sábado, 12 de fevereiro de 2022

vinda à terrinha: A terminar

 A minha estada por Portugal está a horas de terminar. Foi bom e foi mau. Teve os dois extremos. 

Maravilhoso coincidir com temperaturas a oscilar entre os 17 e os 21 graus. Sol, luz, céu azul e vento ameno. Isso foi delicioso, uma benção mesmo. Todo o emigrante português tem isso em comum: a necessidade de voltar a ter os seus sentidos envolvidos pelo nosso clima. Sente-se muita falta da LUZ e do sol. Nos identificamos com elas e a pele sente falta.

Apanhei muita vitamina D. Alimentei-me muito melhor. Pequenas coisas em termos de saúde que me incomodavam, neste período desapareceram. Praia no inverno foi coisa que não pensei que ia fazer encontrando sol. Mas foi o que aconteceu. E foi maravilhoso, tal como eu gosto: praia com pessoas q.b., quase deserta em certas alturas. Uma pessoa lá ao longe, uma outra longe a banhos... maravilha. 

A surpresa foi a quantidade de cães com que os donos se faziam acompanhar para a caminhada. De início não me incomodou mas com o tempo, ponderei nos prós e contras de existirem cães pela praia. 

O maior pró: os dejectos caninos. Infelizmente vi muitos cocós pelas areias e até mesmo no cimento do pontão ou que dá acesso às entradas da praia. Uma tristeza. Não vi ninguém a "fingir" não ver o sue cão a largar o cocó sem o apanhar de seguida mas este tipo de gente é como o dizer dos espanhóis sobre as bruxas: "Non créo em bruxas pero que las à las À" (ou algo do género). 

A prova estava ali: nos cocós de cão na areia, onde no dia seguinte uma criança de cu para o ar estava a brincar.

As pegadas mais comuns na areia: nenhuma de gaivota

Foto: PEGADAS CANINAS NO AREAL

Deitada na areia sobre uma toalha, também posso dizer que a quantidade de vezes que fui surpreendida por cães que ora me vieram lamber a cara, ora se encostaram a mim (um até se sentou na toalha ao meu lado e ficou ali a mirar o mar) acabou por me surpreender. Ao fim de umas tantas ocasiões, senti que isso me incomodava. Não podia passar um cão solto, que logo vinha enfiar-se debaixo do meu rosto.

Isso acontece porque os donos soltam-nos ao invés de passearem com eles com trela e não têm qualquer autoridade sobre o animal. Imagino que deve ser difícil para um cão ter tanto espaço para correr e caminhar com trela. Mas o facto de nenhum estar treinado para não abordar estranhos foi algo que descobri achar um tanto errado. 

Em inglaterra um cão solto a aproximar-se de ti ao longe e já o dono fica aflito, a gritar por desculpa só por este estar sem trela. Eles são treinados para se afastarem de pessoas quando dado o comando. E depois tem o outro lado... a lei. O hábito que se desenvolveu de apresentar queixa. As pessoas têm muito receio de um processo e das consequências. Se forem apanhados em certos locais com um cão sem trela ou este incomodar alguém ou os vizinhos por latir - ou seja, se não for treinado - correm até o risco de ficar sem os caninos. Mas creio que é a reputação de "mau dono" e as coimas que temem mais. Por isso nota-se uma certa aflição naqueles que passeiam cães pelos parques e ruas, principalmente se o animal exibir algum comportamento de abordagem a estranhos. 

A maioria dos nossos não vêm com esse ship de "responsabilidade"... é tudo mais "ao natural e selvagem". Menos treinados e mais livres. O que, por um lado, até admiro. Mas na praia é preciso demonstrar civismo. 

Tive vários donos de cães com a cara perto da minha para poderem agarrar seus cachorrinhos e colocar-lhes a trela. Por mais que os chamassem (sem grande convicção) estes não os escutavam. 

O cão vai obedecer ao comando do dono sem ter sido treinado para isso? Não. Tive de ter ali um cão todo entusiasmado a lamber-me o rosto e a enfiar-se debaixo do meu pescoço logo no dia em que me disseram que talvez fosse possível os cães transmitirem COVID.

Em tempos de Covid, numa praia onde a próxima pessoa estendida no areal estava a metros de distância, surpreendeu-me que nesse "deserto" de pessoas, por causa da proximidade dos cães, tive também os seus donos bem perto. E foi ali que lhe colocaram uma trela para o levar para outros lados. Os donos lá lhes diziam, sem usar de voz autoritária ou firme: "Anda cá, deixa as pessoas". O animal deve sentir a falta de convicção ou real interesse e não liga nenhuma, ficando-se por cumprimentar quem encontra pelo caminho. 

Porque "é normal".

