segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Eclipse total da Lua: até 2033!



Foi há poucas horas que se deu o Eclipse Total da Lua, ou Superlua, um fenómeno muito especial, que não ocorria há 30 anos. Às 1h10 a lua entrou na penumbra e às 2h07 ficou totalmente à sombra da Terra, o que lhe conferiu uma cor alaranjada, fenómeno que durou até às 5h27.

Devo penalizar-me por ter estado acordada a noite toda e ter esquecido de espreitar? 

Acho que sim!
Vou redimir-me em 2033, quando o fenómeno se repetir.



domingo, 27 de setembro de 2015

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Quando se reconhece um rosto entre a multidão


Há uns anos fui regularmente abordada por pessoas que me vinham contar que estavam a ver televisão quando subitamente me recoheceram numa peça do telejornal. E ficaram tão agradadas que espalharam esse facto sem importância como se importância tivesse.

Não tinha sido a primeira vez que apareci na televisão. Já tinha aparecido antes, entre vários rostos de um público que assistia a um debate. Nesta segunda ocasião, tinha aparecido «várias vezes» (em alguns planos) enquanto caminhava rumo à direcção que a multidão toda tomava. O foco de qualquer uma destas notícias estava longe de ser a minha pessoa. Simplesmente estava lá, assim como tantos outros. 

Até sou de fugir de câmaras mas em circunstâncias normais, se existem câmaras a filmar num espaço onde tu estás, é provável que te possam filmar. Assim como se filmam as multidões quando abandonam um estádio de futebol após um jogo ou os fãs que abandonam um conserto. O que tem de mais? 

Hoje recordo estes episódios por me terem vindo contar que uma pessoa que conheço fez capa de jornal. E eu fiquei aqui a matutar porque é que ainda se dá tanta importância a uma coisa destas. Antes não existia internet, facebook, nem aplicações que simulam capas de jornais, outdoors publicitários, youtube... Enfim, toda a parnafenalha moderna de que dispomos hoje para nos autopublicitar. Nos dias de hoje em que vivemos inundados com imagens de gente comum na praia, a fotografar os pés, as manicures, a partilhar o que almoçam, o que jantam, a mostrar cada foto de infância anteriormente guardada, a expor os filhos e cada passo que dão nas suas vidas, o que tem ainda de especial, de mágico, ser um rosto que aparece entre muitos outros numa folha de jornal? 


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O que vocês fazem quando chegam a casa cansados?


Desloco-me pela cidade em transportes públicos. De autocarro.

Não sei se todos sabem mas um autocarro é um veículo muito ruidoso. Além disso vai cheio de pessoas a falar, umas mais alto que outras, muitas ao telemóvel e por isso aumentam logo os decibéis da conversa e algumas também não têm muito respeito pelos restantes e decidem por o telemóvel a tocar música. Batidas, sei, lá, uma coisa que só incomoda, já que um telemóvel não é um bom aparelho para reproduzir som musical. 

Quem anda de transportes públicos tem de aguardar a chegada destes nas paragens. Estas ficam à beira da estrada, o que também não é um local de pouco ruido. Normalmente, tenho de apanhar três veículos. Nunca dá só um. Não, isso há anos que não acontece! A redução das carreiras e dos percursos fez questão disso. Alguns que fazia de autocarro passei até a fazer a pé, quando tenho mais tempo e disposição para tal. E eu já andava muito a pé! Não precisava de um incentivo extra por parte da Carris. 

Os cartazes a que o Bloco já nos habituou neste ponto da cidade

Hoje, por exemplo, demorou ao autocarro 12 minutos a percorrer a distância do Cais do Sodré até Corpo Santo. Tivesse optado por descer e fazer o percurso a pé e teria lá chegado 3 vezes mais rápido. Mas uma pessoa não adivinha que vai perder tanto tempo e outros transportes porque os semáforos e o trânsito assim como todos os outros autocarros que partem daquele ponto, só fazem é encrecar a circulação. 


Então espera-se. Entre tubos de escape, buzinadelas, os pavorosos Tuc-Tuc e veículos de transporte coletivo de passageiros até mais não! Espera-se 10, 15, 20 minutos. Chega o veículo pretendido, começa tudo de novo.


Quando estou finalmente a sair do autocarro, apraz-me deixar todo aquele ruído atrás das costas. Apraz-me embrenhar-me no silêncio do «mato», da mancha urbana não acessível à circulação motora. 

E quando chego a casa e quero descansar, sou incapaz de ligar a televisão ou de colocar música a tocar. Tudo isso é ruído. Insuportável ruído. A minha cabeça precisa e adora uns bons minutos de puro silêncio. E quando ele está disponível, é tão bom!!


