Sinto-me diferente. Curada, ouso arriscar.
Refeita de uma paixonite que só ficou mais intensa devido ao corte radical da qual foi vítima. Algo em mim sabia disto, mas de nada adiantou para diminuir o sofrimento. Ao contrário: o que fez foi aumentar o desejo, a paixão, a saudade. (A falta de diálogo só causa males).
Ao final de três torturosos e sofridos meses, não existiu qualquer alteração no meu estado. Continuava igual: a sofrer, a ter o pensamento constantemente na pessoa, em dor! Dor... que não havia forma de acabar. Estava a sentir desespero! Afastei-me do país, ajudou um pouco mas, ao regressar, foi como se tudo tivesse sido ontem, foi avassalador. Todas as emoções regressaram, as lembranças, a necessidade.
Mezinhas, orações, igrejas... tanta coisa fiz. Nada surtiu efeito, nada apagou a dor ou sequer a suavizou. Pareceu maldição. Arranjo. Não será o gostar de alguém isso mesmo?
Até que, em angústia, apelei pela primeira vez a pessoas queridas que já não estão entre nós. Sentindo tanta dor, pedi para que me ajudassem. Que a tirassem de mim, que mo fizessem esquecer caso não pudesse voltar a lhe falar. Ao menos que me dessem amnésia selectiva, para o apagar da memória!
Acho que me ouviram. Quando cheguei a casa, estava melhor. E diferente, com uma sensação menos dolosa. Mas esperei uma semana, só para ter certeza que esta nova sensação não era um acaso e dela não devia reter muita esperança. Uma semana depois, ainda a pensar nele, mas algo diferente. Já conseguia libertar-me. Porém, ainda teimava: queria falar-lhe.
Voltei a apelar aos meus auxiliares, que se compadeceram daquela dor dilacerante, mordaz. Mas não creio que aqui vão actuar. Existe algo, que eu só sinto pela intuição, que não quer que isso aconteça. Não sei para proteger quem: se eu, se ele. A ausência de uma conversa é o que magoou. Preciso disso. Para seguir em frente. E pedi para que isso me fosse concedido. Como aliás, pedi tantas outras vezes. Mas não sinto que aconteça. Continuo a intuir que nunca mais o vou ver na vida. E tenho essa sensação desde o corte.
Voltei a apelar aos meus auxiliares, que se compadeceram daquela dor dilacerante, mordaz. Mas não creio que aqui vão actuar. Existe algo, que eu só sinto pela intuição, que não quer que isso aconteça. Não sei para proteger quem: se eu, se ele. A ausência de uma conversa é o que magoou. Preciso disso. Para seguir em frente. E pedi para que isso me fosse concedido. Como aliás, pedi tantas outras vezes. Mas não sinto que aconteça. Continuo a intuir que nunca mais o vou ver na vida. E tenho essa sensação desde o corte.
Quarta-feira à noite, lembrei-me de ir ver fotografias dele mantidas no telemóvel. Não fazia isso há que tempos! Lá estava o seu rosto. Um rosto tão... de rapaz. E voltei a não sentir nada que não um afecto quase maternal por ele. Não fez sentido para mim que pudesse fazer sentido para ele que nós os dois fazíamos sentido. Não por este prisma mas, no calor do desejo, disso não quis saber. O que senti ao ver a sua foto - a tal da qual não gosto - foi um carinho de pessoa que gosta e quer cuidar. Mas não de pessoa que deseja. Que era o que vinha a sentir e de que maneira! Voltei ao início, à emoção inicial, caridosa, de quem se preocupa e quer o bem.
Fui ver outra fotografia, que tirei em grupo, ainda ele não me dizia nada. Ao seu lado está uma rapariga jovem, bem bonita. E pensei cá comigo: "Combinam tão bem!".
Isto não é pensamento de quem ainda sente paixão!
É? De alguma forma torturosa?
Faz sentido vê-lo ao lado de uma miúda tão jovem quanto o é ele. Não comigo. Embora fosse comigo que ele quis estar, disso não tenho dúvida alguma. Foi essa possibilidade parecer tão remota, tão inconcebível, tanto pela idade quanto principalmente, pela minha convicção e decisão de que tais coisas estavam fora de coagitação na minha vida, que fez com que levasse mais tempo a perceber onde estavam as minhas autênticas emoções: desejava-o. Mas na minha mente, isso não era possível. Já havia cortado essa eventualidade fazia muito tempo. Até que me bateu forte como uma tonelada de tijolos em cima.
É? De alguma forma torturosa?
