segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O nosso corpo, o nosso templo


Não fui uma pessoa de ir muitas vezes ao cabeleireiro. Por isso, nunca tive um cabeleireiro fixo e de confiança. Das poucas vezes que fui, precisei sempre perguntar a conhecidos se me recomendavam um. Aí, um belo dia por volta dos 22 anos, surgiu a oportunidade há muitos anos almejada de tentar fazer este género de penteado: 


Recorri à minha mãe, uma assídua nessas lides. Ela que é assim um bocado rabugenta e do contra, foi adiando e refilando até que me disse que falou com uma cabeleireira e marcou hora. «Mas é de confiança»?. Sim, porque o que precisava era de boas referências, porque, para ir assim ao acaso, podia entrar em qualquer salão.

Fui e lá chegada mostrei uma foto do que pretendia. A cabeleireira logo me respondeu: «só com permanente». Lá arrisquei a tal da permamente. Ela insistiu em me dar uma franja. Ao que respondi que não queria. Ela insistiu, dizendo que ficava bem por causa disto ou aquilo e eu lá concordei, só um bocadinho. Durante o processo estranhei o uso de rolinhos pequenos e finos no cabelo. 


Eu queria cachos, caracóis largos e soltos. 


Mas ela tinha visto a foto e respondeu de imediato que sabia o que fazia e eu lá confiei. O resultado foi algo assim:


Quando me vi disse logo que não era o que esperava. E não gostava muito de me ver. A cabeleireira, junto com todas as outras que habitam os salões, começou logo a elogiar-me a aparência, a dizer que estava bonita e veio com a conversa de que era uma questão de hábito. Não estava habituada a me ver e estava a estranhar - disse ela e as outras a concordar. E acrescenta que depois de uns dias os minúsculos e apertados caracóis iam «abrir» mais. Imediatamente reconheci no espelho esta personagem:


Mas com franjinha lisa! E pensei: «Não gostei! Não volto mais a esta cabeleireira». 

Depois foi a vez de ver as reações das pessoas. E elas também não gostaram. Lavei o cabelo umas 10 vezes nos dias seguintes na esperança que os tais caracóis desmanchassem, alargassem, enfim, na esperança de alterar aquela coisa sólida e imóvel da cabeça. NADA. Só água suja. Levei a coisa com humor e na desportiva mas a realidade é que aquilo parecia um retrocesso à decada de 80! Não fosse o meu rosto jovem e bonito e aquele penteado faria os olhares todos se desviarem de horror. Até que todos em conformidade, acharam por bem desmanchar o penteado. A solução? Um desfrisamento. Nem sabia que isso existia. Mas concordei, visto que esperar que o cabelo crescesse até para mim seria tempo demais. Voltei a recorrer à minha mãe, que a esta altura em diz que nunca foi àquela cabeleireira e não sabia como ela trabalhava. Era um local clastrofóbico, com pouco espaço, mas o espaço era o de menos, era mais a confusão de coisas amontoadas e aquele ar de... cabeleireira fuchiqueira que diz a todas que o penteado está lindo e no fundo não quer saber. 

Pedi então que minha mãe encontrasse um outro salão, porque naquele não ia mais. A cabeleireira não fez um bom trabalho - todos concordamos. E nisto, não é que ela fala com a mesma, marca hora com a mesma e diz-me que está tudo certo e é melhor ir para «não chatear» e tal? Foi quase um ultimato. E lá fui. Saí de lá com o cabelo liso e lustroso. Muito bonito. Mas me disseram que aquilo era um tratamento «violento» para os fios de cabelo.

Não tive nenhuma reação adversa. O cabelo cresceu, voltou a ser cortado, voltou a crescer, pintei-o em casa uma vez, fui a outros salões dar-lhe um toque de cor azul e preto mas sempre com precaução para o tipo de produto utilizado e com a sorte de apanhar cabeleireiras sensivelmente mais competentes.

Hoje deparei com este caso:


E antes tinha visto este:



E ponderei como as coisas podem estar ligadas. O nosso corpo é mesmo um templo que devia ser sempre bem cuidado. Quem me segue à mais tempo sabe que sofro de alopécia. Ainda não num estado muito desagradável à vista ou que se detete mas há 10 anos tinha o dobro do cabelo que tenho hoje. E há 15, o triplo. Hoje, quando o apanho, o lavo, o sinto, existe sempre uma sensação de tristeza subconsciente adjacente. Todo o seu volume é talvez um totó do passado. Mas a vida é assim. E aceito tudo o que acontece e virá a acontecer.

Ao mesmo tempo procuramos uma causa, uma razão e uma altura. Esta mulher que envelheceu 50 anos gradualmente em apenas 2, ficou assim por causa de uma fragilidade: uma alergia a marisco. Que lhe provocou uma coceira fora do normal - algo que também já me ocorreu durante uns seis meses e trouxe consequências (embora não como as dela, que são um caso raro). Esta jovem sempre teve a alergia mas desta vez reagiu diferente. Comigo se calhar aconteceu o mesmo e o mesmo acontece com todos nós. Também foi por volta da idade dela que as coisas mudaram mais que o desejado. A queda de cabelo acentuada, seguida por problemas na tiróide, o cansaço constante, a alteração praticamente completa daquilo que era como pessoa em termos energéticos. A tal da vitalidade tinha mudado. E, por duas vezes, estes sintomas agravaram-se na sequência de duas fortes gripes, onde perdi peso e toda a gente sabe o que oscilações súbitas de peso fazem na pele. Ainda assim, não estou muito mal, mas podia estar bem melhor. A questão é: está tudo interligado. Não fez mal agora? Óptimo! Mas não quer dizer que dali a um tempo, algo «adormecido» que não foi acordado não vá despertar. 

E é por isto que eu digo: o nosso corpo é o nosso património mais valioso. A saúde um bem ao qual só damos valor quando começa a falhar. Devem ser raras as pessoas que conseguem chegar à velhice com um corpo que envelhece com a passagem dos anos ao ritmo certo, e não acelerado, como é o ritmo da vida de hoje em dia. Comemos o que comemos, muita comida embalada, pré-preparada, tudo em lata e conserva, com conservantes e E-??? qualquer-coisa. Engolimos também muitos sapos. E passamos por situações de elevado stress. Tudo isto é alimento: para o corpo e para o ser. Nada do que consiste a nossa alimentação se aproxima do produto natural que foi a alimentação dos nossos avós. Muitos pobres, com pouca comida na mesa, mas comida sem conservantes, misturas ou hormonas de crescimento rápido.

Todos estamos sujeitos a «virus» adormecidos que um dia despertam para geral problemas de saúde. Ora despoletados por um produto químico de um creme para o corpo, de um shampôo, de uma ida ao cabeleireiro, de um verniz, de tinta com que se pinta a casa, da comida barata e em conta que a carteira exige. São tantas as possibilidades!

O melhor mesmo é cuidarmos o melhor que conseguir-mos deste "templo". Pela saúde!

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