperanças sobre o exercício físico. Acho minha irmã optima mas nunca será esguia - porque não é o tipo de corpo que ela tem. Contudo, ela não é esguia, mas também não é gorda. Ela não tem barriga - eu é que tenho. Ela é simplesmente mais larga e volumosa. Mais peito, mais anca. Mas não mais gordura. Nunca poderá ser colocada na "categoria" das magras porque não tem esse tipo. Cada pessoa tem um tipo e ainda bem! Porque a beleza está na variedade. 

Estavamos na praia, um lugar cheio de corpos de todos os feitios, e aquela senhora estava a exigir a uma jovem que fosse uma vara de palito. Ignorando a saúde que emanava dela, adivinhando-lhe um AVC por não fazer exercício. Também falhei por omitir que pessoas MAGRAS que fazem regularmente exercício TAMBÉM têm AVCs. Geralmente fatais. Mesmo com todos os cuidados com a alimentação, com o corpo. 

Esqueci também de dizer que, se ela tem problemas de coração, conheço outras mulheres que o têm e tudo o que lhes foi dito que talvez fosse difícil ou pudesse acontecer - não aconteceu. Inclusive serem mães e darem à luz. Mãe de gémeos! Mãe mais que uma vez - tudo mulheres a quem, na JUVENTUDE ou infância lhes foi dito por médicos que a maternidade seria improvável ou fatal. 

Nunca foi o meu caso. Nunca me disseram que não podia ter filhos por sofrer do coração ou outra patologia não relacionada com a fertilidade. No entanto não os tenho! Foram aquelas jovens mulheres com sopro no coração e sobreviventes de cancro - a quem foi dito que não os teriam que os tiveram. PRESUMIRAM que comigo não haveriam problemas. Afinal não sofro dessas patalogias. No entanto, não os tive. Elas os tiveram. PRESUMIRAM que comigo tudo correria de feição - por ser a mais bela, a mais formosa. Mas foram as outras, mais rechonchudinhas, menos bonitas de rosto - que estão casadas e com filhos. Minha irmã, larga e volumosa - é casada. Nada a ver... Nada a ver. 

Isto para dizer que a vida... ninguém sabe o que vai ser. 

Nem os médicos. É mais IMPORTANTE receber daqueles que nos cercam as palavras certas para nos deixar felizes, afecto, APOIO, do que ser infeliz a escutar aquela enxurrada de tragédias e calamidades - sempre atribuídas à postura da pessoa visada.  

Se a mulher que estava com esta jovem quisesse que ela cometesse suicídio - disse as palavras certas

Agora, se pretendia ajudar... não sabe como isso se faz. Tem de aprender. Porque não é SÓ A PESSOA que PRECISA de ajuda que tem de mudar. Os outros também.



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Exercício físico pela manhã

Passou por mim a correr, de calções justinhos e tshirt. São sete e meia da manhã e o termômetro indica a temperatura de -1


Questiono-me: porquê as pessoas decidem fazer exercício, em particular correr, logo pela manhã com tanto frio? Provavelmente uma hora antes de se enfiarem num carro para o trabalho?

Depois penso em mim e entendo-as. Aqui estou eu, como todos os dias, em passo de marcha. Nas pernas visto umas calcas de fino tecido, que também uso no pico do calor.

Mas não me sinto desconfortável. Pelo contrário: sinto-me bem. Um imenso Bem estar.

Contudo, não sei se ia gostar de correr. Andar depressa agrada-me. Não gosto sequer de parar por ter de atravessar as ruas. Desenvolvi métodos para evitá-lo, sigo atalhos e corto caminhos. Dá-me gosto este "jogo" em que procuro melhorar a experiência dos percursos de sempre.

Esta é uma fotografia de outro "atleta" com que me cruzei logo a seguir ao outro.


Está tanto frio que ao entrar pela porta no emprego o visor do telemovel embacia de imediato formando-se pequenas gotas de condensação. E as minhas pernas parecem querer descongelar. Mas nem as sabia congeladas.

Às 7.34h o sol se pôs- disse-me hoje a previsão do tempo. Foi exatamente nessa altura que tirei esta foto.


Tenham um óptimo dia!


quarta-feira, 16 de outubro de 2019

empregos e compensações


Tenho dois empregos. Que somados, não dão por um.


Ando cansada, não tenho folga desde o dia sete. Porém, não se julgue que dois empregos e nove dias de trabalho consecutivo se espelha no ordenado. 


Com dois empregos precários, não ganho um ordenado mensal razoável. O primeiro, oito horas pela manhã, devia ser de segunda a sexta. Mas já me dispensaram por esta semana. O segundo emprego, que mantenho desde o Natal passado, é apenas em turnos de três horas e meia, possíveis de segunda a sábado, marcados, por vezes, a semana inteira, mas cancelados constantemente. 

Esta semana trabalhei de segunda a quarta no full time matinal e fiz um turno na segunda-feira de três horas e meia no outro emprego. Era para estar nos dois todos os dias, mas são cancelados. 

Quase quatorze horas diárias de esforço físico feitos nesse dia que caem em cano roto em termos de reflexo na conta bancária. Só o sinto no corpo, na saúde e no cansaço.

Em suma: nunca sei ao certo se tenho trabalho para o dia ou não.
Isto é tramado.

sábado, 21 de julho de 2018


Vocês não sabem como sou fisicamente. 

Hoje vi duas mulheres na rua mulheres que, à partida, não repararia nelas. Porque não sou de reparar. Até que olhei para as suas pernas. Depois para os braços. E de volta para as pernas. Nomeadamente para as coxas de uma. Procurava saber onde estavam.

