quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Nova inquilina e as coincidências que não param



Tenho uma nova colega de casa.
Apareceu no último dia de Fevereiro. 

Foi uma total surpresa para mim, ninguém me disse nada, por isso não estava à espera. 

Quando cheguei no dia 22 o indivíduo veio bater-me à porta para me pedir dinheiro para as contas do gás e electricidade (inclusive para cobrir a semana em que cá não estive). Aproveitei para lhe perguntar se já havia alguém novo para cá morar.



"Não sei de nada" - respondeu.


Eu devia ter suspeitado que vinha aí alguém. Porque ele voltou a recorrer à mesma técnica de vir pedir dinheiro na véspera da nova inquilina se mudar. E não aceitou adiar para o dia seguinte - dia da chegada dela. Porque já sabia que ela ia aparecer. Mas mencionou-o? Não! 

O modus operandi dele não varia muito. Quase nada. 
É até enjoativo, depois de se perceber, vê-lo a "trabalhar".

A rapariga chegou e durante horas ninguém me disse nada. Não fosse eu descer à cozinha num momento em que os dois falavam e nem lhe tinha visto o rosto. Tal e qual como aconteceu com a outra. E é ele que gosta assim. Caso contrário, teria mencionado a sua chegada e também feito as apresentações.

Ele nem gosta que alguém mais queira conhecer a pessoa. Não antes dele, pelo menos. Tem de ser ele o primeiro a ter contacto imediato e estabelecer as regras. Porque assim, caso eu queira opinar e for contra algo que ele já disse, pouco posso fazer, além de ficar mal vista com a nova colega.

Eu queria poder a receber com um: Bem vinda! Como te chamas? Olha, queres isto, aquilo, funciona assim, deixas aqui dinheiro para as contas... 

Ele faz questão de se apoderar da pessoa e não a larga tão cedo. Não dá espaço para que outros se aproximem. Assim que eu entrei na cozinha ele não pareceu agradado. Hesitou e depois disse-me o nome da rapariga. Apertei-lhe a mão, disse-lhe o meu nome e não tive tempo para olhar o rosto dela como deve de ser, porque ele fez questão de sair da cozinha para continuarem a conversa longe de mim. 

Foi com a sensação "já vi isto antes" que percebi que ele, com o pretexto de lhe mostrar a casa (que já havia mostrado, como é óbvio), ia sondando a vida da rapariga. "Amanhã vais trabalhar?", "Quantas horas trabalhas?", "Quais as horas a que trabalhas?", "Quando folgas?", "Onde é que trabalhas?". 

E como quem não faz de propósito mas já com tudo mais que estudado, faz perguntas em duplicado ou triplicado. "Disseste que amanhã vais trabalhar?".

Nada disto é conversa trivial. Tudo serve um propósito egocêntrico.

Conhecer de imediato os horários de todos da casa é algo que ele sempre tenta fazer. Agrada-lhe ser detentor de todo esse conhecimento e saber exatamente quando tem a casa só para si. Quer estar no controlo de tudo, ser o único que sabe a que horas é que fulana sai de casa, se sai para trabalhar ou vai de férias, ou dar um passeio. 

Estou aqui de mangas arregaçadas e incapaz de descansar e relaxar exatamente por causa do calor excessivo que sinto na casa. E não posso desligar a porcaria da caldeira que o homem não deixa. É quase meia-noite e a caldeira está ligada consecutivamente há 9 horas. Mais sete horas que esteve da parte da manhã e temos um consumo exagerado de gás. 



Uns são mais friorentos que outros mas eu acho isto um exagero. O bafo quente que me atinge os pulmões assim que abro a porta do quarto para o corredor, até me assustou. É muito abafado. A porta do quarto dele fica ao lado, e ele a tem encostada. Só podia vir dali a fonte de calor. Estiquei a mão até a abertura e o calor que radiou dali fez-me supor que o radiador devia estar perto. Ele só pode estar também a morrer de calor ali dentro. Mas por algum motivo de gosto pessoal prefere assim. O mal está que impõe essa preferência aos restantes e esta têm consequências económicas.

Em termos financeiros é um roubo: sozinho ele é responsável pelo consumo diário de 5 euros só de gás. 

Isto é um regime DITADORIAL... 
E o ditador é quem manda. Quanto dinheiro quer, quando, por quanto tempo, quem o dá e quem não o dá.

Por mim, quase nem ligava a caldeira. Nem sempre sinto frio que o justifique e não aprecio o ar pouco oxigenado que os radiadores provocam.

De momento não tive opção: tive de abrir a janela.
E estou a gostar. Calor e ar fresco. Delícia!!

Acho que devia ir morar para países escandinavos... 
Aqueles onde as pessoas vão nuas para as banheiras de água quente externas à casa, no meio da neve :D  
  


1 comentário:

  1. Quem vive em casa alheia tem que suportar essas situações.
    Não devia ser assim mas a verdade é que é mesmo.

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