Recentemente estive num velório.
Ao avistar a pessoa no caixão, só consegui perceber que ali dentro estava alguma coisa. E como sabia o que é suposto ali estar, o cérebro fez o resto: imaginou.
Só que quando não se vê e só se imagina, a imaginação pode ir para vários lugares.
Dias depois, do nada o meu pensamento volta a ir para um lugar onde já esteve antes, em circunstâncias parecidas. E volta a questionar-se sobre o que, na realidade, não viu.
O vulto deitado ali, além de mirrado, pareceu não ter as pernas. Os contornos do próprio corpo humano pareciam indefinidos, tantos eram os lençóis esticados que o impossibilitavam. O rosto tapado por um pano maior do que um lenço, dava a sensação de querer engolir o que estava por baixo tal e qual aquele monstro do filme Alien.
Tapar, tapar, tapar... esconder.
Tapar, tapar, tapar... esconder.
E a imaginação fantástica entra em acção:
- Será que era mesmo aquela pessoa ali em baixo?
- Será que lhe tiraram as pernas?
Não sei quando (a sociedade) começou este medo de encarar a morte, mas creio que não é saudável.
Não de todo. A morte é o outro lado da moeda que vem no pacote do nosso nascimento e que fica nos seguindo, suspensa por uma qualquer magia. De um lado a vida, do outro a morte. No dia em que ela cai,a vida acaba como a conhecemos. Apenas isso. O que quer que acreditemos que é a nossa essência, espírito, alma, energia, ou inteligência superior, liberta-se do corpo.
ResponderEliminarUm abraço e cuide-se.
Eu não tenho interesse nenhum em ir a velórios, no entanto, aos de familiares vou e não me faz confusão olhar para os mortos.
ResponderEliminarDevemos saber encarar a morte. Por vezes não é fácil mas é a melhor forma de aceitar o inevitável.
ResponderEliminarNão me faz impressão os velórios nem os enterros, mas sim a perda física das pessoas.
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