Faz sentido vê-lo ao lado de uma miúda tão jovem quanto o é ele. Não comigo. Embora fosse comigo que ele quis estar, disso não tenho dúvida alguma. Foi essa possibilidade parecer tão remota, tão inconcebível, tanto pela idade quanto principalmente, pela minha convicção e decisão de que tais coisas estavam fora de coagitação na minha vida, que fez com que levasse mais tempo a perceber onde estavam as minhas autênticas emoções: desejava-o. Mas na minha mente, isso não era possível. Já havia cortado essa eventualidade fazia muito tempo. Até que me bateu forte como uma tonelada de tijolos em cima.
Ah,ah,ah,
Nunca, mas NUNCA se diga: "desta água não beberei".
Nunca.
SIM, gosto dele. Irei sempre sentir um carinho especial por aquela pessoa. Mas o milagre que pedi acho que veio a concretizar-se. "Apagou-se" de mim o desejo, a "doença" da paixão e voltei a ficar "normal". A que gosta, cuida, quer bem, quer ajudar. Sem passar a linha que separa "uma coisa da outra".
(Não sei é se o "normal" é agora o que quero para mim. A solidão dói e amar sabe bem).
Quero-lhe bem. Gostava de estar por perto para ver como a sua vida vai rumar. Vejo tanto potencial nele. Tanta coisa que ele não vê em si mesmo. Se souberem como lho mostrar, vai ter uma vida melhor do que a profetiza para si. Vejo-o pai, a descobrir emoções que hoje jura a pés juntos não vir a ter nem desejar. Talvez me reveja a mim mesma quando mais nova: perdida, a necessitar de um guia, um mestre. Que nunca apareceu. Espero que ele rume por direcções certas e não perca muito tempo a rumar por caminhos sem saída... Cortar comigo e com todos com quem falha em comunicar já é, nesse sentido, um bom sinal. Sinal de que se coloca a si mesmo em primeiro lugar, priorizando as suas vontades e "cagando" na dos outros. Tem é de aprender a fazer isto com classe, respeito, caridade. Sem intencionalmente ferir e deixar tudo devastado atrás de si. Desejo verdadeiramente que ter-me conhecido tenha-lhe servido para um bem melhor. Para procurar para si um objectivo de vida, um rumo mais definido e que tenha aprendido a acreditar mais em si e no afecto que pode despertar nos outros.
(
Quero-lhe bem. Gostava de estar por perto para ver como a sua vida vai rumar. Vejo tanto potencial nele. Tanta coisa que ele não vê em si mesmo. Se souberem como lho mostrar, vai ter uma vida melhor do que a profetiza para si. Vejo-o pai, a descobrir emoções que hoje jura a pés juntos não vir a ter nem desejar. Talvez me reveja a mim mesma quando mais nova: perdida, a necessitar de um guia, um mestre. Que nunca apareceu. Espero que ele rume por direcções certas e não perca muito tempo a rumar por caminhos sem saída... Cortar comigo e com todos com quem falha em comunicar já é, nesse sentido, um bom sinal. Sinal de que se coloca a si mesmo em primeiro lugar, priorizando as suas vontades e "cagando" na dos outros. Tem é de aprender a fazer isto com classe, respeito, caridade. Sem intencionalmente ferir e deixar tudo devastado atrás de si. Desejo verdadeiramente que ter-me conhecido tenha-lhe servido para um bem melhor. Para procurar para si um objectivo de vida, um rumo mais definido e que tenha aprendido a acreditar mais em si e no afecto que pode despertar nos outros.
Pena é que, não sendo a primeira pessoa a quem ajudo, parece que todos, para serem ajudados, precisam de me deixar pisada, esmagada, ferida. Essa é a parte lamentável e que, sem dúvida, tenho de aprender a não deixar acontecer. Para "dar" boas energias a alguém, não devia no processo arrasar com as minhas.
Sejam felizes.
Sejam felizes.
Que sejas feliz, também.
ResponderEliminarBeijo
Ainda bem! As paixonites são assim, aparecem tão depressa como vão. E outras vão surgir...
ResponderEliminarAna, a última vez que me senti assim acho que ainda era adolescente. De lá para cá, nada. Em mim, as paixões não brotam fácil. Tantos tentam e se eu não tiver ali um momento "Eureka", a coisa não se dá. Não vão surgir outras, porque não são fáceis de aparecer. Aparecem depressa mas não foi fácil nem rápido desaparecer. Ainda me dói. Não esqueças que foram duas feridas. Uma na paixonite, outra na relação de respeito e amizade que existiu antes. Essa também dói. Tirou-me a fé no ser humano e pôs-me a duvidar se sou capaz de conhecer realmente as pessoas e o que elas são capazes (ou não capazes).
EliminarBem... já deu para perceber que hoje não me sinto muito "curada" Kkkk.