É comum ouvir-se dizer que indivíduos que cometem actos horrendos provavelmente ficaram assim porque tiveram uma infância difícil. Vêm de um lar desagregado, já de si abusivo e violento. Aquele foi o exemplo que tiveram ao crescer e o reproduzem.
Isto é muita vez referido quando se procura entender porquê algumas pessoas são violentas - fisica e psicologicamente com aqueles que mais os amam ou cometem assassinatos.
Quase que se JUSTIFICA este tipo de violência com a APRENDIZAGEM da mesma quando em criança.
Mas também como muitos dizem por aí, há muita gente que também teve uma vida difícil e nem por isso desata a cometer crimes ou a fazer disparates.
O que me lembrei é que ninguém menciona o TERCEIRO CASO, o terceiro tipo de pessoa que pode surgir fruto de quem foi exposto a violência cedo: A BONDOSA.
Uma pessoa BONDOSA - muita vez confundida com alguém covarde, com receio de arriscar, fraco, usualmente porque se recusa a falar mal dos outros - por exemplo. Começa por este pequeno detalhe. A maior violência que a sociedade demonstra agora é camuflada. É esta de não se ser sincero, de se ter varias máscaras e usar a que convém na altura.
Acho que isto é um tipo de violência. Insere-se na pior delas: a psicológica.
Então, há pessoas que vieram de um lar desagregado, com discussões, violência psicológica, alienação parental... Umas ficam iguais ou piores, outras saem normais mas e o terceiro caso? Aquelas pessoas que não saem NORMAIS, porque vão para o outro extremo?
Uma pessoa "normal", por vezes discute, levanta a voz, também se diverte a falar de alguém...
A pessoa Bondosa não levanta a voz. Não inicia nenhuma discussão. Retira-se quando sente que algum desagrado pode surgir. Talvez porque associa esse simples acto à violência com que cresceu. E recusa-se a fazer uma série de outras coisas que, se não tivesse sido exposta bem cedo ao tipo de violência, provavelmente teria desenvolvido.
Nós, seres humanos, sentimos necessidade de nos sentir integrados, aceites. E pessoas que "cantam conforme a música" não transmitem essa confiança. Tão depressa são teus amigos, como a seguir já te viram o rosto. Passam a andar com outro alguém para quando voltarem a se ver sozinhos, se lembrarem novamente de ti.
Só acho que a sociedade não pode esquecer-se das pessoas "bondosas".
Elas aguentam, caladas, muitas mazelas de infância.