Eu também achava naturalíssimo - para os animais. Porém ter uns três a cinco cães numas horas virem lamber-me o rosto, fez-me reflectir melhor. Estimaria que duas em cada três pessoas andavam com cães - em números de um a três animais entre si. Não terão os donos de ter maior comando sobre seus cães nestas circunstâncias? E depois, adicionando a estas constantes interrupções caninas de lambidelas e snifes, os cocós na areia da praia. Se for a pensar que os animais também precisam de urinar e os cães em particular fazem isso muitas vezes... então a questão da higiene assusta. 

No dia seguinte a areia tinha sido REVIRADA mecanicamente. Ficou com mais detritos e, por coincidência, infestada de moscas. Será coincidência? Ou esta incómoda infestação se deve ao enorme número de animais presente na praia? 

E vocês?
Amantes de animais, que julgo que muitos são, têm uma opinião formada sobre a presença de cães na área balnear?


14 comentários:

  1. Resumindo e concluindo; Não concordo com os cães na praia. Também não sou de acordo com o abandono. Devia de existir um local na praia especifico para terem os cães. Urinam na areia e é um problema grande.
    É complicado
    .
    Sonhos moribundos
    .
    Beijos, e um excelente fim de semana!

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    1. Dá que pensar...
      Seria bastante uma pequena area so para cães ou isso produziria uma barulheira descomunal?

      Mas até me parece que o conceito faz sentido. Deixar um quinto da extensão de uma praia para aqueles que a querem fazer com os cães e a outra, maior, para pessoas.

      Assim, se os próprios se incomodassem, seria com os cães dos outros Ahah.

      Donos de cães gostam de parar e conversar com outros donos de cães e ver os cães a interagir. Cães precisam de correr. Se é para ter uma praia cheia, então uma praia canina faz sentido. Deve ser infernal e talvez suja. Mas acho boa ideia definir "PROIBIDO" a presença de cães para que haja praias higiénicas só para pessoas. Havia muita mosca pelo areal inteiro! Não sei o que andaram a misturar com a areia mas sinceramente... de praia agradável passou para um lugar incomodativo. Assim, de um dia para o outro. E lugares assim também ficam pior frequentados.

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  2. Concordo com tudo o que dizes. Não tenho cães mas a minha filha mais velha tem dois labradores e nesta altura passeiam (ela e o meu genro) sem trela mas nunca por nunca se chegam a alguém porque para um deles dizer alguma coisa que obedecem de imediato. Outra coisa podem sair com eles que nunca fazem cocós nos passeios e nem sequer no areal. Só fazem no quintal da casa e saindo do carro vão que nem foguetes ao local onde se aliviam. Porquê? porque foram educados assim.
    Quando me levanto e vou ao pão os passeios estão pejados de cocós e nem imaginas um jardim que há aqui perto com aparelhos de ginástica como está ao que eu chamo um autêntico "cagadouro".
    Aqui no meu prédio existem dois cães. O de grande porte não faz qualquer barulho quando está só. A pequenota ladra todo o santo dia e por vezes a noite quando a dona saí.
    Enfim a educação é bem que rareia em muitas cabeças humanas.
    Bom domingo

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    1. Como entendo. De facto em Portugal precisamos de ser um pouco mais severos, mais firmes com as regras para quem quer manter cães.

      Aqui em Inglaterra eles têm esse conceito. É uma RESPONSABILIDADE - acima de tudo. Tudo o que acontecer com ou por causa do animal é da RESPONSABILIDADE do dono. É como se fosse um filho, porque é um outro membro familiar por quem um adulto se compromete a ter responsabilidade. Aqui também podem andar soltos mas são chamados e educados a caminhar junto aos donos - principalmente porque existe muita passagem de bicicletas pelos parques de caminhos estreitos. Imagine que um cão decide latir e perseguir um ciclista? Pode causar um acidente. Aqui os donos de cães têm muito presente essa eventualidade.

      Lamento que tenha no prédio um cão latidor. Também já tive e sei que é uma dor de cabeça insustentável. Espero que a situação se resolva. Já tentou usar um daqueles apitos para cães? Até no youtube existem vídeos que DIZEM ter sido gravados com uma frequência que só os cães detectam. Pode experimentar. Depois diga se resulta.
      E que tal tirar fotografias do "cagadouro" e colocar pelas redes sociais? Dizendo o nome da rua e a freguesia responsavel. Má publicidade costumar sortir efeito. Há uns tempos era assim perto de mim, agora estão "mais verdes". Mas ainda existem excepções.

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  3. Bom dia
    Nunca tive cão, mas não é por isso que sou contra a presença deles em espaços balneares, até que os animais são neste caso os menos culpados, mas acho que os seus donos devem ter o mínimo de respeito por quem quer usufruir desses espaços sem ter que levar com as excentricidades dos animaizinhos .Por isso se querem levar os animais para esses locais, tenham pelos menos e dever de os manter atrelados e munidos de condições para limparem os dejetos organicos dos mesmos.