E vocês? Quando chegam a casa, têm o hábito de ligar a televisão ou a rádio?



O nosso corpo, o nosso templo


Não fui uma pessoa de ir muitas vezes ao cabeleireiro. Por isso, nunca tive um cabeleireiro fixo e de confiança. Das poucas vezes que fui, precisei sempre perguntar a conhecidos se me recomendavam um. Aí, um belo dia por volta dos 22 anos, surgiu a oportunidade há muitos anos almejada de tentar fazer este género de penteado: 


Recorri à minha mãe, uma assídua nessas lides. Ela que é assim um bocado rabugenta e do contra, foi adiando e refilando até que me disse que falou com uma cabeleireira e marcou hora. «Mas é de confiança»?. Sim, porque o que precisava era de boas referências, porque, para ir assim ao acaso, podia entrar em qualquer salão.

Fui e lá chegada mostrei uma foto do que pretendia. A cabeleireira logo me respondeu: «só com permanente». Lá arrisquei a tal da permamente. Ela insistiu em me dar uma franja. Ao que respondi que não queria. Ela insistiu, dizendo que ficava bem por causa disto ou aquilo e eu lá concordei, só um bocadinho. Durante o processo estranhei o uso de rolinhos pequenos e finos no cabelo. 


Eu queria cachos, caracóis largos e soltos. 


Mas ela tinha visto a foto e respondeu de imediato que sabia o que fazia e eu lá confiei. O resultado foi algo assim:


Quando me vi disse logo que não era o que esperava. E não gostava muito de me ver. A cabeleireira, junto com todas as outras que habitam os salões, começou logo a elogiar-me a aparência, a dizer que estava bonita e veio com a conversa de que era uma questão de hábito. Não estava habituada a me ver e estava a estranhar - disse ela e as outras a concordar. E acrescenta que depois de uns dias os minúsculos e apertados caracóis iam «abrir» mais. Imediatamente reconheci no espelho esta personagem:


Mas com franjinha lisa! E pensei: «Não gostei! Não volto mais a esta cabeleireira». 

Depois foi a vez de ver as reações das pessoas. E elas também não gostaram. Lavei o cabelo umas 10 vezes nos dias seguintes na esperança que os tais caracóis desmanchassem, alargassem, enfim, na esperança de alterar aquela coisa sólida e imóvel da cabeça. NADA. Só água suja. Levei a coisa com humor e na desportiva mas a realidade é que aquilo parecia um retrocesso à decada de 80! Não fosse o meu rosto jovem e bonito e aquele penteado faria os olhares todos se desviarem de horror. Até que todos em conformidade, acharam por bem desmanchar o penteado. A solução? Um desfrisamento. Nem sabia que isso existia. Mas concordei, visto que esperar que o cabelo crescesse até para mim seria tempo demais. Voltei a recorrer à minha mãe, que a esta altura em diz que nunca foi àquela cabeleireira e não sabia como ela trabalhava. Era um local clastrofóbico, com pouco espaço, mas o espaço era o de menos, era mais a confusão de coisas amontoadas e aquele ar de... cabeleireira fuchiqueira que diz a todas que o penteado está lindo e no fundo não quer saber. 

Pedi então que minha mãe encontrasse um outro salão, porque naquele não ia mais. A cabeleireira não fez um bom trabalho - todos concordamos. E nisto, não é que ela fala com a mesma, marca hora com a mesma e diz-me que está tudo certo e é melhor ir para «não chatear» e tal? Foi quase um ultimato. E lá fui. Saí de lá com o cabelo liso e lustroso. Muito bonito. Mas me disseram que aquilo era um tratamento «violento» para os fios de cabelo.

Não tive nenhuma reação adversa. O cabelo cresceu, voltou a ser cortado, voltou a crescer, pintei-o em casa uma vez, fui a outros salões dar-lhe um toque de cor azul e preto mas sempre com precaução para o tipo de produto utilizado e com a sorte de apanhar cabeleireiras sensivelmente mais competentes.

Hoje deparei com este caso:


E antes tinha visto este:



E ponderei como as coisas podem estar ligadas. O nosso corpo é mesmo um templo que devia ser sempre bem cuidado. Quem me segue à mais tempo sabe que sofro de alopécia. Ainda não num estado muito desagradável à vista ou que se detete mas há 10 anos tinha o dobro do cabelo que tenho hoje. E há 15, o triplo. Hoje, quando o apanho, o lavo, o sinto, existe sempre uma sensação de tristeza subconsciente adjacente. Todo o seu volume é talvez um totó do passado. Mas a vida é assim. E aceito tudo o que acontece e virá a acontecer.