Não me ocorreu tirar uma fotografia mas, agora que estou a escrever sobre isto, gostava que pudessem ter uma ideia do que falo.

Nem uma nem outra podiam ser muito saudáveis. Andavam, fumavam, falavam e mechiam-se normalmente e sem aparente dificuldade, mas sobre a pele, só tinham o esqueleto. Pouco mais. As pernas de ambas? Dois paus rectos. As coxas? Inexistintes.



Adoro usar calções mas é uma peça de indumentária que abandonei lá pelos 16 anos. 
Porque não gosto de me ver com eles e não mais me sinto confortável. Tenho a memória de gostar e a sensação. Mas não é um sentimento que regresse caso cometa a "extravagância" de colocar uns. 

Uma destas mulheres usava calções curtos. Segui as suas pernas de baixo até cima, até ao ponto onde os olhos podem olhar, à procura daquele instante em que se nota a perna a alargar até que se chega àquela curvatura que vai levar à coxa. Mas nada vi. Era tudo uma linha recta. 

Eram pernas direitas como paus.
A primeira mulher, juro, que era tão larga de perna como eu sou no braço. No braço mesmo, não no antebraço. Julgo que o tenho ainda mais espesso que as pernas daquela rapariga que vi na paragem. 

Pernas iguais às que vi!
Dois paus rectos, sem curvas, sem nada.



Tudo isto para dizer que, de certa maneira, sempre nos queixamos de algo
Eu tenho "demasiada" carne e estou ciente disso. Tem instantes em que gostaria, pelo menos por um bom tempo, sentir-me diferente, estar diferente. 


Mas não assim como vi. Pele e osso
Não é nada saudável e cada quilo a mais que o meu corpo carrega, cada grama de gordura, acolhia-a com gosto. Já na renascença associava-se "gordura a formosura" porque só os miseráveis, pobres, raquíticos e doentes eram esqueletos vivos. 


Foi impactante observar que ainda é verdade.

Desejo que aquelas pessoas tenham saúde. 
Entre gordos ou magros, a saúde é o bem mais precioso que se pode possuir.


Portuguesinha

segunda-feira, 8 de junho de 2015

A ironia das aparências



Conversava com dois jovens conhecidos sobre a minha vontade de praticar desporto. Recentemente senti vontade de correr mas não consigo começar sozinha, preferia estar inserida num grupo ou acompanhada de outra pessoa. Sempre gostei de praticar alguma atividade física mas nenhuma foi a que pratiquei desde que na juventude as escolas acabaram com a disciplina de Educação Física. 

O que tenho feito nas últimas décadas se resume a andar bastante a pé e a correr regularmente para estar a tempo nos locais ou para alcançar os transportes públicos. Ainda assim, é mais exercício do que o praticado pelo casal com quem conversava. Ele com 25 anos, ela com 22, nenhum dos dois a olhar com simpatia para a ideia de praticar qualquer desporto. Era «do carro para casa» e assim adiante. Disseram-me mesmo que detestavam correr, transpirar e correr então, é que "nem pensar".



Vai que, por ironia do destino, dias depois a chefe da empresa onde eu e esta colega de 22 anos estagiávamos diz que precisa de alguém que faça corrida para testar um novo aparelho que saiu no mercado. Imediatamente olha para ela, jovem, magra, em forma e deduz que ela é dada a desporto. Convida-a para correr. De seguida, pergunta a outras colegas, também elas reticentes. Não me pergunta a mim, que sou tão «cheinha» quanto ela, a chefe.

No «meu tempo», gostava tanto de correr que o fazia diariamente, ao sair da escola, acabando por desenvolver um hábito entre outros colegas, uma competição. Veio-me à lembrança o diploma que recebi na prova de resistência, por ter sido a que ficou a correr por duas horas seguidas. E as medalhas que ganhei em provas de corrida.


Recordei também como insiro no meu dia-a-dia pequenas atividades que outros não estão dispostos a fazer, por preguiça. Era eu a que não se importava de fazer todos os dias 30 minutos de caminhada até à estação, era também a única que ia a pé até ao centro comercial mais próximo, que ficava a 20 minutos de distância e numa subida de respeito. Nunca ninguém lá foi a pé sem ser eu. Acho até que nem de carro, só por dar trabalho de ter de entrar, sair do estacionamento, entrar noutro estacionamento e ter de andar tudo «aquilo» até as escadas rolantes, até chegar ao piso pretendido...

É a realidade. Sou gorda sim, tenho peso em excesso, levo uma vida sedentária, mas sinto-me bem quando estou em esforço físico. Não aquele de ginásio, de movimentos anormais repetidos e ar com cheiro estranho mas estou quase sempre a procurar uma boa caminhada, ao ar livre, as distâncias nunca me amedrontaram e adoraria fazer subidas em terrenos montanhosos. 


Há anos que tenho a sensação que um dia ia participar nas corridas nas pontes sobre o Tejo mas ainda não o fiz porque, tão simplesmente, não encontrei uma única alma que partilhasse desse mesmo gosto. De forma a que o meu desejo pudesse ter a coragem de «sair» do buraco onde se enfiou e da vida sedentária a que fui apresentada. Simplesmente não consigo achar essa «turma», esse circulo de pessoas mais ativas. Estou mesmo por «outras bandas». Todos que conheço têm pavor a esforço físico. Eu, a rechonchudinha, nem por isso!

Adorava subir às árvores quando pequena, tinha impulsos e desejos de fazer coisas "malucas", que não entendia mas que hoje se chamam de "desportos radicais". Queria saltar de paraquedas, andar de parapente, de asa delta...  Como as pessoas erram quando julgam pelas aparências!