    JR

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    1. Eu tive um cão por 14 anos. Sempre me vi como apreciadora de animais, em particular cães. Meus avós tinham um cão e um gato. Além de canários. Chegaram a ter peixinhos de aquário. Portanto não cresci totalmente sem essa experiência.
      Contudo, surpreendentemente, nos dias em que estive na praia, começou a desagradar-me a presença de tanto cão. Era um número muito elevado. Por vezes são crianças que estão por todo o lado - desta vez eram cães :)
      Algumas crianças -benditas, também se divertiam por lá - a banhos na água. Mas em bem menor número que as vidas de quatro patas :)

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  4. O que se passa nas praias é mais ou menos o que se passa nos passeios, em cada dez cães que defecam nos passeios há um dono que se preocupa a apanhar a porcaria. Os outros fingem não ver.
    Abraço, saúde e boa semana

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    1. Olá Elvira.
      Por acaso acho que progredimos muito no aspecto das pessoas apanharem os cocós dos cães. Acho até que somos civilizados. Mas ao mesmo tempo, somos de deixar os animais livres e depois é o que é.

      Nas praias a urina dos cães na areia devia ser um problema até maior que os cocós, visto que não dá como apanhar a primeira. Depois não há água que limpe, nem areia que cubra e esconda. Fica lá, atrai insectos e liberta bactérias.

      O mesmo acontece com a urina humana.
      Também não entendo quem o faz na praia. Eu aguento-me bem. Esta praia não tinha balneários disponíveis. Mas com a maresia, o caminhar, o sol - é como se eliminasse a necessidade. Ao fim de um tempo desaparece. Não seria capaz de fazer necessidades na praia. Nem na areia nem na água!
      Teria de estar muito mal para tal.
      Abraço

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  5. Que sorte.
    Ainda não imagino quando poderei voltar.
    E já vai fazer dois anos assim.
    Boa semana

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    1. Por acaso pensei em si quando mencionei o que o emigrante mais sente falta. Não conheço o clima de Macau mas vou supor que é quase como o britânico. É?

      As suas filhas no UK, já se acostumaram?

      Abraço

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  6. Bom dia minha querida,

    O que acontece com alguns donos de cães, são que eles levam os seus animais pra passear e ao mesmo tempo, fazer suas necessidades nas ruas e praias, e não recolhem suas fezes e jogam no lixo. Obrigação que todo mundo sabe que é necessário fazer quando se vai passear com seu animal em via pública.
    Adoro animais, tenho um Yorkshire que vai fazer 14 anos mês que vem. Nunca deixei meu cachorro andar na praia, sou contra donos deixar seus cães andar na areia, além de incomodar as pessoas, os cães também podem pegar bactérias da própria areia que outros cães de ruas que pode estar infectado passa e deixam ali. Os órgãos responsáveis pela limpeza das avenidas e praias, além de fiscalizar, é necessário recolher os cães abandonado que também circulam na praia. Pessoas que abandona seus animais de estimação em ruas deveria pagar uma multa e responder pelo ato. Comprar ou adotar um animalzinho, e depois de um certo tempo abandona-lo é uma covardia, falta de respeito com os animais.
    Uma amiga tem uma ONG e é muito triste ver os cães que ela recolhe nas ruas, e que as pessoas abandonam na porta da ONG. Muitos estão doentes, machucados, carentes, outros estão agressivos. Alguns estão com depressão porque ficam com saudade do dono que o abandonou. Muito triste mesmo. O que eu diria é que se não pode ficar com seu animalzinho até no final da vida dele, não coloque um cãozinho na sua casa só porque seu filho quer, ou porque acha bonitinho. O cão tem sentimento, necessidades básicas como qualquer um ser humano. Sente fome, sede, dores e envelhecem.

    Obrigada minha querida pela presença. Fiquei muito feliz com seu comentário. Adorei seu blog e já fiquei.
    Um beijo no coração e ótima semana.

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    1. Tem toda a razão quando diz que os animais têm sentimentos. É particularmente tocante quando sabemos que estão a sofrer emocionalmente de SAUDADE.
      Pode ser uma palavra exclusiva da língua portuguesa. Mas é um sentimento tão universal que até os animais o têm. Saudade é fruto do amor que se sabe dar e que pode ser tão violado.

      Obrigada eu.
      Abraço

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  7. Os animais não têm culpa,os seus donos é que são muito desmazelados para não chamar outra coisa...levam os seus animais de estimação a passear e deixam os seus dejetos orgânicos nos passeios e a porta dos vizinhos mas não à porta deles.
    R. Quanto aos meus dedais tenho publicados no blog 2741 mas ainda tenho mais alguns para publicar,tenho-os guardados em vitrines de vidro para não apanharem pó.
    Continuação de boa semana

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    1. Olá Amélia.
      Sugiro que um dia publique uma foto do expositor com os dedais. Acho que vai ser muito interessante e elucidativo. Com mais de 2700 na colecção, deve ser um enorme expositor, quiçá com degraus para melhor aproveitamento de espaço e melhor visualização. Quando se vem muitos fica a curiosidade.

      Abraço

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