Ao mesmo tempo procuramos uma causa, uma razão e uma altura. Esta mulher que envelheceu 50 anos gradualmente em apenas 2, ficou assim por causa de uma fragilidade: uma alergia a marisco. Que lhe provocou uma coceira fora do normal - algo que também já me ocorreu durante uns seis meses e trouxe consequências (embora não como as dela, que são um caso raro). Esta jovem sempre teve a alergia mas desta vez reagiu diferente. Comigo se calhar aconteceu o mesmo e o mesmo acontece com todos nós. Também foi por volta da idade dela que as coisas mudaram mais que o desejado. A queda de cabelo acentuada, seguida por problemas na tiróide, o cansaço constante, a alteração praticamente completa daquilo que era como pessoa em termos energéticos. A tal da vitalidade tinha mudado. E, por duas vezes, estes sintomas agravaram-se na sequência de duas fortes gripes, onde perdi peso e toda a gente sabe o que oscilações súbitas de peso fazem na pele. Ainda assim, não estou muito mal, mas podia estar bem melhor. A questão é: está tudo interligado. Não fez mal agora? Óptimo! Mas não quer dizer que dali a um tempo, algo «adormecido» que não foi acordado não vá despertar. 

E é por isto que eu digo: o nosso corpo é o nosso património mais valioso. A saúde um bem ao qual só damos valor quando começa a falhar. Devem ser raras as pessoas que conseguem chegar à velhice com um corpo que envelhece com a passagem dos anos ao ritmo certo, e não acelerado, como é o ritmo da vida de hoje em dia. Comemos o que comemos, muita comida embalada, pré-preparada, tudo em lata e conserva, com conservantes e E-??? qualquer-coisa. Engolimos também muitos sapos. E passamos por situações de elevado stress. Tudo isto é alimento: para o corpo e para o ser. Nada do que consiste a nossa alimentação se aproxima do produto natural que foi a alimentação dos nossos avós. Muitos pobres, com pouca comida na mesa, mas comida sem conservantes, misturas ou hormonas de crescimento rápido.

Todos estamos sujeitos a «virus» adormecidos que um dia despertam para geral problemas de saúde. Ora despoletados por um produto químico de um creme para o corpo, de um shampôo, de uma ida ao cabeleireiro, de um verniz, de tinta com que se pinta a casa, da comida barata e em conta que a carteira exige. São tantas as possibilidades!

O melhor mesmo é cuidarmos o melhor que conseguir-mos deste "templo". Pela saúde!

domingo, 13 de setembro de 2015

A triste constatação do povo medroso que somos


Encontrei isto entre muitas outras publicações sobre este tema e dentro do mesmo tipo de "argumento":


Esta imagem revolta-me.
De um lado a forma como o povo se vê: miserável e coitado. Do outro, a forma como vê os refugiados: uns adolescentes bem vestidos que vêm do mar e tiram selfies.
Mas decidi que não vou mais me preocupar.

Bem sei que a minha tendência para ser ingénua pode estar a deturpar a minha percepção - talvez exista algum fundamento neste medo em ajudar a acolher refugiados. Mas prefiro 1000 vezes ser como sou e ainda me restar um tanto de solidariedade que fala mais alto e se sobrepõe a sentimentos mais egoístas e mesquinhos.

Consigo perceber que o receio de importar terroristas extremistas é de facto pavoroso. Mas considero isso um pensamento que não deve prevalecer diante da ajuda ao próximo. Só consigo pensar que toda a gente que foge da guerra e procura uma vida melhor merece essa oportunidade. Se fosse eu no lugar deles, ia gostar que alguém me estendesse a mão.

Me entristece perceber que o povo português gosta de gabar-se das suas qualidades como povo acolhedor e simpático, mas depois manifesta-se em massa nas redes sociais contra uma ajuda singela em relação aos números. Todos se tocam com a pobreza e a miséria lá longe, quando esta chega pela televisão e pelos jornais. Mas se vier tocar à porta, começam a olhar para dentro, a apontar a miséria cá de dentro, que antes pouco lhes importava, para argumentar porque é que não se pode ser solidário com os de fora. 

Isso não é argumento, é xenofobia. 
Nem parecemos um povo emigrante, que emigrou e está espalhado por todo o mundo. 

Não me reconheço nesta postura. Compreendo que existam receios, como já disse. Mas estes não justificam uma atitude de total fecho de mentalidade. Até porque Portugal já importou criminosos de verdade, que sempre aqui viveram misturados connosco e nem por isso tivemos atentados à bomba no metro ou nas ruas como aconteceu em França, Inglaterra, Espanha e EUA.

As pessoas temem que essa realidade venha a surgir com a ajuda a refugiados? Por favor! Não é por ajudar umas pessoas que se perde alguma coisa. Ao contrário: ganha-se.